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quarta-feira, 27 de março de 2019

Outra maratona: as minhas escolhas

Terminada a maratona "Livropólio" que terminei num 11.º lugar em 162 participantes, está na hora de abrandar o ritmo. Pensava ela, com boas intenções. 

Pois que, no dia 25, teve início outra maratona literária "A Volta ao Mundo em 15 Citações". Aqui, é proposto lermos uma série de livros cujos autores sejam naturais do país ou conjunto de países designados. Por cada "viagem" (livro), temos de guardar uma "recordação" (citação). 

Já preparei a minha lista de livros a ler, e tentei integrar: aqueles livros que já pretendia ler e aqueles livros que tenho há "n" tempo e que, simultaneamente, possam servir para participar em outros desafio (no dia 1 de abril sai um post, onde falo deles). 

Por coincidência, ou talvez não, 1/3 dos autores que escolhi foram galardoados com o Nobel da Literatura. 

Como estou a terminar um outro livro, ainda não comecei a ler, mas conto iniciar ainda esta semana. Esta maratona termina a 21 de julho. Estas foram as minhas escolhas:

1 América Latina (escolher 1 país) 
Ninguém escreve ao Coronel, de Gabriel García Márquez - já me falaram muito bem deste livro e quero continuar a explorar o amigo Gabo. Prémio Nobel da Literatura em 1982

2 Espanha 
Tempo entre Costuras, de Maria Dueñas - quem o lê, gosta muito. E estou curiosa. Insere-se num dos projetos, para ler autores espanhóis.

3 Reino Unido (ou) Irlanda
A laranja mecânica, de Anthony Burgess - comprei este livro há poucos dias quase por acaso; precisava de ter um determinado valor em livros para usufruir de um desconto e peguei nele. 

4 Itália 
Se isto é um homem, de Primo Levi - há muito tempo que pretendo ler este livro, e está aqui a oportunidade. 

5 Países nórdicos (escolher 1 país) 
Para aqui, ainda não está plenamente decidido. Mas talvez um policial/thriller daqueles de arrepiar os pelinhos da nuca.

6 Japão 
A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata - não tenho muito o hábito de ler autores asiáticos. Porquê? Não sei. Não calha. E este livro anda a "passear" no Kindle quase desde o 1.º dia. Acho que está na hora de o "despachar". Prémio Nobel da Literatura em 1968. 

7 Ex-URSS
Ainda não decidi. Tenho por ler vários autores russos e vários livros. O Doutor Jivago, Anna Karenina, Guerra e Paz, Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov. Ainda estou a meditar nesta "viagem". 

8 País à escolha (Não pode ser repetido)
Neve, de Orhan Pamuk - Turquia - este é outro livro que vive no Kindle desde o princípio dos tempos. Prémio Nobel da Literatura em 2006.

9 E.U.A. (ou) Canadá
Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway - vai ser leitura conjunta com a Cristina do blogue e canal Linked Books. Integra-se também no desafio do Abril Histórico. Prémio Nobel da Literatura em 1954

10 Portugal 
As Intermitências da Morte, de José Saramago - é uma releitura. Foi o 2.º livro de Saramago que li, e aquele que me entusiasmou para ler mais. Tinha-lhe perdido o rasto, julgava que estava encaixotado para todo o sempre, até que mo devolveram. E a paixão voltou. Serve para o desafio Lusiteratura. Prémio Nobel da Literatura em 1998.

11 França 
Também estou muito indecisa. Tenho vários que podem entrar nesta categoria. Portanto, para já, fica em aberto. 

12 Brasil 
Úrsula e outras histórias, de Maria Firmina dos Reis - são contos brasileiros do século XIX (creio... peço desde já desculpas, se estiver equivocada). Este livro está disponível, de forma gratuita, no site da Amazon. Com ele, consigo participar no desafio dos contos e do Ler Brasil.

13 Países árabes (escolher 1 país) 
Outra categoria em stand by. Estou inclinada para ler O Menino de Cabul, de Khaled Hosseini, mas não sei ainda.

