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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Lido: A Pianista, de Machado de Assis

Com a oferta do Kindle no Natal de 2017, criei uma conta na Amazon para, de vez em quando, conseguir uns livrinhos fixes, a preços simpáticos (ou de graça, vá!). E, quase todos os dias, recebo mails da empresa com as promoções do dia.

Por zero euros, adquiri "A Pianista" de Machado de Assis, publicado em 1866. A ação passa-se em 1850, no Rio de Janeiro.

Malvina é uma jovem, bem parecida, elegante, simpática e de boas maneiras. Apesar de não ser de uma família de posses, a jovem é professora de piano, logo, é assídua nas casas de algumas das melhores famílias e essa profissão era a única forma de se sustentar, bem como a mãe, uma pobre mulher viúva.

Entre as meninas a que Malvina dava aulas de piano, contava-se Elisa, filha de Tibério Valença, um homem conservador e algo severo, com mentalidade colonialista e monárquica. Tomás, irmão de Elisa, cai de amores por Malvina.

O pai, que queria que os filhos casassem apenas com pessoas da sua classe social, manda Tomás para a Bahia, para o afastar da bela pianista.

Tudo o que vem depois, é spoiler. Este conto é tão simples, tão delicado, quase inocente que, à primeira vista é apenas uma história de amor, mas, um olhar mais atento vê que é tudo menos isso. As desigualdades sociais, as hierarquias, o papel da mulher, o papel do homem - tudo é escrutinado nestas poucas páginas. Tibério, sim, é o grande protagonista.

De quando em quando, vale a pena ler o que se escrevia do outro lado do Oceano, quando, por cá se discutia a Questão Coimbrã.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Lido: Sangue & Fogo - A História dos Reis Targaryen, de George R.R. Martin

O meu excelso homem ofereceu-me o único livro deste Natal: o "spin-off" da saga de As Crónicas de Gelo e Fogo - Sangue & Fogo - A História dos Reis Targaryen.

Enquanto esperamos pela última temporada da série e pela continuação da saga original, George R.R. Martin dá aos fãs um docinho... basicamente, é uma festinha na cabeça, para não nos revoltarmos.

E que belo docinho. É assim que ele nos conquista, o sacana. Com este livro - que, em Portugal, a Saída de Emergência dividiu em dois volumes (o segundo sairá agora em fevereiro) - conhecemos a História dos Targaryen e a forma como Aegon, o Conquistador conseguiu unir os vários reinos, até ao que conhecemos hoje.

O livro está muito bem conseguido. É nos apresentado como se fosse um compêndio dos escritos dos vários Meistres, e, portanto, ao longo dos anos, vamos "vendo" os acontecimentos contados por diferentes pessoas. A ajudar, neste labirinto de Targaryens - porque, não se esqueçam, esta família tinha o hábito de casar entre irmãos, o que às vezes complica e damos por nós a trocar pais, filhos e sobrinhos... - o livro apresenta uma árvore geneológica, desde A Conquista de Aegon até à Ascensão de Aegon II (129 anos depois), bem como a linha sucessória daqueles que assumiram o Trono de Ferro.

Ficamos a saber a origem dos ovos de dragão da Daenerys, por exemplo, que acaba por ser uma surpresa muito agradável.

As ilustrações são maravilhosas. Fiquei completamente fascinada com os desenhos de Doug Wheatley (artista de BD, concept designer e ilustrador, que já trabalhou, por exemplo, em personagens de Star Wars, Aliens, Superman, The Incredible Hulk e Conan, The Barbarian).

O livro termina durante o reinado de Jaehaerys I, O Conciliador (mais tarde conhecido como O Velho Rei), o mais longo da História, entre 48 e 103 DC (Depois da Conquista de Aegon). Em fevereiro, como já disse acima, sairá a 2.ª parte deste livro e sabe-se que Martin previu contar estes 300 anos antes dos acontecimentos das Crónicas de Gelo e Fogo em dois livros... que, certamente, em Portugal, corresponderá, como é habitual, a dois volumes por livro, num total de quatro. O 1.º já está, o 2.º vem a caminho e, o resto... a seu tempo!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Lido: A Última Ceia, de Nuno Nepomuceno

Depois de ter ouvido críticas fabulosas sobre Nuno Nepomuceno, e o seu "Pecados Santos" (que ainda virá cá para casa, a seu tempo), decidi comprar "A Última Ceia", e assim estrear-me neste autor português.


