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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Lido: Nunca é tarde para mudar, de Marisa Galvão

"Espero que seja uma leitura agradável e quem sabe até inspiradora. Beijinhos, Marisa"

Esta é a análise há algum tempo na gaveta e que ainda não tinha tido a hipótese de publicar ainda. Com as férias, e o facto do Kindle andar sempre comigo, os livros físicos têm tido menos hipóteses de passear comigo.

Marisa Galvão é uma autora de Queluz que tive o prazer de "conhecer", no ano passado - não pessoalmente, por enquanto - mas através de notas de imprensa. Em 2017, lançou o seu primeiro livro "Um dia de praia" e, mais recentemente, o romance "Nunca é tarde para mudar".

Gentileza da própria, que me ofereceu um exemplar com a dedicatória com que abri este texto, pude conhecer Ricardo.

Ricardo é um jovem médico, da área do Porto, que acaba de ficar noivo de Bárbara, uma mulher lindíssima, elegante e bastante ambiciosa. Logo de início, percebemos que Ricardo gosta muito dela, mas quando o tema é "constituir família", Bárbara explode (mais tarde, viremos a saber o porquê... e, confesso, até nutri alguma simpatia por ela)

Não gostei da Bárbara logo de início... (Marisa, era este o objetivo???); fútil ao expoente máximo, esta personagem conseguiu irritar-me só de tentar criá-la, tentar ouvi-la e tentar senti-la na minha mente.

Depois de mais uma discussão, precisamente no dia do pedido de casamento, o casal separa-se e Ricardo decide mudar e tentar singrar por ele próprio... em Madrid. Quem o conhece, fica perplexo com a súbita decisão, mas Ricardo parece mais que decidido.

Em Madrid, conhece Beatriz, que o faz ver as coisas de uma outra perspetiva, com o "salero" espanhol que Ricardo bem necessita no momento... regressado a Portugal, para ultimar as mudanças para Espanha, descobre que Bárbara está grávida...

Não vou adiantar mais, porque julgo que "Nunca é tarde para mudar" merece ser descoberto por ele próprio. É um livro pequenino, lê-se muito bem, especialmente quando estamos já engrenados no "motor" Ricardo.  Para quem ainda estiver de férias, é perfeito para as tardes de praia em que gostamos de uma literatura leve e divertida.

E outro ponto positivo: a cidade do Porto. Só o facto do nosso protagonista ser portuense dá-lhe um charme especial. Adoro a cidade do Porto e adorei a escolha da Marisa Galvão de "fugir" da Lisboa tão habitual na literatura nacional. A determinada altura do livro, Ricardo vai a Matosinhos, e, de repente, vi-me também naquela praia lindíssima, onde estive há tantos anos.

Marisa Galvão tem uma escrita muito dinâmica. Não há momentos mortos, nem páginas para "encher chouriços" como tantas vezes encontramos em livros de autores mais conhecidos.

Podem encontrar o livro no site da editora Fly Books. O primeiro livro ainda existe em stock na FNAC e na Wook.

Lido: As Raparigas Esquecidas, de Sara Blædel

Cerca de 24 horas separam o momento em que comecei e terminei de ler "As Raparigas Esquecidas" da dinamarquesa Sara Blædel, a proclamada "rainha dinamarquesa do thriller".

As Raparigas Esquecidas é um livro de 2016 e conta-nos a investigação de Louise e Eik, do recém-criado Departamento de Pessoas Desaparecidas, após o corpo de uma mulher ter sido encontrado num bosque. Um dos traços mais significativos é uma cicatriz no rosto que se estende até aos ombros. Mas não existem quaisquer registos do desaparecimento de alguém com aquelas características.

Até que, após a divulgação da foto nos media, alguém a reconhece. É uma antiga paciente de uma instituição para doentes mentais, que havia sido dada como morta há mais de 20 anos.

A investigação leva Louise e Eik a levantarem questões que, durante muitos anos, outros se esforçaram por acobertar... ao mesmo tempo que novos crimes vão acontecendo.

Trata-se de um livro muito bem conseguido. Estando de férias, cá por casa, temos-nos esforçado para passar pouco tempo dentro de portas e aproveitarmos ao máximo estes dias de verão... mas, qualquer bocadinho, era o ideal para pegar no livro e ler até à interrupção seguinte.

