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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Lido: O Terceiro Desejo, de Andrzej Sapkowski

As expetativas eram gigantes. Todo o hype à volta dos livros, do jogo, da série que se avizinha... é impossível escapar a esta explosão de opiniões entusiasmantes.

Já conhecia - pela rama - do tema. O meu excelso companheiro jogou o Witcher 3 para a Playstation, e de quando em quando, chamava-me a atenção para partes de diálogos, ou para os gráficos do ambiente do jogo.

E achei bastante bom. Tal como o livro. Há umas poucas semanas, comprámo-lo e ele terminou-o durante as férias. Depois trocámos, comecei a lê-lo e passei-lhe os comandos do Kindle. E, no primeiro dia, cheguei praticamente a meio do livro.

Geralt de Rívia é fantástico. Tem nele o melhor (e o pior) dos dois mundo. E é isso que o torna tão interessante. Não é apenas um protagonista heróico, é também alguém que comete erros e sofre as consequências.

Para quem não conhece - o que acho difícil, nesta altura do campeonato - estou a falar da saga The Witcher que segue a história de Geralt, um bruxo, caçador de criaturas. Um livro de fantasia, como é óbvio. Aqui, além do percurso deste profissional, somos dados a conhecer algumas versões menos divulgadas de histórias que conhecemos, tal como a Branca de Neve, que é uma princesa que se tornou salteadora, com os sete gnomos fazendo parte da sua quadrilha. Ou a história da Bela e do Monstro. A Bela Adormecida também aparece, mas apenas como uma história que alguém ouviu falar... e também é um pouco distorcida.

E depois é todo este mundo criado... enfim, e por outras palavras, é mais uma saga para me fazer perder a noção das horas. Lançados nesta fúria literária, já comprámos o 2.º livro da saga, publicada pela Saída de Emergência, há pouquinhos dias, porque o que mais falta cá nesta casa são livros.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Lido: O Porto das Almas, de Lars Kepler

Esta leitura foi um pouco diferente daquilo a que estamos habituados vindo de Lars Kepler. Li, em O Homem da Areia, e tinha ficado totalmente petrificada com aquela história.
julho,

O Porto das Almas é radicalmente diferente. Temos uma protagonista, Jasmin, tenente do exército sueco que, numa missão, perde dois dos seus homens. Também ela fica muito ferida, e quando acorda no hospital, conta que esteve num local semelhante a um porto, algures na China, onde se encontram várias pessoas a embarcar em diversos barcos.

Um pouco mais adiante, não muito, sabemos que esse local, é uma espécie de entreposto de almas. Como que um local de espera, até à recuperação da pessoa, ou à sua morte efetiva.

Jasmin, a determinado momento, tem de pôr em risco a sua própria vida, numa tentativa de salvar daquele local aquele que ela mais ama no mundo: o filho, Dante, de cinco anos.

Como mãe de uma criança com uma idade aproximada, arrepiei-me profundamente com a garra de Jasmin. Uma verdadeira mãe leoa que ultrapassa os limites do binómio vida/morte.

Mas... não é um livro por aí além. O esforço de mostrar algo totalmente diferente é reconhecido, mas não me apaixonou como O Homem da Areia, por exemplo, ou O Hipnotista que já li há mais tempo.

É um livro que explora a morte, e a vida para além dela, para quem acredita que há algo mais. A ideia é interessante, mas, para mim não resultou. O que tem a favor é, sem dúvida, os capítulos curtos e o ritmo frenético da narrativa. Não há um momento em que não aconteça alguma coisa.

Atenção: não resultou comigo, mas pode resultar com outra pessoa. Não se deve negar uma ciência que, há partida, se desconhece. Não foi o melhor livro que li nas últimas semanas, mas está longe de ser o pior. Dei 3 estrelas bem sólidas.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Lido: O Aprendiz de Assassino, de Robin Hobb

Depois de uma semanita de férias - as publicações da semana passada estavam programadas - estou de volta ao batente. Uma semana de papo para o ar deu para terminar um ebook que trazia de casa, começar outro livro (que entretanto também já terminei) e terminar um 3.º livro.

Portanto, as próximas três postagens - sendo esta a 1.ª - são as minhas leituras destes últimos dias, por ordem cronológica.

