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terça-feira, 31 de março de 2020

Lido: Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Tinha imensa curiosidade para ler este clássico distópico da ficção científica. Originalmente, publicado em 1953, era uma crítica à sociedade de consumo americana e à massificação do uso da televisão.

O nosso protagonista, Guy Montag, é bombeiro. Mas, ao contrário do conceito de "bombeiro" que conhecemos, estes procediam à queima de livros. Aqui, acho que é inevitável não associar destruição de livros que os nazis levaram a cabo nos anos 30 do século passado - a destruição do símbolo máximo do conhecimento.

Montag é, tal como já disse, bombeiro. Profissão que já o seu pai e o seu avô teriam tido. Portanto, acreditava que aquele era a forma correta de viver.

Um dia, conhece Clarisse, uma jovem de 17 anos que vive perto dele. As conversas que mantém com a jovem, fazem-no despertar para certas situações, que não lhe tinham ocorrido anteriormente. Durante uma queima, traz consigo um livro que haveria de ser destruído. Nessa mesma ocasião, a proprietária da casa, deixa-se morrer com os seus livros, numa queima que marca uma reviravolta em Montag.

A partir de então, finge-se doente, para não voltar ao trabalho. No dia seguinte, recebe a visita do Comandante Beatty, o seu superior, que o tenta convencer a voltar, dando a entender que sabe que Montag tem um livro na sua posse.

Vimos a saber que ele tem outros livros em casa - algo que é completamente proibido!!! Denunciado pela própria mulher e algumas das suas amigas, Montag é perseguido, mas conhece um conjunto de pessoas que lhe fazem ter esperança no futuro.
"
Apesar do tom fatalista ao longo de toda a narrativa, o livro termina com uma nota bastante positiva. Adorei esta leitura. A jornada de Montag, o seu posicionamento não conformista perante uma sociedade perdida, o momento em que deixa de ser mais um carneiro daquele rebanho, mesmo sabendo das consequências... tornam-no um dos personagens mais "relatable" que alguma vez tive o prazer de ler.

domingo, 29 de março de 2020

Graphic novels lidas

Tal como recomendado pela DGS estou, desde dia 13, em casa. Saí três vezes, durante o tempo mínimo e essencial, para ir comprar mantimentos. E, desde esse dia, tenho divido o meu tempo a ajudar o Henrique nos trabalhos de casa, a panicar enquanto ouço as notícias e a tentar entreter um garoto que costuma estar na escola, habituadinho a correr feito louco e rodeado de outros miúdos...

Não tenho tido vontade de ler "calhamaços", porque, simplesmente, o meu cérebro não está acostumado a lidar com uma pandemia mundial, e não me consigo concentrar. Simples, assim. 

Posto isto, nos últimos dias, depois de Terra da Neve, li três graphic novels: o 5.º volume de Saga, o "Prelúdios" da série "Sandman" e "Marvel 1602", ambos de Neil Gaiman. 

Sobre Saga, não vale a pena falar muito do assunto: excelente, como seria de esperar, da minha novela "mexicana" espacial. Cada vez gosto mais. Neste volume, seguimos vários arcos, abertos no livro anterior: a improvável aliança de Marko e do Príncipe Robot IV, novos inimigos e desafios... 


Depois, os livros de Neil Gaiman. Comecei com "Prelúdios" da série Sandman. Há imensos anos que oiço o meu excelso companheiro a falar desta saga. Ambos sabíamos que existia, pelo menos, um volume. Há algumas semanas, "assaltei" a arrecadação e encontrei este menino. Trata-se de uma edição da Devir, do início dos anos 2000, mas que foi descontinuada na altura. 
Gostei mesmo muito. Estou incrivelmente tentada a recomeçar a coleção da Levoir... 

Morfeu - o Senhor e Mestre dos Sonhos - foi capturado, feito prisioneiro e roubaram-lhe os seus objetos de poder. Durante várias décadas, consegue, finalmente, libertar-se e embarca numa jornada para recuperar esses símbolos. 

Depois, uma supresa: Marvel 1602. Foi publicado pela Devir, literalmente, há 15 anos, em dois volumes. Cá em casa, só mora o 1.º... (tenho de procurar pelo 2.º nas vagas da Internet). A ideia é a seguinte: e se os super-heróis que conhecemos do universo Marvel, tivessem existido em 1602, e não na época em que habitualmente se situam? Nick Fury, Doctor Strange, Peter Parker, a Black Widow, os irmãos Maximoff (Feiticeira Escarlate e Mercúrio), os X-Men... só para citar alguns. 