Posso dizer, sem sombra de dúvida, que foi do dinheiro melhor gasto nas últimas semanas (um destes dias, conto-vos como fui enganada por uma editora que declarou falência, em dezembro). Antes de mais, consegui um exemplar autografado... já aí, começou o meu entusiasmo. E é um autógrafo a sério, escrito a caneta... não é cá um desses autógrafos manhosos em que percebemos à distância que é cópia.


Depois, a história. Começamos com o roubo de uma cópia de "A Última Ceia". À medida que vamos lendo, ficamos a saber que existem três cópias do original de Leonardo da Vinci. Ao longo dos anos, o fresco do mestre italiano tem sofrido muitas agressões (nomeadamente, um bombardeio durante a II.ª Guerra Mundial) e as cópias - uma delas de Giampietrino, um discípulo de da Vinci - conseguem captar toda a essência da obra original, tendo sido essenciais em trabalhos de restauro.

Pouco tempo depois, a 2.ª cópia também é roubada. E é nessa altura que o mundo entra em ebulição, já que os ladrões informam que, daí a um ano, irão roubar a derradeira cópia, a de Giampietrino.

Em paralelo, Sofia, filha de um falecido embaixador italiano em Lisboa, conhece Giancarlo, um milionário italiano. E - isto não é spoiler - vemos que "ali há gato".

Em Lisboa, Afonso Catalão é contactado pelo seu oficial de ligação dos serviços secretos.

Os capítulos são curtos - entre 3 a 6 páginas - e a escrita é entusiasmante. E, tenho de acrescentar, viciante. Ando bastante cansada - o meu sustozinho cardíaco do mês passado não passou disso mesmo, mas mói - e a minha intenção era ir lendo. Devagar. Meia dúzia de páginas por dia. Sem pressões. Impossível!!! Começamos a ficar enredados pela trama e só queremos ir até ao fim.

(aposto que a minha mãe iria adorar o Nuno e os livros dele!)

Gostei muito das personagens. Entretanto, fui ler as sinopses dos livros anteriores do Nuno, e este é o 3.º em que Afonso Catalão aparece. Fiquei com a sensação de querer explorar mais do que já aconteceu com este homem... a angústia, aliás, a melancolia deste professor dizem-me que há tanto mais por saber. Certamente, está mais do que justificado nos livros anteriores, e é aqui que sou "apanhada na curva": tenho de satisfazer a minha curiosidade e obtê-los.

Pelo que fui percebendo aqui e ali, algumas críticas dizem que este livro está um pouquinho abaixo de "Pecados Santos". Mas, uma das "vantagens" de ainda não ter lido nada de Nuno Nepomuceno é esta: não tenho termo de comparação. Para mim, merece 5 estrelas. Descobri muito sobre "A Última Ceia" que desconhecia. E, a partir do momento, em que aprendo com as leituras que realizo, merece 5/5.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A Europa-América ainda mexe

Vivo, literalmente, a meia dúzia de minutos de distância da sede da editora Europa-América, em Mem Martins. Por razões que não vale a pena explorar, esta editora que fará, este ano, 74 anos, perdeu a corrida do frenesim editorial que se tem feito sentir nos últimos anos.

Contudo, mantém aberta, na sede, uma loja de venda ao público. Sempre que passo "à porta" - e não são tão poucas vezes quanto isso - penso que tenho de lá ir. E hoje, com um pouco de tempo, fui.

O senhor que me atendeu foi de uma simpatia extrema, e levou-me a conhecer, inclusivamente, o armazém deles. E sinceramente: podia mudar-me para lá hoje que morria sem ler tudo o que têm. Têm disponíveis cerca de 6 mil títulos - se entendi, corretamente. Não disse que era jornalista; estava lá como leitora, e no entanto, foi-me permitido visitar o armazém.

Acabei por comprar a trilogia do Senhor dos Anéis, do Tolkien (com oferta do 3.º livro). Preciso de mais livros? Não, não preciso, mas queria mesmo ter estes. E esta promoção está sempre vigente: na compra de dois livros Europa-América, é oferecido um 3.º. Mas se a compra for unitária, há um desconto de 20%. Nos restantes livros (que não sejam da editora), o desconto é de 10%.