* * *

Numa palavra: espetacular. Não sabia o que esperar, confesso. Mas tenho ouvido excelentes opiniões e decidi arriscar.

Cedo somos apresentados a Fitz, filho bastardo do Príncipe Cavalaria, herdeiro do trono dos Seis Ducados. Após o aparecimento deste filho tão pouco desejado, Cavalaria renuncia ao trono e sobe ao lugar de herdeiro o Príncipe Veracidade.
Mas Fitz é ignorado por todos, considerado culpado pela renúncia e afastamento de Cavalaria. Contudo, começa desde muito cedo a revelar o Talento, um dom que o pai e o tio também possuem. O rei Sagaz, por seu turno, decide aproveitar o garoto e torná-lo um assassino às suas ordens.
Mas, ser filho de Cavalaria não o protege inteiramente, e é vítima de golpes palacianos e intrigas de corredor.

Neste livro há um pouco de tudo: um enredo envolvente na óptica de Fitz, uma escrita fluída, amor e romance, lutas, intrigas e uma boa dose de fantasia.

Facilmente, o leitor começa a nutrir simpatia por Fitz. É o narrador, é apenas uma criança de seis anos quando o conhecemos, é uma vítima das circunstâncias, cresce com dedos apontados na sua direção como se a culpa de todos os eventos negativos que assolam o reino seja sua... Fitz é um menino que vai crescendo à nossa frente, e os vilões não têm remorsos nem paninhos quentes.

Recomendo vivamente e sem reservas.

O Aprendiz de Assassino - 1.º volume da 1.ª trilogia - está publicado em Portugal pela Saída de Emergência. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Agosto ao Quadrado: leituras completas

A faltar cerca de uma semana para terminar o mês de Agosto, faço um pequeno balanço sobre a minha participação no projeto da Silvéria (The Fond Reader) e do Fernando (Niji TV): #AgostoAoQuadrado.

A ideia era ler BD, graphic novels... enfim, toda a literatura aos quadradinhos. O meu excelso companheiro tem uma coleção simpática deste género e alinhei, porque Agosto é um mês que se quer levezinho e nada melhor do que ler "quadradinhos", às vezes esquecidos.

Comecei com o "Hellboy", que já vive cá em casa há mais tempo do que me lembro. Aliás, vim para esta casa em 2010 e ele já cá era veterano. "Hellboy" não deve ser desconhecido da maioria, até porque já houve dois filmes com esta personagem, e está um 3.º na calha. Trata-se de um ser, meio demoníaco (pelo menos na aparência) que foi invocado por Rasputine, para trazer o apocalipse. Acaba por ser descoberto, ainda em criança, pelos soldados Aliados, em dezembro de 1944.
Tem boas intenções, e integra, já em adulto o Bureau of Paranormal Research and Defence, que pretende combater o mal. Este livro conta as origens de Hellboy e conta uma aventura com os seus colegas Liz Sherman e Abe.
"Hellboy" foi uma leitura a contar para o Book Bingo, na categoria "um livro que se leia num dia".


 Depois, passei a uns livros mais recentes: os dois volumes de "Black Hammer". Eu que nunca fui muito de super-heróis, dei por mim, a adorar este, a dar estrelas "à grande e à francesa", e a ansiar por um novo volume.
Um grupo de super-heróis foi retirado da sua realidade e transportado para uma cidadezinha, onde está preso. Um deles ousou tentar regressar, mas foi morto. A vida, passados 10 anos, é monótona e repetitiva. Até que alguém do passado chega até eles e tenta, de alguma forma, levá-los a reagir. Mas, algo os irá tentar impedir.




O 4.º livro que li foi o "Newborn - 10 dias no Kosovo". Uma espécie de diário de viagem do autor - Ricardo Cabral - ao Kosovo, em Agosto de 2009. O livro é (quase todo) a reprodução dos desenhos que Ricardo fez, durante a sua estadia, com pequenos apontamentos sobre o que via, o que ouvia, o que fazia, onde ia, o que acontecia...
Em 2011, Ricardo Cabral ganhou, no Amadora BD, o Prémio Nacional de BD : Melhor Desenho de Autor Português - o que diz muito sobre este livro.
Considerei este livro para outros projetos como o #lusiteratura, já que uma das categorias do mês de agosto era "não ficção", bem como para o Book Bingo "livro que se passe no verão".


