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quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

4 meses de leituras resumidas num post...

Nos últimos anos, tenho tido uma vida bastante privilegiada: trabalhava a partir de casa, com horários super-flexíveis. Toda essa facilidade, permitia-me ter tempo para ler e ver séries. Contudo, desde meados de agosto que passei a ter uma rotina de "ir para o trabalho", e um horário a cumprir diariamente. 

As leituras ressentiram-se. O cansaço tem vindo a acumular-se e dou por mim sem ter tempo para muito. O blogue passou para uma posição muito lá em baixo na minha lista de prioridades. Ao abrir, hoje, oDe  Blogger, apercebi-me que tinha em rascunho, dois inícios de textos, que não cheguei a terminar, de livros que trouxe da biblioteca "Loucuras de Brooklyn" de Paul Auster, e "História de um canalha" de Julia Navarro. Nesta altura, já só me lembro de fiapos de cada um deles. Nem me arrisco a fazer resumos. Vou só enumerar os livros que li desde agosto e dizer as notas que dei... 

- As loucuras de Brooklyn, de Paul Auster - 4 estrelas
- O homem que morreu duas vezes, de Richard Osman - 5 estrelas
- História de um canalha, de Julia Navarro - 4 estrelas
- Dentes de Rato, de Agustina Bessa-Luís - 4 estrelas
- Felicidade, de João Tordo - 4 estrelas
- O olhar do Açor, de Sandra Carvalho - 4 estrelas
- Doida não e não!, de Manuela Gonzaga - 4 estrelas
- Pyongyang - Uma viagem à Coreia do Norte, de Guy Delisle - 4 estrelas
- A minha avó pede desculpa, de Fredrik Backman - 5 estrelas
- Perto de casa, de Cara Hunter - 5 estrelas
- Águas Passadas, de João Tordo - 5 estrelas
- Depois de partires, de Maggie O'Farrell - 4 estrelas
- Vox, de Christina Dalcher - 4 estrelas
- Armazém Central, de Loisel & Tripp - 4 estrelas

Este ano, já tinha editado de 80 para 60 as leituras que pensei realizar; e, ainda assim, vou falar miseravelmente. E está tudo bem. Do que sinto verdadeiramente falta, nem é tanto de "bater" os meus "recordes" em leituras feitas... é de tudo o resto que isso me trazia: estar mais tempo com as pessoas que são aficionadas das leituras, ter mais tempo para pesquisar sobre as novidades, ter mais tempo para o blogue e para a página de Instagram. Chego tão cansada que, praticamente todos os dias, caio na cama antes das 11 da noite. 

E os fins-de-semana têm sido a fazer tudo o que não consigo durante a semana. Como todas as pessoas normais. Ainda estou a entrar no ritmo. Ainda estou a tentar descobrir como ganhar tempo. Hei-de lá chegar. Não hoje, nem amanhã, nem até ao fim do ano. Mas vou descobrir. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Lido: Viúva de Ferro, de Xiran Jay Zhao

A culpa é da capa. Sabia vagamente o enredo do livro, mas, neste caso específico, fui conquistada pela capa espetacular deste livro. Viúva de Ferro é uma edição da Saída de Emergência e passa-se em Huaxia (soube mais tarde que este nome era utilizado na literatura chinesa histórica como representação da China e da sua civilização). 

O território está em guerra com os Hunduns, de quem sabemos muito pouco. As fronteiras são defendidas por máquinas de guerra gigantes, que se movem por causa da simbiose da energia vital do piloto e da sua concubina. As mulheres morrem em quase todos os combates, dado que a sua energia é totalmente consumida em batalha. A maior honra para uma jovem é servir e morrer pelo seu país. 

A irmã de Zetian foi uma delas: uma das concubinas mortas. E Zetian - a nossa heroína - só pensa na vingança e em como a alcançar. Oferece-se como voluntária e nos testes é eleita como consorte de Yang Guang, o piloto-estrela, o homem que matou a irmã... 

Durante a batalha, há uma reviravolta inesperada, e Zetian recebe o título de Viúva de Ferro. Mas as suas atitudes, levam a que seja emparelhada com o mais volátil dos pilotos. Um criminoso que matou a família, de seu nome Li Shimin. 

A parceria dos dois é, no mínimo, inesperada e bem sucedida, mas, a sociedade chinesa não está preparada para que as mulheres se imponham, nem mesmo em circunstâncias especiais como aquelas que se vivem naquele momento. 

A narrativa é interessante e a mistura entre elementos da própria História da China com elementos de ficção científica está muito bem conseguida (Zetian, por exemplo, aqui é uma jovem de uma família humilde, mas, na realidade, foi a 1.ª Imperatriz chinesa).  Entreteve-me e fez com que quisesse chegar ao fim da leitura, mas, de tempos a tempos, sentia que aquele livro não era para mim. É um young-adult, mais "young" e menos "adult" para meu gosto. Pareceu-me que certos momentos podiam ter ido um pouco mais além, terem sido mais e melhor explorados, mas que ficou um pouco pela rama. Isto não quer dizer que não vá ler a continuação; talvez haja algumas respostas no 2.º volume, que, se espera, para março de 2023. 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Lido: Britt-Marie esteve aqui, de Fredrik Backman

Depois de Ove, Fredrik Backman "oferece-nos" Britt-Marie. Britt-Marie é uma mulher de meia idade que acaba de se separar do marido, Kent. Casada há décadas, descobre que o marido a trai, e resolve deixá-lo. Mas Britt-Marie nunca fez nada na vida além de cuidar dos outros, especialmente do marido. Inscreve-se num centro de emprego, e é previsto que espere. 

Mas Britt-Marie não sabe esperar e, todos os dias, telefona para o centro para saber se já apareceu alguma oferta. Até que, poucos dias depois, realmente aparece algo: uma vaga para supervisionar, temporariamente, um centro recreativo de uma vila quase deserta. Está previsto que o centro seja encerrado de forma permanente, daí a poucas semanas, mas até lá, é preciso que alguém continue a zelar pelo seu bom funcionamento. 

Britt-Marie tem várias características muito próprias: não suporta desarrumação, acha que tudo deve ser feito de acordo com as regras e tem a certeza que tudo se limpa com uma boa dose de bicarbonato de sódio. Chegada a Borg, a vila, apercebe-se que se trata de um local de passagem, e que são poucos os residentes que ali se mantém. Só existem dois negócios abertos: uma florista e uma pizzeria, que também funciona como mercearia e estação dos correios (e ocasionalmente, encontra-se um ou outro produto "que cai de camiões"). 

A senhora começa o seu trabalho com uma limpeza profunda ao próprio do centro recreativo, enquanto, vai conhecendo as pessoas que ali vivem (conhece também um ratinho, a quem deixa, todos os dias, um pedaço de chocolate, num pires). Às duas por três, vê-se como responsável de um grupo de crianças que quer participar num torneio de futebol, quando, na verdade, mal sabem dar um chuto numa bola. 

Até que Kent reaparece e pede que Britt regresse a casa. E o mundo que Britt-Marie está a construir ali, naquela vila quase esquecida, sente os alicerces a abanar. 

Fredrik Backman tem o condão de tornar histórias banais em grandes narrativas. A vida de Britt-Marie é banal, tal como era a de Ove, mas, de repente, tudo se transforma, e pessoas perfeitamente banais, podem ser os heróis de alguém. E Britt-Marie é a heroína de muitos. Eu, pessoalmente, já gostava dela à 5.ª página lida. E sabia que algo de muito especial ia ali acontecer. O quê e como eram as minhas dúvidas. Eu ia sugerir este livro a quem gosta de "leituras leves", mas apercebi-me que, no fundo, Britt-Marie esteve aqui não é só um livro leve. Tem outras reflexões muito interessantes: o trabalho de equipa, a superação, o amor e a amizade, mas também a soberania do dinheiro, a família, o envelhecimento... Fredrik Backman trata de assuntos sérios com uma leveza que não é fácil de replicar, e ataca "com tudo" neste livro maravilhoso que aquece corações.  

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Lido: Lugar Nenhum, de Neil Gaiman

Há umas semanas (hahahaha... quase vos enganava, foi há 3 meses)... comprei o livro "Lugar Nenhum" de Neil Gaiman. Já temos alguns livros dele, e este ainda não. Edição Saída de Emergência, com data de fevereiro de 2022... dizia ainda que se tratava de uma edição atualizada, com uma introdução e um conto inédito de Gaiman. Na minha mente só pensava numa "win-win situation". Comecei a ler, mas tudo me soava a familiar. Mas como, senhores, se nunca tal livro me havia passado pelas mãos? Explicarei mais à frente...

Richard Mayhew, um jovem executivo, preparava-se para ir jantar com a noiva, Jessica, e com o patrão desta, uma importante figura londrina, que a jovem quer impressionar. Quase a chegar ao restaurante, literalmente, cai aos pés de Richard uma outra jovem, bastante ferida. Richard, para grande descontentamento de Jessica, escusa-se ao jantar, para ajudar a ferida. Volta para casa e cuida dela. Na manhã seguinte, a jovem, que se chama Door, pede a Richard que entregue um recado a um determinado Marquês de Carabas, para que a ajude a fugir. Richard acede, e quando dá por si, foi envolvido pela Londres de Baixo, um território de criaturas e personagens excêntricas e, no mínimo, caricatas. Na "sua" Londres, é como se nunca tivesse existido. A noiva ao vê-lo não o reconhece, o melhor amigo, idem... o seu apartamento foi alugado, e Richard tem de descobrir como recuperar a sua realidade. 