14 Países africanos (escolher 1 país) 
Hibisco Roxo, de Chimamanda - esta autora anda nas bocas do mundo. E eu quero saber porquê. Das sinopses dos livros, este foi aquele que me interessou mais. 

15 China
O problema dos três corpos, de Liu Cixin - nesta escolha, fiz batota. Não me ocorria nenhum escritor chinês, então googlei "escritores chineses" e fui parar a uma página qualquer que elencava o nome de alguns autores chineses. Pesquisei-os e Liu Cixin foi o que me pareceu mais interessante. Este livro é o primeiro de uma trilogia. E o autor, de acordo com a Wikipédia, foi nove vezes campeão do Prêmio Galaxy (o de maior prestígio literário de ficção científica da China). 

Provavelmente, esta lista deverá sofrer alterações. Ainda tenho de inserir livros, e a probabilidade de alterar as minhas escolhas é imensa. Mas ficam, para já, estas intenções. 

terça-feira, 26 de março de 2019

Lido: O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez

Tenho tido sorte com as leituras que tenho feito; é isso, ou então os meus critérios alteraram-se. A verdade é que O Amor nos Tempos de Cólera de "Gabo" foi mais uma leitura de 5 estrelas.

Fiz um forcingzinho para terminar de ler as últimas páginas, apesar de estar já bastante cansada. Trata-se d'O Romance de "Gabo". Mais do que de amor, é um livro sobre a existência e a condição humanas, sobre o destino...

Florentino Ariza, um jovem apagado, apaixona-se por Fermina Daza. Durante algum tempo, cerca de 3 anos, correspondem-se, mas, um dia, a magia que Fermina sentia, desaparece. Casa-se, viaja pelo mundo, tem filhos, envelhece, sem se aperceber que Florentino mantém, dentro de si, a chama apaixonada dos tempos de adolescente.

A promessa que lhe fizera mantém-se, apesar do tempo: ele amá-la-à para sempre.E eis que, entretanto, se passaram 53 anos. 

Não vou alongar-me. Aliás, não quero alongar-me.

Nos últimos dias, discutiu-se o momento em que nós, leitores, desistimos de uma leitura. Há tanto para ler. Seriam precisas mil vidas para conseguir ler tudo aquilo que é produzido; contudo, acho que há uma altura para cada um dos livros que nos passam pelas mãos. E acho que só agora, com 36 anos, o momento do meu encontro com "Gabo" é uma reunião feliz. Já havia lido outros livros dele, mas tinham-se apagado da memória. Este ano, já reli "Memória das Minhas Putas Tristes" e foi maravilhoso.

Agora com O Amor nos Tempos de Cólera deu-me para rir, revirar os olhos, enervar-me, assustar-me e comover-me. Não chorei, mas vontade não faltou. É uma obra soberba. Quase conseguimos sentir, cheirar, visualizar aquilo que as personagens sentem, cheiram ou visualizam.

"Fermina Daza continuou imóvel até de madrugada, a pensar em Florentino Ariza, não como na sentinela desolada do Parque dos Evangelhos cuja recordação já não lhe suscitava nem uma luzinha de nostalgia, mas como era então, decrépito e manco, mas real: o homem que esteve sempre ao alcance da sua mão e não soube reconhecer."

Ousem ler "fora da caixa". Sejam ousados. Não olhem para os livros como objetos velhos. Observem. Sintam-nos. Criem relações. Nunca vi o filme, e, no entanto, criei-o na minha cabeça. E agora, até tenho receio de o ver, para não apagar da mente, as minhas criações imaginárias. 


domingo, 17 de março de 2019

Ouvido: A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne

A estreia total e absoluta em audiobooks. Esta semana, com o aniversário do pequeno, fiquei "de gatas", cansada como ninguém imagina - corre para ir encomendar o bolo, corre para ir buscar, corre para comprar a prenda, corre para comprar as prendinhas dos colegas que também fizeram anos, corre para comprar balões e saquinhos para as lembranças dos convidados... uma correria.

Contudo, apesar de todo o cansaço - e com duas insónias pelo meio da semana - não queria deixar de ler. Mas, quando pegava num livro, era para o largar logo de seguida. E pensei para comigo "e que tal, Cristina Maria, experimentares ouvir um livro?".