Ao contrário de outros livros de autores nórdicos que já li, este não se passa num inverno frio e sim, em meados de maio, onde o tempo está ameno... um forte contraste ao que estamos habituados a ler, quando os invernos são rigorosos e sentimos a luta interna dos protagonistas em se manterem focados no trabalho.

No final deste livro, há um "clifhanger" que abre o leque à continuidade de um arco, entretanto aberto, e que se relaciona com o suicídio de Klaus, namorado da protagonista quando esta era adolescente.

Entretanto, em Portugal, é possível encontrar, além deste, mais três títulos assinados por Sara Blædel que, na minha modesta opinião, é uma excelente contadora de crimes, não tivesse ela sido jornalista nesta área.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Lidos - temática "Auschwitz"

Sou uma fascinada por História; especialmente, no que concerne à 2.ª Guerra Mundial, por ter sido o conflito mais mortal da história da humanidade.

A 2.ª Guerra Mundial terminou "apenas" há 73 anos, e, ainda assim, hoje, cometem-se os mesmos erros do passado - às vezes, dou por mim a pensar que a Humanidade não pode ser assim tão esquecida, que tenha reservado, num canto escuro da memória coletiva, os horrores que aconteceram entre 1939 e 1945. 

Como interessada que sou pela temática, gosto de ler e de assistir a documentários sobre esta época. Especialmente, sobre o Holocausto, Auschwitz e os campos de concentração... comecei bem cedo, com o Diário de Anne Frank. Já estive, inclusivamente, no anexo onde Anne, a família e os restantes residentes estiveram escondidos, na Holanda. 

Desde dia 15 - o dia em que entrei "oficialmente" de férias - li "A Bibliotecária de Auschwitz", de Antonio G. Iturbe, e "Sonata em Auschwitz", de Luize Valente.

O 1.º é baseado na pessoa de Dita Kraus, hoje uma senhora de quase 90 anos, que era a fiel guardadora da biblioteca secreta de apenas oito livros que Fredy Hirsch ergueu no campo familiar BIIb de Auschwitz II-Birkenau. Fredy Hirsch foi um judeu, educador, que organizou uma escola clandestina em Auschwitz, onde as crianças podiam, durante o dia, esquecer um pouco os horrores que ali se viviam e manter alguma normalidade.
Dita tinha apenas 14 anos quando assumiu esta difícil e perigosa tarefa: guardar, distribuir e cuidar da frágil biblioteca. 

Neste livro, "desfilam" muitos dos nomes que, ao longo dos anos, fomos associando à "fábrica da morte", como é o caso de Mengele. 

Quando chegamos ao fim do livro, Iturbe conta-nos como conheceu Dita e, aí, levamos um segundo baque quando percebemos que a "nossa" pequena Dita que viu os pais serem mortos, é alguém que, efetivamente, sobreviveu ao pesadelo. 
A Bibliotecária de Auschwitz é um livro de 2013 e está na lista dos livros recomendados para o Ensino Secundário. 

Dita cruzou-se, inclusivamente, com Anne Frank e a irmã, em Bergen-Belsen, pouco antes destas morrerem. 

Terminei Sonata em Auschwitz há instantes. Este livro, com um caráter mais ficcional, segue Amália, uma jovem portuguesa que procura as suas verdadeiras raízes. O pai, Hermann, é alemão, naturalizado português, que há anos cortou os laços com os seus próprios pais. Hermann sofreu na pele a dureza do regime de António de Oliveira Salazar, foi torturado e foi para o exílio.
Um dia, apanha, por acidente, uma conversa telefónica entre o pai e a avó - quando supostamente  não se falavam, onde Gretl fala de Frida, avó de Hermann que, aos 100 anos, gostaria de fazer as pazes com o neto. 
Amália, em segredo, vai para Berlim e conhece Frida, a bisavó alemã que lhe conta a história de Friedrich, pai de Hermann, um capitão nazi que, nos seus últimos dias de vida, salvou uma recém-nascida judia.
Sonata em Auschwitz é um passeio primeiro pelas memórias de Frida, depois de Adele e, por fim, de Enoch... todos protagonistas que uma história com um final, pelo menos, um pouco feliz. 
Este livro foi editado este ano, pela Saída de Emergência (link direto para a página da SdE com a ficha técnica do livro). 


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Lido: A Ilha dos Segredos, de Nadia Marks

Terminei há instantes de ler uma das novidades desta estação do Clube do Autor. Gentileza da editora, pude ler A Ilha dos Segredos.