Sobre os livros que comprei: preferia ter a edição clássica, aquela com o debruado dourado, com a capa mais consistente, e bonitinha como só ela... mas disseram que não a tinham completa. Trouxe esta, de capa mole - dita "ultra limitada", seja lá o que isso signifique - mas pelo menos, fico com colecção. Contudo, os outros Tolkien que havia por lá, são as tais edições bonitinhas.


Há imensos livros que, muitas vezes, não encontramos por estarem esgotados nas livrarias. E estão mesmo. Mas, julgo que vale a pena procurar na Europa-América. Principalmente títulos de ficção científica (colecção Nébula, por exemplo). Claro que não consegui ver, com atenção, todos os livros que estavam na prateleiras, mas vi muitos de Asimov e Ray Bradbury, por exemplo. E os clássicos, senhores? Estava a ver que me perdia com eles...

Fiquei ainda na dúvida sobre a compra de um livro de Mo Hayder. Chegada a casa, concluí que não o tenho, portanto, vou ter de lá voltar, certamente.

Se tiverem livros que queiram, espreitem no site (http://www.europa-america.pt/) ou enviem mail para saberem a sua disponibilidade (livreiros@europa-america.pt), porque podem ter uma surpresa.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Lido: O Francoatirador paciente, de Arturo Pérez-Reverte

No sábado, escrevi sobre a 1.ª desistência do ano e, este livro, por uma unha negra, esteve quase a ser a 2.ª. Perdi a conta às vezes em que bocejei enquanto o lia, mas... ainda bem que o terminei, porque o final é o ponto alto do livro.

Alejandra é especialista em arte e é contactada por um editor de uma grande empresa livreira para uma missão quase impossível: contactar Sniper, um graffiter espanhol - e isto agora vai ser estranho - conhecido pelo seu anonimato. Raros são aqueles que o conhecem e quem já privou com ele, é-lhe de uma lealdade sem precedentes.

De Madrid, passando por Lisboa, Verona e Nápoles... Lexa segue na peugada de Sniper, cuja imagem de marca é a mira telescópica de francoatirador nos seus graffitis. Mas, ao mesmo tempo que procura Sniper, Lexa é seguida de perto por duas personagens, contratadas por um milionário, que pretende vingar o filho adolescente, que morreu ao cumprir um desafio lançado pelo misterioso graffiter. 

Como disse acima, o livro fecha com chave de ouro. Enquanto lia, ia pensando que não sabia como é que Pérez-Reverte havia conseguido construir a reputação que tem, com base nesta amostra. Percebi depois, claro. A construção da narrativa está tão bem conseguida que, quando cheguei ao fim, não me admiraria que a minha cabeça explodisse.

Ao mesmo tempo, "O Francoatirador Paciente" é quase um tratado sobre a arte urbana. Todo o livro está assente em reflexões sobre este género de arte e sobre aqueles que a praticam. Nunca é definida uma posição do autor sobre o facto dos graffiters serem boas ou más pessoas, nem são tecidas considerações sobre a sua opinião pessoal sobre este tipo de arte. Isso é deixado ao cuidado do leitor.

Dei 4 estrelas, porque apesar de ter ficado muito satisfeita com o final, chegar lá, foi, às vezes, penoso. Mas gostei e recomendo a sua leitura.

Deixo apenas dois pequenos excertos que gostei particularmente:

"O graffiti é a obra de arte mais honrada, porque quem a faz não a usufrui. Não tem a perversão do mercado. É um disparo associal que atinge na medula. E ainda que mais tarde o artista acabe por se vender, a obra feita na rua continua ali e nunca se vende. Destrói-se talvez, mas não se vende
-  página 195 - 

"A arte moderna não é cultura, é só moda social
-  página 231 -



O Francoatirador paciente é o 8.º livro que li este ano e conta para o Livropólio - que termina a 14 de fevereiro - no desafio "livro do teu género preferido", e este está classificado como thriller.

sábado, 19 de janeiro de 2019

1.ª desistência do ano

Comecei a ler "O Cemitério de Praga, de Umberto Eco, três vezes. Na primeira vez, demorei tanto a recomeçar que já nem me lembrava como começava. Na segunda vez, tive a sensação que não estava a entender o que estava a ler. Comecei a terceira vez, e voltei a desistir.

O meu querido Eco... que desta vez não me conseguiu agarrar.

Creio que, às vezes, existem livros que têm o seu tempo para serem lidos; são livros que não estamos ainda preparados para os ler. E que, um dia, lá chegaremos.