E assim foi. No meu ouvidinho, passei a ouvir, enquanto andava no meu lufa-lufa, as aventuras de Phileas Fogg ao redor do mundo. Sei que tenho este livro em formato físico... algures na minha casa de família. Numa das mil mudanças que fiz no meu antigo quarto, devo tê-lo guardado/encaixotado. Junto de outros livros que agora me "fazem falta" como de pão para a boca (talvez, esteja a exagerar um bocadinho... talvez!).

É um livro curtinho, que "despachei" em 3/4 audições.

A Volta ao Mundo em 80 Dias é um daqueles clássicos que, julgo, dispensa apresentações. Phileas Fogg, um gentleman inglês, aposta, com os seus companheiros, do "club" a que pertence, que conseguirá dar a volta ao mundo em 80 dias. Acompanhado do seu secretário/criado pessoal, Passepartout, Fogg embarca numa viagem inesquecível - seguido de perto pelo inspetor Fix, que o confunde com um ladrão de bancos.

Goodreads Reading Challenge: 26/45




quinta-feira, 14 de março de 2019

Lido: Os três casamentos de Camila S., de Rosa Lobato de Faria


Maravilhoso. Nunca tinha calhado ler Rosa Lobato de Faria, e este livro apaixonou-me. Estamos nos anos 80, e Camilla, uma respeitável senhora de 90 anos, decide começar a escrever as suas memórias, baseada nos seus diários de juventude.

O livro é uma viagem pela vida de Camilla. Órfã, a viver com os velhos, e pouco mais que uma criança, é prometida em casamento a um homem muito mais velho, para que, com a morte dos tios, tenha em quem se apoiar.

A sua mãe-de-leite, uma mulher, descendente de ciganos, profetiza que Camilla só casará com homens cujo apelido começa com a letra "S". Uma noite, apaixona-se por André Sobral, curiosamente, o único homem com quem não casará. Camilla casa (três vezes), tem filhos, netos e bisnetos. Camilla tem alegrias e tristezas. A vida de Camilla está nestas páginas.

Desde o regicídio, 1.ª Guerra Mundial, passando pela instauração da ditadura salazarista, pela Guerra Colonial, e 2.ª Guerra Mundial - são muitos os eventos históricos que Camilla nos conta, com um olhar muito pueril, dado que as senhoras não falam de política.

É um romance, sim. Sabe-se lá há quanto tempo, não lia um romance, mas está escrito de tal forma que dei por mim a chorar nas páginas finais. A forma inocente, pueril, mas, ao mesmo tempo, poética como este livro está construído, é fantástica.

Quando comprei "Os três casamentos de Camilla S.", comprei também "A trança de Inês". E já me recomendaram "Pássaros de Seda" e "Romance de Cordélia". Cara Rosa, lamento tanto, mas tanto não ter tido a presença de espírito de a ler enquanto foi viva. Perdoa-me, Rosa?

(este livro entra na categoria "escrito por figura pública" do desafio #lusiteratura da Patrícia Rodrigues. Saber mais aqui)

Reading Challenge: 25/45

terça-feira, 12 de março de 2019

Lido: A Filha da Floresta, de Juliet Marillier

Foi em algum canal do Youtube que ouvi falar, pela primeira vez, da trilogia Sevenwaters. Mais do que um booktuber elogiou a escrita e a história.

Além de policiais, livros de espionagem, históricos... também me pelo por um bom livro de fantasia. E este primeiro livro A Filha da Floresta é um desses bons livros de fantasia.

Demorei muito mais do que pretendia - apesar de não ser um dos maiores que já li (448 páginas) - mas não foi por não gostar. A vida intromete-se nos nossos hobbies, como digo muitas vezes.

Este livro conta-nos um pouco a história de sete irmãos, filhos de Collum, Senhor de Sevenwaters e senhor da guerra: Liam, Diarmid, os gémeos Cormack e Connor, Finbar, Padriac e a pequena Sorcha. Cada um deles tem uma característica especial que o torna especial. Tal como diziam, eram sete ribeiros de um único rio.

