Páginas

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Lido: Ensina-me a voar sobre os telhados, de João Tordo

 Mais uma obra lida durante o mês de agosto, para os projetos em que estava envolvida naquela altura: Português é Bom, Mais Verão e maratona Estações Literárias. 

Uma das coisas boas de João Tordo é que um livro, raramente, segue a "receita" de outro. Comecei por ler O Bom Inverno, que tem uma aura de mistério, passei para O Paraíso segundo Lars D., mais introspetivo, com uma escrita mais madura, e li, em maio passado, "Que nós estamos aqui - 12 Passos para a recuperação", um livro de não ficção da Fundação Francisco Manuel dos Santos, sobre as dependências. 

Seguimos personagens em dois períodos temporais completamente diferentes, em locais completamente diferentes. Primeiro, estamos em Lisboa, nos nossos dias. No Liceu Camões, um professor suicida-se, e um colega decide criar um grupo de apoio, por forma a que professores e funcionários possam fazer o seu luto. 

O outro extremo da ação passa-se 100 anos antes, no Japão, e segue a família Tsukuda. 

Até que estes dois momentos da narrativa, aparentemente desconexos, irão encontrar-se, num preparado que envolve uma história de amor e a prática da levitação. 

Ensina-me a voar sobre os telhados é um livro diferente, melancólico e que não me trouxe grande alegria, enquanto lia. A escrita é irrepreensível, como sempre. Mas o exercício da leitura não é simples devido à complexidade que João Tordo emprestou a cada um dos figurantes desta sua obra, camada após camada. É um texto todo muito trágico do início ao fim: é o alcoólico em recuperação que não consegue amar, é o jovem com depressão, é a empregada que se apaixona pelo patrão sem nunca o ver, é a mãe que perde o filho no mar, é o pai que obriga o filho ao exílio... todo um desfiar de personagens que enriquecem a história, mas que, ao mesmo tempo, obrigam o leitor a criar simpatias. Nunca ninguém disse que ser leitor é simples, mas Tordo não facilitou. 

Vale o que vale, mas dei 4 estrelas a este livro. Li-o numa altura atribulada do meu atípico mês de agosto, mas vou reservar-me ao direito de o guardar (comprei o ebook na Wook), e quiçá, voltar a ele no futuro. 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas

Este rascunho já estava iniciado há semanas, mas, e não me querendo desculpar, estive a braços com umas situações para resolver ainda referentes à mudança de casa, que demoraram mais do que o suposto e me roubavam toda a energia.

Os Três Mosqueteiros iam dando cabo de mim. Não pela história, mas pela formatação do livro. Letras mínimas, espaçamento mais do que reduzido, enfim... um pequeno pesadelo para os meus pobres olhos cansados. Não conseguia ler mais do que meia dúzia de páginas de cada vez, razão pela qual demorei tanto tempo a terminá-lo.

A história é aquela que todos nós conhecemos, e não vale a pena estar com rodeios: seguimos a personagem do jovem D' Artagnan, que pretende ingressar nas fileiras dos Mosqueteiros do Rei Luís XIII. Antes de conseguir ser um Mosqueteiro de pleno direito, o jovem gascão vê-se envolvido numa teia de de intrigas que envolvem o Cardeal Richelieu, Milady e Rochefort, bem como a figura da Rainha Ana de Áustria e o Conde de Buckingham. 

As personagens principais são todas, ou pelo menos, a maioria, inspiradas em figuras históricas de proa, que Dumas romanceou, e que deram origem à trilogia que tem, precisamente, início com este Os Três Mosqueteiros. 

Apesar de haver uma linha condutora - separar o Rei e a Rainha, provando por A + B que ela é uma traidora - o livro é um "conjunto" de aventuras vividas pelos quatro companheiros, até ao final. 

Gostei muito. Apesar de não ter sido uma leitura simples, pelas razões que já apontei, é muito interessante: é um verdadeiro livro de aventuras, de heróis de capa e espada, que colocam a honra e o dever acima de tudo. Os Mosqueteiros são "gentis homens", ou seja, cavalheiros, homens de porte nobre, que vivem para servir, e não deixam nenhuma donzela, ou um semelhante, desemparados. 

E assim é. Desde o princípio ao fim. A honradez de se curvarem perante aqueles que, manifestamente, são seus antagonistas é o que faz, ainda hoje, não se ter esgotado o filão de Os Três Mosqueteiros. 

Já vi várias adaptações ao cinema e séries das famosas aventuras dos Três Mosqueiros, mas é totalmente diferente de ler aquilo que foi idealizado pelo seu autor. Aliás, atrevo-me a dizer que de todas as adaptações, aquela que gostei mais - e que ainda assim, resvala muito em relação ao livro - é a série da BBC, The Musketeers (2014), que está disponível na Netflix. 

É mais um clássico que posso assinalar na minha lista. 
(e sim, eu sei que a capa é horrível, mas a que está debaixo desta ainda é pior... e esta é também a pior adaptação que conheço!!!)


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Lido: O Tempo do Desprezo (The Witcher #4), de Andrzej Sapkowski

Muito se passou desde a última vez que aqui publiquei. Completei o processo de compra de uma nova casa, e depois disso, foi tratar de todas as coisas inerentes à mesma. Por isso, tenho lido significativamente menos. 

Mas comecemos pelo início.

O Tempo do Desprezo é o 4.º volume da saga The Witcher. De todos os que li até este momento, foi o que menos me entusiasmou, e não sei explicar muito bem porquê. Pareceu-me um pouco mais confuso do que os três anteriores. A quantidade de personagens - às vezes, com apenas uma fala - era ridículo e isso talvez tenha contribuído para este meu sentimento. 
Gostei muito do livro, entenda-se, mas não senti a mesma excitação, por exemplo, com o  3.º volume. Pelo menos uma menina do clube de leitura a que pertenço já o leu, adorou e que o considera o melhor até ao momento... 

Não vou desenvolver o enredo, como é claro, até porque não faria sentido para quem aqui caísse agora de para-quedas. Mas, essencialmente, Ciri está a ser procurada. Todas as facções da guerra, procuram a neta da Leoa de Cintra; enquanto isso, Geralt e Yennefer tentam protegê-la a todo o custo, mesmo no meio de uma fantástica batalha entre Magos, uns a soldo dos reis, outros, a favor dos elfos, uns adeptos de Nilfgaard e outros pela facção oposta.

Talvez seja do tempo, ou do cansaço acumulado, a verdade é que o meu ritmo de leitura tem diminuído à medida que as semanas avançam. Isto de mudanças também é exaustivo, e chego KO à noite, a minha hora preferencial para ler. Por outro lado, vi as duas temporadas de "Umbrella Academy" num piscar de olhos. 

Vou atualizando, aqui, o barraco, porque ainda assim, há livrinhos que li e que merecem o seu tempo de antena.

Esta leitura foi feita para a maratona Estações Literárias (da Ana Lopes e da Andreia) - categoria "género preferido" - e para o desafio Mais Verão das Marias Joões - letra "S".