Dizia eu, mais acima, que tudo me soava familiar. Em 2015, li, creio que em versão ebook, o romance Neverwhere. Na altura, apenas coloquei online (aqui no blogue), a sinopse, retirada da Wikipédia. Pois... errrr... a verdade é que não me lembrava de absolutamente nada do enredo, e o que me fez "clique" foi o nome do Marquês de Carabas. 

Para mim, foi ler uma novíssima história de Neil Gaiman. Atenção: não me estou a queixar!! Ler Gaiman é sempre um bom investimento de tempo. A vida de leitor é assim mesmo: depois de umas quantas centenas de livros lidos, quando damos por nós, encontramos um excitante livro que, findas as contas, já tinha sido lido anos antes. Em minha defesa, o Henrique tinha pouco mais de 2 anos, e eram já 2 anos sem dormir em condições; a minha sanidade mental da altura é, francamente, discutível. 

O livro é sem falhas, mais um excelente exemplar da escrita do britânico. Há magia, criaturas, personagens misteriosas, perigo, excitação, momentos de reflexão, momentos de humor... tudo o que Gaiman já nos habituou. Talvez, há 7 anos, não tivesse lido com o mesmo espírito com que o li agora - como disse, o Henrique era ainda muito pequeno, e não dormia uma noite completa. Aliás, se for rever os títulos lidos naqueles dias, deverão ser muito poucos aqueles que me lembro.

domingo, 21 de agosto de 2022

Verões Felizes, de Zidrou e Jordi Lafebre

Eis o novo episódio da saga "vou finalmente ter o blogue atualizado... quiçá...!!!". 

A coleção franco-belga de BD Verões Felizes é maravilhosa. Nada mais é do que um conjunto de histórias das férias da família Faldérault, ao longo dos anos, que, chegando o Verão, embarca na sua carrinha Renault 4L (a Menina Estérel, e ela própria uma personagem destas aventuras e desventuras), rumo ao Sul, para uns merecidos dias junto ao mar. 

O grafismo é incrível (o desenho, as cores, a fluidez entre as vinhetas...), as histórias são lindas, emocionantes (sem serem lamechas!) e nostálgicas. O que é mágico em todas estas histórias é que existe sempre qualquer coisinha que nos faz ligar de forma permanente a cada uma das personagens, desde o "laissez faire" de um até à personalidade mais tímida de outro. Há para todos os gostos. 

Ao ler cada história (podem ler-se saltitadas que não há problema absolutamente nenhum!!!), o meu coração batia forte a cada página virada, uma lagrimita escorria, mas logo a seguir uma gargalhada se soltava. 

Não sou "especialista" em banda desenhada, mas fico mesmo muito contente por ter tido a hipótese de comprar e de ter comigo estes livros. Não creio que se possam recomendar a um público A, B ou C. Verões Felizes é para todos! Seja para ler agora, enquanto o Verão ainda cá anda, ou no Inverno quando precisamos de um bocadinho de sol num domingo à tarde chuvoso. Deixem-se levar pelos Faldérault rumo ao Sul.

domingo, 7 de agosto de 2022

Lido: Cadernos da Água, de João Reis

Um dos livros mais espetaculares que li, nos últimos meses, foi o Cadernos da Água, de João Reis. Não me canso de elogiar este autor: é inteligente, escreve bem, as histórias que cria são muito originais... etc etc etc... já li vários livros dele e que ele tenha mãozinhas para continuar a escrever, porque eu irei continuar a comprar tudo o que ele publique. 

Cadernos da Água é diferente de tudo o que o João já escreveu. Já foi uma criança que procura uma cura para a avó, já foi um tradutor sem nome que passa dificuldades, já foi um escritor na Coreia do Sul em busca de inspiração... e agora apresenta-nos um livro distópico. 

Um aparte, antes da review propriamente dia:
Estamos, nós sociedade, a passar por um momento que é muito pouco recomendável. O passado mês de julho - a semana passada, portanto, foi o mais quente dos últimos 92 anos. Houve localidades portuguesas a atingir valores de 47 graus. E este pode, perfeitamente, ser um cenário que vai repetir frequentemente nos próximos anos. O aquecimento global não é ficção. E o livro que o João Reis nos apresenta, apesar de distópico, tem momentos que me fizeram arrepiar, por serem tão plausíveis. 

A ação passa-se num futuro não muito longínquo. Portugal, enquanto País, já não existe. As Guerras Meridionais são uma realidade, e além da falta de água, a nível global, existe também um vírus altamente contagioso e mortal. Grupos paramilitares fazem o que bem lhes apetece. 

Vários refugiados portugueses encontram-se num país escandinavo, com grupos de outros países. As condições são dificílimas. O livro segue várias vozes, mas a mais "audível" é a de uma mãe, Sara, e da sua filha, Mariana. Ela consegue arranjar forma de escrever várias missivas ao marido que está afastado da família, na esperança que, um dia, ele consiga ler estes escritos. Nestas descrições ela fala das dificuldades sentidas no centro/campo de refugiados e da forma como são (des)tratados. 

A intervalos, surgem-nos momentos de Emanuel, marido de Sara e pai de Mariana. Sabemos que ele foi forçado a trabalhar com um grupo armado e "vemos" as situações a que é submetido. 

Surgem-nos também "recortes" de jornais, com notícias da guerra e da pandemia, circulares ministeriais, informações e instruções dos centros/campos de refugiados... toda uma panóplia de "peças-chave" que permitem ao leitor construir a narrativa, quase como um puzzle. 

É um livro que nos deixa, no mínimo, angustiados, porque nos faz sentir aquilo que aquelas personagens sentem. Este livro é um alerta, uma chamada de atenção para os problemas reais a que muitos fazem "orelhas moucas"; como se estas coisas "comezinhas" fossem apenas um ligeiro obstáculo, um incidentezinho num plano maior... 

Os cientistas são sonegados, pessoas como Greta Thunberg foram ridicularizadas - e, nós, cá vamos andando, felizes. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Lido: O Clube do Crime das Quinta-Feiras, de Richard Osman

Ena, acabei de me aperceber o quão atrasada estou nas minhas publicações. Ainda durante o mês de abril, li o livro O Clube do Crime das Quinta-Feiras, de Richard Osman. 

Há algum tempo que não me divertia tanto a ler um livro policial. Esta história passa-se num condomínio residencial para reformados. Lá conhecemos o grupo mais improvável de sempre: Ron, um ex-sindicalista, Joyce, uma viúva que não é tão ingénua quanto parece, Ibrahim, um ex-psiquiatra com uma incrível habilidade analítica e a misteriosa Elizabeth, que lidera este grupo de investigadores. 

Todas as quintas-feiras, os quatro reúnem-se para discutir casos policiais que nunca conheceram uma resolução - os chamados "cold cases". Até que, de forma quase fortuita, o grupo vê-se envolvido num caso verdadeiro de homicídio: Ian Ventham, o proprietário do condomínio quer expandir-se, e compra um terreno anexo que, em tempos, foi o cemitério de um convento. Até que aparece morto na sua própria casa.

Obviamente, os nossos idosos não podiam deixar esta oportunidade de investigar um caso concreto e atual passar-lhes ao lado.

É um livro leve e divertido. Perfeito para aqueles domingos de inverno em que não nos apetece pensar muito e simplesmente desfrutar de um livro descontraído. A história está muito bem desenhada e o facto dos protagonistas serem um grupo de quatro idosos coloca-os longe de toda e qualquer suspeita, e sempre um passo à frente da polícia. 

É um livro que recomendo a qualquer público. 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Fantasia para desenjoar

Depois de livros tão pesados, lancei-me a leituras mais leves e li O Trono de Vidro e Coroa da Meia-Noite de Sarah J. Maas, os dois primeiros de uma saga de fantasia. Entretanto, informo que o 3.º livro já está à venda. 

Até pode parecer brincadeira, mas ler livros que sabemos que são pura imaginação é relaxante, apesar de haver, na narrativa momentos de violência ou tensão. Saber que não passa de "faz de conta", independentemente, do seu tamanho, é, neste ponto da minha vida, um exercício libertador. 

Esta saga é protagonizada por Celaena, uma assassina temível, apesar da sua jovem idade. Vivemos num mundo em que a magia foi proibida pelo terrível Rei Havilliard. No primeiro livro, Celaena está presa em Endovier, e será resgatada pelo príncipe Dorian, que a leva para Adarlan. Celaena irá competir com mais uma vintena de criminosos pelo título de "campeão do Rei", e ver a sua sentença diminuída. 

Cada combate é de vida ou morte, e Celaena não terá de enfrentar, apenas, os outros competidores, mas também os jogos de bastidores e, algo mais, que se esconde nas entranhas do castelo. Mas, é nos locais mais improváveis que nascem as amizades mais fortes. 

Ao longo do tempo, Celaena desenvolve uma forte ligação com Nehemia, a princesa de Eyllwe, e com Chaol, o comandante da Guarda do Rei. E até mesmo com Dorian. 

No segundo volume, Celaena tornou-se oficialmente, a assassina do Rei. E a sua missão é eliminar todos aqueles que se oponham ao Rei e ao seu regime. Um dia, é mandada matar um velho conhecido, e vê-se envolvida em todo um esquema para derrotar o Rei no seu plano. Em toda esta trama, são revelados segredos que envolvem Celaena e o seu passado, que podem ser determinantes para o seu futuro e o de todo o reino. 