Começo pelo título: às vezes, gostava que os títulos fossem menos traduzidos. Depois de ler o livro e de ver o título original, prefiro-o ao da tradução portuguesa: Among the lemons trees... acho que apela muito mais à Grécia e ao espírito romântico que o livro emana.

Trata-se de um romance perfeito para ler no verão, entre mergulhos, ou para "esplanadar".

Anna é artista freelancer, perto dos 50 anos, já com dois filhos adolescentes e um casamento estável de 25 anos. Um dia, o marido, após um problema cardíaco, diz-lhe que se apaixonou por outra pessoa.

Desolada e, especialmente, triste com o facto do marido ter colocado em causa toda uma vida em conjunto, Anna decide acompanhar o pai, já octogenário, no seu regresso a casa, numa pequena ilha grega.

Lá, Anna conheço Nicos, um pintor solitário por quem se apaixona; mas... é após encontrar um conjunto de cartas antigas, pertencentes à tia Ourania (uma prima direita do pai, que nunca casou) que Anna vai descobrir vários segredos que acompanham a sua família desde há mais de 60 anos. E, ao mesmo, tempo descobre os vários significados da palavra "amor" - que, em grego, pode ter quatro significações diferentes, consoante os "graus" de amor e os destinatários desse amor.

O livro não tem 300 páginas e lê-se perfeitamente em poucos dias, já que nos começamos a envolver na história dos protagonistas, nos amores e desamores, na descrição das paisagens e dos cheiros... e quando damos por nós, estamos a olhar para fotografias de ilhas gregas e a pensar na melhor altura de lá ir.

Sobre a autora
Nadia Marks(nome de solteira: Kitromilides - que significa "limões amargos")nasceu no Chipre, mas foi criada em  Londres. Ex-diretora criativa e editora associada em diversas revistas britânicas de destaque, é agora romancista e trabalha como escritora freelance para várias publicações nacionais e internacionais.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Lido: Segredos Obscuros, de Hans Rosenfeldt e Michael Hjorth

O regresso aos policiais nórdicos. Desde (pasmem!!!!)... 18 de outubro de 2017 - que não li nenhum policial escandinavo. Já li americanos e franceses, mas uma pérola do Norte... nada!!!

Um destes dias, na FNAC, encontrei uma edição engraçada de "Segredos Obscuros": capa dura, com um tamanhinho portátil (sem ser de bolso) e a custar pouco mais de 12 euros. Peguei nele e trouxe-o para viver em Sintra. Peguei nele para o ler a 30 de julho e demorei uma semana a terminá-lo, porque só lia à noite...

Um jovem desaparece em Västerås, uma cidade sueca. Roger, 16 anos... o desaparecimento é dado pela mãe.Infelizmente, entra o fim-de-semana e muito pouco (quase nada, vá... sejamos sinceros!) é feito. Não era a primeira vez, e os policiais assumiram que o jovem tinha saído para se divertir com os amigos. Chega a segunda-feira e o caso é entregue a um detetive que começa a trabalhar (lentamente!!!) no caso.

Até que o pior acontece e o corpo de Roger aparece. Sem coração. Uma brigada especial é chamada a assumir o caso - até que Sebastian Bergman, um psicólogo que costumava trabalhar como profiler é integrado na equipa.

Sebastian é um homem atormentado... perdeu a mulher e a filha, e não tem ninguém que lhe dê um rumo. A mãe - não havia qualquer relação entre ambos - faleceu. No meio das coisas da falecida, encontra um molho de cartas, onde uma mulher confessa estar grávida dele.

Tudo o que Sebastian faz a partir desse momento é apenas com uma coisa em vista: encontrar esta mulher e conhecer o/a seu/sua filho/a. E ser integrado nesta equipa é apenas um degrau. Mas Sebastian encontra neste caso do homicídio de Roger algumas coisas que lhe aguçam a curiosidade, até que resolver o caso - não sendo a sua prioridade - é importante!

E resumidamente, é muito isto. Muitos segredos que vêem a luz do dia, muito mistério, muita ânsia de descobrir o verdadeiro culpado, "o homem que não é um assassino"...

Vim a descobrir que a saga Sebastian Bergman deu origem a uma mini-série, com um aspecto muito interessante... ouviste, Netflix?!