O 5.º livro foi o primeiro volume de "Saga". Que maravilha de livro. Fiquei fascinada com aquele mundo. Alana e Marko apaixonam-se. Isto não teria mal nenhum se eles não fossem soldados de frações opostas, numa guerra intergalática. É uma misturada épica de ficção científica, com romance e fantasia. Estou em pulgas para ler os volumes seguintes - diz que saíram mais 8 até ao momento. E que o 9.º está previsto para a Comic Con, em setembro.
Esta leitura contou para o Book Bingo, na categoria "livro recomendado por Youtuber, Blogger ou Instagrammer"; vi esta recomendação em vários canais, como The Phoenix Flight, da Ana Lopes, ou no Book, Less Beer and a Baby, do Filipe e da Cristina.


quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Lido: O Romance de Cordélia, de Rosa Lobato de Faria

Que livro maravilhoso! Como esta mulher escrevia bem...

Ainda estou meio "anestesiada" com este romance. É-nos narrado na 1.ª pessoa e sabemos que a nossa protagonista está presa, prestes a sair, após 16 anos e 8 meses de cárcere. Cordélia, de seu nome, vai-nos narrando todas as circunstâncias da sua vida, desde a infância até ao momento presente.

Toda a vida foi um conjunto de acontecimentos que não indicavam que aquele seria o seu destino: pagar, na prisão, por algo que não fez e ver-se sem nada.

Sabemos da relação complicada com a mãe, do amor que sentia pelo pai e pela avó paterna, do suicídio do pai, a morte da avó, as más companhias... até que, por vingança, foi tramada e acusada de homicídio, e condenada a 20 anos de prisão.

Cordélia não é má pessoa. Cordélia é o fruto de más escolhas: umas por ingenuidade e outras por cegueira.

O final é dilacerante.

O livro está tremendamente bem escrito. Já tinha lido "Os Três Casamentos de Camila S.", e tinha ficado fascinada. Este livro é, aparentemente, muito simples, mas tem subtilezas e jogos que o tornam uma riqueza - o próprio título "Romance de Cordélia" é um jogo com a expressão "romances de cordel", que ela lia durante a prisão.

Adorei.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Lido: A Asa da Consequência, de Helder Martins

Av
Depois de ter lido "O Templo de Borkudan", Helder Martins voltou, gentilmente, a remeter-me a 2.ª parte da sua saga Crónicas de Tellargya.

Este livro é ligeiramente maior do que o 1.º - 327 páginas contra as 185 do volume 1. Neste livro, fiquei com um estranho amargo de boca: mas o pobre Helzar só encontra adversários? Não há meia dúzia de almas caridosas que ajudem o rapaz?! Contei, pelo menos, uns seis confrontos; fossem orcs, vampiros ou outros feiticeiros, com intenções meio nebulosas...

Muito resumidamente: Helzar é um jovem mago que depois de ver a sua aldeia destruída e a mãe assassinada, começa uma jornada para recuperar a irmã mais nova que foi raptada por Tunnroch, uma personagem que personifica o Mal. E isto é o 1.º livro, que termina com Helzar, o dragão Drinus e um monge de Borkudan a iniciarem a sua viagem.

No 2.º volume, mais do que um avanço na história, encontramos o nosso herói (e os seus companheiros) a serem, constantemente, testados. Lealdade e coragem e nunca desistir são alguns dos valores que este livro pretende, claramente, transmitir.

Somos introduzidos a novas personagens: uma elfo e um anão que se tornam aliados e companheiros de Helzar.

Assim, de repente, quase faz lembrar O Senhor dos Anéis em que tudo piora, antes da vitória final. E assim, terminou também este livro: com Helzar em apuros, separado dos amigos.

Uma nova chamada de atenção à editora: além de gralhas, houve parágrafos inteiros repetidos, nos últimos capítulos. Ó senhores da Chiado Editora, têm de ter isso em atenção!!! Mais uma vez: onde está o vosso apoio na parte da revisão do texto?

Sugestão ao Helder: um glossário com as personagens. São muitas, e com nomes pouco comuns. Tal como publicaram o mapa do território - que adorei - devia haver também uma ajuda no que toca a situar as personagens.

Foi uma leitura muito interessante, e fico à espera da conclusão desta aventura.

