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domingo, 24 de janeiro de 2021

Lido: Saga - volume 7, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples

 Não vou fazer resumo deste livro. Trata-se de uma série de vários livros, e não faz sentido estar a analisar volume a volume. Mas... raios... fartei-me de chorar. 

Deixo apenas estas duas imagens com o pensamento mais certeiro que já li ultimamente... 




sábado, 23 de janeiro de 2021

Lido: O imenso adeus, de Raymond Chandler

Uma pequena eternidade. O imenso adeus - Coleção Vampiro - já vivia nestas estantes há uma pequena eternidade. 

Trata-se de um daqueles policiais noir, protagonizados por um detetive mal-humorado, mas de fortes convicções e um código de conduta (e de valores) inabalável. Este livro foi publicado em 1953, e Chandler considerou-o o seu melhor livro.

O protagonista é Philip Marlowe, que acaba de conhecer Terry Lennox. Lennox estava à porta de um clube noturno, completamente embriagado, e é deixado sem boleia pela riquíssima ex-mulher. Depois deste primeiro episódio, os dois homens estabelecem algo semelhante a uma amizade, até que, numa madrugada, Lennox aparece em casa de Marlowe e pede-lhe que o leve, com urgência para o México. De volta, Marlowe descobre que a ex-mulher de Lennox - e com quem ele voltou a casar - apareceu morta.

Marlowe por ser associado a Lennox é detido para interrogatório, até que confesse o seu "papel" no homicídio da milionária. 

Quando é solto, Marlowe é informado que Lennox foi encontrado morto, num hotel, num qualquer lugar remoto do México. A causa de morte é suícidio. Entretanto, o detetive recebe uma misteriosa carta de Lennox - presumivelmente as suas últimas palavras, antes do suícidio - acompanhada de 5 mil dólares. Nada parece fazer sentido, mas com Lennox morto, a história conhece o seu fim. 

Marlowe é contactado pelo editor Howard Spencer que lhe pede que acompanhe o caso de um dos seus escritores, Roger Wade, que tem sérios problemas de bebida e de violência. Marlowe recusa, até ser contactado pela sedutora mulher de Wade que, em desespero, diz que o marido desapareceu há dias. É aqui que o nosso protagonista acede a trabalhar neste caso. 

E são estes os ingredientes para um livro envolvente. De que forma e onde é que estes dois casos se irão cruzar? Porque vão, isso vos garanto. 

Aquela polidez dos detetives certinhos e sexys não existe aqui. Marlowe bebe, fuma, é cáustico e com mau feitio. É o típico detetive que vimos em filmes a preto e branco do século passado. Aliás, "Marlowe foi interpretado no cinema pelos atores Humphrey Bogart, Robert Montgomery, George Montgomery, Robert Mitchum, Dick Powell, Elliot Gould, Danny Glover, James Garner e James Caan" (Wikipédia). Só nomes da Golden Era de Hollywood. 

Claro que não poderia faltar a "femme fatale", neste caso, a esposa de Roger Wade, Eileen. Bonita (do género estonteante), elegante, sedutora, manipuladora... 

Foi uma leitura fantástica. Adoro o género, a escrita, as personagens... e super-recomendo esta leitura para quem quer desanuviar de outras mais pesadas. 

Lido: The Promised Neverland, vol. 3, de Kaiu Shirai (argumento) e Posuka Demizu (desenho)

Não vou fazer desenvolvimentos acerca deste mangá. A história é, aparentemente, simples. Somos apresentados a várias crianças que estão num orfanato, gerido pela "Mãe", uma mulher carinhosa e amorosa e a única referência maternal na vida daqueles órfãos. 

Até que Emma, Norman e Ray - os três mais velhos - descobrem algo aterrador que vai alterar profundamente toda a estrutura segura da casa. Neste volume, estão a conseguir contornar algunas obstáculos para concretizarem a fuga. 

Esta série está a ser publicada em português, e apresenta-se de trás para a frente, ao estilo japonês. Às vezes, ainda me confundo um pouco no sentido da leitura das vinhetas, mas é algo que ao fim de algum tempo nos habituamos. 

O desenho é muito bom, e o argumento é uma preciosidade. 