Sevenwaters é um território quase inexplorado da velha Irlanda, dos duendes, fadas e de histórias fantásticas. Contudo, encontra-se em guerra com os bretões. Lord Collum, certa vez, regressa de uma das suas prolongadas ausências, trazendo consigo Lady Oonagh, a sua noiva, que se revelará como uma feiticeira.

Após dominar o espírito de Collum, Oonagh tenta livrar-se dos sete irmãos e quase consegue. Sorcha escapa, por pouco ao feitiço, e cabe-lhe a ela libertar os irmãos. Mas, para chegar até esse momento da libertação, a jovem é sujeita às mais terríveis provações.

Gostei imenso desta leitura, e apesar de ter terminado há poucos minutos, estou ansiosa para regressar a Sevenwaters. Mas, para já, vou "tirar umas férias", e deixá-lo em pousio, para digerir o que mais será acrescentado a esta narrativa. Dei-lhe 5 estrelas, sem hesitação. É realmente um excelente exemplo de como a fantasia é muito mais do que dragões.

Quase me arriscaria a dizer que me fez lembrar d'As Brumas de Avalon. A componente de magia, a força das figuras femininas e a sua importância para a história... sem esquecer aquele "tudo-nada" de folclore narrativo, das lendas e das histórias contadas por gerações. Adorei, sem dúvida. Registem aí: Trilogia Sevenwaters, livro 1 A Filha da Floresta, de Juliet Marillier.

Reading Challenge: 24/45

domingo, 10 de março de 2019

Lido: Capitão de Mar e Guerra, de Patrick O'Brian


TERMINEI!!! FESTA!!! Um mês e dois dias para ler 415 singelas páginas. Realmente, quando os livros encalham, não há muito a fazer.

Nunca vi o filme "Master and Commander" (2003), que é a adaptação cinematográfica deste livro. Vi o trailer, apenas, e... agora vem a expressão sexista... é um bocado para gajo. Tanto o livro, como o filme. Demorei bastante a entrar no ritmo, confesso. É um livro publicado em finais dos anos 60 (apenas nos anos 2000, em Portugal), e com enfoque na Armada Real Inglesa, na vida de uma embarcação de guerra, durante o início do século XIX - quando Inglaterra e França andavam entretidos em escaramuças.

Jack Aubrey é o capitão do Sophie, e Stephen Maturin é o médico do barco. Entre os dois nasce uma grande amizade, e neste primeiro livro da trilogia assistimos a esse processo.

Não me vou alongar muito, porque, além de uma série de perseguições em alto mar, disparos de canhão, e um conselho de guerra, não há muito a descrever. As cenas de batalha naval eram as únicas com um ritmo suficientemente rápido, tudo o resto era descrito devagar-devagarinho. Todos os termos náuticos da época... são para esquecer! Bem que os senhores da ASA colocaram um desenhinho de um barco com os nomes de todas as velas e das cordas e dos mastros... mas #sóquenão.


O fim do livro estava a ficar bastante interessante, por isso, sinto-me um pouco mais animada para o 2.º volume. Que não vai ser para já. Vou fazer um intervalo, para respirar fundo antes de me mandar para esta empreitada.

Para já, vou terminar o 1.º livro da trilogia Sevenwaters. Uma coisinha mais ligeira. Tipo um "amuse bouche".

sexta-feira, 1 de março de 2019

Cristina Maria, como vai ser o teu março?

Pessoas, excelente pergunta. Para já, ando meio "encalhada" com O Capitão de Mar e Guerra. Comecei a lê-lo a 8 de fevereiro, imagine-se. Atenção!!! Trata-se do 1.º volume da trilogia que deu origem ao filme "Master and Commander" (2003) - e quero mesmo mesmo muito lê-lo.


Mas a linguagem técnica náutica do século XVIII-XIX não é a coisinha mais simples do mundo. São 415 páginas e ainda só vou na 138. Isto devagarinho vai lá.

Entretanto, já me apercebi que muitas meninas da comunidade livrólica do Youtube/Instagram/Facebook vão (tentar) ler, neste mês, livros escritos por mulheres. Comecei a 6 de fevereiro (???!!!!) a trilogia Sevenwaters. Conta se terminar o 1.º livro ainda este mês, certo? Li, até ao momento, 1/4 do livro sensivelmente. Estou a gostar muito. É radicalmente diferente d' O Capitão de Mar e Terra, obviamente.


