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sábado, 23 de outubro de 2021

Lidos: os autores portugueses que me passaram pelas mãos

Esta saga "que me passaram pelas mãos" está a ser uma aventura pelas minhas memórias. Lembrar-me do enredo de um livro que li, algures, há quase dois meses, é obra! Mas está quase a terminar e, depois, terei finalmente tudo atualizado. 

A caríssima Sandra Carvalho - que referi há uns dias - também poderia surgir nesta galeria, mas optei por lhe dar o devido (e merecido) destaque numa categoria à parte. Aqui, vamos aos "outros géneros", escritos na língua mãe. 

Em agosto, setembro e inícios de outubro, li: 

- O Último Papa, de  Luís Miguel Rocha: se não estou em erro, trata-se do 1.º thriller religioso deste autor. Este livro foca-se na misteriosa morte do Papa João Paulo I ( antecessor de João Paulo II), que esteve à frente do Vaticano por 33 dias. Albino Luciani terá descoberto um esquema de lavagem de dinheiro, e preparar-se-ia para denunciar e substituir os membros da Cúria Romana que estavam envolvidos.
Com elementos ficcionais, misturados com factos reais, este foi um livro com o seu quê de complexidade, por causa da temática. Os momentos de ação eram rápidos, o que acabava por compensar as inevitáveis cenas mais lentas

- Dentro do segredo, de José Luís Peixoto: Num belo dia, José Luís Peixoto decidiu ir à Coreia do Norte. Há quem decida ir, no verão, para um qualquer destino paradísiaco, e depois lemos uma coisa destas... Em abril de 2012, José Luís Peixoto conseguiu um visto para assistir às comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, em Pyongyang. Partiu, sem disso dar conhecimento à família - estaria, para todos os efeitos, numa zona remota da China, onde teria poucas comunicações. Este livro é, portanto, um fascinante retrato desses dias. Além das cerimónias oficiais, Peixoto visitou todo um conjunto de locais simbólicos do regime, e disso nos deu a sua perspetiva. Dentro do segredo é um livro muito pessoal, escrito de uma forma tão simples, como crítica. Cada vez gosto mais de José Luís Peixoto. Recomento vivamente!

- O Livro dos Homens sem Luz, de João Tordo: decidi há uns tempos que iria ler tudo o que de João Tordo me viesse parar às mãos. Desta feita - para além do livro "A noite em que o Verão acabou" que já cá vive em casa - a sorte coube a este O Livro dos Homens sem Luz. Trata-se de um conjunto de quatro histórias que, de alguma forma, se interligam tão bem, como maçã e canela. Na primeira história, somos apresentados a um homem que, no fim de perder a mulher e a filha, se refugia num pequeno apartamento, onde observa os prédios em frente. Um dia, começa a trabalhar para alguém, uma voz num telefone que dá ordens. Na segunda história, um casal fica preso nos escombros de uma casa, depois dos bombardeamentos nazis à cidade de Londres. Na terceira história, um jovem é vítima de uma insónia crónica, e levanta todas as suas paranóias. Na quarta e última história, um médico, numa clínica, constrói uma máquina que tortura os seus pacientes, ao invés de os ajudar. É o livro que marcou a estreia de Tordo nos escaparates nacionais, e é uma estreia de luxo!


- Comer Beber, de Filipe Melo: há muito que tinha interesse em ler esta graphic novel. Assim, aproveitei o tema do clube de leitura ("livro com tema de comida) e peguei finalmente nele. São duas pequenas histórias - uma sobre um homem polaco, proprietário de um restaurante na Alemanha nazi, e uma garrafa de champanhe e outra sobre a incrível jornada de um homem pela América profunda em busca de uma tarde de maçã específica.
Este livro prova que não é preciso muito para se construir uma obra fabulosa - que é o que este livro é: uma pérola. Os desenhos de Juan Cavia são maravilhosos e dão um poder incrível às palavras de Melo. Se ainda não leram, permitam-se a fazer a vós mesmos esse favor!


