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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Feira do Livro de Lisboa 2023

Mais um ano sem trazer um autógrafo do João Tordo. Acho que vou começar a qualificar assim os anos de FLL... (ideia a considerar, Cristina Maria, assenta aí na agenda!) 

Este foi o ano em que mais comprámos, sem dúvida. O Henrique está a crescer, continua a adorar ler e compra tudo por impulso. Dez anos, como não os adorar?! 🙄

A colheita de 2023 foi esta. Curiosos com algum deles?! 


sábado, 17 de junho de 2023

Leitura em curso

Não vamos entrar em loucuras e achar que agora vou publicar com frequência. Combinado? Sucede que tive uns dias de férias, deu para me orientar, instalei a aplicação do Blogger e agendei posts. É o melhor que tenho para vos oferecer de momento.

Há uns tempos (e quem diz "há uns tempos" diz, quiçá, uns 2 anos), o meu irmão comprou 2 livros da Sarah J. Maas. Como a vidinha dele também não é um oceano de tempo livre, emprestou-mos. Ainda residem cá em casa, mas não estão esquecidos... O Trono de Vidro e A Coroa da Meia Noite eram os seus nomes. Li-os numa penada, porque, tal como escrevi no Instagram, há dias em que uma pessoa só quer ler qualquer coisa que vá para além daquilo que nós conhecemos e um livro de fantasia em que pessoas lançam raios de magia pelos olhos ou pelas pontas dos dedos, por mim, está OK.

Recentemente, uma das meninas da nossa comunidade (a Jsy) colocou este livro à venda. Tenho para mim que ela mal tinha carregado no "enter" e já eu estava a perguntar se ainda estava disponível. O baby veio cá para casa e, depois de dois livros daqueles que dão nós no cérebro e no estômago, era mesmo isto que me apetecia.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Houston, temos um problema

Aliás, eu tenho um problema... - não vamos chatear Houston com questões menores, sim?

Já estão carecas - todas aquelas 3 pessoas que ainda se dão ao trabalho de abrir os meus (cada vez mais raros) posts - de saber que comecei a trabalhar a full time e horário completo e Whiskas saquetas...

Mas, ainda assim, consegui ler até ao dia de hoje (15 de Junho) a bonita quantidade de 18 livros. No início do ano, tinha-me proposto a ler um livro por mês, mas dei por mim a conseguir organizar-me e a ler um pouco mais do que, muito honestamente, inicialmente previa.

Já li autores portugueses, já li autores estrangeiros, já li BD, já li infanto-juvenis, já li dramalhões, já li fantasia, já li livros de casos reais, já li prémios Nobel e Pulitzer, já li 5 estrelas e 3 estrelas. Estou bastante satisfeita com o meu primeiro semestre. 

Well done, Cristina (que faz o gesto de pancadinha nas costas em jeito de concordância!)

Não vos vou chatear com a minha falta de tempo para resenhas, mas fiquem-se com estas sugestões de alguns dos livros que achei realmente muito bons: Balada para Sophie (Filipe Melo e Juan Cavia), Os Rapazes de Nickel (Colson Whitehead), Furriel não é nome de Pai (Catarina Gomes) e O Acontecimento (Annie Ernaux). Sabem porque os recomendo? FIZERAM-ME CHORAR, os safados. E nos dias que correm, essa é a minha base de referência. 

sábado, 7 de janeiro de 2023

Ano novo, vida nova?

Começo bem o ano, sim senhora. A rever os livros que terminei antes de 2022 terminar. Nada de especial. Tenho a ideia que comecei a ler mais livros do que aqueles que efetivamente terminei. 

Depois do "apanhado" feito no início de dezembro, terminei... (rufos de tambores, por favor)... dois livros. UAUUUU!!! Trouxe da biblioteca municipal "Leviathan" de Paul Auster e "O gato de Uppsala", de Cristina Carvalho. Com estas duas leituras, completei 51 livros em 2022 (menos 9 do que me tinha proposto). 

"Leviathan" foi mais um livro de 5 estrelas. Li Paul Auster pela 1.ª vez em 2022 e facilmente se tornou um dos meus favoritos. O escritor Peter Aaron lê a notícia da morte de um homem, numa explosão, dias antes, na berma de uma estrada. Apesar das autoridades não saberem de quem se trata, e terem iniciado as investigações, Peter sabe que o homem é Benjamin Sachs, o seu melhor amigo. O que o levou a este ato? Viajamos através das memórias de Peter, numa narrativa brutal e brilhante, que vai escrevendo tudo o que sabe e ouviu sobre Sachs, sabendo que estas páginas irão ser certamente entregues às autoridades. 