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Lido: O Herói das Eras - parte 2, de Brandon Sanderson

Primeiro livro de 2021 foi a 2.ª parte do último livro da saga Mistborn, de Brandon Sanderson. Q-U-E M-A-R-A-V-I-L-H-A!!! Terminou de forma totalmente inesperada.

O cansaço de dezembro tem-se estendido, e chego ao fim do dia de rastos. Demorei uma semana a terminar, porque, apesar da minha hora preferencial para ler ser à noite, depois do Henrique estar na cama, tenho caído para o lado; mas este livro - aliás, toda a saga, é excecional! 

Muito resumidamente, porque se trata de uma trilogia: Kelsier, um afamado ladrão, reuniu um grupo de alomantes, pessoas capazes de queimar metais, e assim, optimizar os seus sentidos, com o objetivo de derrubar o Senhor Soberano, o líder do Império Final, há mais de 1000 anos, num misto de reino de terror e fé cega. Nesse grupo, estava Vin, uma adolescente, cujos poderes excecionais foram despertados e treinados por Kelsier.

Depois de derrubado o Senhor Soberano, Vin tenta descobrir mais sobre a fonte do poder do Senhor Soberano. Luthadel, a cidade-capital do Império, é governada por Elend Venture, o namorado de Vin. Mas este território (e o poder) é demasiado "apetitoso", e são vários aqueles que o tentam conquistar, entre os quais o pai de Elend, um nobre muito ambicioso que não olha a meios para atingir os seus fins, mesmo que esse fim seja eliminar o próprio filho.

Elend e Vin tentam descobrir segredos que o Senhor Soberano deixou espalhados, um pouco por todo o Império, para o caso de algo lhe suceder. Um poder maior do que Vin conseguiria supor foi libertado, e é necessário contê-lo e derrotá-lo a todo o custo. Mas como? Esta última parte vai responder a todas as perguntas que Vin, Elend e o grupo se fizeram durante toda a sua vida. E finalmente vamos saber como parar as cinzas de cair sobre as terras do Império. 

Uma saga de fantasia extremamente bem escrita. Acho que depois de Game of Thrones (George R.R. Martin, estou a olhar para ti...), ainda não tinha lido uma série que me entusiasmasse tanto, do princípio ao fim... talvez haja um empate com a trilogia Sevenwaters de Juliet Marillier, mas estamos a falar de fantasias diferentes. Enquanto que este "joga" com política e religião, e com poderes e dons adquiridos, Marillier é mais a fantasia mágica, mística que se alcança com sacrifícios. 

(sndo também a ler o The Witcher, mas ainda não acabou de ser publicada, e há um livro ou outro que não gosto tanto como dos restantes)

Houve ali um tempo, depois do Henrique nascer em que li pouquíssimo. Um ou dois anos perfeitamente perdidos. Depois, tive uma fase em que a maioria dos livros que lia eram policiais/thrillers. Até que, um dia, cansei-me de ler sempre o mesmo género e comecei a sair da minha zona de conforto. E talvez, apenas em meados de 2018, comecei a ler fantasia, distopias, ficção científica, e outros géneros. 

Agora, sinto-me ligeiramente "orfã" de fantasia... 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Lido: A Filha do Papa, de Luís Miguel Rocha

E eis-me chegada quase ao fim do mês de janeiro, e ainda a publicar as leituras de 2020. A Filha do Papa foi uma compra que fiz, julgo que, antes do primeiro confinamento em março do ano passado. Estava nas estantes desde então. E foi a minha última leitura deste 2020 de má memória. 

Desde autor - falecido em março de 2015 - tinha lido, em 2011, A Bala Santa e A Virgem. Não me recordo de ler o primeiro, confesso. O segundo, A Virgem, emprestei-o (julgo que, à minha mãe), e os dois devem estar na casa de família. Encaixotados. Algures. Posto isto, não me vou alongar em grandes considerações sobre as leituras anteriores, dado que foram quase há uma década. 

Dizia eu que A Filha do Papa estava já há uns mesitos cá por casa, e ainda não havia chegado o seu dia. Contudo, na mais recente edição das Estações Literárias - Inverno, uma das categorias é "Livro cujo tema principal é a família" - e, bem, é, literalmente, o título do livro. 