Estou a tirar um prazer enorme de ambas as leituras, mas devido ao meu estado de cansaço, à noite, quando já estou no "me time", o sono vence-me por goleada. Deixa-me um pouco frustrada, não vou mentir e dourar a pílula.
E, agora, vou parecer uma velhinha de 90 anos, mas a verdade é que a saúde do pessoal cá de casa não está (de todo) no topo, o que acaba por condicionar bastante a vontade de ler.

Portanto, pessoas... não faço a menor ideia como vai ser este mês que ainda hoje começou. Nem vou arriscar em fazer uma lista de livros, porque, sinceramente, não vale a pena.

Para já, quero concentrar-me em terminar estes dois que tenho em mãos. Em abril, vou ter uma leitura conjunta com a Cristina do Linked Books: "Por Quem os Sinos Dobram", por isso, seja o que for que leia ou que comece a ler, neste mês de março, não quero arrastar para abril, para me focar no amigo Hemingway.

#24Horas1Livro

Ainda em janeiro, a Silvéria - do canal The Fond Reader - lançou um desafio: ler, durante o mês de fevereiro, livros que "demorem" 24 horas a começar e terminar. Livro pequeninos que estão há "n" tempo nas estantes e que mal olhamos para eles. Sim, vocês, os fininhos...

Achei a ideia muito engraçada, e reuni um conjunto de livros que achei que seria interessante ler - como é óbvio, comecei logo a desviar caminho e só li 3 daqueles a que me propus inicialmente. E foram estes os livros que li... quem me segue no Instagram foi-se apercebendo das minhas publicações ao longo do mês, logo, estes títulos não são novidade.

1.º O Alienista, de Machado de Assis - 95 páginas
Comecei a lê-lo às 09h50, de domingo, 3 de fevereiro. Terminei, mais ou menos, às 13h30. É um livrinho pequeníssimo e muito engraçado.
O médico Simão Bacamarte, após deixar Portugal, estabelece-se numa pequena cidade brasileira, e decide aproveitar uma casa vazia e ali criar um sanatório/hospício que lhe permita estudar os mistérios da mente humana. Contudo, começa a prender, indiscriminadamente, os habitantes dessa pequena cidade, com a desculpa de serem mentalmente instáveis. A situação torna-se tão grave até ao ponto de haver uma revolução.
Ri muito, vou ser sincera. Achei este livro uma pequena pérola - o meu único reparo é à minha edição, e não ao livro em si. O meu livro fazia parte de uma coleção que, há uns anos, o Jornal de Notícias oferecia "Biblioteca de Verão" e tinha muitas gralhas.

2.º O Último Dia de Um Condenado, de Victor Hugo - 95 páginas
Este livro, à semelhança do anterior, já devia cá estar em casa há uns oito anos - sem exagerar. As únicas vezes que lhe tinha tocado - e à semelhança do anterior - foi para o mudar de sítio.
Comecei a lê-lo um pouco antes das 16h30, de 4 de fevereiro, e terminei às 22h00. Tive oportunidade de ler durante o tempo que o pequeno esteve na piscina e depois de o deitar.
O nosso protagonista diz-nos logo à cabeça que foi condenado à guilhotina. O advogado diz-lhe que vai interpor recurso, mas ele afirma imediatamente que prefere a morte a ser condenado a trabalhos forçados. E assim, temos acesso, como se de um diário se tratasse, aos pensamentos que vão na cabeça deste homem, as reflexões até ao momento final.
Todo o livro é uma crítica à pena de morte e ao "espetáculo" que este proporcionava às massas: o padre que era quase indiferente aos condenados, a refeição final, os últimos desejos...
Mais uma vez, um livro de 5 estrelas. E, mais uma vez, a crítica à falta de revisão do livro. Tudo bem que eram livros gratuitos, mas haja algum brio no produto que se apresenta. Muitas gralhas, ainda mais do que n' O Alienista, muitas frases mal construídas, enfim...