Este livro contou para o Book Bingo Leituras ao Sol, na categoria "último livro que te ofereceram".

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Lido: As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain

Esta leitura foi feita no âmbito do Book Bingo Leituras ao Sol. Uma das categorias era escolher - de olhos vendados - um livro das estantes. Mas como as minhas prateleiras estão um caos, decidi fazer uma lista com alguns dos livros que tenho por ler, e sortear através da plataforma Random.

Calhou este. E em boa hora. Há uma companhia de teatro, aqui de Sintra, está a apresentar uma versão adaptada deste clássico infanto-juvenil, e eu queria muito levar o Henrique. Consegui terminar a leitura no dia preciso em que o levei a ver a peça.

Li esta obra no Kindle, e não tenho imagens, mas deixo aqui uma ilustração do livro, na sua versão original de 1884.


O livro é engraçadíssimo e a peça não fica atrás - just saying!!

Huck, como gosta de ser tratado, é o melhor amigo de Tom Sawyer. No final do livro As Aventuras de Tom Sawyer - que não li!! - os dois rapazes encontram algum dinheiro, e ficam ricos. Huck fica aos cuidados de uma senhora, a Viúva Douglas, e da sua (extremamente rigorosa) irmã. Contudo, o rapaz sente-se aprisionado naquela vida: ter de frequentar a escola, vestir roupa, calçar sapatos apertados, ter maneiras... para alguém habituado a ter toda a liberdade do mundo, isto é tortura.

Um dia, depois de ter sido aprisionado e ameaçado pelo pai, decide simular a sua morte e consegue fugir. Durante a fuga, encontra Jim, o escravo da Miss Watson (a irmã da viúva), que aproveitou a confusão levantada pela suposta morte de Huck, e também fugiu, dado ter ouvido Miss Watson dizer que o ia vender.

O livro segue as aventuras que estas duas personagens - tão diferentes - vivem ao longo do Mississipi, as pessoas que conhecem, os mal-entendidos que se geram... é um livro fabuloso. Depois de o ler, recomecei - com o Henrique - a ver os desenhos animados do Tom Sawyer, e o entusiasmo ainda não se perdeu.

Quanto à peça - vale a pena ser vista. Aos sábados e domingos, na Quinta da Ribafria, em Sintra. Até 15 de setembro.


terça-feira, 6 de agosto de 2019

Lido: Está tudo F*dido, de Mark Manson

Nunca li um livro de auto-ajuda em toda a minha vida. E, parece-me que vou continuar com um valente nulo nesta área. Se Está tudo F*dido é para ser um livro de auto-ajuda... lamento, mas falhou redondamente. E isto não é mau. Gostei - francamente - desta leitura!

É um livro que nos pretende alertar para uma série de coisas, como a futilidade, a crença, o narcisismo, a autoestima e mais um rol de conceitos inerentes à própria civilização, mas de uma forma engraçada.

Aliás, Mark Manson escreve como se estivesse a conversar com o leitor e damos por nós a acenar positiva ou negativamente como que respondendo a um interlocutor tagarela. 

A análise que Mark Manson faz a estes conceitos/ideias que aborda vão desde as perspetivas mais filosóficas, às religiosas, às científicas e/ou tecnológicas. É quase refrescante ler sobre Platão, Nietzsche, Carl Sagan, Kant, e até mesmo Elon Musk numa salada de fruta em forma de livro. 

Mas, no fim, acaba por fazer sentido - ajudam as notas no final do livro, e que acompanham a leitura, referenciando as suas fontes, contextualizando ou fazendo apenas comentários jocosos. 

"A verdadeira igualdade nunca poderá ser atingida; haverá sempre alguém, em algum lugar, que está lixado. A verdadeira liberdade não existe realmente, porque todos devemos sacrificar alguma autonomia em prol da estabilidade (...) Não há soluções, apenas medidas temporárias, apenas melhorias graduais, apenas formas ligeiramente melhores de estar fodido do que outras (...) Este é o nosso mundo lixado. E nós somos os lixados que vivem nele".

O livro termina a falar da Inteligência Artificial e a forma como, aos poucos, se vai instalando confortavelmente, com a nossa anuência. Curiosamente, este capítulo fez-me lembrar um outro livro: Deuses Americanos, de Neil Gaiman - em que os velhos deuses combatem os novos deuses, esses mais ligados ao mundo moderno e às tecnologias. Não sei se o autor pensou o mesmo, mas a comparação fica, desde já, feita. 

