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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Lido: Saga - volume 3, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples

Li Saga, pela 1.ª vez, em agosto. Já tinha ouvido falar maravilhas desta série, e juntei o útil ao agradável, e comprei o 1.º volume para participar no #agostoaoquadrado da Silvéria e do Fernando.

Em setembro, só porque sim, comprei o 2.º volume, na FNAC.

Em outubro, começou o Amadora BD e apesar daquilo que é praticado não serem, nem de longe, preços de feira, trouxe o 3.º volume. E não consigo parar...

Seguimos Alana e Marko, dois soldados de facções adversárias numa guerra intergalática. Os dois acabam por se apaixonar, e Alana engravida e tem uma criança mestiça, e vista como uma aberração, por ambos os lados.
Tal animosidade não podia trazer nada de bom, como é óbvio, e Alana e Marko (e a criança) são perseguidos por todos os lados, e forçados a esconder-se. Este é apenas o plot da história. Só lido! Porque contado não tem metade da graça.

Neste volume, por instantes, esta família quase consegue ter um pouco de sossego, na casa de um aliado, mas acabam por encontrados.

Volume 1

Volume 2

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Lido: A Noiva do Tradutor, de João Reis

Há uns meses, o João Reis cedeu-me o seu último livro, A Avó e a Neve Russa, por coincidência,
pouco antes do meu aniversário... um livrinho maravilhoso que trazia nele todo um conjunto de sentimentos. Ri-me com ele, chorei com ele e emocionei-me. Na altura, disse que queria ler mais de João Reis, e, no dia em que encontrei A Noiva do Tradutor, não mais o larguei.

É um livro pequenino - 128 páginas - que se lê num sopro, no momento em que entramos dentro da mente do nosso protagonista, cujo nome não conhecemos.

Vamos encontrá-lo num elétrico, após ter deixado a noiva embarcar para outro continente. Durante a viagem que faz, o tradutor vai observando tudo o que se passa à sua volta, e ao mesmo tempo, temos acesso aos seus pensamentos mordazes, pois naquele trajeto encontra várias situações que o deixam ainda mais deprimido.

Todas as pessoas com que se cruza são a personificação do egoísmo, da crueldade, e das injustiças que, essas sim, caracterizam a sociedade. Com pouco dinheiro nos bolsos, o nosso tradutor vive numa residencial, com outras pobres criaturas.

Todo o livro, é o relato deste homem, num estado puro de desalento, que, tenta, por todas as vias, vir à tona respirar e encontrar uma solução. Mas o abandono que acaba de sofrer é o grande motor para os revezes.

Se em A Avó e a Neve Russa, temos um protagonista sem nome, aqui passa-se o mesmo, mas com a diferença abismal que, se no 1.º, tínhamos uma criança como narrador, aqui temos um homem, com cerca de 30 anos, com pensamentos mais concretos e menos ingénuos. A crueza dos pensamentos dele (do protagonista), muitas vezes, entram em confronto com o que realmente diz - fazendo dele, também, parte do problema.

A escrita é, substancialmente, diferente do A Avó e a Neve Russa, como é óbvio, e detetei, no estilo, uns laivozinhos de José Saramago: o humor sarcástico e algo subtil, a análise à sociedade, a escrita seguida, sem grandes pausas e parágrafos...

A A Noiva do Tradutor foi, de resto, o seu 1.º livro, em nome próprio. Gostei bastante, e pretendo, sem dúvida, continuar a ler mais João Reis, que merece ser muito mais conhecido e que lançou agora mais um livro: Quando Servi Gil Vicente.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Lido: O Tempo Entre Costuras, de Maria Dueñas

Cheguei, finalmente, ao livro que comprei na Feira de Lisboa: O Tempo Entre Costuras, da espanhola Maria Dueñas.

Não fazia ideia do que se tratava - até porque não vi a série - mas os elogios sucediam-se. Fazia uma vaga ideia que envolveria costureiras e guerra, mas nada em particular. Comecei a ler, e a gostar da leitura. A escrita fluída, simples, sem floreados complicados... uma história que cativava de início.