- O Sétimo Véu, de Rosa Lobato de Faria: mais um romance da querida Rosa, e desta vez, contado a duas vozes. Joana prepara-se para o funeral do tio Augusto. Na verdade, não era tio, mas sim, o padrasto da mãe, Ana Salomé. Joana, por alguma razão, sente que carrega nos ombros uma grande dor que não lhe permite abrir-se a outros, que não a família ou os seus pacientes. Durante o velório, a velha governanta da família, Mila, descai-se e dá a entender que a matriarca, Júlia, havia cometido suícidio, e abre, sem querer, uma porta que irá desvendar vários segredos, escondidos há mais de 30 anos.
A nossa segunda narradora, é a própria Mila que se encontra num lar, e que vai desvendando alguns desses nós emaranhados do passado. Um romance que não desilude, até porque além do enredo intrincado, o ambiente é descrito de forma primorosa (com subtilezas góticas), dando a sensação que nos encontramos na Casa das Lias e que podemos a qualquer instante cruzarmo-nos com qualquer uma das personagens nucleares da narrativa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Lidos: não ficção que me passou pelas mãos

Na categoria "não ficção", li duas excelentíssimas senhoras: a ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama e a vencedora do Nobel da Literatura em 2015, Svetlana Aleksievitch.

Falando, por ordem cronológica. No início de setembro, uma das minhas tias emprestou-me o livro "Becoming" de Michelle Obama. Há uns tempos, este livro foi super-badalado, mas continuava impassível na minha lista (havia tantos outros em lista de espera que, este, era mais um). 

A minha tia emprestou-mo, portanto, e fui rápida a aceitar. E, que maravilha de livro! Michelle Obama conversa com o seu leitor. Não estamos a ler. Estamos sentados numa mesa de café, ou num daqueles almoços que se prolongam até ao jantar, com a nossa amiga Michelle, a conversar. Ela fala sobre a sua infância até... spoiler alert... sair da Casa Branca, depois da eleição de Trump. Fala sobre os seus sonhos, os desafios pelos quais passou, vangloria-se (e com toda a justiça!) das suas conquistas, fala do amor e, consequente, casamento com Obama e das dificuldades sentidas, enquanto casal, quando ficou decidido que ele se iria dedicar à política. 

É um excelente livro - calhamaço, mas excelente! A linguagem usada é mais do que acessível a qualquer leitor, e, no final da leitura, é impossível não sentirmos mais do que admiração por esta mulher. 

Svetlana, por outro lado, é sempre um desatino de ler, devido ao conteúdo dos depoimentos que a autora
partilha connosco. Dela, já li "A guerra não tem rosto de mulher" e "Vozes de Chernobyl". Ambos foram um murro no estômago para as pessoas mais sensíveis. Se no primeiro, Svetlana abordou a importância da presença feminina durante e após a 2.ª Guerra Mundial, e ao mesmo tempo, o desprezo a que algumas das mulheres soviéticas foram votadas, no segundo, a atenção foi para aqueles que, de alguma forma, estiveram envolvidos no desastre nuclear em 1986. 

Neste livro, chegámos à decada de 90 do século XX, aquando do desmembramento da comunista URSS e a transformação para democrática Rússia. Todos os prós e contras contados na 1.ª pessoa, por aqueles que tudo perderam - ou por aqueles que ganharam - quando a democracia e o capitalismo ocidental atingiram com a força de um tufão a sociedade soviética fechada sobre si mesma e sobre os interesses do Partido dominante, na época. 

Mais uma vez, Svetlana Alexijevich não desiludiu. Os relatos que descreve são tão profundos, tão verdadeiros que sentimos, efetivamente, a dor daquelas pessoas. As entrevistas foram conduzidas ao longo de anos, e percebemos que além do trabalho de campo, a autora investiu muito do seu sentimento junto das pessoas que abordou. Mais um livro recomendadíssimo. 

domingo, 17 de outubro de 2021

Lidos: a fantasia que me passou pelas mãos

 Se no post anterior, enumerei os livros de banda desenhada que li nos últimos dois meses, vou passar aos livros com o seu "quê" de fantasia. Foram três livros: duas leituras novas e uma releitura - não foi bem uma releitura, mas já irei explicar.