3.º Memórias das minhas putas tristes - 105 páginas
No fundo, este livro tratou-se de uma releitura. Devo-o ter lido, pela primeira vez, há cerca de 9/10 anos e nunca mais lhe peguei (só para o mudar de sítio, claro está!). Com este desafio, voltei a recordar esta bela história. Que história!
Encontramos um velho jornalista e cronista a completar 90 anos; cedendo à pressão da velhice, decide-se por celebrar o 90.º aniversário com uma jovem virgem. E, quase sem querer, encontra o amor que lhe escorregava desde menino. Este livro é uma ode ao envelhecimento e ao amor.
Comecei a lê-lo por volta das 10h00 do dia 5 de fevereiro e terminei cerca de 12 horas depois.
A escrita de García Márquez é soberba. Ao contrário de "Cem anos de solidão" que li quase há um ano, onde temos de estar concentrados para não nos perdermos nos Aurelianos e nos Josés Arcadios, "Memórias das minhas putas tristes" é quase um poema que podemos desfrutar várias vezes. Lê-se, lá está, em 12 horas - ou muito menos - e é tão bom que dói.

4.º O Decálogo - O Manuscrito, de Frank Giroud

5.º Maus, de Art Spiegelman

6.º O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado
Que livrinho maravilhoso. Há anos que ando para o ler e finalmente aconteceu. Ouvi falar dele a 1.ª vez quando entrei para a secundária, e havia colegas que o tinham lido na preparatória. Nunca o tive como leitura obrigatória, por isso fui adiando.
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá é uma história de amor, entre dois animais de raças completamente diferentes, até ao momento final com o Gato Malhado a aperceber-se do inevitável e da impossibilidade do amor de ambos.
Escrito em 1948, este livro só viu a luz do dia 30 anos depois. É tão triste, tão poético, tão maduro para ser destinado a um público infanto-juvenil...
Li este livro em cinco horas - com "n" intervalos pelo meio, porque mim ser mãe e mim ter um ser de cinco anos a chamar-me a cada 11 segundos.

7.º O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway
Mais um livro que herdei da biblioteca da minha mãe. Gostei imenso da mensagem que é transmitida - a honra, os valores, a dignidade, a coragem... mas não me senti totalmente arrebatada, como pensava. Compreendo 100% a importância deste livro para a literatura.
Apenas no final, li a nota do tradutor, Jorge de Sena... ele aborda, em poucas páginas logo no início, o pessimismo do caráter de Hemingway e talvez tenha sido o final menos feliz que me deixou com o sentimento de "mas isto acaba aqui? Desta forma? E agora?". Esperava, talvez, que um pequeno milagre que permitisse ao Velho quebrar a onda de pouca sorte. Esperava que todo o sacrifício tivesse sido melhor recompensado do que apenas com a admiração dos seus pares...que a exaustão, quase fatal, tivesse melhor final. Irei certamente relê-lo, mais tarde, numa altura em que sinta que Santiago me possa transmitir a sabedoria que o fez aguentar três dias de luta intensa. Li esta pequena grande obra no dia 16 de fevereiro. Comecei por volta das 14h00, e com pausas e reinícios terminei pelas 23h30. Este foi o 20.º livro terminado em 2019.

8.º A Bela e o Monstro

De acordo com o meu rabisco, no início do livro, tenho-o desde 1999 - desde os meus 16 anos, portanto. Não me lembro quantas vezes o terei lido, mas devem ter sido algumas, porque a Bela era uma das minhas princesas favoritas.
Não era a tradicional menina que esperava pelo seu príncipe; a Bela lia, ajudava o pai e demonstrou ter o coração no sítio certo, na altura de ajudar o Monstro. Fui ver o filme animado, no início dos anos 90, e ainda hoje me lembro dele.
Recordar momentos ternos da minha infância foi um dos meus objetivos ao pegar no A Bela e o Monstro. Não era um livro esquecido. Não é uma obra-prima da literatura mundial nas prateleiras mais baixas da estante à espera do seu momento. A Bela e o Monstro foi a minha forma de querer terminar em beleza o desafio da Silvéria.