O livro gira inteiramente à volta de uma história antiga o que envolve o Papa Pio XII. Mas vamos por partes. Temos um jornalista americano que descobre irregularidades nas contas do Banco do Vaticano. Temos o rapto de Niklas, um jovem padre, e o assassinato do seu mentor. O pedido de resgate é deixado escrito num post-it. Depois destes dois primeiros eventos, outras personagens vão sendo assassinadas. E temos ainda o arco que envolve a rejeição da beatificação de Pio XII - seria devido ao suposto anti-semitismo, ou existe alguma outra razão obscura? O nome do livro já fornece pistas, mas o encadeamento dos arcos da narrativa vão muito além. 

Este livro, no fundo, aponta o dedo a alguns assuntos de fundo que são tabu: as relações amorosas (e consequentes filhos) dos padres, apesar dos votos, e os destinos do dinheiro do Banco do Vaticano. Temas que levantam polémica e quase nunca são abordados. 

Pelo facto de não conhecer em profundidade os escritos de Luís Miguel Rocha, "apanhei" a personagem Rafael, um agente da Santa Sé, com um desenvolvimeno fenomenal, a par da personagem Sarah, que gostaria muito de conhecer. 

A escrita é muito cuidada. Gostei bastante da forma como o autor abordou cada um destes temas e a forma como a história foi num crescendo até à última página. Lá pelo meio, poderá ter havido cenas mais paradas, mas, no geral, é um livro com bastante ação, mas rigoroso e consistente. Também gostei da descrição das personagens, e as suas motivações para cada ação. 

Em dezembro, andava extremamente cansada, e tinha a sensação de ter demorado imenso tempo a ler este livro, mas, ao fim e ao cabo, foram apenas 4 dias de leitura (é a vantagem de ter sempre "em dia" os registos do Goodreads), o que é um bom sinal. 

É um livro que deverá ser lido, sem dúvida. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Lido: Chocolate, de Joanne Harris

Tal como a maioria das adolescentes dos anos 90, vi o filme "Chocolate", com Johnny Depp e Juliette Binoche. Tinha 17 anos, em 2000, altura em que o filme saiu, e aquilo que vi, era um filme de amor quase perfeito. E depois disso, já o devo ter visto mais meia dúzia de vezes, e cada vez, mostra-me uma parte, um segmento, uma conversa ou uma simples linha de diálogo que não me tinha apercebido anteriormente. 

Para a maratona Estações Literárias, era pedido que lêssemos um livro em que a comida fosse a protagonista. E, não sei porquê, imediatamente, lembrei-me do livro que deu origem a este filme. E não me senti minimamente defraudada.

Vianne, acompanhada da filha Anouk, chega a uma pequena aldeia, por alturas do Carnaval. E é aí que decide assentar (mesmo que por pouco tempo), e abrir uma chocolateria. Todos os dias, dedica-se à sua confeção, e a sua montra é uma verdadeira tentação. 

Para quem não é religioso, resta-me dar uma pequena explicação: após o Carnaval, dá-se início à Caminhada da Quaresma, que termina no Domingo de Páscoa. Pede a Igreja que durante esses 40 dias, os cristão façam jejum e se abstenham de tentações. 

Abrir uma loja de chocolates, em frente à Igreja da aldeia, durante a Quaresma é, portanto, uma afronta ao padre local que tudo faz para afastar (e sabotar) a misteriosa Vianne que, por todos os meios, vai conhecendo e ajudando aquela comunidade que se rege, em grande parte, pela lei da Igreja. ,

E a figura tão constante do chocolate, a sensualidade do chocolate, a doçura do chocolate - que também pode ser amargo, a tentação do chocolate que irá manifestar-se um bocadinho em cada pessoa daquela aldeia. E a própria Vianne, tão livre de amarras, sempre tão feliz e solícita, solteira com uma filha é um alvo a abater daqueles que zelam pela moral e bons costumes. 

É um livro delicioso. Foi a minha estreia a ler Joanne Harris e adorei conhecer a versão literária de um filme que me apaixonou na adolescência.  

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Lido: O Natal de Poirot, de Agatha Christie

Para o clube de leitura a que pertenço, li O Natal de Poirot, ainda durante o mês de dezembro. O tema era "Natal" como seria de esperar. E encontrei este título de Agatha Christie que ainda não tinha lido. Li-o de "uma penada" até porque não é muito extenso. 