Temos Sira a contar-nos sobre a sua vida como filha de uma costureira, em Madrid. A mãe trabalhava para uma modista de reputação, e até Sira começou ali o seu aprendizado. O dinheiro não era abundante, mas o suficiente para as duas. Vimos a saber que a mãe havia sido deixada pelo pai de Sira, e a rapariga nunca o conheceu.

Ecos de uma rebelião começam a chegar a Madrid. E o atelier de D. Manuela começa a perder a pujança de outros tempos, até que acaba por fechar. Sira, e o noivo, vão comprar uma máquina de escrever, para que a rapariga aprenda a datilografar e possa encontrar outro trabalho. Sira conhece Ramiro, o dono da loja, e o seu mundo fica virado do avesso, acabando mesmo por terminar o noivado e ir viver com este homem.

Um dia, embarcam - com alguma urgência - para Marrocos, acabando por se fixar em Tânger. E é aí que as coisas começam a descambar.

Não vou adiantar muito mais da ação do livro, porque este merece, realmente, ser lido. Não só pelo ambiente em que decorre - Sira vem a Lisboa, só para vossa informação - mas pela própria história, e pela História. Há tanto que desconhecemos sobre a Guerra Civil Espanhola, ou sobre o envolvimento espanhol na II Guerra Mundial e que estão aqui, "mascarados" de ficção. Esta "maquilhagem" está feita de tal forma que aprendemos coisas sem nos apercebermos.

É um livro muito interessante, e com uma escrita tão atraente que nem percebemos que temos um calhamaço nas mãos (624 páginas). Só não dei 5 estrelas, porque houve uns pormenores que deixaram "encanitada", mas isto sou eu que sou picuinhas. 

sábado, 19 de outubro de 2019

Lido: O Retorno, de Dulce Maria Cardoso

Li este livro, aos bocadinhos, em três noites. O Henrique vai para a cama às 21h30, e ainda me sobram duas (boas) horas de leitura, todos os dias, antes de cair de cansaço. E foi nestes bocados que li O Retorno.

Já o tinha visto - várias vezes - nos escaparates (esta palavra ainda se usa?), achava a capa bonita, um livro com um tamanho e forma interessantes, mas ainda não tinha dado o passo em frente. 

Há meses, ouvi a Silvéria "The Fond Reader" a falar tão, mas tão bem que "fiquei com a pulga atrás da orelha". Aproveitei há umas semanas, um saldo engraçado no cartão da Bertrand, e trouxe-o comigo. 

Começo pelo formato: mais pequeno do que o habitual e de cantos arredondados, O Retorno é um livro ergonómico e maneirinho de se pegar. Um ponto a seu favor. 

A história é impressionante: estamos em Angola em 1975, mesmo à beira da independência daquele território, em relação a Portugal. Os portugueses já estão todos a regressar à metrópole. Uma família está prestes a embarcar numa das últimas pontes aéreas seguras para Lisboa: pai, mãe e dois filhos adolescentes - rapaz e rapariga. 

No dia, o pai é levado por um grupo armado, e a mãe e os filhos conseguem embarcar. A chegada a Lisboa é tormentosa, confusa, triste, desesperante... vidas embaladas e enfiadas em malas num país que, em alguns casos, nem sequer conhecem. Por exemplo, o nosso narrador, Rui, um adolescente com cerca de 15 anos, nasceu em Angola, tal como a irmã (um ano mais velha).
O carimbo que recebem é o de "retornados". Se, por um lado, são recebidos e alguns alojados em hotéis - a família que seguimos é alojada numa unidade hoteleira de 5 estrelas no Estoril - de forma a minimizar os transtornos, o apoio burocrático do Estado é praticamente nulo. 

Eram pessoas que ficaram bastante ressentidas com o Estado português, por terem sido forçadas a abandonar tudo. Esse ressentimento é muito bem focado nos diálogos que as personagens têm no decorrer da ação. Assistimos a conversas em que estas pessoas se revoltam contra aqueles que culpam pela situação: Mário Soares e Almeida Santos, por exemplo. 