Recordo-me que, na escola secundária, a professora de português, na altura em que estudámos "A Aparição", de Vergílio Ferreira, nos disse para darmos tempo à obra. Para a lermos alguns anos depois, porque a que veríamos com um olhar mais maduro, e sem ser sujeito à obrigatoriedade de um programa escolar.

Ainda não reli "A Aparição". Apenas por um motivo: ainda não encontrei o meu exemplar - deve estar encaixotado algures na casa dos meus pais, e ainda não o localizei. Não vou comprar outro, claro está. Mas quando o encontrar, vou romper a aura mística que o envolve.

Neste momento, acho que o mesmo está a acontecer com "O Cemitério de Praga". Sem stresses. Sem preocupações. Não tenho nenhum compromisso, e ele não foge. Tenho tempo e, um dia, vou estar na fase certa da minha vida para o ler.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Lido: Três Coroas Negras, de Kendare Blake

Históricos, thrillers, policiais... pensava eu que estas eram as minhas águas seguras no que dizia respeito a géneros literários. Os "young adults" que tinha lido não me tinham preenchido as medidas, e fugia, por exemplo, da ficção científica como o Diabo da cruz...

Mas, ultimamente, a minha decisão de experimentar coisas novas tem-me aberto outros horizontes. Já li FC e gostei muito e, há instantes, terminei um de fantasia para YA: Três Coroas Negras, de Kendare Blake.


Fui a medo. Já tinha lido e ouvido críticas muito boas e outras muito más, mas não há nada melhor que sermos nós a avaliar.

A cada geração, nascem trigémeas, herdeiras da coroa da ilha de Fennbirn. Cada uma com uma especificidade, uma
dádiva: controlar os venenos, controlar os elementos e controlar a Natureza. Neste livro, vamos conhecer Katharine, a envenenadora, Mirabella, a elementar e Arsinoe, a naturalista.

As três irmãs, separadas desde crianças, chegam aos 16 anos e são obrigadas a entrar numa competição (fatal, para duas delas) pelo lugar no trono.

Este é o resumo muito simplista deste livro. Porque temos muito mais do que isto. E encontrei várias coisas em comum com a série da Senhora de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. Nesta saga, as mulheres são as figuras centrais (uma!), são quem detém o poder concedido por uma Deusa (outra aqui!). O início da competição das irmãs começa após o Festival Beltane (e vão três), três noites rituais: o Desembarque, quando os pretendentes à posição de rei consorte se apresentam, a Caçada, quando as comunidades envenenadora, elementar e naturalista vão caçar e a noite da Aceleração onde as rainhas vão demonstrar os seus poderes perante todos. Começa então "O Ano da Ascensão", onde as rainhas, durante um ano, tentarão matar as outras duas. A que sobreviver fica com a coroa.

É um livro muito fácil de ler. Cada capítulo corresponde a cada uma das três rainhas, à sua preparação e à corte que a acompanha. Mais para o fim, os capítulos tornam-se mais curtos e mais rápidos, até à estocada final que é aquele fim. Um fim que não o é, já que este é apenas o 1.º de três livros (e um 4.º que funciona como prequela desta história).

Gostei mesmo muito, e estou muito expectante para saber se os livros restantes da série irão ser traduzidos para português; seria uma grande decepção se não fossem, porque este início foi fulgurante.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Lido: Uma agulha no palheiro, de J.D.Salinger

Terminei ontem à noite, mais este clássico da literatura: The catcher in the rye / Uma agulha no palheiro de J.D. Salinger. Já tinha lido este livro há muitos muitos anos, m
as já não me lembrava de uma única linha.

Holden Caufield é um adolescente que é expulso do colégio alguns dias antes das férias de Natal. E como todos os adolescentes, odeia tudo à sua volta.

Antes de mais, fica a ressalva: ele já foi expulso de outros colégios. E a família tem posses.

Assim, temendo a reação do pai, Holden opta por voltar para casa apenas no dia em que entraria de férias, altura em que os pais já teriam também recebido a comunicação da escola, e vai para Nova Iorque, para um hotel durante esses diazinhos. Ele, um rapaz que nasceu, ali mesmo, na cidade, já viu tudo, já frequentou todos os estabelecimentos... logo nada lhe suscita qualquer prazer. Passa os dias a beber ou a meter-se em encrencas.