Estamos nas vésperas do Natal, e o multimilionário Simeon Lee convida todos os membros de sua família para passarem esta época natalícia em sua propriedade.

O convite é visto com desconfiança por vários deles, até porque Simeon nunca deu provas de que se importasse com eles. Entre os convidados estão Harry, a ovelha negra da família, e Pilar, uma neta que ninguém conhecia. Os objetivos para esta reunião não são claros, e todos se sentem como peças num jogo promovido por Simeon. Chega também à propriedade o filho de um antigo sócio do velho Simeon, que o acolhe de braços abertos.

Na véspera de Natal, ouve-se um barulho anormal de gritos e móveis a serem arrastados, e Simeon é encontrado morto. A porta estava fechada por dentro. Todos os presentes tinham um qualquer motivo para odiar o patriarca. Quem terá sido? Poirot, que se encontrava nas proximidades, é convidado a investigar este crime, focando-se, particularmente, no caráter e na natureza vingativa do falecido. 

O Natal de Poirot é um clássico de Christie, em que apenas no final sabemos quem é o verdadeiro culpado. As pistas estão lá, e como sempre, no final, tive aquela sensação de "Pois, claro... faz sentido!".  Não é uma das melhores histórias do detetive belga, mas não desilude.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Lido: A redoma de vidro, de Sylvia Plath

Nunca tanto como agora se falou de saúde mental. No dia em que escrevo este texto, saiu um estudo promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental que concluiu que mais de um terço da população e quase metade dos profissionais de saúde inquiridos manifestaram sinais de sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão ou stress pós-traumático, com especial incidência naqueles que tratam doentes Covid-19. 

Mas, os problemas da mente são mais antigos do que o coronavírus. O livro que li A redoma de vidro (PT-BR)/A campânula de vidro (PT-PT) de Sylvia Plath versa exatamente sobre esta temática. Nunca havia lido esta autora e deparei-me com ela quando procurava uma obra sobre saúde mental - um dos desafios da maratona Estações Literárias. 

Seguimos Esther, uma jovem de Boston que se encontra em Nova Iorque num estágio numa revista feminina. Assistimos ao trabalho que desenvolve, bem como à intensa vida social que mantém com as outras estagiárias, nas noites nova-iorquinas. 

Até que o Verão acaba, e Esther volta para casa. A bolsa de estudos para a qual se candidatou e Esther vê-se, de repente, sem planos e sem perspetivas. Daí até à manifestação de comportamentos depressivos vai um pulinho e Esther dá entrada numa clínica, onde, diariamente convive com outras pessoas com patologias semelhantes. 

A forma como o livro está escrito é de tal forma intimista que parece que estamos a ler o diário da autora. E a verdade é que após esta leitura, em pesquisas, descobri que é uma obra quase autobiográfica, baseada em acontecimentos do verão de 1953 quando Sylvia Plath foi, efetivamente, internada numa clínica psiquiátrica, depois de uma tentativa de suícido. 

Mas, é muito mais que isso. Este livro fala sobre a condição feminina, as escolhas que se fazem ao longo da vida e que definem a Mulher: o (não) querer ser mãe, o dar prioridade à carreira, a liberdade sexual, a abstinência, o abuso sexual, etc...

É um livro que nos apresenta a doença mental sem paninhos quentes. Fala sem "mimimis" de suícido e de choques elétricos como terapêutica. É quase cruel. Dei por mim, às vezes, a querer tapar os olhos, mas sem conseguir largar o texto. Muito interessante e recomendável a 100%. 

Sylvia Plath suicidou-se, aos 30 anos, em 1963, pouco tempo depois de se ter queixado que os seus episódios de depressão estavam a piorar. Plath debatia-se com insónias severas, excesso de medicação, pensamentos suicidas, agitação e considerável perda de peso. Nicholas Hughes, o filho mais novo de Sylvia Plath, suicidou-se, em 2009, aos 47 anos. Também sofria de depressão. 

domingo, 10 de janeiro de 2021

Lido: O Senado, de Luís Corredoura

Quero deixar claro que todas as leituras que tenho feito têm estado inseridas nos vários projetos e maratonas que circulam pela comunidade de leitores portuguesa - seja a maratona das Estações Literárias, sejam os projetos Português é Bom! ou Luz de Outono. Não tenho estado a deixar essa indicação nos postas - erro meu, assumo! - mas todas as leituras têm essa lógica. 