Magia, conspirações, assassinatos... é toda uma vibe semelhante ao "Game of Thrones", mas uns pontinhos mais abaixo. Estou a gostar bastante de este mundo de Sarah J. Maas. E, certamente, continuarei a seguir a história de Celaena Sardothien. 





quarta-feira, 27 de julho de 2022

Os calhamaços desta vida: Se isto é uma mulher, de Sarah Helm

Aviso à navegação: não estou a publicar por ordem de leituras terminadas os livros que li nos últimos meses. Como ontem falei de um calhamaço, hoje falo do outro que me prendeu por quase quatro meses. 

"Se isto é uma mulher" remete-nos para a obra de Primo Levi "Se isto é um homem" (link aqui). Na obra do químico italiano, é abordada a sua passagem pelo campo de concentração Auschwitz-Birkenau. Sem floreios, sem romancear, Levi fala - de forma muito crua - sobre o terrível tratamento sofrido naquele campo de concentração. 

E talvez, por Auschwitz ser o mais famoso campo de concentração daquele período, tendemos a secundar outros. O número de campos de trabalho, de concentração, de encarceramento, de extermínio (e respetivos subcampos) não é exato, mas em todas as fontes que consultei, o valor ascende sempre aos milhares. 

Sarah Helm concentrou-se em Ravensbrück. Este campo, exclusivamente feminino, situava-se a menos de uma centena de quilómetros de Berlim, e por ali terão passado mais de 132 mil mulheres e crianças. Estima-se que cerca de 90 mil pessoas terão sido mortas neste campo. E quando digo "terão sido mortas", falo em todos os aspetos da morte: assassinadas a tiro ou em câmaras de gás, à fome, à sede e ao frio, de loucura, de doenças naturais ou provocadas por experiências médicas... 

Se, nos primeiros meses, as condições não eram as piores (havia comida, roupas, lençóis e colchões, por exemplo), há medida que o tempo foi passando, tudo se degradou. Oito meses depois do início da guerra, a população aprisionada já excedia a capacidade do campo. 

E a autora explora exatamente essas vivência. Depois de falar com várias sobreviventes e filhos de sobreviventes, Sarah Helm conseguiu construir um livro que nos deixa nauseados, para ser simpática. Várias vezes, chorei. Os relatos são impressionantes, para dizer o mínimo. 

Não só devido à sua natureza, não é um livro fácil de ler. Sarah Helm vai atrás de pessoas e das suas histórias, e nem sempre por ordem cronológica. Andamos para trás e para a frente no tempo, fala-se de várias mulheres, mistura-se o relato em discurso direto, com memórias em 2.ª mão... acho que foi por estas razões que demorei tanto neste livro. 

Não é um passeio no parque. Não é um livro para ler num bonito dia de sol. É um livro que nos vai magoar profundamente e fazer-nos equacionar sobre os conceitos de "humanidade", de "decência" e "dignidade". Talvez também em "esperança". Houve aquela prisioneira que disse que se recusava a morrer nessa condição. Morreu poucos dias depois da libertação, como uma mulher livre, tal como desejava... 

terça-feira, 26 de julho de 2022

Os calhamaços desta vida: Os Luminares, de Eleanor Catton

Quase quatro meses sem vir aqui publicar. Acho que bati, oficialmente, o meu recorde. Ontem, publiquei a post que tinha pendurado desde abril, e que fui empurrando com a barriga. Calhou ter lido a sequência nestes meses, e fiz um "2 em 1". 

Ali, na viragem do 2.º trimestre do ano, andei meio parada nas leituras. Minto, peguei, praticamente, ao mesmo tempo, em dois livros de quase 900 páginas, ambos. Era muita página, eu sei, eu sei... e só lia aquilo. Um romance histórico e um não ficção. Loucura, só pode! Um deles, terminei literalmente na semana passada. 

O primeiro foi Os Luminares, de Eleanor Catton. Este é um livro que, em 2013, venceu o Man Booker Prize. Já aí, as expectativas estavam altas. São 888 páginas de uma obra, no mínimo, surpreendente. Custou-me horrores a entrar no ritmo da história, às vezes, lia várias vezes a mesma página para compreender o que lá estava, antes das 100 páginas, elaborei, mentalmente, uma dúzia de razões para fechar o livro, a história tinha umas 20 personagens diferentes e acabava por as confundir a todas... mas, a verdade, é que não conseguia, realmente, fechar o livro e colocá-lo, definitivamente, de lado. Por alguma razão, continuava a ler, até que acabei por me sentir entusiasmada. Foi uma das leituras mais complicadas que fiz nos últimos anos, mas... adorei. Mesmo. 

A história tem lugar na Nova Zelândia. Há um "boom" na corrida ao ouro e a cidade de Hokitika está a prosperar. Mas, no século XIX, a prosperidade de uma cidade também significa a existência de várias personagens um tanto ou quanto duvidosas. 

Comecemos: no dia 27 de janeiro de 1866, Walter Moody chega a Hokitika e decide hospedar-se no primeiro hotel que encontra. Depois de dar entrada, vai para uma das salas do hotel, onde se encontram outras 12 pessoas, com um comportamento algo estranho. Depois do gelo quebrado, aquelas 12 pessoas, finalmente, decidem contar, à vez, o que as fez reunir-se ali.

Pouco tempo antes, no dia 14 de janeiro, um eremita, Crosbie Wells, é encontrado morto na sua cabana, onde está uma considerável. Quem o encontra é um político local, Alistair Lauderback, que andava em campanha. No mesmo dia, uma prostituta, Anna Wetherell, é encontrada meio morta num vale a caminho da cidade, e um dos homens mais ricos da cidade que a havia contratado, Emery Staines, está misteriosamente desaparecido. Dias depois de todos estes acontecimentos, Lydia Wells aparece na cidade e anuncia ser viúva de Crosbie. Curiosamente, todos estes eventos estão relacionados uns com os outros, e também com Francis Carver, o malicioso capitão do Godspeed, navio onde viajou Walter Moody, com um nome falso. 

Pela voz - e ponto de vista - de cada uma daquelas 12 pessoas, vamos caminhando e construindo uma história que envolve prostituição, consumo e tráfico de ópio, pedras preciosas desaparecidas, tráfico de influências, corrupção e também um pouco de misticismo... e são todos estes ingredientes que fazem deste Os Luminares um dos melhores livros que li nos últimos meses. 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Lido: Imaculada e Tundavala, de Paula Lobato de Faria

Este post é um dois em um. Comecei a escrevê-lo em abril (uuupppsss!!!!) e terminei agora de o editar, depois de ter lido a sequência. 

Imaculada é o romance de estreia de Paula Lobato de Faria (sim, é da família da apaixonante Rosa Lobato de Faria), e, uma excelente estreia, acrescento eu.

Estamos em 1956. Portugal está há 23 anos sob a batuta de António de Oliveira Salazar. Somos apresentados aos Correia, uma família da alta burguesia, que vive numa casa sumptosa e, ela própria, uma personagem do livro, Imaculada. 

Alexandrina, a mãe de família, é cristã e tem a filha, Cristiana, sob grande controlo. As aparências são tudo e nada mais importa. Cristiana tem de ser uma boa cristã, uma filha obediente, virgem até ao casamento, porque só nessas circunstâncias, será uma boa e obediente esposa, tal como as regras o exigem. João é o filho mais velho. Um homem muito bonito, mas algo... "arisco", para ser simpática. A personagem do pai, João Manuel, não é tão presente quanto as anteriores, mas terá um papel relevante nesta narrativa.

Cristiana está noiva de Miguel, um jovem militar, advogado de formação, e melhor amigo do irmão. O casamento está agendado para maio do ano seguinte, e Cristiana está resignada: aquele enlace é o que esperam dela, e não ousa desobedecer a Alexandrina. Aliás, este casamento significará a tão ansiada liberdade de Cristiana, que deixará de estar sujeita à educação ultra-conservadora da mãe. 

Estamos no Verão, e Cristiana vai, como habitualmente, passar férias com a melhor amiga, Ana Maria (namorada do irmão João). A família de Ana Maria é uma cópia dos Correia, ficando Alexandrina "descansada" quanto à virginal Cristiana. 

Porém, num casamento a que assiste, Cristiana conhece Nils, um jovem luso-norueguês, por quem cai de amores. Tudo fica em dúvida: a obediência à família, o casamento com Miguel... Cristiana fica de rastos com o peso na sua consciência, mas não consegue deixar de ansiar pelo misterioso Nils. Misterioso, Cristina Maria? Sim. Misterioso. Nils pertence a um grupo que se opõe à ordem estabelecida pelo regime e que apoia Humberto Delgado nas suas pretensões à Presidência, daí a dois anos. 

Por outro lado, temos Lourença. Uma personagem com quem simpatizei mais do que propriamente com a protagonista. Lourença é prima de Cristiana, e é o seu oposto. Alegre, livre, descomplexada e impulsiva, Lourença é orfã. Os pais morreram em África e só ficou ela e a irmã Isabel, aos cuidados de Lucrécia, a tia solteira, e da menina Rita, a governanta. 

O leitor é informado que a história é baseada em factos reais, o que nos deixa com "a pulga atrás da orelha" e é mais fácil ainda sermos atraídos para a saga de Cristiana... e todas as outras mulheres. 

Após a leitura de Imaculada, facilmente se segue para a sua continuação, Tundavala. 

Neste livro, temos uma Cristiana já casada com Miguel, e com filhos, e Lourença "desapareceu" em África. Não está propriamente desaparecida, mas voluntariou-se como enfermeira para Angola, para perto do local onde os pais terão morrido, e tem pouquíssimo contacto com a família na metrópole. 