Como já disse antes, sinceramente, gostei desta leitura. Tem é de ser feita com as condições certas. Num ambiente sossegado, de preferência para não perdermos o fio. E essas condições... nem sempre as consegui arranjar em pleno, razão pela qual demorei a terminar. O que me falta dizer? Que se trata de uma edição Saída de Emergência que, gentilmente, me cedeu um exemplar, para que eu conhecesse Mark Manson, por quem já nutria curiosidade desde o seu "A Arte Subtil de Saber Dizer Que Se F*da" - um dos melhores títulos de sempre. 

domingo, 4 de agosto de 2019

Lido: A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Alexievich

Naquele dia, quando fui à biblioteca, a ideia era trazer o Vozes de Chernobyl, mas ao invés, trouxe este. E não me arrependo. Ouvi maravilhas do Vozes de Chernobyl, mas este é outro murro no estômago de todo o tamanho.

Não tive prazer absolutamente nenhum ao ler este livro. Trata-se de um conjunto de centenas de mulheres que combateram na 2.ª Guerra Mundial, integradas no exército russo. E há testemunhos verdadeiramente horríveis.

Estas mulheres eram voluntárias e desempenhavam todo o tipo de papéis, alguns deles associados a homens. Elas foram enfermeiras, médicas, cozinheiras, lavadeiras, mas também franco-atiradoras batedoras, piloto, tratoristas, mecânicas...

Aqui fala-se de tudo: da receção que tiveram, de como eram tratadas, do que sentiam falta, de amor... e também de como foi regressar - algumas delas, não tinham ninguém as esperá-las. O voltar às rotinas depois da guerra, o lidar com os traumas, numa altura em que falar do assunto era tabu, lidar com ferimentos...

Este livro foi editado algures nos anos 80, quando tinha passado menos de 50 anos desde a guerra. Muitas destas mulheres eram adolescentes durante esses tempos; situar-se-iam na casa dos 60 quando foram feitas as entrevistas... e nota-se em cada reticência, em cada hesitação, em cada silêncio, o sofrimento de deixar para trás as mães, pais, e filhos (em alguns casos), sem ter a certeza de os voltar a encontrar.

Morrer ou matar. Era esse o espírito transmitido por Estaline. Aqueles que fossem feitos prisioneiros deviam suicidar-se; era a única alternativa. Voltar, vivo, para casa, era uma desonra e uma traição ao País... significava que se era colaboracionista.

É um livro muito cruel. Chorei em muitas páginas e, sinceramente, não sei se estou pronta para o Vozes de Chernobyl.

Esta foi uma leitura no âmbito do Book Bingo Leituras ao Sol, categoria "autor que gostavas de conhecer".


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Desabafo

Peço, antecipadamente, desculpas por este post em jeito de desabafo.

Que estranho fenómeno é este que faz com que nós, leitores, tenhamos sempre de ter mais um livro, apesar dos 300 que estão nas estantes? Pensava eu, que ficaria "de barriga cheia" por ter - literalmente, à distância de um braço - alguns dos meus "crushes" em formato de livro: Doutor Jivago, O Conde de Monte Cristo, Anna Karenina...

(a última vez que tive uma pancada destas, comprei Os Irmãos Karamazov, e o livro ainda ali está, intocado...)

Nada de mais errado. Mal tenho na minha mão, aquele livro que tanto queria, logo surge outro para ocupar a vaga.

Ultimamente, parece que tudo me leva ao O Deus das Moscas. Porquê, senhores, porquê??? Tenho sido constantemente bombardeada com referências a este livro...

Tenho - só assim de repente - uns 20 livros que quero ler "para ontem". E, no entanto, O Deus das Moscas não me sai da cabeça. Isto provoca-me dores físicas, juro! Este último fm-de-semana, passei na FNAC (não trouxe nada, milagre!), e, no entanto, dei por mim, a procurar uma edição deste livro. Muito próxima de mim, estava uma senhora a procurar exatamente o mesmo livro. Se acreditasse em coincidências, ia achar que isto é um sinal.

Para já, vou aguardar, serenamente, e se me continuar a atormentar... compro (mas só depois das férias que já tenho tudo agendadinho até setembro)