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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Lido: Um homem chamado Ove, de Fredrik Backman

Eis-me, finalmente, chegada ao texto do último livro que li: Um homem  chamado Ove, do sueco Fredrik Backman. Há uns tempos, este livro foi bastante popular entre a comunidade livrólica. Toda a gente o elogiava, toda a gente falava bem, mas eu costumo ser do contra, e quando surge demasiado entusiasmo sobre um livro, por norma, perco um bocado o interesse. 

Aconteceu com este, e acontece ainda hoje com muitos outros. Gosto do meu ritmo, gosto de descobrir as coisas como se fossem a última Coca-Cola do deserto que, na verdade, não são. 

Li este livro em pouco mais de 24 horas, só para que conste. Li, li, li... gargalhei muito, virei páginas como quem come cerejas, emocionei-me, dei mais umas gargalhadas, resmunguei um bocadinho como o Ove e, se pudesse, oferecia um miminho à Parvaneh. 

Ove é um velho resmungão. Ponto. Não há como contornar esta questão. Não é simpático, não é uma pessoas sociável, não gosta de mudanças - aliás, não muda sequer a marca do carro desde que teve um pela primeira vez. Ove não é o amigo da vizinhança... é aquela pessoa que, TODOS OS DIAS, sai de casa para inspecionar o bairro e ver se os carros estão nos estacionamentos corretos e se ninguém passa onde não deve. 

A vidinha de Ove sofre uma mudança, com um casal novo no bairro. Começam por bater (e destruir) a caixa do correio. A resmungar, Ove ajuda-os. E, aos poucos, vamos conhecendo Ove. E sabemos que ele só se quer suicidar. Todos os dias, acorda, toma o pequeno almoço, faz a sua habitual inspeção pelo bairro e volta para casa para cometer suicídio, e assim se juntar à esposa Sonja, falecida há cerca de seis meses. Mas, todos os dias é interrompido de alguma forma e não consegue levar a sua avante. 

Somos apresentados à vida de Ove antes deste momento, em vários capítulos que acontecem no passado. Como foi a sua infância, como e quando perdeu os pais, a importância dos valores, como conheceu Sonja - e vamos entendendo as atitudes de hoje de Ove. 

É um livro que tanto tem de ternurento, como tem de emocionante e que nos chama a atenção para temas fraturantes: a solidão dos mais velhos, o racismo, a homosexualidade, a burocracia e os burocratas, o amor... há muito tempo que não chorava como chorei ontem ao terminar o livro. 

A escrita de Backman é simples como abrir uma janela e deixar entrar o sol. Transmite-nos a sensação certa no momento certo. Não inventa, não se põe a colocar intelectualidade desnecessária naquilo que ser quer simples e bonito. É um bom livro. Um livro que nos deixa satisfeitos depois de um dia cheio. Acho que o li na altura certa. 

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