Deixando esse apontamento, vamos ao senhor que se segue. Luís Corredoura é licenciado em Arquitetura e Mestre em Recuperação do Património Arquitetónico e Paisagístico. Entrevistei-o há uns anos para o Correio de Sintra, dado que ele é natural do concelho. Na altura, lembro-me que fiquei bastante interessada nos livros por se tratarem de históricos - e eu pelo-me por um bom romance histórico!

Há umas semanas, comprei em 2.ª mão num grupo do Facebook, o seu livro "O Senado". A história começa com António, um conceituado jornalista de investigação, a ser contactado por uma misteriosa mulher que diz ter revelações surpreendentes (e bombásticas!) sobre uma organização secreta. Uma organização internacional cujo poderio será superior à própria Maçonaria. 

António, um pouco desconfiado, aceita encontra-se com esta mulher que toma mil e um cuidados para ter a certeza que não é seguida. Com o tempo, os encontros - nos lugares mais extraordinários - a mulher vai fazendo as revelações mais impressionantes sobre o obscuro Senado, cujos tentáculos estão em todas as áreas de qualquer sociedade desde há séculos, expondo uma conspiração à escala global. 

Não sei se é de mim, que ando mais picuinhas, ou o livro podia ter, na boa, menos 50 páginas, que se tornaria substancialmente mais interessante. É um livro de conspirações e espionagem internacional - o que, só por si, já seria apelativo o suficiente para mim. Mas as explicações... matavam-me a paciência!!! 

Judite, assim se chamava a mulher, descorria (em páginas inteiras) factos, datas, nomes quase desde a Antiguidade, para contextualizar os meandros da influência do Senado. É praticamente impossível alguém se lembrar de tanta quantidade de informação. E, mais uma vez, este livro tem o mesmo problema do livro do José Rodrigues dos Santos: os diálogos anti-naturais e pouco coloquiais. 

Mais uma vez, se os diálogos fossem simplificados, se a quantidade de informação que não serve para nada... o livro poderia ter menos 50 ou 60 páginas e era mais empolgante, porque, naturalmente, fazia sobressair as partes com mais ação, conferindo um ritmo mais entusiasmante à narrativa, já que o arco principal é interessante o suficiente para prender o leitor. 

sábado, 9 de janeiro de 2021

Lido: Segredo Oculto em Águas Turvas, de Mons Kallentoft

Há algum tempo que não lia um policial escandinavo. É preciso recuar a março do ano passado para encontrar um thriller dinamarquês.

E um dos problemas de deixar para depois a escrita dos textos no blogue é que se corre o risco de me esquecer de grande parte da história... um grande "ups!!" para mim!. 

Vamos ao que me lembro: um advogado é encontrado morto - por afogamento - no fosso do castelo que, recentemente, adquirira a uma família aristocrática da região, mas que se debatia com enormes problemas financeiros. Serão eles, portanto, os principais suspeitos deste homícidio e cabe a Malin Fors, em grande parte, a condução da investigação. 

Mas, Malin, devido a acontecimentos que tiveram palco no volume anterior, refugiou-se no álcool, e relação que havia retomado com o ex-marido é, de forma definitiva, terminada. A relação com a filha adolescente também já viu melhores dias, muito devido a este problema. 

Portanto, ao mesmo tempo que investiga um caso que é necessário lidar com pinças, Malin tem também que lidar com os seus próprios demónios. 

Dei 4 estrelas a este livro. Houve momentos da ação que dava por mim quase a desistir da leitura, devido à forma como a inspetora agia. É opção do autor criar uma personagem com um drama para lhe dar profundidade e assim prender o leitor. A mim, só me irritava. Como é possível que alguém claramente com problemas podia estar à frente de uma investigação? Como é possível que os superiores tivessem quase medo de a melindrar se falassem com ela sobre o alcoolismo... um problema que se notava a léguas de distância? Já para não falar do mau feitio e do comportamento errático... enfim, valeu essencialmente pelo crime.

