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quinta-feira, 29 de julho de 2021

Lido: Última paragem, Massamá, de Pedro Vieira

A trilogia de livros lidos

Como definir este livro? Inicialmente, parece uma salgalhada. Comecei a ler, e rstive a uma migalha de desistir ali pela vintena de páginas, porque não estava com muita paciência para complicações. Meti o livro "A Estrela de Gonçalo Enes" (post de ontem) à frente e retomei-o na segunda-feira, dia 26, quando fui levar a 2.ª dose da vacina... assim tinha com que me entreter enquanto esperava. 

E assim, foi. Quando recomecei a ler, no meio da rua, na fila, não consigo explicar, mas fez-se luz e aquilo que, uma semana antes, me parecia estranho, agora estava perfeitamente percetível. 

A escrita de Pedro Vieira é cheia de subtilezas e de diretas, é cheia de referências e de relações, e embora algumas me tivessem passado ao lado - não sou assim tão inteligente!!! - houve outras que me faziam rir às gargalhadas. 

As personagens principais são Vanessa, Lucas e João, um triângulo de utilizadores da Linha de Sintra. Mas o livro é muito mais do que isso. É a história de amores trágicos, com um final trágico. É a história dos subúrbios de uma Cidade grande. É a história de uma doença e de como ela afeta todos aqueles que rodeiam o doente. 

"Última paragem, Massamá" revelou-se uma estranha e boa surpresa. As minhas expetativas eram zero. Não conhecia o autor, nem a história... tinha, mais ou menos, uma ideia do estilo, devido ao facto de o seguir nas redes sociais e de "conhecer" um pouco a maneira como ele introduz humor em situações que nada têm de engraçado. E esse estilo está ali. 

Fiquei muito satisfeita por não ter cedido à preguiça mental e ter continuado a apostar nesta leitura. Se o lerem, façam o mesmo. Se se sentirem a perder a batalha, dêem-lhe uns dias. Não é uma leitura simples, mas depois de entrarmos no ritmo, flui. 

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Lido: A Estrela de Gonçalo Enes, de Rosa Lobato de Faria

Da querida Rosa Lobato de Faria já li melhor, sinceramente. Já li histórias mais comoventes, mais envolventes, com personagens mais empáticas... A Estrela de Gonçalo Enes é só morna quando comparada a uma Trança de Inês, por exemplo. 

Conhecemos Gonçalo Enes, um jovem pastor que vive com a sua viúva mãe. Gonçalo tem sonhos grandes, mas, um dia, apaixona-se por Balbina, uma rapariga da aldeia. Os dois envolvem-se, secretamente, até que chega o dia fatídico: o pai de Balbina relembra-a que ela está prometida a Barnabé, há alguns anos. Perdido de dor, Gonçalo vai-se embora e vive aventuras inimagináveis. 

Este livro é totalmente ficcionado, alerta-nos a autora, já nas últimas páginas. Resultou, contudo, de uma intensa pesquisa sobre duas personagens, centrais na narrativa, e reais: o próprio Gonçalo Enes e Pero de Évora, seu companheiro e amigo. Os dois acabaram mesmo por serem os descobridores das grutas de Tassili N'Ajjer (na Argélia). 

Como disse antes, apesar da escrita irrepreensível da autora, não foi um livro que me tivesse maravilhado. É um bom livro, mas convém conhecer um pouco mais da escrita dela, porque apesar de tudo, sabemos que existe muito melhor, e conseguimos relevar um livro menos bem conseguido. É um livro leve, ideal para estas alturas em que não nos apetece "nem carne, nem peixe".

terça-feira, 27 de julho de 2021

Lido: Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto

Numa outra vida, ofereceram-me um livro de José Luís Peixoto e, muito honestamente, não tenho qualquer ideia de o ter lido. 

Como tenho confidenciado, tenho andado num pequeno deserto de leituras. Não me tem apetecido ler, simplesmente, e tenho visto mais séries e filmes. Fases. Mas quando o Henrique começou as férias, prometi que íamos à Biblioteca Municipal; como não é possível entrar lá e escolher, tivemos de fazer esse trabalho em casa, e escolher pelos títulos que nos soavam melhor. Aconteceu com "Nenhum Olhar". Não conhecia nada de José Luís Peixoto, mas li que havia sido com esta obra que ele ganhou o Prémio Saramago. Nada a perder, portanto.

E gostei mesmo muito. 

A determinada altura, pela forma como o texto é apresentado, pelas características das personagens que nos iam sendo dadas a conhecer, pela fatalidade dos seus destinos, quase parecia que estava a ler Gabriel Garcia Marquez. Juro pela minha saúde.

