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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Lido: A Trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster

 Adorei. Foi um dos primeiros livros deste ano que dei 5 estrelas, sem hesitações. O livro é composto por três histórias de mistério (Cidade de Vidro, Fantasmas e O Quarto Fechado à Chave) escritas em 1985/1986, sendo que todas têm a cidade de Nova Iorque, como pano de fundo. 

A primeira, Cidade de Vidro, acompanhamos Daniel Quinn, é um escritor de mistérios policiais, sob pseudónimo. É um homem viúvo e muito solitário. A rotina de Quinn é abalada quando, um dia, recebe, por engano, uma chamada telefónica. O interlocutor procura o detetive privado Paul Auster. Primeiro, diz que é engano, mas fica a matutar no assunto. Quando recebe nova chamada, procurando pela mesma pessoa, Quinn assume essa identidade e envolve-se num caso com décadas. Acaba, inclusivamente, Paul Auster, um escritor que se encontra a trabalhar num artigo sobre Dom Quixote.
Na sua tentativa de resolver o caso, Quinn desce às profundezas da loucura e acaba por perder tudo aquilo que lhe resta. 

Fantasmas é o segundo texto. Blue é um detetive privado. Um dia, é contactado por White que o contrata para vigiar um outro homem, Black. A cada semana, Blue teria apenas de fazer um relatório das suas observações. O trabalho não teria data limite para terminar, e todas as despesas seriam cobertas. Blue aceita as condições, e sem outras explicações, informa a noiva que vai estar fora durante algum tempo e incontactável. Muda-se para o apartamento defronte do de Black e observa. O tempo passa, e Blue começa a ficar ensandecido. A vida de Black é apenas escrever e sair para ir às compras. Não há nada mais que observar e os níveis de frustração de Blue aumentam exponencialmente. Um dia, decide interpelar Black... e tentar descobrir a identidade de White. 

Na terceira e última história, O Quarto Fechado à Chave, somos apresentados a um narrador sem nome que, um certo dia, é contactado por uma mulher, Sophie, que se apresenta como sendo a esposa de um dos seus amigos de infância, Fanshawe. 
Fanshawe desapareceu há mais de 6 meses, deixando a mulher grávida. Após meses de espera e de buscas, Sophie decide avançar com a sua vida. Antes de desaparecer - ou morrer, quem sabe - Fanshawe deixou vários manuscritos acabados e a indicação de que se algo lhe acontecesse, os livros deveriam ser entregues ao seu grande amigo que deveria decidir o que fazer com eles. 
A genialidade dos escritos é tal que acabam por ser publicados e geram um imenso sururu: e se Fanshawe nunca existiu e é, na verdade, o seu grande amigo sob pseudónimo? Para acabar com a especulação, envereda por um só caminho: escrever uma biografia de Fanshawe, com todos os seus feitos, desde a mais tenra idade. O tempo passa. O nosso narrador, entretanto, apaixona-se e casa com Sophie - depois de, claro, Fanshawe ter sido dado como morto.  
Até que recebe uma carta. Fanshawe está vivo, mas em parte incerta. O que fazer nestas circunstâncias? 

O livro é fantástico. É daqueles que irá para a lista de releituras, certamente, para absorver todas as suas subtilezas, e para entender melhor o que, numa primeira leitura, não se entendeu. É o mistério, são as peças do puzzle, são os discursos de uma pessoa só, é a riqueza dos diálogos... leiam, se puderem!!

2 comentários:

  1. Já estava curiosa sobre este livro, mas agora, depois de te ler, ainda fiquei mais! Obrigada pela partilha :)

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    1. Olá Inês, bom dia.
      Obrigada pelo teu comentário.

      Confesso que fui para esta leitura, como se diz, "de pé atrás". Não fazia a menor ideia do que esperar, e não conhecia - de todo - nem o estilo de escrita, nem o enredo... e fiquei mesmo entusiasmada.

      Lê, sim, e vais ver que não te arrependes :)

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