Em 2017, havia lido "Sangue Vermelho em Campo de Neve" do mesmo autor e que abre a saga da inspetora Malin. Podem ler a opinião aqui. Os títulos desta série são: 

- Sangue Vermelho em Campo de Neve

- Anjos Perdidos em Terra Queimada

- Segredo Oculto em Águas Turvas

- Flores Caídas no Jardim do Mal

- A Quinta Estação

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Lido: A Filha do Capitão, de José Rodrigues dos Santos

 Natal e seus preparativos, confinamento, maratonas de leitura para cumprir os objetivos que me propus... podia estar aqui todo o dia a enumerar as razões pelas quais não escrevo neste espaço há uma enormidade de tempo, mas não o farei. 

As leituras - calha bem - podem e devem ser intemporais. E creio que o mais importante é o resultado dessas leituras, e que, ocasionalmente, vou aqui debitando. A ideia passa por atualizar os livros que li até ao final de 2020. 

Uma semana inteira de opiniões e resumos (sem spoilers dentro do possível)... uau!! conseguem acreditar na vossa sorte?! 

Mãos à obra, portanto, que se faz tarde! O meu último post foi sobre O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago. Mas antes de ter começado a ler a obra do nosso Nobel da Literatura, tinha iniciado um livro de José Rodrigues dos Santos: A Filha do Capitão. Um calhamação com 600 e tal páginas que me levou uma eternidade a ler. 

Nestes livros mais históricos, quando JRS começa a divagar, o meu ritmo de leitura tende a baixar. Gostei do arco principal da história, gostei das descrições do ambiente, odiei quando o autor enveredava por diálogos forçadíssimos cheios de referências políticas e filosóficas que - aposto - passaram ao lado da maioria dos seus leitores. E fez isto "n" vezes ao longo do livro. Razão pela qual demorei mais de um mês a terminar. 

José Rodrigues dos Santos, genericamente, já li uns quantos livros seus. Não é o meu autor favorito, mas gosto dos seus históricos (aqueles que não envolvem o clone do protagonista dos livros do Dan Brown). Já li os livros do Gulbenkian e gostei muito. Comecei a ler a trilogia Lótus e estava a gostar... entre outros!

O nosso protagonista, Afonso, nasceu num meio pobre. O seu destino estava traçado, mas teve uma (feliz) oportunidade para continuar os estudo, que agarrou com regozijo. Mais tarde, começa a trabalhar numa empresa da terra e apaixona-se por Carolina, a filha da patroa, que apesar de gostar de Afonso não vê com bons olhos a relação de ambos. 

Numa manobra meio obscura, consegue que Afonso vá para o seminário, onde permaceceu até aos 17/18 anos. Nessa altura, ficou claro para todos que Afonso não estava destinado a servir a Igreja e é convidado a deixar o seminário. Volta para a terra, e a ex-patroa volta a mexer os cordelinhos, e envia-o para a Escola Militar para que Afonso tenha formação adequada e trabalho.

Simultaneamente, seguimos a história de Agnès, uma jovem francesa de uma família com posses, e que segue uma formação universitária na área da saúde. 

E é aqui que verdadeiramente começa a história. Entretanto despoleta a 1.ª Grande Guerra Mundial, e a Europa está sob fogo. Em Portugal, a situação política é instável e as forças armadas estão debaixo de olho. Afonso é convocado para integrar o Corpo Expedicionário Português (CEP), a principal força militar portuguesa, enviada para França para conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda dos territórios ultramarinos.

Na condição de oficial, Afonso conhece Agnès e nasce um grande amor. Pelo nome do livro, já devem ver onde é que isto vai dar, certo?

A parte boa do livro é, sem dúvida, ter adquirido mais conhecimento acerca do próprio CEP e da sua participação na 1.ª Guerra Mundial. 

As opiniões sobre os livros valem o que valem. Já li opiniões maravilhosas sobre este livro. Para mim, foi só um livro OK. Lê-se, mas há parágrafos inteiros - normalmente tratam-se de diálogos - que poderiam ser eliminados, porque não acrescentam rigorosamente nada ao arco principal da narrativa. São diálogos de natureza política, filosófica ou religiosa que demonstram a intelectualidade do protagonista, mas que, em termos práticos, não têm influência na história.