Cristiana descobre vários podres de Miguel, e, na ânsia de tentar desvendar todos os segredos que envolvem o casamento, acaba por reencontrar Nils, que está exilado. A chama da paixão juvenil renascerá? 

O livro termina após a Revolução de Abril de 1975, mas ainda temos "tempo" para o cheirinho de um dos maiores escândalos em Portugal - Ballet Rose, um caso de prostituição e de abuso de menores por altas figuras do Estado, que António de Oliveira Salazar tentou abafar a todo o custo. 

pessoalmente, achei esta sequência uns pontos abaixo do 1.º livro. Apesar de continuar muito bem escrito, achei algumas passagens demasiado chatas e os diálogos forçados... pareceu-me, muito sinceramente, que a autora se deixou levar mais pela rigidez formal do trato dos anos 60/70 e não pela fluidez da história que pretendia contar. 




domingo, 3 de abril de 2022

Lido: Até os comboios andam aos saltos, de Célia Correia Loureiro

Além do livro de Paulina Chiziane, li também em março o 8.º volume da Saga das Pedras Mágicas de que já falei neste blogue, há um par de dias. O meu objetivo de só ler mulheres estava no caminho certo. 

Entretanto, comecei a ler Até os comboios andam aos saltos, a última obra da almadense Célia Correia Loureiro. Conheci a escrita da Célia através do livro Demência, que li em fevereiro de 2020, e, na altura tinha adorado o livro, e elogiado bastante a autora, visto que o livro tem uma carga pesadíssima e havia sido escrito quando ela tinha uns meros 20 anos. 

Entretanto, além do relançamento de "O funeral da nossa mãe", a Célia apresentou, numa edição de autor, este livro que terminei em pouco menos de 48 horas. 

A nossa protagonista - prestes a completar 30 anos - está num aeroporto, e vai metendo no papel, as suas impressões daquilo e daqueles que a rodeiam, ao mesmo tempo que vai contando a história da sua própria vida. 

Filha de um toxicodependente e de uma alcoólica, a nossa protagonista tinha tudo para se deixar embrenhar numa vida "poucochinha", mas amparada e educada pelos avós, conseguiu dar a volta à vida e tornar-se independente. 

Nas suas palavras, via, apesar de tudo, o pai como um herói. Até ao dia em que vende alguns dos seus pertences, para sustentar o vício. Com a mãe, a relação sempre foi fria e distante. Conta também com um irmão, a braços com os seus próprios demónios. 

É mais um livro admirável. Comparando com o "Demência", a diferença do estilo de escrita é radical. Enquanto que no primeiro temos um romance estruturado, este livro é uma espécie de diário caótico, escrito enquanto espera pelo avião, onde faz um balanço de tudo: desde as relações familiares, à oferta de um novo emprego, passando pelo Luís, aquele homem que a espera em Lisboa, e com quem irá terminar a relação... 

Neste livro, a Célia é quase bruta a escrever - tão tão diferente daquela menina de rosto sorridente que se vê no Instagram. A vida da nossa protagonista não foi fácil, mas a fibra que emana, é suficiente para uma cidade inteira. 

É um livro corajoso. Cheguem ao fim e leiam a última página. Saberão do que estou a falar!! 

sábado, 2 de abril de 2022

Lido: Niketche: Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane

A feminista dentro de mim decidiu que, no mês de março, só leria livros escritos por mulheres. Terminado O Regresso do Rei no dia 3, peguei num livro que a minha sogra me tinha dado no Natal. Aproveitei também o facto do tema do mês do clube de leitura a que pertenço ser "um livro de uma cultura diferente da tua" e enveredei na leitura de Niketche: Uma História de Poligamia. A autora é a moçambicana Paulina Chiziane, que recebeu o Prémio Camões, no passado mês de outubro. 

O que eu sabia do livro ou da autora? Zero absoluto. Mas o título era apelativo...

Rami é casada com Tony há mais de 20 anos. Mas, as sucessivas ausências prolongadas de Rami fazem-na desconfiar. É quando descobre que Tony mantém mais 4 famílias: mulheres e filhos. A sensação de traição com a descoberta da poligamia de Tony leva-a a criar uma espécie de "irmandade" com as outras mulheres, obrigando o homem a reconhê-las a todas, bem como aos filhos, e a manter abertamente a relação poligâmica, perfeitamente aceite perante a sociedade. 

Mas os revezes não tardam em aparecer e aquilo que parecia uma solução simples vira-se contra ela, por conta do papel submisso que a mulher deveria ter perante o marido, por conta do seu casamento "de papel passado" com Tony que fazia dela "a 1.ª mulher", por conta das próprias diferenças culturais entre as mulheres do Norte e as do Sul... 

Um dia, Tony é dado como morto. A viúva "oficial" é despojada de todos os seus bens, é obrigada a rapar o cabelo e é oferecida ao irmão do falecido... tudo em nome de uma tradição secular e ultrapassada. 

Poderá o amor de Rami por Tony sobreviver à traição, à submissão, às dúvidas, à crueldade...?

Mais uma história muito forte, escrita por uma mulher, para as mulheres sobre as mulheres. Honestamente, gostava muito que este livro fosse mais conhecido. Desafio-vos a isso: conheçam um livro fora da vossa esfera confortável, e procurem algo na vossa linha de desconforto, apostem em Paulina Chiziane...

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Lido: O Regresso do Rei - O Senhor dos Anéis, de JRR Tolkien

 Li o segundo volume precisamente em abril de 2021, e este terceiro volume demorou quase um ano a sair da estante: comecei a lê-lo a meio de fevereiro e terminei mesmo no início de março. Não sei se vale muito a pena estar a falar de um livro que foi publicado, literalmente, noutro século e que já foi "transformado" em filme pelo menos há quase 20 anos (fui confirmar, foi lançado em 2003)...

A derradeira batalha entre o Bem e o Mal está prestes a eclodir. As forças de Sauron ameaçam Gondor, e Minas Tirith estão prestes a cair, até que os homens de Rohan chegam. 

Enquanto isso, Aragorn pede ajuda a seres que já foram homens, cobrando-lhes uma promessa feita em outro tempo, garantindo-lhes que após esta última batalha, poderão descansar em paz. 

Mas e o Anel Um? Será que Frodo e Sam ainda estão vivos? Os restantes elementos da Irmandade não fazem ideia, mas confiam e têm fé nos pequenos hobbits. O leitor, no entanto, tem outras informações: Sam é, agora, o Portador do Anel e tudo faz para salvar Frodo - da negritude, de Gollum e de si mesmo... 

Entretanto, o exército do Bem reúne-se de forma a criar uma distração, para que Frodo e Sam consigam destruir o Anel e terminar de uma vez por todas com a ameaça de Sauron...

Posso dizer que o filme foi muito bem adaptado; não me lembro de nenhuma grande diferença escandalosa. Houve personagens que não chegaram ao filme, houve alguns atalhos que foram tomados, mas, no fim, feitas as contas, está lá o essencial. 

Já referi antes que li o 1.º volume na altura em que o filme saiu e não tinha gostado. Voltei a pegar nele anos depois, e foi toda uma nova experiência. 

E o que nos fica de O Senhor dos Anéis? Quais são as grandes questões por trás de toda esta saga épica? O poder, a vida e a morte, a imortalidade, o livre arbítrio... 

Estes livros foram publicados nos anos 50, do século passado. Escritos, muito provavelmente, durante tempos negros da Humanidade, e focam nas problemáticas daqueles tempos: um senhor impiedoso que quer dominar tudo em seu redor? Os opositores que eram eliminados? As batalhas pela liberdade? Reconhecem algo? Não me parece que seja pura coincidência. 

Sinto que li estes livros naquela que era a altura certa para mim. Gostei tremendamente e fico contente por ter encerrado o meu ciclo "Senhor dos Anéis". 

quinta-feira, 31 de março de 2022

Lidos: a saga das Pedras Mágicas, de Sandra Carvalho

Tenho andado lentinha-lentinha a ler. Quase a conta-gotas, para ser sincera. Estava "à espera" de terminar a saga das Pedras Mágicas da Sandra Carvalho para fazer um apanhado geral, e pelo meio, terminei a trilogia do Senhor dos Anéis, com o livro O Regresso do Rei, e esta semana (literalmente), terminei dois livros. Portanto, nem sequer estou atrasada, por aí além nas minhas escritas. 

***

Mas o que me trouxe aqui, foi precisamente a autora Sandra Carvalho. Há anos que oiço falar nela, mas a minha atenção andava virada para outras leituras. Mas, em setembro/outubro de 2021, essa situação inverteu-se quando trouxe da Biblioteca de Sintra, "A Última Feiticeira", o primeiro volume (de oito) da Saga das Pedras Mágicas. 

Imagem retirada do blogue da autora: http://sandracarvalho-autora.blogspot.com/

Na altura, fiz um post que "apanhava" os dois primeiros volumes, mas quando percebi que era impossível falar de cada um individualmente, decidi que, no fim, falava de todos. 

Esta saga segue três gerações de mulheres de uma família - Catelyn, Edwina e Kelda. Catelyn é mãe de Edwina e avó de Kelda. Três mulheres descendentes de uma feiticeira - Arawen - e todas possuidoras de poderes místicos, e cada uma responsável, à sua maneira, por quebrar uma maldição terrível que se abateu sobre a família, muitos anos antes: a ascensão do Filho do Dragão que trará a destruição à Terra. 