Começo pelas leituras novas: 

- A Última Feiticeira (não tirei foto deste livro) e O Guerreiro Lobo, respetivamente o 1.º e 2.º volumes da Saga das Pedras Mágicas da autora portuguesa Sandra Carvalho. Há muito tempo que oiço falar de Sandra Carvalho; não é um nome que passe despercebido quando se fala de fantasia escrita em português, mas, por quaisquer que sejam as razões, nunca havia lido nada dela.

A ação passa-se no tempo dos Druidas e a nossa protagonista, Catelyn, e os cinco irmãos mais velhos vivem na Grande Ilha, que, cada vez mais, tem sido alvo de ataques vikings. Depois de uma infância despreocupada e feliz, Catelyn assiste ao desmoronar da sua vivência, e da sua família.
A mãe dá à luz uma bebé doente, e a partir daí, o seu próprio juízo vai sofrendo um abalo, até chegar a um momento fatal. O comportamento do próprio pai - que nunca havia sido um homem exatamente carinhoso - piora radicalmente, e obriga Catelyn  a casar com uma obscura figura que traz consigo Myrna, uma mulher que tanto tem de belo como de perigoso. 

Catelyn descobre que tem poderes, e descobre igualmente, a importância das singelas pedras que a mãe deu a cada um dos filhos aquando do seu nascimento. Estamos perante o clássico "bem contra o mal", com elementos mágicos e sobrenaturais à mistura, e que nos faz lembrar Juliet Marillier, a autora neozelandesa da saga Sevenwaters e da duologia das Ilhas Brilhantes. 

A Saga das Pedras Mágicas de Sandra Carvalho não deixa os seus créditos por mãos alheias e está muito bem escrito. Ainda só li 2 dos 8 livros que a compõem, mas estou muito entusiasmada por continuar esta leitura. 

A releitura foi Harry Potter e a Pedra Filosofal. Em audiobook. Portanto, apesar de estar a considerar uma releitura, a verdade é que era o Stephen Fry a ler por mim; o meu papel, era apenas existir e ouvir. Decidi começar o áudio destes livros na sua língua original... olhem, porque sim... é esta a minha justificação. Também demorei imenso tempo a terminar o primeiro livro (comecei em janeiro e só terminei esta semana), porque nem sempre estava no "mood" certo para acolher o sotaque do Stephen Fry em todo o seu esplendor. Mas vale muito a pena, sem dúvida. 

Imagem retirada de 
https://imgur.com


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Lidos: a banda desenhada que me passou pelas mãos

Já lá vão quase dois meses desde a última vez que publiquei alguma coisa neste espaço de partilha de leituras. 

 A verdade é que, comparando com outras alturas, as minhas leituras têm sido muito raras. Durante o mês de agosto, por exemplo, arrisco-me a dizer que não li nada (aliás, li muita legislação, literatura nem por isso). Depois, em setembro, voltaram as rotinas escolares do Henrique (que normalmente custam mais a mim do que a ele) e tive compromissos familiares que ocuparam parte do meu tempo livre. A outra parte desse mesmo tempo livre era a descansar. 

Foram dois meses algo atípicos - mas prometo recuperar. 

Para já, vou tentar condensar os resumos das minhas leituras realizadas. Vou começar pela banda desenhada, num único post - este mesmo!!! - e para os próximos dias, conto publicar os restantes textos opinativos. 