Tenho a impressão que, mesmo hoje em dia, esta questão não é muitas vezes abordada. Pessoalmente, não conheço ninguém que tivesse passado por esta situação terrível: ter de deixar uma casa, os seus pertences, negócios.. e nem sequer me consigo imaginar nesta posição: ter de selecionar, de entre as minhas coisas, o essencial para levar numa única mala e embarcar, para sempre, para um país que apenas conheço de ouvir falar. 

E Portugal não estava minimamente preparado para receber estas pessoas. Pelo que li, posteriormente, foram cerca de 600 mil pessoas que entraram no País, em ano e meio / dois anos. O 25 de abril tinha sido um ano antes, e ainda estava tudo muito confuso, para toda a gente.

É um livro essencial. Não ficaria surpreendida que, daqui a uns anos, se torne de leitura obrigatória nas escolas.


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Lido: O Conde de Monte Cristo - volume II, de Alexandre Dumas


Terminei a saga de Edmond Dantès. E com imensa pena. A história é sobejamente conhecida: Dantès é, injustamente detido, e passa 14 anos da sua vida no Castelo de If, onde acaba por conhecer o Abade Faria que lhe deixa uma enorme fortuna, caso consiga evadir-se daquela fortaleza.

Edmond consegue fugir e passa os 10 anos seguintes a planear a sua vingança contra todos aqueles que o prejudicaram. Vai também ajudar os que foram bons com ele.

Nem tenho palavras. É uma obra magnífica, das mais prazerosas deste ano, sem sombra de dúvida.

domingo, 13 de outubro de 2019

Lido: O Regresso do Desejado - volume I - A Ascensão, de Ricardo Correia

Este livro que terminei, na véspera do Encontro, já me era conhecido. O Ricardo Correia apresentou-o, em outubro do ano passado, em Sintra, e apesar de não ter podido assistir à sessão, ficou-me na retina, pela ideia inerente à sua escrita: e se Dom Sebastião tivesse regressado de Alcácer-Quibir? Quais teriam sido as consequências? Qual teria sido o rumo dos acontecimentos?

A História conta-nos que, após o desaparecimento do Rei português, Dom Sebastião, com apenas 24 anos, em 1578, instalou-se uma crise sucessória, acabando Portugal por se tornar território de Espanha, entre 1580 até 1640, com a ascensão de João IV, o Restaurador (dando início à última dinastia real, a Dinastia de Bragança).

O que Ricardo Correia fez com este livro foi um verdadeiro exercício de ficção histórica. Colocou várias personagens - umas ficcionadas, outras não - no centro de uma União Ibérica com Portugal à cabeça. Um Portugal que é o centro governativo dos dois territórios.

O resultado é uma trilogia muito interessante - sendo este o 1.º livro. O segundo volume - A Inquisição - foi apresentado ontem, dia 12 de outubro.

No Encontro de Booktubers, tive a oportunidade de trocar algumas ideias com o Ricardo sobre este livro. Especialmente sobre uma das minhas personagens favoritas, D. Leonor, que é fortíssima. O Ricardo garantiu-me que esta personagem - ficcionada - vai crescer ainda mais no 2.º volume.
De resto, mais do que a importância do papel de D. Sebastião, este livro tem três personagens femininas muito interessantes, tendo em conta o contexto em que a ação se passa.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

II Encontro de Booktubers

Vamos lá ver, não sou booktuber. Não tenho grande disponibilidade para tal, essa é a verdade. Para fazer vídeos, teria de abdicar de alguma coisa e... a família e os livros não são uma opção, senão... what's the point?!

Até podia fazer vídeos, mas não percebo puto de edição. Iria publicar vídeos, gravados com telemóvel, e com qualidade de 1960. Portanto, para já, cada macaco no seu galho... vou continuar a ler, a escrever aqui umas coisinhas e... um dia destes... pode ser que haja disposição para algo mais. Posto isto... não sou booktuber, mas fui ao Encontro em Leiria, no passado dia 5, que era aberto a book-bloggers e a instagramers.

