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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Lido: As vinhas de La Templanza, de Maria Dueñas

As vinhas de La Templanza foi um dos dois livros que comprei na Feira do Livro de Lisboa, no ano passado. Ficou, pacientemente, à espera da sua vez, até que finalmente peguei nele. E voltei a largá-lo. E esperou mais um tempo. E voltei a pegar nele. E tive de reler o que já tinha lido, porque entretanto nada fazia sentido. 

Alguém se revê? Digam, por favor, que não sou a única. Adiante...

Dizia eu que, desta autora, só tinha lido O Tempo Entre Costuras, em 2019, e que tinha adorado. Na Feira do Livro, esta obra estava a um preço simpático e veio comigo. Mais uma vez, não conhecia - de todo - a história. Se em O Tempo Entre Costuras sabia, pelo menos, que a protagonista era uma costureira e que a história envolvia a 2.ª Guerra Mundial; desta vez, nem o básico sabia. 

Mauro Larrea é um homem rico. Fez fortunas nas minas, com muito suor, sangue e lágrimas. Um homem que subiu a pulso e muito sacríficio pessoal, e disso não faz nenhum segredo. Viúvo e pai de dois filhos, Larrea está prestes a ser avô, o que o deixa imensamente feliz. A filha, bem casada, está radiante. O filho, um estroina, anda algures pela Europa a gastar o dinheiro do pai, enquanto este se desgasta a acalmar a família da futura noiva. 

Entretanto, o destino é uma coisa lixada, e Larrea fica, perigosamente, perto da insolvência. Pede dinheiro emprestado a um agiota de pouca confiança até encontrar uma solução. E parte, com a ideia de encontrar um bom plano de investimentos que lhe dê muito dinheiro em pouco tempo. Em Havana, onde faz a sua primeira paragem é envolvido num esquema de tráfico. O seu bom senso aconselha-o a afastar-se, até que a sorte lhe sorri e lhe cai no colo uma oportunidade em Jerez de la Frontera, em Espanha. 

Em Espanha, conhece Soledad, a bonita esposa de um comerciante inglês de vinhos, e a última dos Montalvo, uma família de enorme prestígio, ligada à principal atividade da região: produção e comércio de vinhos. 

São estes os "ingredientes" base para um romance muito interessante, que não é um dramalhão, nem fofinho... é um romance com as cores e o calor do México, de Havana e de Espanha do século XIX. Não temos as intrigas geo-políticas de uma 2.ª Guerra Mundial, mas temos a complexidade do comércio de vinhos, do tráfico negreiro e do imperialismo ibérico. Mais uma vez, adorei o enquadramento histórico apresentado por Dueñas. E, se no início, a história pode parecer difícil de entrar, assim que começa a ganhar ritmo, fica imparável. Sucedem-se os acontecimentos, e existe um evento qualquer em quase todas as páginas. 

As vinhas de La Templanza é mais um calhamaço de 536 páginas, que li em pouco mais de 5 dias (depois da segunda tentativa) - portanto, uma média de 100 e poucas páginas por dia. 

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