De Cristina Carvalho já tinha ouvido falar há muito, mas ainda não tinha tido a oportunidade de a conhecer. "O gato de Uppsala" é uma história fofinha. Daquele tipo de livros que tanto pode ser lido por um adulto ou um jovem. Um livro que não envergonha ninguém. Elvis e Agnetta são dois jovens que se apaixonam e casam. Decidem cumprir um dos seus grandes sonhos e ver de perto o navio Vasa, o maior e mais belo barco alguma vez construído. Empreendem a viagem - a pé - entre Uppsala e Estocolmo, acompanhados do seu gato. E é esse gato que, acreditem ou não, lhes vai salvar a vida. 

(estupidamente, esqueci-me de tirar fotos das capas)

Entretanto, tenho vários livros em mãos e que vou lendo conforme vou conseguindo. Começando pelo mais "antigo":

- "Meia Noite ou o Princípio do Mundo", de Richard Zimler: estamos no século XIX, e seguimos John Zarco Stewart, filho de uma judia portuguesa e de um escocês. Depois de descobrir segredos de família, John tenta redimir pecados cometidos, numa viagem que o levará do Porto até aos Estados Unidos da América. Estou quase quase a terminar (comecei a ler este livro, creio que, no Verão), e de uma coisa tenho a certeza: Zimler não desilude. É outro livro incrível. Estou a gostar bastante. O "problema" é que estou a lê-lo na aplicação da Wook que não é a coisa mais incrível da História. 

 - em meados de novembro, comecei a ler o 6.º livro da saga The Witcher, "A Torre da Andorinha". Ainda há pouco ultrapassei a primeira centena de páginas, mas está a ser interessante. Mais focado em Ciri que é, de longe, das personagens mais interessantes da série.

- em novembro, também comecei a ler "O Livreiro de Paris", de Nina George. O tema do mês do clube do livro "Regaleira de Livros" era "um livro sobre livros", e escolhi este. Escusado será dizer que ainda não terminei. Está a corresponder ao que pensava que seria, com várias referências a autores e livros, alguns dos quais nunca tinha ouvido falar. 

Entretanto, e porque a vida é todo um circo de aventuras e desventuras, apontei que leria 12 livros no ano inteiro. Nivelar as expetativas bem por baixo e fazer uma festa no final de 2023 se ultrapassar estes valores é o meu lema deste ano. 

Pronto, e é isto. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

4 meses de leituras resumidas num post...

Nos últimos anos, tenho tido uma vida bastante privilegiada: trabalhava a partir de casa, com horários super-flexíveis. Toda essa facilidade, permitia-me ter tempo para ler e ver séries. Contudo, desde meados de agosto que passei a ter uma rotina de "ir para o trabalho", e um horário a cumprir diariamente. 

As leituras ressentiram-se. O cansaço tem vindo a acumular-se e dou por mim sem ter tempo para muito. O blogue passou para uma posição muito lá em baixo na minha lista de prioridades. Ao abrir, hoje, oDe  Blogger, apercebi-me que tinha em rascunho, dois inícios de textos, que não cheguei a terminar, de livros que trouxe da biblioteca "Loucuras de Brooklyn" de Paul Auster, e "História de um canalha" de Julia Navarro. Nesta altura, já só me lembro de fiapos de cada um deles. Nem me arrisco a fazer resumos. Vou só enumerar os livros que li desde agosto e dizer as notas que dei... 

- As loucuras de Brooklyn, de Paul Auster - 4 estrelas
- O homem que morreu duas vezes, de Richard Osman - 5 estrelas
- História de um canalha, de Julia Navarro - 4 estrelas
- Dentes de Rato, de Agustina Bessa-Luís - 4 estrelas
- Felicidade, de João Tordo - 4 estrelas
- O olhar do Açor, de Sandra Carvalho - 4 estrelas
- Doida não e não!, de Manuela Gonzaga - 4 estrelas
- Pyongyang - Uma viagem à Coreia do Norte, de Guy Delisle - 4 estrelas
- A minha avó pede desculpa, de Fredrik Backman - 5 estrelas
- Perto de casa, de Cara Hunter - 5 estrelas
- Águas Passadas, de João Tordo - 5 estrelas
- Depois de partires, de Maggie O'Farrell - 4 estrelas
- Vox, de Christina Dalcher - 4 estrelas
- Armazém Central, de Loisel & Tripp - 4 estrelas

Este ano, já tinha editado de 80 para 60 as leituras que pensei realizar; e, ainda assim, vou falar miseravelmente. E está tudo bem. Do que sinto verdadeiramente falta, nem é tanto de "bater" os meus "recordes" em leituras feitas... é de tudo o resto que isso me trazia: estar mais tempo com as pessoas que são aficionadas das leituras, ter mais tempo para pesquisar sobre as novidades, ter mais tempo para o blogue e para a página de Instagram. Chego tão cansada que, praticamente todos os dias, caio na cama antes das 11 da noite. 