A ação passa-se no Alentejo e cruza duas gerações de duas famílias rurais, e narra a dureza da existência dos habitantes daquela aldeia. Gémeos ligados por um dedo, um velho com perto de 150 anos, uma prostituta cega, filha de uma prostituta cega que, por sua vez, era filha de uma prostituta cega, um gigante e o diabo são alguns desses habitantes que simplesmente aceitam o destino que lhes é apresentado. 

Tudo isto, pintalgado com uma escrita muito poética, contudo, tão fácil de ler como se o tívessemos feito toda a vida. Há muito tempo que não me comovia desta maneira com um livro. 

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Lidos em junho

Uiiiii... como estou atrasada na publicação de opiniões. É quase um mês e meio sem colocar aqui uma única letra.Vou resumir tudo num único post e "que sera sera". 

Jane Eyre, de Charlotte Brontë
Um dos livros que queria ler já há muito tempo era o famosíssimo Jane Eyre. Há anos e anos que oiço falar (e bem) deste livro, mas ainda não tinha tido a oportunidade de o ler. Aproveitei a maratona Estações Literárias e o tema mensal do clube de leitura, para finalmente, colocar "em dia" esta leitura.

O sentimento com que fiquei foi semelhante ao "Monte dos Vendavais" - o protagonista masculino irrita-me sobejamente. Temos uma jovem - Jane Eyre - que acaba por se tornar perceptora que uma menina, numa casa senhorial. Algum tempo depois, conhece o patrão e acaba por cair de amores por ele. Mas este sujeito (que eu já conhecia de "Vasto Mar de Sargaços") é, à falta de melhor palavra, um insuportável, arrogante... acaba ele por também se apaixonar por Jane, e começa aqui um jogo de manipulação. Enfim... gostos não se discutem! 


A coragem de Cilka, de Heather Morris
Já conhecia a autora de "O Tatuador de Auschwitz" que na altura em que o li, não gostei especialmente. Achei a escrita apressada, atabalhoada, claramente com a intenção de virar filme, mas que depois não aconteceu... enfim, uma trapalhada de livro.

E não contava ler este, vou ser sincera. Mas, as opiniões positivas que li sobre ele, fizeram-me mudar de ideias. E ainda bem. Claramente, a autora esforçou-se para fazer deste um bom livro e trabalhou nele, com alma. O nome de Cilka foi falado no "Tatuador", e a autora escolheu dar uma história a esta rapariga. Cilka, com 16 anos, é levada para Auschwitz, mas o comandante do campo fica atraído por ela, e a jovem é separada das restantes prisioneiras. 

Após a libertação, é acusada de ter compactuado com os nazis e é condenada a um compo de trabalho na Sibéria. Ali, as condições são horríveis, e não a deixam esquecer os horrores passados no campo de concentração. Mas Cilka acaba por conseguir ver alguma luz, e esforça-se por sobreviver. 


Anjos Perdidos em Terra Queimada, de Mons Kallentoft
Tenho lidos esta tetralogia de uma forma muito pouco convencional, por erro meu, e foi tudo fora da ordem. Este será, então, o 2.º volume da série protagonizada por Malin Fors. É verão e a cidade está debaixo de uma vaga de calor, nunca sentida. Malin é chamada para uma investigação: uma jovem foi encontrada, coberta de sangue, e sem ideia do que lhe possa ter acontecido. Pouco depois, desaparece outra adolescente. Malin, que tem uma filha da mesma idade, não sossega. 

Quando li o 3.º volume, sabia, por alto, que algo sinistro teria acontecido, e que havia desencadeado uma queda para o abismo da inspetora. Aqui, pude lê-lo. E é arrepiante! Os thrillers suecos são sempre uma caixinha de surpresas!


A doença, o sofrimento e a morte entram num bar, de Ricardo Araújo Pereira
Um dos temas da Maratona Estações Literárias era "livro de humor". Escolhi este, porque gostei do nome, e não por nenhuma outra razão mais metafísica.

Este não é propriamente um livro de humor, mas sim, sobre as origens do humor e explora algumas das principais características daquilo que pode ser (ou não) encarado como uma piada. 

É uma reflexão bastante interessante, por sinal. 


The Promised Neverland 6 e 7, de Kaiu Shirai
Não vou escrever sobre estes livros, porque fazendo parte de uma saga maior, não creio que faça sentido. Deixo só a ideia principal da história, porque só lendo, mesmo. Basta-me acrescentar que, em Portugal, já vai no 8.º volume que também já mora cá em casa.

No volume 1, somos apresentados a várias crianças que estão num orfanato, gerido pela "Mãe", uma mulher carinhosa e amorosa e única referência maternal na vida daqueles órfãos. Até que Emma, Norman e Ray - os três mais velhos - descobrem algo que vai alterar profundamente toda a estrutura segura da casa.