Gostei mesmo mesmo muito. 


quinta-feira, 26 de março de 2020

Lido: Terra de Neve, de Yasunari Kawabata

Já li este livro há uns dias (mais ou menos 5 dias), mas como tinha outros textos em atraso, surgirão por ordem de leitura, como sempre tenho feito.

Curiosamente, com a quarentena/isolamento/recolhimento - o que lhe quiserem chamar - sinto que tenho lido um pouco menos, visto menos vídeos no Youtube, e com uma maior preguiça... o facto de ter o Henrique em casa desde o dia 13, "obriga-me" a prestar-lhe um pouco mais de atenção.

E Terra de Neve é um exemplo claríssimo disso. Um livro com 169 páginas levou 3 ou 4 dias a ler, porque simplesmente não me estava a concentrar o suficiente.

Yasunari Kawabata escreve poesia em prosa. E Terra de Neve é todo ele um poema. As descrições, os diálogos, inclusivamente, os tempos mortos são escritos com o coração na ponta dos dedos...

Temos Shimamura, um homem de Tóquio, abastado, casado e com filhos que mantém uma estranha relação com Komako, uma gueixa da província. Conhecem-se numa altura em que Shimamura vai para um hotel termal, e pede uma gueixa. As gueixas estão, naquele momento, ocupadas, mas é chamada Komako, uma jovem adolescente que, muitas vezes, acompanha as gueixas nas festas. Boa conversadora, a jovem sabe imenso sobre música e teatro, e deixa Shimamura bastante intrigado com a sua personalidade.

Passa-se algum tempo e Shimamura regressa. Komako já é uma gueixa, e das mais populares, inclusivamente. Mas, apesar de tudo, Komako é um poço de inconsistência - às vezes errática, às vezes sóbria, às vezes furiosa, às vezes doce - que leva Shimamura a refletir, profundamente, sobre a jovem e os sentimentos que esta nutrirá por ele.

Sabemos à partida que é uma relação sem futuro. E ele também o sabe, e expressa-o, mas... e Komako? Como fica ela nesta equação?

Gostei do livro, gostei do ambiente e de conhecer um pouco mais da cultura japonesa, mas não creio que alguma vez tornarei a ele. Talvez me engane. Talvez não.

Li este livro por dois motivos: o meu projeto pessoal de ler mais Prémio Nobel da Literatura e para o #desafionijitv2020 do Fernando, que tem como objetivo primário levar a que mais pessoas leiam mangás.

terça-feira, 24 de março de 2020

Lido: Ouro Preto, de Sérgio Luís de Carvalho

Último livro em "atraso". Tecnicamente, é o único que não tem a opinião muitoooo atrasada, comparativamente com O Monte dos Vendavais, por exemplo. Ouro Preto foi o 3.º livro do autor que leio. E, infelizmente, foi o que menos me impressionou. Gostei de o ler, dei 4 estrelas, mas mais pelos factos históricos que pude conhecer do que propriamente pelo livro em si.

A estrutura do livro era simples e repetia-se: carta de Pedro Rates Henequim, carta de Alexandre de Gusmão e terminava com alguns factos da Gazeta de Lisboa, editada por José Freire Monterroio Mascarenhas.

Aparentemente, não estando interligadas, à medida que vamos avançando no tempo, percebemos que os escritos de Henequim e de Gusmão vão acabar por se encontrar.

Pedro Rates Henequim nasceu em Lisboa, mas acabou por ir parar ao Brasil, onde permaneceu durante 20 anos. Bastante religioso, Henequim acredita que o Brasil é o Paraíso e que os brasileiros são uma das tribos perdidas de Israel. Ao regressar a Lisboa, pretende tornar-se padre e proclamar, do seu púlpito, esta sua verdade. Mas, as coisas não correm como previsto, e acaba detido pela Inquisição.

Alexandre de Gusmão é o secretário do Rei D. João V, e escreve com frequência ao seu mentor, e amigo, o embaixador português em Paris, D. Luís da Cunha. Descreve-lhe ao pormenor os problemas de saúde do Rei, as confidências que este lhe faz, bem como as jogadas de bastidores para assuntos da Corte, a relação do Rei com a Rainha, com as suas amantes, e os irmãos.

Até que os relatos de ambos se encaminham para um percurso comum.

