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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Lido: Longa pétala de mar, de Isabel Allende

(ó para mim, tão atinadinha, a escrever imediatamente após ler o livro - e não acumular meses de leitura sem botar aqui uma letra)

Já conto com a minha quota parte de livros de Isabel Allende. Aquilo que me vem sempre à cabeça quando se trata de Allende é "não é a minha autora favorita, mas...", já li tantos vários livros dela, que é melhor repensar na minha vidinha. 

Nos últimos 4 anos, este foi o 4.º livro que li dela, sem contar com todos os anteriores que a minha mãe comprava e que estão encaixotados... algures. 

Conhecemos Víctor Dalmau, durante a Guerra Civil Espanhola, na década de 30. O rapaz chama a atenção aos seus superiores, depois de ter, literalmente, pegado no coração de um homem, e o ter ressuscitado quando já o davam como morto. Víctor não tem qualquer partido, e descende, inclusivamente, de uma família de gente apartidária. O pai é músico e a mãe professora. Existe ainda um irmão, Guillem, e Roser, uma jovem que havia sido acolhida pelos pais. 

Roser e Guillem apaixonam-se, e a jovem acaba por engravidar. Guillem morre em combate.

A vitória iminente dos franquistas faz com que os Dalmau procurem fugir de Barcelona. O pai morrera, Guillem estava incontactável (também já tinha morrido, embora a família ainda não soubesse); sobravam Carme e uma grávida Roser. Com a ajuda de um amigo, Roser consegue chegar a França, enquanto que Carme desiste pelo caminho e disse preferir morrer na sua pátria. Mais tarde, Víctor reúne-se com Roser, e casam-se, para facilitar o embarque no Winnipeg, um navio chileno, fretado pelo poeta Pablo Neruda, que iria transportar refugiados espanhóis para o Chile, para aí reconstruírem as suas vidas. O casamento que seria apenas de conveniência, acaba por durar cinco décadas. 

Pelo meio, Isabel Allende descreve todos os acontecimentos sociais e políticos que assolaram Espanha e o Chile ao longo de quase todo o século XX, ao mesmo tempo que vamos acompanhando os nossos protagonistas. 

A escrita de Allende é, como sempre, imaculada e cativante. Roser pertence àquela classe de mulheres resilientes e fortes que Allende costuma retratar nas suas obras, e Víctor é um protagonista com todas as falhas e defeitos, e virtudes, como qualquer espécime da raça humana. Allende não coloca aqui aqueles pózinhos de fantasia, como vimos, por exemplo, n'A Casa dos Espíritos, e oferece-nos uma visão - de bancada - da história do seu próprio país. 

Foi um livro que gostei muito de ler, mas, no final, não me senti tão maravilhada como em outras obras dela. Na tentativa de atar todas as pontas dos arcos narrativos e fechar definitivamente a história, Allende apressou um bocadinho as coisas, e pareceu-me que a introdução de certas personagens, metidas à força, não fez tão bem como parecia à primeira vista. Mas, atenção, isso não estragou a experiência da leitura, mas em vez de 5 estrelas, dei 4- (ali a resvalar para as 3,9, vá, se isso nos fosse possível!). 

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