O livro é visto todo na primeira pessoa - Holden - e, enquanto leitores, acedemos à narrativa através da linguagem de um adolescente nova-iorquino, aborrecido com tudo e todos, e sem um objetivo. À medida que o livro vai avançando, apercebemo-nos que a única pessoa por quem ele nutre amor verdadeiro é pela irmã mais nova.

Phoebe é a única capaz de trazer Holden à terra, e é ela que o convence a ficar em Nova Iorque, a enfrentar os pais e a não fugir para o interior.

Essencialmente, este é um livro sobre os dramas da juventude. Localizando o livro à época - 1951 - trata de problemas dos jovens daquele tempo. Não podemos esperar que os nossos adolescentes tenham os mesmos sentimentos, mas, quase se pode dizer que é um livro que rompe com o que seria aceite em famílias de bem.

Holden é, no fundo, um rebelde. Chumba, é expulso de vários colégios, bebe, fala de sexo... os dias em que passa em Nova Iorque, praticamente, sozinho são usados para pensar e tentar formular um sentido para tudo o que acontece. Relembra, muitas vez, o irmão que morreu e que era o seu melhor amigo, e no quanto ele era inteligente e esclarecido.

Não posso dizer que amei de paixão este livro, mas também não odiei. Ficamos assim num 60/40 maroto, a pender para o "gostei".  Uma curiosidade: seria o livro que o assassino de John Lennon transportava consigo, quando esperava pela polícia.

domingo, 13 de janeiro de 2019

Doctor Who: Time Lord Fairy Tales

No post anterior, falei dos contos infantis de Doctor Who e prometi que falaria deles. Em dois Natais distantes, o meu excelso companheiro sabendo da minha... vamos chamar-lhe "pancada"... por Doctor Who ofereceu-me estas histórias de encantar.



Nestas coletâneas (que têm as mesmas histórias, atenção) encontramos os clássicos infantis, A Bela e o Monstro, a Branca de Neve, João e o Pé de Feijão... MAS (e aqui está um "mas" gordo e grandinho) com ligeiras modificações. 
Por exemplo: a Bela "cura" o Monstro através de uma poção oferecida pelo Doctor. Ou a Bela Adormecida que é a comandante de uma nave espacial que se perdeu; nave essa que é invadida por seres/criaturas extraterrestres e o príncipe que a acorda - não com um beijo, mas desligando a câmara onde ela estava em criogenia - é o comandante de outra nave contratada para encontrar a 1ª. 

Adoro de paixão as duas edições. A primeira tem, então, uma capa maravilhosa.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Lido: O Rouxinol, de Kristin Hannah

Não sei por onde começar, sinceramente. O Rouxinol é um livro sobre coragem, amor, força, persistência, ingenuidade... valores que, em muito, ultrapassam o horror da 2.ª Guerra Mundial.

Estamos em França e o território está a ser tomado pela Alemanha nazi. Seguimos a história de duas irmãs Isabelle (a mais nova e impulsiva) e Vianne (a mais velha e mais temerosa).

A determinada altura, Isabelle é recrutada pela Resistência Francesa e assume como sua, a missão de salvar pilotos aliados abatidos e transportá-los, através dos Pirinéus, para a embaixada britânica em Espanha. Nome de código: Rouxinol.

Vianne, por seu turno, vê o marido a ir para a guerra e a ficar sozinha com a filha, Sophie. Até que um oficial alemão fica aquartelado na casa da família. A missão passa, essencialmente, por sobreviver debaixo do mesmo teto que o inimigo. Até ao momento em que também decide fazer algo: salvar crianças judias.

Enquanto isso, a guerra continua a devastar a Europa e a reclamar vidas. Mais ou menos próximas das nossas protagonistas.

De tempos a tempos, temos momentos passados em 1995. Uma das irmãs é convidada para ir a um encontro de sobreviventes e de protagonistas da Resistência. Só quase no final sabemos qual delas é. E é este final que rebenta com as defesas do leitor. Que, por outras palavras, significa que me fartei de limpar lágrimas.

Apesar de alguns pormenores inconsistentes ao longo da narrativa - como por exemplo, uma das protagonistas referir várias vezes o facto de não ter dinheiro, e ter muita dificuldade em comprar comida (não só pela sua escassez), e numa das cenas descritas vai de comboio até sei-lá-onde. Afinal, há dinheiro ou não? - não alteram a mensagem que o livro pretende transmitir.