Comecei a ler este livro numa altura em que estávamos entre visitas a casas. Em 2017, estivemos numa busca semelhante que acabou por não se concretizar, e agora, com o surto, tivemos de suspender... mas dizia, comecei a ler este livro, no momento, em que a pandemia se instalou, e apesar de tudo, andava ansiosa e demorei a entrar no livro. E a estrutura - que descrevi um bocadinho mais acima - também não me seduziu por aí além...

É um livro muito interessante, historicamente falando, mas de Sérgio Luís de Carvalho já li melhor, do pouco que me passou pelas mãos - relembrem aqui "O Rinoceronte do Rei".

Não quero dizer para não o lerem, atenção: este livro dá uma perspetiva fantástica da subida de D. João V ao trono e de como o ouro e as pedras preciosas do Brasil eram "estoiradas" no jogo das aparências da Corte portuguesa: as roupas que tinham de vir de França, as construções megalómanas, o viver acima das possibilidades... é um retrato brilhante da época, mas senti-me, muitas vezes, distraída e a perder a concentração naquilo que estava a ler. Não sei se era o formato da narrativa, se era a linguagem, até dou de barato ser a minha própria ansiedade... ou se era tudo somado. No fim, o autor faz uma nota onde nos fala sobre o que é real e o que é ficção - que achei interessante.

domingo, 22 de março de 2020

Lido: Memórias de Branca Dias, de Miguel Real

Esta leitura contou para o projeto "Português é bom" das Maria Joões - o link leva ao vídeo publicado pela Maria João Covas, com data de janeiro, a apresentar o projeto. 

Depois de ter lido "Preciosa" de Nelson Nunes, "O Segredo dos Bragança" de Ricardo Correia... eis-nos chegados à letra "R". Inicialmente, previa ler Rosa Lobato Faria (tenho aqui A Trança de Inês em lista de espera), mas como tinha ido à biblioteca, "aproveitei" um dos livros trazidos.

Miguel Real é sintrense e, pelo menos, duas pessoas disseram que ele havia sido seu professor durante os tempos da secundária em Mem Martins. Nunca tinha lido nada dele. Aliás, a não ser por circunstâncias profissionais, nunca me tinha cruzado, antes, com o nome dele em nenhum escaparate de uma livraria. Assumo que ande distraída. 

Memórias de Branca Dias é um livro contado na 1.ª pessoa. Branca Dias é judia, e depois de denunciada à Inquisição, é presa no Palácio dos Estaus - no local onde é hoje o Teatro Nacional, no Rossio, em Lisboa - até que consegue embarcar para o Brasil, onde já está o marido, Diogo Fernandes. 

De Branca Dias, a História mistura-se com a Lenda, e o que se sabe é que foi a primeira mulher portuguesa - de Viana do Castelo - a manter um local de culto judaico na sua propriedade, a primeira "mestra laica de meninas" e uma das primeiras "senhoras de engenho". 

Neste livro, acompanhamos Branca desde a sua juventude, até à sua velhice em Olinda. Para escrever este texto, fui consultar um pouco mais sobre Branca Dias, e descobri que, ainda hoje, descendentes desta mulher fazem parte da nossa História Moderna, como a cantora Marisa Monte ou o político brasileiro Ciro Gomes.  

Este livro tem partes muito engraçadas, que são despertadas pelas mais variadas razões, desde a "costela" de Viana de Branca Dias, à mudança para o Brasil quando ela queria ir para a Holanda, a extensa família, incluindo uma enteada... 

Por outro lado, conta-nos as dificuldades dos primeiros colonos portugueses num território como o Brasil. Era-lhes vendida uma imagem que chegados lá, não correspondia. E por outro lado ainda, fala-nos de um tema que não é muito lido: a escravatura. Branca Dias, depois da morte do marido, tem de "tocar para a frente" o engenho de açúcar e lidar com capatazes sádicos e com os próprios escravos. 

A história de Branca Dias, pelo que entendi, é bastante conhecida no outro lado do Atlântico, e, se não fosse aguçada pela curiosidade em ler Miguel Real, nunca teria acesso a este pedacinho de História portuguesa e brasileira. O livro é pequenino e lê-se muito bem. A linguagem, apesar de tentar ser o mais fiel possível ao século XVI, é acessível. E, dá para rir um bocadinho, com certas posições que Branca assume, ou quando faz agradecimentos - às vezes, patéticos - à avó, há muito falecida. 

sexta-feira, 20 de março de 2020

Lido: O Trilho da Morte, de Sara Blædel

Depois de O Monte dos Vendavais, li um thriller para mudar um bocadinho o registo. Apanhei o livro com 50% de desconto, há uns tempos, no Continente e aproveitei.