Os Seres Superiores, ou alguns deles, queriam que o seu Tempo não tivesse terminado e viam os humanos quase como vermes e lançaram a maldição. Arawen era uma Feiticeira que se havia apaixonado por um humano, e deixou a sua ilha para conseguir viver o seu amor. Dois factos que, anos e anos depois, trouxeram muitas lágrimas e muito sangue derramado. 

Numa altura em que tanto se fala do empoderamento feminino e das formas de elevar a figura da Mulher a outros papéis, e não apenas ao de "mãe" e "cuidadora", Sandra Carvalho construiu uma narrativa que dá às mulheres esse destaque, desde 2005, data da publicação do primeiro livro. E não falo apenas das protagonistas. Temos vilãs muito fortes e credíveis, temos personagens secundárias com poder (não só místico, mas também de decisão, por exemplo, Thora ou a Rainha Lyria), temos mulheres facilitadoras do progresso das nossas personagens principais... enfim, mulheres para todos os gostos!

É uma saga muito interessante, com personagens muito carismáticas. Sinto apenas que faltou um ligeiro "comic relief" de quando em quando, só para termos uns segundinhos de intervalo, antes de prosseguirmos com a demanda. Mas, no geral, é uma trama muito bem conseguida. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Lido: O Triunfo dos Porcos, de George Orwell

(não se vão habituando a isto de ter o blogue sempre atualizado que, se bem me conheço, mais umas
semanas e começa, de novo, a descambar)

O Triunfo dos Porcos é um daqueles livros que tem estado na lista de leituras a fazer "ad aeternum", mas como os livros, que se saiba, não têm perninhas, ali tem ficado até chegar o dia. Há meses, comprei uma edição da D. Quixote e enfiei-a numa gaveta e... esqueci-me dela. Até que, num dia de arrumações, voltei a dar com ele e coloquei-o bem à vista para não voltar a "fugir". Até que chegou aquele momento tão ansiado por todos os livros: ser, efetivamente, lido.

Os animais da Quinta Manor revoltam-se e conseguem expulsar os humanos que os escravizam há tantos anos. Aos porcos, que aprendem a ler e escrever, cabe-lhes a organização da Quinta dos Animais, mediante sete mandamentos:

1.º - Tudo quanto andar em duas pernas é um inimigo;
2.º - Tudo quanto andar em quatro patas, ou tiver asas, é amigo;
3.º - Nenhum animal usará roupas;
4.º - Nenhum animal dormirá numa cama;
5.º - Nenhum animal beberá álcool;
6.º - Nenhum animal matará qualquer outro animal e 
7.º - Todos os animais são iguais.

Simples, não? A resposta é não. Inicialmente, a vivência é tranquila e, realmente, existe um período de efetiva igualdade, mas o tempo passa, as diferenças entre os animais acentuam-se e aquela idílica comunidade acaba por, aos poucos, se ir fragmentando. Nasce uma nova hierarquia e ... "todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros". 

De certa forma, em alguns momentos, enquando lia este livro, vi passagens do "1984" na minha cabeça. Por exemplo, quando os porcos começam a "editar" os sete mandamentos, consoante lhes é mais favorável, sem qualquer oposição dos outros animais que, entretanto, se iam esquecendo da "semente" da revolução levada a cabo. E mesmo a forma como os porcos conseguem manter o controlo da população, com recurso à violência. 

Publicado durante a 2.ª Guerra Mundial, este livro chegou a ser recusado por vário editores. Nesta edição, num prefácio escrito pelo autor, este faz referência a uma carta que recebeu e que diria: "Se a fábula fosse dirigida aos ditadores de uma forma geral e às ditaduras no seu todo, nesse caso a publicação seria adequad, mas a fábula segue de tal maneira e de forma tão completa, como agora me afigura claro, o progresso dos Sovietes Russos e dos seus dois ditadores, que só pode aplicar-se à Rússia (...) Penso que a escolha dos porcos como casta dirigente ofenderá, por certo, muitas pessoas, particularmente as mais suscetíveis, caso em que indubitavelmente se incluem os russos". 

E Orwell não nega que a inspiração para esta fábula fosse a ascensão ao poder por parte de Estaline e a total subversão dos valores e dos ideais que levaram à própria Revolução. 

Não lamento não ter lido este livro antes. Mais uma vez, considero que foi lido no momento certo, especialmente, quando na Europa democrática, hoje, temos partidos de teor mais extremista a sair para a luz do dia. 

Foi um livro muito... elucidativo, para dizer o mínimo. É um livro curto - tem 127 páginas, se excluirmos a inclusão dos dois prefácios - e lê-se muito bem, mesmo num fim-de-semana de preguiça. E recomendo-o, especialmente, aos mais velhos dos mais novos; ali, aquela geração, a roçar os 17/18/19, que já não são tão impressionáveis e que apreendem, com facilidade, os conceitos (e os perigos) que Orwell quis transmitir. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Lido: Longa pétala de mar, de Isabel Allende

(ó para mim, tão atinadinha, a escrever imediatamente após ler o livro - e não acumular meses de leitura sem botar aqui uma letra)

Já conto com a minha quota parte de livros de Isabel Allende. Aquilo que me vem sempre à cabeça quando se trata de Allende é "não é a minha autora favorita, mas...", já li tantos vários livros dela, que é melhor repensar na minha vidinha. 

Nos últimos 4 anos, este foi o 4.º livro que li dela, sem contar com todos os anteriores que a minha mãe comprava e que estão encaixotados... algures. 

Conhecemos Víctor Dalmau, durante a Guerra Civil Espanhola, na década de 30. O rapaz chama a atenção aos seus superiores, depois de ter, literalmente, pegado no coração de um homem, e o ter ressuscitado quando já o davam como morto. Víctor não tem qualquer partido, e descende, inclusivamente, de uma família de gente apartidária. O pai é músico e a mãe professora. Existe ainda um irmão, Guillem, e Roser, uma jovem que havia sido acolhida pelos pais. 

Roser e Guillem apaixonam-se, e a jovem acaba por engravidar. Guillem morre em combate.

A vitória iminente dos franquistas faz com que os Dalmau procurem fugir de Barcelona. O pai morrera, Guillem estava incontactável (também já tinha morrido, embora a família ainda não soubesse); sobravam Carme e uma grávida Roser. Com a ajuda de um amigo, Roser consegue chegar a França, enquanto que Carme desiste pelo caminho e disse preferir morrer na sua pátria. Mais tarde, Víctor reúne-se com Roser, e casam-se, para facilitar o embarque no Winnipeg, um navio chileno, fretado pelo poeta Pablo Neruda, que iria transportar refugiados espanhóis para o Chile, para aí reconstruírem as suas vidas. O casamento que seria apenas de conveniência, acaba por durar cinco décadas. 

Pelo meio, Isabel Allende descreve todos os acontecimentos sociais e políticos que assolaram Espanha e o Chile ao longo de quase todo o século XX, ao mesmo tempo que vamos acompanhando os nossos protagonistas. 

A escrita de Allende é, como sempre, imaculada e cativante. Roser pertence àquela classe de mulheres resilientes e fortes que Allende costuma retratar nas suas obras, e Víctor é um protagonista com todas as falhas e defeitos, e virtudes, como qualquer espécime da raça humana. Allende não coloca aqui aqueles pózinhos de fantasia, como vimos, por exemplo, n'A Casa dos Espíritos, e oferece-nos uma visão - de bancada - da história do seu próprio país. 

Foi um livro que gostei muito de ler, mas, no final, não me senti tão maravilhada como em outras obras dela. Na tentativa de atar todas as pontas dos arcos narrativos e fechar definitivamente a história, Allende apressou um bocadinho as coisas, e pareceu-me que a introdução de certas personagens, metidas à força, não fez tão bem como parecia à primeira vista. Mas, atenção, isso não estragou a experiência da leitura, mas em vez de 5 estrelas, dei 4- (ali a resvalar para as 3,9, vá, se isso nos fosse possível!). 

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Lido: Um homem chamado Ove, de Fredrik Backman

Eis-me, finalmente, chegada ao texto do último livro que li: Um homem  chamado Ove, do sueco Fredrik Backman. Há uns tempos, este livro foi bastante popular entre a comunidade livrólica. Toda a gente o elogiava, toda a gente falava bem, mas eu costumo ser do contra, e quando surge demasiado entusiasmo sobre um livro, por norma, perco um bocado o interesse. 

Aconteceu com este, e acontece ainda hoje com muitos outros. Gosto do meu ritmo, gosto de descobrir as coisas como se fossem a última Coca-Cola do deserto que, na verdade, não são. 

Li este livro em pouco mais de 24 horas, só para que conste. Li, li, li... gargalhei muito, virei páginas como quem come cerejas, emocionei-me, dei mais umas gargalhadas, resmunguei um bocadinho como o Ove e, se pudesse, oferecia um miminho à Parvaneh. 

Ove é um velho resmungão. Ponto. Não há como contornar esta questão. Não é simpático, não é uma pessoas sociável, não gosta de mudanças - aliás, não muda sequer a marca do carro desde que teve um pela primeira vez. Ove não é o amigo da vizinhança... é aquela pessoa que, TODOS OS DIAS, sai de casa para inspecionar o bairro e ver se os carros estão nos estacionamentos corretos e se ninguém passa onde não deve. 