E os fins-de-semana têm sido a fazer tudo o que não consigo durante a semana. Como todas as pessoas normais. Ainda estou a entrar no ritmo. Ainda estou a tentar descobrir como ganhar tempo. Hei-de lá chegar. Não hoje, nem amanhã, nem até ao fim do ano. Mas vou descobrir. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Lido: Viúva de Ferro, de Xiran Jay Zhao

A culpa é da capa. Sabia vagamente o enredo do livro, mas, neste caso específico, fui conquistada pela capa espetacular deste livro. Viúva de Ferro é uma edição da Saída de Emergência e passa-se em Huaxia (soube mais tarde que este nome era utilizado na literatura chinesa histórica como representação da China e da sua civilização). 

O território está em guerra com os Hunduns, de quem sabemos muito pouco. As fronteiras são defendidas por máquinas de guerra gigantes, que se movem por causa da simbiose da energia vital do piloto e da sua concubina. As mulheres morrem em quase todos os combates, dado que a sua energia é totalmente consumida em batalha. A maior honra para uma jovem é servir e morrer pelo seu país. 

A irmã de Zetian foi uma delas: uma das concubinas mortas. E Zetian - a nossa heroína - só pensa na vingança e em como a alcançar. Oferece-se como voluntária e nos testes é eleita como consorte de Yang Guang, o piloto-estrela, o homem que matou a irmã... 

Durante a batalha, há uma reviravolta inesperada, e Zetian recebe o título de Viúva de Ferro. Mas as suas atitudes, levam a que seja emparelhada com o mais volátil dos pilotos. Um criminoso que matou a família, de seu nome Li Shimin. 

A parceria dos dois é, no mínimo, inesperada e bem sucedida, mas, a sociedade chinesa não está preparada para que as mulheres se imponham, nem mesmo em circunstâncias especiais como aquelas que se vivem naquele momento. 

A narrativa é interessante e a mistura entre elementos da própria História da China com elementos de ficção científica está muito bem conseguida (Zetian, por exemplo, aqui é uma jovem de uma família humilde, mas, na realidade, foi a 1.ª Imperatriz chinesa).  Entreteve-me e fez com que quisesse chegar ao fim da leitura, mas, de tempos a tempos, sentia que aquele livro não era para mim. É um young-adult, mais "young" e menos "adult" para meu gosto. Pareceu-me que certos momentos podiam ter ido um pouco mais além, terem sido mais e melhor explorados, mas que ficou um pouco pela rama. Isto não quer dizer que não vá ler a continuação; talvez haja algumas respostas no 2.º volume, que, se espera, para março de 2023. 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Lido: Britt-Marie esteve aqui, de Fredrik Backman

Depois de Ove, Fredrik Backman "oferece-nos" Britt-Marie. Britt-Marie é uma mulher de meia idade que acaba de se separar do marido, Kent. Casada há décadas, descobre que o marido a trai, e resolve deixá-lo. Mas Britt-Marie nunca fez nada na vida além de cuidar dos outros, especialmente do marido. Inscreve-se num centro de emprego, e é previsto que espere. 

Mas Britt-Marie não sabe esperar e, todos os dias, telefona para o centro para saber se já apareceu alguma oferta. Até que, poucos dias depois, realmente aparece algo: uma vaga para supervisionar, temporariamente, um centro recreativo de uma vila quase deserta. Está previsto que o centro seja encerrado de forma permanente, daí a poucas semanas, mas até lá, é preciso que alguém continue a zelar pelo seu bom funcionamento. 

Britt-Marie tem várias características muito próprias: não suporta desarrumação, acha que tudo deve ser feito de acordo com as regras e tem a certeza que tudo se limpa com uma boa dose de bicarbonato de sódio. Chegada a Borg, a vila, apercebe-se que se trata de um local de passagem, e que são poucos os residentes que ali se mantém. Só existem dois negócios abertos: uma florista e uma pizzeria, que também funciona como mercearia e estação dos correios (e ocasionalmente, encontra-se um ou outro produto "que cai de camiões"). 