Da autora, só li apenas um livro, As Raparigas Esquecidas. Lembro-me de ter gostado, mas não me consigo recordar da história, portanto, quando comecei a ler este volume, senti que faltava qualquer coisa - muito provavelmente o que se passou algures no livro anterior - mas não me impediu de retirar prazer nesta leitura.

É um thriller dinamarquês. Bastaria dizer isto, para que entendessem o que não foi dito, certo?

Louise é encarregada de investigar o desaparecimento de um rapaz de 15 anos, uma semana depois. Nas primeiras diligências, descobre que o rapaz é filho do talhante da sua cidade, que, anteriormente fazia parte do círculo de amigos do seu namorado falecido há anos...

A detetive não perde, obviamente, a oportunidade de fazer uma investigação 2 em 1: descobrir onde está o rapaz e descobrir o que aconteceu verdadeiramente ao namorado, numa altura em que iam viver juntos.

O que gostei mais neste livro foi o facto da autora ter explorado um pouco as religiões antigas daquele território; religiões essas que vêm do tempo dos vikings e que têm uma componente quase mitológica.

Além do desaparecimento, temos rapto, homicídios, violações, manipulação, as inevitáveis mentiras e engodos, fanatismo... um sem número de coisinhas boas para os fãs de policiais. O Trilho da Morte não é tão sangrento ou doentio, como outros que já li, mas é uma leitura interessante para "desenjoar".

(li, em setembro, "Crime, disse o livro", 
mais recentemente li "A Mulher no Expresso do Oriente", 
dois policiais com fortes ligações a Agatha Christie, 
e foi preciso recuar a julho, para encontrar um "puro" thriller nórdico)

Curiosidade que me deixou feliz: ao partilhar uma fotografia deste livro no Instagram, a própria autora colocou o seu "like" que fez o meu dia.  Sara Blædel, se me estás a ouvir, és a mulher!!! 

Sara Blædel escreve muito bem. Os capítulos são intensos, raramente há momentos mortos, e, apesar de ter percebido para onde ela se estava a encaminhar, não deixei de me surpreender.  

quarta-feira, 18 de março de 2020

Lido: O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë

Olá, lembram-se de mim...? Sou aquela pessoa que programou os últimos 2/3 posts, ainda em fevereiro, e depois leu mais livros e ainda não atualizou este espaço. Que vidinhas, hein?? Na última vez que aqui tinha estado ainda não havia malta infetada e brincava-se com o facto de Portugal estar a safar-se à grande. Duas semanas se passaram, entretanto. Bons velhos tempos...

E, de acordo com o GoodReads, neste tempo, terminei quatro livros... adivinhem só quem se vai lançar a escrever e a programar textos de opinião? Daqui a 15 dias cá estaremos de novo...

Enfim. Comecemos.

O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë. Terminei este livro com "mixed feelings". Falei deste livro no encontro do clube de leitura e a minha opinião, de forma muito resumida, é: se tivessem afogado o Heathcliff e a Catherine enquanto eram pequenos, tinha-se poupado imenso em chatices ao longo de 20 anos.

(os pelinhos da nuca arrepiam-se por cada vez que leio que é uma história de amor... não concordo!)

A história é contada ao leitor através de Nelly, uma governanta, que a narra a Lockwood, um senhor que está instalado numa propriedade vizinha do Monte dos Vendavais.

A narração começa quando o senhor Earnshaw, após uma viagem, chega acompanhado de um rapaz órfão, Heathcliff, que educa como se fosse seu filho. Os filhos de Earnshaw não acham muita graça, mas, aos poucos, Catherine aproxima-se do rapaz e dali nasce uma enorme amizade, que acaba por se transformar em amor. Mas Hindley, o filho, não cede, a acaba por ser enviado para estudar fora.

Quando Earnshaw morre, o filho regressa, assume a propriedade do pai, e começa a tratar Heathcliff, como um mero empregadito.

Como um bom romance vitoriano, a coisa não corre bem, obviamente. Catherine, por sua vez, acaba por casar com Edgar Linton, herdeiro da Granja dos Tordos. E Heathcliff desaparece. Regressa anos mais tarde, abastado, e desperta em Catherine vários sentimentos...