A vidinha de Ove sofre uma mudança, com um casal novo no bairro. Começam por bater (e destruir) a caixa do correio. A resmungar, Ove ajuda-os. E, aos poucos, vamos conhecendo Ove. E sabemos que ele só se quer suicidar. Todos os dias, acorda, toma o pequeno almoço, faz a sua habitual inspeção pelo bairro e volta para casa para cometer suicídio, e assim se juntar à esposa Sonja, falecida há cerca de seis meses. Mas, todos os dias é interrompido de alguma forma e não consegue levar a sua avante. 

Somos apresentados à vida de Ove antes deste momento, em vários capítulos que acontecem no passado. Como foi a sua infância, como e quando perdeu os pais, a importância dos valores, como conheceu Sonja - e vamos entendendo as atitudes de hoje de Ove. 

É um livro que tanto tem de ternurento, como tem de emocionante e que nos chama a atenção para temas fraturantes: a solidão dos mais velhos, o racismo, a homosexualidade, a burocracia e os burocratas, o amor... há muito tempo que não chorava como chorei ontem ao terminar o livro. 

A escrita de Backman é simples como abrir uma janela e deixar entrar o sol. Transmite-nos a sensação certa no momento certo. Não inventa, não se põe a colocar intelectualidade desnecessária naquilo que ser quer simples e bonito. É um bom livro. Um livro que nos deixa satisfeitos depois de um dia cheio. Acho que o li na altura certa. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Lido: A Trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster

 Adorei. Foi um dos primeiros livros deste ano que dei 5 estrelas, sem hesitações. O livro é composto por três histórias de mistério (Cidade de Vidro, Fantasmas e O Quarto Fechado à Chave) escritas em 1985/1986, sendo que todas têm a cidade de Nova Iorque, como pano de fundo. 

A primeira, Cidade de Vidro, acompanhamos Daniel Quinn, é um escritor de mistérios policiais, sob pseudónimo. É um homem viúvo e muito solitário. A rotina de Quinn é abalada quando, um dia, recebe, por engano, uma chamada telefónica. O interlocutor procura o detetive privado Paul Auster. Primeiro, diz que é engano, mas fica a matutar no assunto. Quando recebe nova chamada, procurando pela mesma pessoa, Quinn assume essa identidade e envolve-se num caso com décadas. Acaba, inclusivamente, Paul Auster, um escritor que se encontra a trabalhar num artigo sobre Dom Quixote.
Na sua tentativa de resolver o caso, Quinn desce às profundezas da loucura e acaba por perder tudo aquilo que lhe resta. 

Fantasmas é o segundo texto. Blue é um detetive privado. Um dia, é contactado por White que o contrata para vigiar um outro homem, Black. A cada semana, Blue teria apenas de fazer um relatório das suas observações. O trabalho não teria data limite para terminar, e todas as despesas seriam cobertas. Blue aceita as condições, e sem outras explicações, informa a noiva que vai estar fora durante algum tempo e incontactável. Muda-se para o apartamento defronte do de Black e observa. O tempo passa, e Blue começa a ficar ensandecido. A vida de Black é apenas escrever e sair para ir às compras. Não há nada mais que observar e os níveis de frustração de Blue aumentam exponencialmente. Um dia, decide interpelar Black... e tentar descobrir a identidade de White. 

Na terceira e última história, O Quarto Fechado à Chave, somos apresentados a um narrador sem nome que, um certo dia, é contactado por uma mulher, Sophie, que se apresenta como sendo a esposa de um dos seus amigos de infância, Fanshawe. 
Fanshawe desapareceu há mais de 6 meses, deixando a mulher grávida. Após meses de espera e de buscas, Sophie decide avançar com a sua vida. Antes de desaparecer - ou morrer, quem sabe - Fanshawe deixou vários manuscritos acabados e a indicação de que se algo lhe acontecesse, os livros deveriam ser entregues ao seu grande amigo que deveria decidir o que fazer com eles. 
A genialidade dos escritos é tal que acabam por ser publicados e geram um imenso sururu: e se Fanshawe nunca existiu e é, na verdade, o seu grande amigo sob pseudónimo? Para acabar com a especulação, envereda por um só caminho: escrever uma biografia de Fanshawe, com todos os seus feitos, desde a mais tenra idade. O tempo passa. O nosso narrador, entretanto, apaixona-se e casa com Sophie - depois de, claro, Fanshawe ter sido dado como morto.  
Até que recebe uma carta. Fanshawe está vivo, mas em parte incerta. O que fazer nestas circunstâncias? 

O livro é fantástico. É daqueles que irá para a lista de releituras, certamente, para absorver todas as suas subtilezas, e para entender melhor o que, numa primeira leitura, não se entendeu. É o mistério, são as peças do puzzle, são os discursos de uma pessoa só, é a riqueza dos diálogos... leiam, se puderem!!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Lido: As vinhas de La Templanza, de Maria Dueñas

As vinhas de La Templanza foi um dos dois livros que comprei na Feira do Livro de Lisboa, no ano passado. Ficou, pacientemente, à espera da sua vez, até que finalmente peguei nele. E voltei a largá-lo. E esperou mais um tempo. E voltei a pegar nele. E tive de reler o que já tinha lido, porque entretanto nada fazia sentido. 

Alguém se revê? Digam, por favor, que não sou a única. Adiante...

Dizia eu que, desta autora, só tinha lido O Tempo Entre Costuras, em 2019, e que tinha adorado. Na Feira do Livro, esta obra estava a um preço simpático e veio comigo. Mais uma vez, não conhecia - de todo - a história. Se em O Tempo Entre Costuras sabia, pelo menos, que a protagonista era uma costureira e que a história envolvia a 2.ª Guerra Mundial; desta vez, nem o básico sabia. 

Mauro Larrea é um homem rico. Fez fortunas nas minas, com muito suor, sangue e lágrimas. Um homem que subiu a pulso e muito sacríficio pessoal, e disso não faz nenhum segredo. Viúvo e pai de dois filhos, Larrea está prestes a ser avô, o que o deixa imensamente feliz. A filha, bem casada, está radiante. O filho, um estroina, anda algures pela Europa a gastar o dinheiro do pai, enquanto este se desgasta a acalmar a família da futura noiva. 

Entretanto, o destino é uma coisa lixada, e Larrea fica, perigosamente, perto da insolvência. Pede dinheiro emprestado a um agiota de pouca confiança até encontrar uma solução. E parte, com a ideia de encontrar um bom plano de investimentos que lhe dê muito dinheiro em pouco tempo. Em Havana, onde faz a sua primeira paragem é envolvido num esquema de tráfico. O seu bom senso aconselha-o a afastar-se, até que a sorte lhe sorri e lhe cai no colo uma oportunidade em Jerez de la Frontera, em Espanha. 

Em Espanha, conhece Soledad, a bonita esposa de um comerciante inglês de vinhos, e a última dos Montalvo, uma família de enorme prestígio, ligada à principal atividade da região: produção e comércio de vinhos. 

São estes os "ingredientes" base para um romance muito interessante, que não é um dramalhão, nem fofinho... é um romance com as cores e o calor do México, de Havana e de Espanha do século XIX. Não temos as intrigas geo-políticas de uma 2.ª Guerra Mundial, mas temos a complexidade do comércio de vinhos, do tráfico negreiro e do imperialismo ibérico. Mais uma vez, adorei o enquadramento histórico apresentado por Dueñas. E, se no início, a história pode parecer difícil de entrar, assim que começa a ganhar ritmo, fica imparável. Sucedem-se os acontecimentos, e existe um evento qualquer em quase todas as páginas. 

As vinhas de La Templanza é mais um calhamaço de 536 páginas, que li em pouco mais de 5 dias (depois da segunda tentativa) - portanto, uma média de 100 e poucas páginas por dia. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Lido: As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi

Comprei este livro para o Henrique, já há uns meses, mas o pequeno bacano ainda não se inclinou muito para o ler. Um dia, lá chegará. 

Aproveitei que o tema do mês do clube de leitura a que pertenço ser "clássico" e lancei-me eu na sua leitura, até porque não conhecia a narrativa original, apenas a versão da Disney. 

O nosso Pinóquio, antes de o ser, era um pedaço de madeira que pertencia a um carpinteiro; o homem aterrorizado por ter um tronco que falava, e depois de uma desavença, acaba por o dar a Gepetto, o futuro pai do mais famoso menino de madeira. 

A relação dos dois começa a correr mal logo nos primeiros instantes, e depois é tudo aquilo que conhecemos e mais umas pitadinhas, até chegarmos ao momento da redenção do Pinóquio. Há uma cena que me deixou um nadinha de pé atrás, ainda mais sendo um livro recomendado para alunos de 3.º ano, mas julgo que o mais importante será o foco na mensagem subjacente: fazer o bem, não cortar caminho para atingir as metas, o respeito pelos outros, não mentir... 

A tal parte que me deixou ligeiramente desconfortável é um momento em que Pinóquio - desesperado porque foi roubado e com o dinheiro não pode ajudar o pai; dinheiro esse conseguido, depois de ter desobedecido e não ter ido à escola - se tenta suicidar, através de enforcamento. Fica bastante tempo preso por uma corda até finalmente ser socorrido. Uma criança que leia o livro sem ninguém que o guie... bem, no mínimo, pode ser complicado. Na escola, sei que só lêem excertos, mas se houver algum pai (como eu) que compre o livro, convém que acompanhe a criança na leitura para explicar pontos que podem ser mais sensíveis, porque esta não é a versão Disney-fofinha. 