A senhora começa o seu trabalho com uma limpeza profunda ao próprio do centro recreativo, enquanto, vai conhecendo as pessoas que ali vivem (conhece também um ratinho, a quem deixa, todos os dias, um pedaço de chocolate, num pires). Às duas por três, vê-se como responsável de um grupo de crianças que quer participar num torneio de futebol, quando, na verdade, mal sabem dar um chuto numa bola. 

Até que Kent reaparece e pede que Britt regresse a casa. E o mundo que Britt-Marie está a construir ali, naquela vila quase esquecida, sente os alicerces a abanar. 

Fredrik Backman tem o condão de tornar histórias banais em grandes narrativas. A vida de Britt-Marie é banal, tal como era a de Ove, mas, de repente, tudo se transforma, e pessoas perfeitamente banais, podem ser os heróis de alguém. E Britt-Marie é a heroína de muitos. Eu, pessoalmente, já gostava dela à 5.ª página lida. E sabia que algo de muito especial ia ali acontecer. O quê e como eram as minhas dúvidas. Eu ia sugerir este livro a quem gosta de "leituras leves", mas apercebi-me que, no fundo, Britt-Marie esteve aqui não é só um livro leve. Tem outras reflexões muito interessantes: o trabalho de equipa, a superação, o amor e a amizade, mas também a soberania do dinheiro, a família, o envelhecimento... Fredrik Backman trata de assuntos sérios com uma leveza que não é fácil de replicar, e ataca "com tudo" neste livro maravilhoso que aquece corações.  

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Lido: Lugar Nenhum, de Neil Gaiman

Há umas semanas (hahahaha... quase vos enganava, foi há 3 meses)... comprei o livro "Lugar Nenhum" de Neil Gaiman. Já temos alguns livros dele, e este ainda não. Edição Saída de Emergência, com data de fevereiro de 2022... dizia ainda que se tratava de uma edição atualizada, com uma introdução e um conto inédito de Gaiman. Na minha mente só pensava numa "win-win situation". Comecei a ler, mas tudo me soava a familiar. Mas como, senhores, se nunca tal livro me havia passado pelas mãos? Explicarei mais à frente...

Richard Mayhew, um jovem executivo, preparava-se para ir jantar com a noiva, Jessica, e com o patrão desta, uma importante figura londrina, que a jovem quer impressionar. Quase a chegar ao restaurante, literalmente, cai aos pés de Richard uma outra jovem, bastante ferida. Richard, para grande descontentamento de Jessica, escusa-se ao jantar, para ajudar a ferida. Volta para casa e cuida dela. Na manhã seguinte, a jovem, que se chama Door, pede a Richard que entregue um recado a um determinado Marquês de Carabas, para que a ajude a fugir. Richard acede, e quando dá por si, foi envolvido pela Londres de Baixo, um território de criaturas e personagens excêntricas e, no mínimo, caricatas. Na "sua" Londres, é como se nunca tivesse existido. A noiva ao vê-lo não o reconhece, o melhor amigo, idem... o seu apartamento foi alugado, e Richard tem de descobrir como recuperar a sua realidade. 

Dizia eu, mais acima, que tudo me soava familiar. Em 2015, li, creio que em versão ebook, o romance Neverwhere. Na altura, apenas coloquei online (aqui no blogue), a sinopse, retirada da Wikipédia. Pois... errrr... a verdade é que não me lembrava de absolutamente nada do enredo, e o que me fez "clique" foi o nome do Marquês de Carabas. 

Para mim, foi ler uma novíssima história de Neil Gaiman. Atenção: não me estou a queixar!! Ler Gaiman é sempre um bom investimento de tempo. A vida de leitor é assim mesmo: depois de umas quantas centenas de livros lidos, quando damos por nós, encontramos um excitante livro que, findas as contas, já tinha sido lido anos antes. Em minha defesa, o Henrique tinha pouco mais de 2 anos, e eram já 2 anos sem dormir em condições; a minha sanidade mental da altura é, francamente, discutível. 

O livro é sem falhas, mais um excelente exemplar da escrita do britânico. Há magia, criaturas, personagens misteriosas, perigo, excitação, momentos de reflexão, momentos de humor... tudo o que Gaiman já nos habituou. Talvez, há 7 anos, não tivesse lido com o mesmo espírito com que o li agora - como disse, o Henrique era ainda muito pequeno, e não dormia uma noite completa. Aliás, se for rever os títulos lidos naqueles dias, deverão ser muito poucos aqueles que me lembro.

domingo, 21 de agosto de 2022

Verões Felizes, de Zidrou e Jordi Lafebre

Eis o novo episódio da saga "vou finalmente ter o blogue atualizado... quiçá...!!!". 