É um livro muito bom, completo e com uma escrita muito interessante e fácil de seguir. Demorei apenas três dias a ler o livro (504 páginas) e recomendo-o muito a quem estiver interessado em ler sobre a França ocupada, métodos da Resistência, ou apenas uma narrativa de uma perspetiva diferente do habitual.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Objetivos para 2019

Em 2018, havia apontado, inicialmente, como objetivo a leitura de 20 livros. Em maio, já tinha ultrapassado esta meta. Aumentei para 40, e terminei o ano com 45 livros lidos - ou mais, porque não marquei como lidos, os livrinhos de "fairy tales" do Doctor Who (falarei neles noutro dia, juro).

Este ano, já objetivei 45 livros até ao fim do ano. Já li 3 - até ao momento da publicação deste post (que foi agendado, só para que conste).

Assim, e ainda sem grandes títulos para avançar, tenho já em mente, alguns dos livros que quero mesmo (mas mesmo-mesmo) ler:

Para terminar a maratona Livropólio, até 14 de fevereiro. Ainda tenho dúvidas quanto à Florbela Espanca, confesso. Comecei a ler, mas não me está a entusiasmar (poesia não é a minha praia).
De qualquer forma, já fiz tantas alterações à minha TBR inicial que mais uma, nem se dá pela diferença. 


Sempre que começo a rondar as estantes, o homem aconselha-me esta trilogia, que deu origem ao filme "Master and Commander". O autor é Patrick O´Brian (a esposa dele havia pertencido, por casamento anterior, à família Tolstoy).


E já que falamos em Tolstoy... tenho aqui a Aninha por ler. Um bicharoco com 720 páginas que vai tomar o seu tempo. "O Doutor Jivago", de Pasternak, e "Os Irmãos Karamázov", de Dostoiévski, também ali espreitam na estante, mas... vá... convenhamos... uma loucura (russa) de cada vez.


 Tenho uns quantos livros de Hemingway, e estes são os que quero "despachar" este ano. O "Por Quem os Sinos Dobram" será leitura conjunta com a Cristina do Linked Books.
É incrível como tenho obras fantásticas à distância de um braço e leio porcarias. 


Quero terminar a trilogia do Lótus, do José Rodrigues dos Santos, que iniciei em 2018 - o primeiro livro foi "As Flores de Lótus". Falta-me ainda "O Reino do Meio", que terei de comprar. 
Também quero terminar a saga da família Finch de Harper Lee. 
"Sangue e Fogo" foi prenda de Natal do meu excelso homem - em fevereiro, sairá o segundo volume do livro que nos conta a história dos Targaryen, do universo de Game of Thrones.
E ainda "O Último Paraíso", de António Garrido, que, confesso comprei, em meados do ano, por impulso: estava com 50% de desconto, a uns 8€ ou qualquer coisa do género, e não resisti.


Para já, são 13 livros. Tendo em conta que já terminei 3, só me faltam mais 29 (M-E-D-O) para alcançar a minha meta, completamente esquizofrénica: clássicos, novidades, fantasia, romance, históricos - não há um único fiozinho condutor nesta salada de frutas literária.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Lido: O Homem de Giz, de C.J. Tudor

5 estrelas. Foi preciso terminar o 3.º livro do ano para, finalmente, concretizar uma leitura de jeito em 2019.


O Homem de Giz fazia parte da minha "wishlist" de aniversário do ano passado. Dos 10 que a constituíam, já li 5, e todos foram excelentes. Este livro foi considerado, por vários booktubers, um dos melhores livros de 2018 e realmente não desilude. A história está muito bem escrita e os personagens são bem construídos.

A ação do livro é contada a dois tempos: em 1986 e em 2016 pelo narrador Ed Adams. Ed e os amigos, quando ainda estão na pré-adolescência, encontram um cadáver. Esse facto altera, em muito, toda a dinâmica do grupo e da comunidade. Contudo, esta morte não é única - e outros eventos marcam estes jovens e os seus familiares.

Neste livro, para quem gosta de ler, bem como de assistir a filmes e séries, é possível encontrar alguns pontos em comum com "Stranger Things": a ação nos anos 80, a menina "arrapazada" do grupo de rapazes, as bicicletas, os segredos que os unem, o mistério principal...