E foi muito giro. Ao chegar lá, eu parecia uma groupie. Estavam lá a Silvéria, o Hugo, a Dora, a Elisa, a Isa, as Anas Lopes, a Roberta, a Dora Silva, a Cristina, as Marias João (Covas e Diogo), a Mafalda, a Sofia, o José... enfim, toda aquela gente que "bota faladura" sobre livros no Youtube, e cujos canais eu sigo. Havia ali aquela relação de "eu conheço-te, mas tu não me conheces".
O meu entusiasmo era comparável ao de uma adolescente a ir ao concerto do seu ídolo - mas daquelas adolescentes que passam duas noites ao relento, para conseguir lugar na fila da frente.

Tudo começou com a Rota Miguel Torga, onde pudemos conhecer os passos deste autor, durante a sua passagem pela cidade em finais dos anos 30, inícios dos anos 40. A registar: mais um livro na minha lista de obras a ler - A Criação do Mundo, de Torga.

Depois, houve um momento de troca de ideias com os autores Márcia Balsas e Ricardo Correia - o post sobre "O Regresso do Desejado" está atrasado, mas não esquecido. A parte da tarde abriu com mais uma conversa com Joana Afonso e André Oliveira, sobre BD.

O convívio com estas pessoas foi, sem sombra de dúvida, a melhor parte do dia. Encontrar alguém que fale a "mesma língua", que entende que ler é muito mais do que abrir um livro e seguir, ordenadamente, o que lá se encontra escrito... - fez o meu dia.







quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Lido: O Rinoceronte do Rei, de Sérgio Luís de Carvalho

Este é o segundo livro de Sérgio Luís de Carvalho que leio em pouquíssimo tempo. Li O Destino do Capitão Blanc durante o mês de julho e fiquei muito entusiasmada com a forma de escrever deste autor que é um "vizinho".

Depois desta primeira experiência com Sérgio Luís de Carvalho - e tendo confirmado as minhas suspeitas que ele reside na minha área - fiquei muito contente por ver que várias pessoas já tinham lido o novo livro e que a opinião era praticamente unânime: trata-se de um livro muito bom. 

A editora Clube do Autor - a quem tenho de agradecer - cedeu-me um exemplar de O Rinoceronte do Rei que li em apenas quatro dias.


Em 1514, o sultão de Cambaia recebe uma comitiva portuguesa que pretende solicitar autorização para construir uma fortaleza em Diu. Como forma de agradar ao sultão, os portugueses oferecem-lhe, em nome do Rei D. Manuel I, vários presentes. Apesar da resposta negativa, o sultão oferece à coroa portuguesa um rinoceronte. 
E é assim que, no início de 1515, chega um rinoceronte a Lisboa. Um animal, de tal forma exótico, que a novidade chega a vários cantos da Europa e suscita interesse de várias pessoas, nomeadamente do artista alemão, Albrecht Dürer.

Mas, esta não é só a história do rinoceronte que, ainda hoje, está imortalizado na Torre de Belém. É também a história de Océm, o tratador do animal e que o acompanha desde a Índia. Océm cai de amores por Esperança, uma escrava moura, e tudo faz para conseguir a sua liberdade.

Este livro é baseado em factos reais, o que me deixou ainda mais interessada na sua leitura. Já aqui tenho dito que se um livro me ensinar qualquer coisa, a sua missão no mundo está completa - e aprendi muito com este. Não fazia ideia que um rinoceronte havia sido oferecido ao rei. Não fazia ideia do burburinho.

Fui procurar mais informações, e no site da Torre de Belém pode-se ler o seguinte: "Em Portugal o rinoceronte foi imortalizado, encontrando-se representado numa das guaritas da Torre de Belém e também no Mosteiro de Alcobaça, onde existe uma representação naturalista do animal de corpo inteiro, com função de gárgula, no Claustro do Silêncio".

A História de Portugal é, realmente, uma coisa fascinante. E esta história não o é menos. O final não é totalmente feliz, mas é interessante ver que um episódio que, entretanto, se perdeu nos séculos seja tão complexo e simples, ao mesmo tempo. Recomendo vivamente.