A coleção franco-belga de BD Verões Felizes é maravilhosa. Nada mais é do que um conjunto de histórias das férias da família Faldérault, ao longo dos anos, que, chegando o Verão, embarca na sua carrinha Renault 4L (a Menina Estérel, e ela própria uma personagem destas aventuras e desventuras), rumo ao Sul, para uns merecidos dias junto ao mar. 

O grafismo é incrível (o desenho, as cores, a fluidez entre as vinhetas...), as histórias são lindas, emocionantes (sem serem lamechas!) e nostálgicas. O que é mágico em todas estas histórias é que existe sempre qualquer coisinha que nos faz ligar de forma permanente a cada uma das personagens, desde o "laissez faire" de um até à personalidade mais tímida de outro. Há para todos os gostos. 

Ao ler cada história (podem ler-se saltitadas que não há problema absolutamente nenhum!!!), o meu coração batia forte a cada página virada, uma lagrimita escorria, mas logo a seguir uma gargalhada se soltava. 

Não sou "especialista" em banda desenhada, mas fico mesmo muito contente por ter tido a hipótese de comprar e de ter comigo estes livros. Não creio que se possam recomendar a um público A, B ou C. Verões Felizes é para todos! Seja para ler agora, enquanto o Verão ainda cá anda, ou no Inverno quando precisamos de um bocadinho de sol num domingo à tarde chuvoso. Deixem-se levar pelos Faldérault rumo ao Sul.

domingo, 7 de agosto de 2022

Lido: Cadernos da Água, de João Reis

Um dos livros mais espetaculares que li, nos últimos meses, foi o Cadernos da Água, de João Reis. Não me canso de elogiar este autor: é inteligente, escreve bem, as histórias que cria são muito originais... etc etc etc... já li vários livros dele e que ele tenha mãozinhas para continuar a escrever, porque eu irei continuar a comprar tudo o que ele publique. 

Cadernos da Água é diferente de tudo o que o João já escreveu. Já foi uma criança que procura uma cura para a avó, já foi um tradutor sem nome que passa dificuldades, já foi um escritor na Coreia do Sul em busca de inspiração... e agora apresenta-nos um livro distópico. 

Um aparte, antes da review propriamente dia:
Estamos, nós sociedade, a passar por um momento que é muito pouco recomendável. O passado mês de julho - a semana passada, portanto, foi o mais quente dos últimos 92 anos. Houve localidades portuguesas a atingir valores de 47 graus. E este pode, perfeitamente, ser um cenário que vai repetir frequentemente nos próximos anos. O aquecimento global não é ficção. E o livro que o João Reis nos apresenta, apesar de distópico, tem momentos que me fizeram arrepiar, por serem tão plausíveis. 

A ação passa-se num futuro não muito longínquo. Portugal, enquanto País, já não existe. As Guerras Meridionais são uma realidade, e além da falta de água, a nível global, existe também um vírus altamente contagioso e mortal. Grupos paramilitares fazem o que bem lhes apetece. 

Vários refugiados portugueses encontram-se num país escandinavo, com grupos de outros países. As condições são dificílimas. O livro segue várias vozes, mas a mais "audível" é a de uma mãe, Sara, e da sua filha, Mariana. Ela consegue arranjar forma de escrever várias missivas ao marido que está afastado da família, na esperança que, um dia, ele consiga ler estes escritos. Nestas descrições ela fala das dificuldades sentidas no centro/campo de refugiados e da forma como são (des)tratados. 

A intervalos, surgem-nos momentos de Emanuel, marido de Sara e pai de Mariana. Sabemos que ele foi forçado a trabalhar com um grupo armado e "vemos" as situações a que é submetido. 

Surgem-nos também "recortes" de jornais, com notícias da guerra e da pandemia, circulares ministeriais, informações e instruções dos centros/campos de refugiados... toda uma panóplia de "peças-chave" que permitem ao leitor construir a narrativa, quase como um puzzle. 

É um livro que nos deixa, no mínimo, angustiados, porque nos faz sentir aquilo que aquelas personagens sentem. Este livro é um alerta, uma chamada de atenção para os problemas reais a que muitos fazem "orelhas moucas"; como se estas coisas "comezinhas" fossem apenas um ligeiro obstáculo, um incidentezinho num plano maior... 

Os cientistas são sonegados, pessoas como Greta Thunberg foram ridicularizadas - e, nós, cá vamos andando, felizes.