Não quero falar muito de O Homem de Giz, apenas que, o final me surpreendeu bastante. Ao fim de 35 anos, 10 meses e alguns dias, ainda consigo ter a capacidade de me surpreender com um livro. O Homem de Giz não é um thriller, mas também não é um livro de terror. Há também quem diga que tem o seu quê de Stephen King, mas ainda não li o suficiente para me pronunciar sobre esta comparação.

O Homem de Giz tem, sim, uma carga muito elevada de tensão psicológica e que nos faz ler até não conseguirmos terminar - comecei e terminei em menos de 24 horas. E, como já disse antes, o final... apanhou-me na curva!

Muito bom. E, sem dúvida, é bom começar 2019 desta forma... até já esqueci os dois anteriores: para mim, o ano novo começou agora.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Lido: Fórmula Mortal, de Colleen Cross

Fórmula Mortal pertence à Série de Aventuras de Suspense e Mistério com a Investigadora Katerina Carter.

O livro começa com um crime. Um homem, cansado da sua vida, e que odeia a mulher, planeou o seu assassinato e o da filha ambos. Com mais ou menos sobressaltos, cumpre este seu objetivo.

A ação passa rapidamente para outro ambiente completamente diferente. Kat prepara-se para sair de fim-de-semana com o namorado jornalista, Jace, para uma ilha, onde, nos anos 20 e 30 do século XX, uma seita esteve acomodada. Com o passar dos anos, os mitos em torno da Fundação Aquariana, que tinha Brother XII como principal rosto, crescem e muito se fala de um tesouro escondido, no valor de muitos milhões de dólares em ouro, que Brother XII não teria conseguido transportar consigo quando precisou fugir.

Quando está prestes a sair, entra Gia, a sua melhor amiga, com o novo namorado (bilionário), Raphael. Desde esta primeira apresentação, Kat desconfia que algo não está bem. A assusta-se ainda mais quando se apercebe que Gia investiu todo o seu dinheiro num produto que, supostamente, teria enriquecido Raphael. Este feeling, e muitos outros pequenos detalhes, fazem-na procurar mais e mais até se deparar com um segredo que irá colocar tudo em perspetiva.

Este livro podia ter chegado às 4 estrelas se a autora não tivesse cometido o mesmo erro de tantos outros que grassam nas estantes das livrarias: ninguém liga puto às desconfianças da personagem principal. Kat é investigadora na área de fraudes empresariais. Desde o início, alerta a amiga para o facto do suposto negócio ter contornos que carecem de explicação. Porra, é a sua área de especialidade e ninguém lhe dá crédito? Nem a amiga, nem o namorado de há anos, ou o tio... não fosse este cliché já mais que batido, Kat evitava meter-se numa série de sarilhos que quase lhe custam a vida.

Gostei. É um thriller ligeirinho. Nada de absolutamente estonteante, a meio, eu já tinha descoberto o que aquele grupo de tapadinhos ainda não tinha percebido, mas é uma leitura engraçada. Não recomendo a quem já está habituado a thrillers. É bom para iniciar neste género, por exemplo.

Apanhei-o na Amazon, para o Kindle, numa altura em que era oferecido.

Link: https://www.amazon.com.br/F%C3%B3rmula-Mortal-investigativo-Aventuras-Investigadora-ebook/dp/B075W9FF41

sábado, 5 de janeiro de 2019

Lido: A Morte, de Neil Gaiman

Já aqui falei do 1.º livro que li já em 2019, mas esqueci-me de referir a última leitura de 2018. Escolhi um livro de BD - A Morte, de Neil Gaiman (com desenhos de Mike Dringenberg).


A Morte é uma jovem gótica, mas bastante amorosa. Não conheço a saga Sandman, criada por Gaiman, mas percebi que a Morte é uma das personagens que surge na série, e que é precisamente uma das irmãs do Mestre dos Sonhos.

Nesta pequena colectânea, encontramos duas histórias distintas: na 1.ª, O Alto Custo da Vida,temos um adolescente deprimido, que imagina a sua própria morte, que encontra por mero acaso a Morte. Esta, que só visita a Terra um dia por século, vive esse dia com a intensidade de quem sabe que é único. Nesse mesmo dia, a Morte cruza-se com uma mulher, com 250 anos, que perdeu o coração e incube-a de o encontrar.

Na 2.ª história, Morte: O Melhor Momento da tua vida, seguimos a cantora Foxglove, no início da sua carreira. Foxglove é homossexual, e tem a sua vida familiar com Hazel e o filho, mas nada disso pode ser revelado aos fãs. Todo o confronto moral e pessoal, e profissional é quase palpável ao longo da história. Aqui, o papel da Morte é quase subtil, mas de enorme peso.

