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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pele, de Mo Hayder

Depois de um belíssimo punhado de livros de Mo Hayder, terminei mais um desta escritora britânica. 'Pele' é o título.

Há semelhança de outros livros dela que já li, o detective Jack Caffery é o protagonista. Na minha opinião, este livro é mais leve. Com muito menos sangue do que os antecessores, 'Pele' é um dois em um, porque podemos, simultaneamente, acompanhar o detective Caffery e a sargento Flea em dois dramas e duas problemáticas totalmente distintas, mas que acabam - a determinado momento - por se cruzar.

Como já disse, enquanto que 'Os Pássaros da Morte', 'Tóquio', 'A Ilha dos Porcos' e 'O Homem da Noite' além de uma descrição (doentia) de pormenores, o sangue é abundante em cada páginas, neste isso não acontece, mas o terror psicológico é igualmente cativante.
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Actualmente, encontro-me a ler 'Prosa Completa' de Woody Allen. Trata-se de um livro (editado pela Gradiva) que reúne os contos escritos por este músico/realizador/escritor/actor.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como um Verão que não voltará


Um pequeno grande livro, de mais um autor marroquino que acabo de descobrir, Mohamed Berrada, nascido em Rabat em 1938. Obra auto-biográfica relata o período da vida em que o autor parte para o Cairo para dar continuidade aos seus estudos universitários, na década de 50 do século XX.
A vida do autor no meio universitário cairota num período em que Nasser assume o poder e nacionaliza o Canal do Suez.
Ecos de uma vida que abrangem tão só as memórias de Naguib Mahfouz, ao curso com Taha Hussein, de permeio com a belíssima voz da não menos famosa Oum Khalsoum, rica em vivências e partilhas do quotidiano de um estudante marroquino entre colegas, tão iguais e tão diferentes. Mil e um mundos e marcas que perdurarão por toda a sua vida literária e pessoal.
Perante as mutações, actualmente em curso um pouco por todo o mundo muçulmano, este livro ajuda a compreender as convulsões sucessivas que ao longo de décadas se vêm a operar e como neste caso particular, o Cairo e os autores do Norte de África são um mundo a descobrir, muito além do Egipto faraónico.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Paulo Coelho e Émile Zola

Ok... confesso: andei a ler dois livros em simultâneo. Já não fazia esta brincadeira há uns bons tempos.

Em primeiro, comecei a ler um clássico: A Taberna, de Émile Zola. Este é um daqueles livros que devia ser "obrigatório" de tão bom. Nele seguimos a vida de Gervásia, uma jovem mulher, na França do século XIX. A história começa com Gervásia, ainda na casa dos "vintes", companheira de Lantier e com dois filhos. Depois de ter sido abandonada pelo pai dos filhos, esta mulher casa com Coupeau.

A Taberna - lugar onde se afogam as mágoas - é a metáfora para a vida desta mulher. Depois do casamento, Gervásia consegue alcançar pequenas coisinhas: uma boa poupança, um marido bom e trabalhador, uma loja (onde emprega algumas mulheres), uma gravidez (da qual nasce Naná, que será personagem de um outro livro. Na adolescência, Naná torna-se prostituta... e mais não digo!). Contudo... Coupeau tem um acidente laboral e acomoda-se à boa vida. Daí para a frente, nada mais será igual. O fim é trágico, mas nada que não se esperaria de um contemporâneo de Eça.

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Ao mesmo tempo andei a ler, Onze Minutos, de Paulo Coelho. Não sou a maior das fãs de Paulo Coelho - confesso que tenho por ele a mesma relação que tenho com Isabel Allende -mas apreciei muitíssimo este livro. Nele, o autor aborda a sexualidade e o amor através de Maria, uma jovem brasileira que, enganada por um empresário, chega à Suíça onde se torna prostituta. Na Suíça, conhece um artista por quem se apaixona e que altera todos os planos da jovem.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Século Primeiro depois de Beatriz



Amin Maalouf é um escritor libanês, nascido no final da década de 40, amplamente traduzido em Portugal, autor de inúmeras obras de grande qualidade como «Leão, o africano», ou «Samarcanda» ou ainda o ensaio «As cruzadas vistas pelos árabes», mais uma vez não me decepciona.
A obra «O Século Primeiro depois de Beatriz», é uma inquietante visão sobre o mundo actual, numa temática bastante polémica.
O controlo de nascimentos de bébés do sexo masculino e feminino.
A história descreve o poder místico que umas «favas» egípcias detêm no controlo dos nascimentos. Da exclusão de crianças do sexo feminino logo na concepção e na selecção não natural não da espécie, mas do género.
Relatado do ponto de vista de um pai que ama profundamente a sua filha Beatriz e de uma mãe jornalista, activista da não-violência, surge um relato romanceado, vívido, de uma sociedade assustadoramente discriminadora e manipuladora dos direitos humanos.
Um reflexão sobre a importância da vida em geral e da defesa da liberdade e dos direitos humanos.
O livro é belíssimo e permite-nos uma reflexão profunda sobre quão importante é a vida humana e o livro arbítrio.