Sou sincera quando digo que estive na dúvida se colocava, aqui, no blogue, este texto, mas julgo ser importante, mesmo para memória futura, ou de dica para outros pais e/ou encarregados de educação. 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Lidos: Um mundo sem fim, de Ken Follett

Trouxe da Biblioteca Municipal de Sintra, em duas idas, os dois volumes de Um mundo sem fim. 584 páginas e 596 páginas, respetivamente. Coisinha pouca. 

Andava eu "ralada" que ando a ler pouco, e depois deparo-me com estes números e vejo que ando mas é parvinha. 

Um mundo sem fim é a duologia que dá sequência ao Os Pilares da Terra que li - deixem-me consultar os arquivos... um minuto... não se vão embora... -  em 2012 (volume 1 e volume 2). 200 anos depois dos acontecimentos de Os Pilares da Terra, Kingsbridge é uma cidade vibrante. A catedral ocupa o lugar central da vida da comunidade e tudo vai bem. 

A ação começa na catedral, durante a missa do Dia de Todos os Santos. Sem sabermos, somos apresentados a algumas daquelas que vão ser as personagens centrais desta nova história. Depois da missa, Caris, Gwenda e os irmãos Merthin e Ralph seguem em direção a uma floresta. Quando lá chegam presenciam um duplo assassinato: um cavaleiro mata dois outros homens que vão em sua perseguição. As crianças fogem, exceto Merthin, que vê o cavaleiro a enterrar algo, e pede-lhe silêncio. Diz que a carta que acaba de enterrar contém um segredo muito importante e que ambos podem vir a ser mortos para que o seu conteúdo não seja revelado. Thomas, assim se chama o cavaleiro, bastante ferido, procura refúgio no mosteiro e torna-se monge. 

As crianças, essas, seguem a sua vida. Merthin e Ralph, filhos de um nobre, caído em desgraça, têm sortes diferentes. Enquanto que o primeiro se torna aprendiz de carpinteiro, o segundo - apesar de ser o mais novo - é entregue aos cuidados do Conde de Shiring, para se tornar cavaleiro, quase como numa tentativa de recuperar o prestígio da família.

Dez anos se passam, e é nessa altura que a história começa a ver reais desenvolvimentos. 

Apesar de ser uma narrativa longa - são quase 1200 páginas, no total - os arcos principais são interessantes o suficientes para nos importarmos com o que se passa com as personagens. Temos, como seria de esperar, a dicotomia "bem versus mal", as personagens claramente boas contra as personagens claramente desprezíveis... 

A minha única crítica é a semelhança com a "receita" usada em Os Pilares da Terra. Temos o artífice genial em quem poucos acreditam, a família caída em desgraça que busca a redenção a qualquer preço, o arco do mosteiro, os antagonistas desprez e um grande segredo capaz de destruir Impérios.  

Mas, estamos a falar de Ken Follett, e goste-se ou não, o senhor não anda nisto há dois dias e sabe o que faz. As personagens estão bem desenvolvidas, conseguimos perceber a razão porque tomam a decisão B em detrimento da A, e temos uma noção para onde tudo se encaminha. Sabemos que tudo vai correr bem, mas os caminhos para lá chegar são tortuosos. E o segredo deste livro está nesses caminhos tortuosos. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Lido: Na corda bamba, de Joanne Harris


Há umas semanas - que é como quem diz, antes do Natal - li Na corda bamba, da britânica Joanne Harris, autora do livro "Chocolate", que li em janeiro do ano passado.

Juliette é atriz numa companhia de teatro itinerante. Além de nova e bonita, Juliette lê o futuro nas cartas. Durante o tempo em que está no teatro, inicia uma relação com Guy LeMerle, o dono da companhia, que tanto tem de carismático como de malvado.

Numa altura em que se vê "com a corda na gargante" (não literalmente), abandona aquela vida e consegue acolhimento numa abadia. Os anos vão passando e Juliette habitua-se à vida no convento... sempre na companhia da sua filha, Fleur.

A abadessa que a acolheu acaba por falecer, e uma nova responsável é nomeada. Mas não passa de uma criança, filha de uma família poderosa. A nova abadessa, com apenas 11 anos, vem acompanhada do seu confessor que é nada mais que LeMerle. A vida tranquila de Juliette está francamente ameaçada.

A escrita de Joanne Harris é ligeira, fluída e que é divertido ler. Este livro, por seu turno, foca-se muito no fanatismo religioso e na perseguição às bruxas, que caracterizaram o período após o assassinato de Henrique IV, rei de França, tempo da ação da nossa narrativa. A nova Madre Superiora, Isabelle, é apenas um joguete nas mãos de diversos interesses. Educada para ser santa, Isabelle é de um fervor cego e impõe restrições que vão ao limite até do bem-estar das Irmãs. 

Talvez, mais do que da história, gostei da descrição da História - se é que me faço entender. Fascinou-me todo o enquadramento histórico e creio que esse será um dos pontos fortes do livro. A narrativa também é engraçada, mas ainda assim, gostei mais de "Chocolate". 

sábado, 29 de janeiro de 2022

Lido: O Irmão Alemão, de Chico Buarque

Em fevereiro de 2020, estreei-me com Chico Buarque. A minha sogra, no Natal de 2019, ofereceu-me "Essa Gente" e, na altura, li-o em menos de um dia. 

Desta vez, trouxe da Biblioteca Municipal de Sintra "O Irmão Alemão". Desconhecia totalmente a história principal e fiquei agradavelmente surpreendida ao saber que, este romance, é uma mistura de elementos autobiográficos e fictícios. 

Chico Buarque teve, realmente, um meio-irmão alemão, depois de uma temporada que o pai passou na Alemanha, antes de conhecer aquela que viria a ser a mãe de Chico Buarque. 

A trama passa-se, na sua grande maioria, durante a juventude do narrador, nos tempos da ditadura militar no Brasil. O pai, Sergio Hollander,  é um intelectual e crítico literário que passa os seus dias a ler. Um dia, o nosso narrador encontra uma carta, assinada por uma mulher, onde fala do filho de ambos, Sergio (como o pai). 

Inicia então uma busca incansável para saber o paradeiro deste irmão. 

A escrita de Buarque é uma conversa com o leitor. O tom coloquial que, de resto, eu já tinha elogiado, no "Essa Gente", é constante. Sabemos sempre, exatamente, quais são as linhas de pensamento do narrador, quais são os seus sentimentos... nada deixa margem para dúvidas e deixamo-nos, como ele, embrenhar nesta história com várias décadas, para saber quem era este Sergio que viveu longe do pai...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Lido: O Diário de Anne Frank, por Ari Folman e David Polonsky

 Li O Diário de Anne Frank numa outra vida. Não quero parecer exagerada, mas teria uns 14/15 anos... portanto, há para cima de imenso tempo. 

Anne Frank foi o livro que me abriu as portas para a nossa História Contemporânea. Uma adolescente, como eu, a passar por algo que eu nunca imaginaria - nem nos meus piores pesadelos. Talvez seja por isso que sou tão interessada por esta época. 

Quando surgiu a adaptação em banda desenhada, fiquei muito interessada em saber como tinham conseguido fazer a transição. 

E não fiquei desiludida. 

Para mim, pareceu que este sempre tinha sido o seu formato; senti a mesma emoção que senti quando o li pela primeira vez.

Julgo que esta deva ser uma leitura obrigatória para todos os jovens. Não sei se este livro em específico lhes deva ser apresentado imediatamente. Na minha modesta opinião, apesar de ser uma adaptação fabulosa, temo que os mais novos a vejam como uma obra de ficção. Mais um livro de banda desenhada. Devem sim, ler o livro O Diário de Anne Frank - saber que aquela rapariga existiu efetivamente, e quando tiverem os pensamentos todos bem estruturados, aí sim, presentear com a BD. 

Posto isto, gente adulta que ainda me lê... façam-me o favor e relembrem esta magnifíca menina!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Lido: Fantasia

Desde há uns tempos a esta parte, a fantasia tem sido um género que abunda nas minhas TBR's. E como, por norma, se tratam de sagas de vários volumes, basta começar a ler qualquer coisa que depois essa "qualquer coisa" se transforma numa empreitada de anos. 

Por exemplo, neste post, vou falar de Juliet Marillier e de Kendare Blake, e a sua tetralogia "Three Dark Crowns", que comecei a ler em janeiro de 2019. Marillier li, pela primeira vez, em março do mesmo ano. Ou seja, autoras que sigo, praticamente, há três anos. 

Os livros de que aqui falo foram lidos em outubro e novembro de 2021, em formato ebook.

- A Máscara da Raposa, de Juliet Marillier: este livro é o 2.º livro da Saga das Ilhas Brilhantes, escrito por Juliet Marillier. Publicado em 2004, é a continuação do livro O Filho de Thor, que li em abril de 2021 (uupppssss...!!!). Enfim, muito tempo depois, li a continuação. Anos após os eventos de O Filho de Thor, o jovem Thorvald descobre um segredo que a mãe lhe escondia há anos: o pai não era quem ele pensava, e sim Somerled, o nosso vilão do 1.º volume. 

Frustrado e zangado com a mãe, Thorvald parte em busca do verdadeiro pai. Nesta jornada, é acompanhado por Creidhe, filha de Eyvind (o herói do 1.º livro), e Sam, um jovem navegador e seu amigo. Ao chegarem ao território do povo das Facas Longas - que é governado por um homem terrível - descobrem uma maldição, associada àquelas estranhas gentes. 
Esta é uma história de amor, de magia e de redenção e é estupidamente bem escrito, como, de resto, é apanágio da neozelandesa. 