São duas histórias realmente muito boas. As qualidades de Gaiman como argumentista são mais que reconhecidas, e o desenho que acompanha ambas as histórias é lindíssimo, intenso e tocante.

Não costumo ler BD, nem graphic novels, mas gostei muito, e depois disto quero muito explorar a saga Sandman.

Este volume termina com duas pequenas histórias: A Roda, de homenagem às vítimas do 11 de Setembro, e A Morte fala sobre a Vida, onde a personagem Morte dá conselhos sobre sexo seguro, e a sua importância para evitar a propagação de doenças e gravidezes prematuras.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Lido: Aquela Noite em Auschwitz, de Jamila Mafra

Perda de tempo, pura e simples. Eu gostava de dizer alguma coisa simpática sobre este livro, juro por todas as moléculas do meu corpo... o factor "Auschwitz" no título atraiu-me bastante, confesso. A sinopse apresentada pela Amazon também era engraçada. Não estava à espera de uma obra-prima, mas também não estava preparada para um livro tão fraquinho.

Lindie é uma jovem adolescente, filha de um general nazi. Quando faz 16 anos, o pai oferece uma grande festa, e Lindie conhece Steve, um jornalista e professor. Mas, a jovem namora com Joseph, um soldado das fileiras de Hitler. Aqui há um salto temporal de dois anos.

Lindie está a iniciar a universidade. E tem Steve como seu professor. Ambos, são aquilo que podemos designar como subversivos, altamente contra os ideais nazis, proclamados por Hitler e os seus. Apaixona-se, consegue terminar com Joseph e começa uma relação com Steve, e inicia uma pequena participação com a Resistência, escrevendo textos para folhetos anti-fascistas.

A melhor amiga é judia, e, após algum tempo escondida, é encontrada e enviada para Auschwitz. Lindie vai para lá para a salvar. Em apenas uma semana. Na véspera da fuga, Joseph que estava destacado no campo, vai ao quarto de Lindie, diz-lhe umas palavrinhas doces, uma dançazinha partilhada e pumba... vão para a cama. No outro dia, ela arrepende-se muito. Fim da história em Auschwitz.

De regresso a Berlim. Lindie conta a Steve o que aconteceu. Terminam o relacionamento. Lindie apercebe-se que ama os dois. O pai de Lindie descobre que a filha é uma traidora do regime e dá-lhe uma tareia. Lindie recebe a notícia que vai para o Canadá com a mãe - e com a amiga judia que entretanto está escondida em casa dela, e, não esqueçamos o pai de Lindie é um general de Hitler, mas está na boa por albergar uma fugitiva de Auschwitz. Lindie afinal está tranquila por ir para o Canadá, porque afinal até fica perto dos Estados Unidos que era o seu grande objetivo: estudar em Princeton com Einstein. Passados 3 anos, Steve reaparece, fresco e fofo e afinal sempre a amou e vão ficar juntos para sempre. Fim.

Foram apenas 159 páginas. Só por isso é que levei isto até ao fim. É um livro sofrível: não acrescenta absolutamente nada de novo ao que já sabemos sobre a ascensão nazi e a Guerra Mundial. As ideias são repetidas até à exaustão. Até como romance é fraquinho. Na introdução, está escrito que é um livro para um público pré-adolescente e adolescente mas, sinceramente, afastem e tranquem as vossas filhas. Na tal introdução é ainda dito que não tem "compromisso com a realidade" e que pretende proporcional "o mínimo de reflexão aos leitores" - mas, mais uma vez, afastem as vossas filhas.

Na minha mais modesta opinião, há muitos livros que podem proporcionar - a este público específico - as mesmas coisas, mas de qualidade muito superior. Eu sei que nós, adultos, também temos a literaturinha de cordel, e os nossos guilty pleasures. Mas somos adultos, caramba. À partida, sabemos que aquele livro de faca e alguidar é mau. Mas se estamos a tentar incutir aos pré adolescentes e adolescentes, o mínimo de informação, entretenimento, e quiçá... sem sermos muito ambiciosos... o gosto pela leitura... nunca será com este tipo de livro.

Não dei estrelas no Goodreads. Assinalei como lido, conta como 1.ª leitura de 2019, mas fico feliz por não ter gasto dinheiro com ele.