Tudo descamba a partir daí... porque Heathcliff regressa com uma enorme vontade de se vingar.

Heathcliff e Catherine foram, sem dúvida, as personagens que mais me causaram mal-estar de todos os livros que já li. Muito sinceramente. Não há um pingo de bom senso naquelas pessoas. Não há meios termos. E foi isso que tornou este livro, uma experiência incrível: a capacidade de gerar este tipo de sensações nos leitores.

Juro que tentei imaginar-me numa sociedade do século XIX na Inglaterra rural. Uma sociedade em que a mulher se submetia, e o homem dominava. A Catherine, só por si, é completamente diferente desta imagem tradicional. O que é, em parte, bom, excepto quando usa essa força de personalidade para ser manipuladora.

O livro é tremendo, incrível e muito bem escrito. Não deixem de o ler. Não o amei de paixão, mas recomendo-o, sem sombra de dúvida.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Balanço #24Horas1Livro

À semelhança de 2019, a Silvéria Miranda - canal The Fond Reader - lançou, em fevereiro, o projeto #24Horas1Livro. Ou seja, por ser o mês mais pequeno do ano, a ideia era cada um dos participantes ler um livro no período de 24 horas: começávamos hoje às 22h00 e terminaríamos amanhã à mesma hora.

Em 2019, li oito livros: um era infantil e duas BD's, e os cinco, restantes, literatura "normal". Este ano, os mesmos oito livros... yey!!

Comecei com O Velho que lia romances de amor (Luis Sepúlveda) - leitura do mês do clube de leitura. Depois Outros Contos de Natal (vários autores), para a maratona Estações Literárias. Seguiu-se Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll), Essa Gente (Chico Buarque), Sou Malala, O Coelho Pedro e outras histórias (Beatrix Potter), A mulher que prendeu a chuva (Teolinda Gersão) e A Filha de Vercingétorix (álbum Astérix).

Estas leituras foram inseridas em outros projetos - portanto, faço um balanço positivo de mais esta participação.




segunda-feira, 2 de março de 2020

Lido: A mulher que prendeu a chuva, de Teolinda Gersão

Há cerca de duas ou três semanas, uma associação cultural de Sintra anunciou que iria promover um encontro com a autora Teolinda Gersão. Por um lado, tinha imensa vontade de ir, para a conhecer. Mas, por outro lado, como nunca tinha lido nada, não iria ser uma participante ativa na conversa, e isso iria tirar toda a piada possível ao evento.

Optei por não ir, mas acabei por trazer da biblioteca, uma das suas obras que "caía que nem uma luva" na maratona Estações Literárias: A mulher que prendeu a chuva. Trata-se de um livro de  contos. Paniquei, porque não sou uma rapariga de contos, e, inconscientemente, ia deixando este livrinho para último.

Que sacramental estupidez. O livro é ótimo. Claro que tem uns contos melhores do que outros, mas, no geral é muito bom. Aquele que dá título ao livro, foi um dos meus preferidos. São pequenos contos sobre coisas mundanas: um homem viúvo que cai na rotina da aposentadoria, as vizinhas que deixam de se falar, a avó que sai com o neto, perde os óculos e desnorteia-se, o marido que ignora a esposa, e mata-a quando ela encontra um novo amor, um estrangeiro em Lisboa que ouve, através da porta, uma história macabra... qualquer coisa trivial pode dar origem a uma pequena narrativa sem se perder nada pelo caminho, e com uma escrita descomplicada e escorreita.

Ter descoberto Teolinda foi tão bom como quando terminei o meu 1.º livro de Rosa Lobato de Faria. No caso da Rosinha, não me perdoo: tinha-me sido aconselhada ainda no ensino secundário, mas fiz ouvidos moucos e foi preciso chegar aos 30 e tal anos para a ler pela primeira vez. Com Teolinda Gersão, fico imensamente feliz por a ter lido, neste momento. A senhora já conta com 80 anos e nunca se sabe quando a perderemos.

Um pormenor muito giro da edição que li: a biblioteca recebe doações, e não é raro, ler um livro com a indicação que foi oferta de...
Este exemplar foi oferecido pelo ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, à Biblioteca Municipal de Sintra e conta com uma dedicatória da autora ao PR e à Primeira-Dama, Maria José Ritta. Um detalhe delicioso.

Por ser um livro tão fácil de ler e tão pequeno, consegui inseri-lo também no #24Horas1Livro.