- Cinco Destinos Negros, de Kendare Blake: resumo rápido - a cada geração, nascem três gémeas, com poderes especifícos, e destinadas a lutar até à morte pela coroa de Fennbirn. Mas, no Dia da Ascensão algo corre muito mal, e a rainha vencedora, apesar de não ter morto as irmãs, é coroada. Nunca tal tinha acontecido, e a presença (mesmo que ausente) das duas rainhas fugitivas ameaça o reinado, que é mais volátil do que absoluto. Além das conspirações internas, Katherine - a rainha coroada - foi invadida pelas almas das antigas rainhas mortas, a Rebelião avança, ao mesmo tempo que uma estranha névoa consome tudo o que apanha... são estes todos os problemas com que Fennbirn tem de lidar. Vou ser sincera, não gostei tanto deste final de saga como era suposto. A autora andou anos a construir um imaginário incrível, para depois ter um final tão morno. Não foi mau, não desgostei, mas achei só morno... não me arrebatou como achei que iria arrebatar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Lidos: Policiais

 Às vezes, como "limpa-palato", leio um policialzinho, só para me abstrair de temas mais densos. Os meus favoritos são, de longe, os autores escandinavos. Apesar de, nos últimos tempos, não ler muito este género, a verdade é que gosto sempre de lá voltar, de quando em quando...

Recentemente, li: 

- Quando a tua ira passar, de Asa Larsson: é preciso recuar a 2015, para encontrar um livro da autora sueca Åsa Larsson. Na altura, li "Aurora Boreal". Neste livro, Wilma e Simon, um casal de namorados, decidiu ir mergulhar num lago gelado para encontrar os destroços de um suposto avião alemão desaparecido na década de 40. Durante o mergulho, alguém corta a corda de segurança e tapa o orifício de entrada no lago. É impossível sair dali. Meses depois, na Primavera, aparece o corpo de Wilma e a investigação de Rebecka Martinsson e da inspetora Anna-Maria Mella leva-as na senda de um segredo que envolve colaboracionistas do regime nazi. 
Uma das coisas que mais me agrada nestes autores, é a capacidade de usarem o próprio clima nórdico como se fosse uma personagem. O frio cortante, a neve, as poucas horas de luz são uma constante e tornam a narrativa sempre muito mais "noir". Gostei imenso, e mais uma vez, é um daqueles livros que se lê num piscar de olhos, porque há poucos momentos pausados, e existe sempre muita ação e algo a acontecer. 

- Hercule Poirot: os crimes do ABC, de Agatha Christie (banda desenhada): os livros de Poirot, nesta altura do campeonato, já são clássicos, e esta história não é excepção. Poirot anda às voltas com um novo mistério. Um assassino desafia o detetive belga a pará-lo: antes de cada crime, escreve a Poirot com o dia e local de cada homicídio. 
Esta história, em banda desenhada, foi adaptada por Frédéric Brémaud, com desenhos de Alberto Zanon e cor de Fabien Alquier. 

- O Nadador, de Joakim Zander: nos anos 80, um espião americano acaba de ver morrer a companheira, numa explosão que o tinha como alvo. Tendo nos braços a filha bebé de ambos, decide deixar a bebé junto na Embaixada, para que esta fosse entregue aos parentes mais próximos. Na atualidade, Klara Walldéen é uma funcionária do Parlamento Europeu que tem um "affair" com George Lööw, um lobista norte-americano. Pelo meio, aparece também Mahmoud Shammosh, um ex-militar e ex-namorado de Klara, que no início deste livro é contactado por um colega que frequentou com ele o serviço militar e que suspeita que está a ser perseguido. Todas estas histórias vão, obviamente, acabar por se cruzar. Narrativa é sempre intercalada entre a história do espião e a atualidade que envolve Klara, até que passado e presente se fundem. Demorei um bocadinho a entrar na história, porque inicialmente, não estava a conseguir entender a dinâmica das histórias intercaladas, mas depois de "olear a maquinaria", segui sem problemas. 



terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Lidos: Autores portugueses

Nos últimos três meses, tenho "sofrido" um pouco com a falta de vontade de escrever no blogue. Felizmente, que isto é um hobbie e não um trabalho ou já estava a esta hora com as malas à frente do Instituto de Emprego. 

Tenho lido, a um ritmo menos implacável, por assim dizer. Vou partilhando umas coisitas nas redes sociais - mais no Instagram, por sinal - mas nada de significativo. Entre ler, ver uma série, ajudar o Henrique em alguma coisa, ou passar ainda mais tempo à frente do computador, a escolha é bastante simples. 

Ler é também uma atividade intemporal; não é como se os livros fossem fugir todos, já amanhã...

Nestes tempos, tenho lido alguns livros de autores nacionais: 

- Se com pérolas ou ossos, de João Reis
O João Reis é fantástico. Não me canso de o dizer, e já o exprimi ao próprio. Este livro data de Fevereiro de 2021, e foi uma prenda de aniversário de mim para mim própria. O nosso narrador, Rodrigo, está na Coreia do Sul, numa residência literária, para escrever o seu próximo livro; no entanto, esse processo criativo está em stand-by, e ele prefere explorar a cidade com a namorada, Beatriz, que o acompanha nesta jornada. 
Esse "pequeno" problema de não conseguir escrever, deixa-o francamente preocupado, mas, por outro lado, deixa-se enlear e distrair por tudo aquilo que o rodeia: alguém que olha demasiado para ele, uma expressão que ele insiste que foi desrespeituosa, uma aventura com um gato e uma conta de veterinário... o tom do livro - derrotista, vertiginoso, sarcástico - é semelhante ao A Noiva do Tradutor
Se ainda não conhecem João Reis, visitem uma livraria e tratem dessa falha imediatamente. 

- A Marquesa de Alorna, de Maria João Lopo de Carvalho
Este foi um dos calhamaços que já queria ter lido há algum tempo. Sempre achei a imagem do livro interessante, mas ainda não me tinha predisposto a empreender tamanha empreitada. Mas chegou o dia em que o trouxe da Biblioteca. O que sabia sobre ele? Zero. Curiosidade: o exemplar que trouxe da Biblioteca Municipal vinha autografado pela escritora, e desconfio que tenha sido uma oferta da própria ao nosso atual primeiro-ministro, quando da sua passagem pela Câmara de Lisboa. 
Leonor de Almeida, conhecida como Alcipe no meio cultural da época, foi uma nobre e poetisa, aparentada dos Távora, viu-se encarcerada no Convento de São Félix, em Chelas, aos 8 anos, com a mãe e a irmã. Só saiu quase 20 anos depois. Mas foi durante esse tempo que se dedicou à poesia e à leitura das grandes obras.
O livro retrata-nos a vida desta mulher, e da sua família, que é recheada de sucessos e de passos atrás. Uma leitura bastante interessante, apesar de ter alguns momentos mais aborrecidos. 

- Galveias, de José Luís Peixoto
Ai!!! Tanto que podia dizer sobre a minha suprema palermice por ainda não ter lido este Galveias. Galveias é uma freguesia portuguesa do município de Ponte de Sor, e também o nome do 5.º livro de José Luís Peixoto, que ali nasceu.
A ação decorre nos anos 80. Uma rocha - com cheiro a enxofre - cai no meio de uma herdade e essa presença que, no início, é altamente... presente (peço desculpa pelo pleunasmo), vai-se diluindo com o tempo; apesar do cheiro a enxofre permanecer em quase todas as páginas da narrativa.
Neste Alentejo rural de há quase 40 anos, as histórias das personagens vão-se cruzar e entrecruzar numa dança literária que eu nunca conseguiria escrever nem num milhão de anos.
Este é um daqueles livros que merece uma segunda leitura para alcançar todos os seus níveis. Foi mais um livro que trouxe da Biblioteca Municipal, mas que gostaria de comprar, para fazer parte da minha coleção. 

- O Último Negreiro, de Miguel Real
À semelhança do livro da Marquesa de Alorna, este livro é uma mistura de ficção com não ficção. O Último Negreiro segue a vida do último traficante português de escravos, Francisco Félix de Sousa. A ação passa-se essencialmente entre São Salvador da Bahia e Ajudá, no território que hoje é o Benim, no Golfo da Guiné. 
Depois de vários incidentes que envolviam Félix de Sousa e algumas das maiores personalidades da Bahia, Francisco embarca para o país que mais escravos "dava" para o negócio. Ali, constrói um império e torna-se conhecido pelo título de "Chàchá", até à completa abolição da escravatura. 
Um facto curioso é que ainda hoje - quase 200 anos após a sua morte - descendentes de Francisco Félix de Sousa herdaram o seu título. Ajudá tem museus, ruas e estátuas de Félix de Sousa, o "pai" daquela cidade. 

- Saga das Pedras Mágicas, de Sandra Carvalho: Lágrimas do Sol e da Lua, O Círculo do Medo e Os Três Reinos, respetivamente os livros 3, 4 e 5 da saga
Tudo começou quando uma feiticeira se apaixonou por um humano e, em vez de se tornar uma simples proscrita, conseguiu enganar o Conselho dos Seres Superiores, e manteve o seu poder na Terra, dentro de sete pedras mágicas. Tudo começou quanto Catelyn se apaixonou pelo guerreiro viking Throst e, com ele, teve três filhas. Tudo começou quando outros feiticeiros das Artes Obscuras conseguiram deitar mão às pedras mágicas. E a profecia que diz ameaça a estabilidade dos territórios. 
Como disse antes, esta é uma saga que faz muito lembrar Juliet Marillier, mas escrita em português. E em bom.