 Em termos de BD, li: - o 8.º volume de The Promised Neverland: a história segue um grupo de órfãos que descobrem que o lar onde residem não é exatamente o local carinhoso onde devem estar. - volumes 1 e 2 de "Aqui há gato", de Darby Conley: são tiras humorísticas do trio Rob (o humano), Bucky (o gato) e Satchel (o cão), no dia-a-dia. Aquele humorzinho sarcástico e inteligente que nos faz largar umas gargalhadas quando mais precisamos.
- 1984: este livro de George Orwell foi - brilhantemente - ilustrado pelo artista brasileiro Fido Nesti. Já o tinha começado a ler há meses, mas entretanto, outras coisas se meteram pelo meio, e foi ficando de lado. Voltei a pegar nele, et voilà!... mais um livro na lista de "lidos". O argumento é o que todos conhecemos: estamos em 1984, e Londres é controlada pelo Grande Irmão, uma entidade maior do que aquilo que se pode imaginar. Winston Smith é o nosso protagonista, e um peão neste complexo sistema. As ilustrações são fenomenais. O aspeto lúgubre, asfixiante, claustrofóbico de toda a existência é muito bem ilustrado e a paleta das cores usadas conseguem fazer o seu trabalho de forma irrepreensível.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Lido: Última paragem, Massamá, de Pedro Vieira

A trilogia de livros lidos

Como definir este livro? Inicialmente, parece uma salgalhada. Comecei a ler, e rstive a uma migalha de desistir ali pela vintena de páginas, porque não estava com muita paciência para complicações. Meti o livro "A Estrela de Gonçalo Enes" (post de ontem) à frente e retomei-o na segunda-feira, dia 26, quando fui levar a 2.ª dose da vacina... assim tinha com que me entreter enquanto esperava. 

E assim, foi. Quando recomecei a ler, no meio da rua, na fila, não consigo explicar, mas fez-se luz e aquilo que, uma semana antes, me parecia estranho, agora estava perfeitamente percetível. 

A escrita de Pedro Vieira é cheia de subtilezas e de diretas, é cheia de referências e de relações, e embora algumas me tivessem passado ao lado - não sou assim tão inteligente!!! - houve outras que me faziam rir às gargalhadas. 

As personagens principais são Vanessa, Lucas e João, um triângulo de utilizadores da Linha de Sintra. Mas o livro é muito mais do que isso. É a história de amores trágicos, com um final trágico. É a história dos subúrbios de uma Cidade grande. É a história de uma doença e de como ela afeta todos aqueles que rodeiam o doente. 

"Última paragem, Massamá" revelou-se uma estranha e boa surpresa. As minhas expetativas eram zero. Não conhecia o autor, nem a história... tinha, mais ou menos, uma ideia do estilo, devido ao facto de o seguir nas redes sociais e de "conhecer" um pouco a maneira como ele introduz humor em situações que nada têm de engraçado. E esse estilo está ali. 

Fiquei muito satisfeita por não ter cedido à preguiça mental e ter continuado a apostar nesta leitura. Se o lerem, façam o mesmo. Se se sentirem a perder a batalha, dêem-lhe uns dias. Não é uma leitura simples, mas depois de entrarmos no ritmo, flui. 

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Lido: A Estrela de Gonçalo Enes, de Rosa Lobato de Faria

Da querida Rosa Lobato de Faria já li melhor, sinceramente. Já li histórias mais comoventes, mais envolventes, com personagens mais empáticas... A Estrela de Gonçalo Enes é só morna quando comparada a uma Trança de Inês, por exemplo. 

Conhecemos Gonçalo Enes, um jovem pastor que vive com a sua viúva mãe. Gonçalo tem sonhos grandes, mas, um dia, apaixona-se por Balbina, uma rapariga da aldeia. Os dois envolvem-se, secretamente, até que chega o dia fatídico: o pai de Balbina relembra-a que ela está prometida a Barnabé, há alguns anos. Perdido de dor, Gonçalo vai-se embora e vive aventuras inimagináveis. 

Este livro é totalmente ficcionado, alerta-nos a autora, já nas últimas páginas. Resultou, contudo, de uma intensa pesquisa sobre duas personagens, centrais na narrativa, e reais: o próprio Gonçalo Enes e Pero de Évora, seu companheiro e amigo. Os dois acabaram mesmo por serem os descobridores das grutas de Tassili N'Ajjer (na Argélia). 

Como disse antes, apesar da escrita irrepreensível da autora, não foi um livro que me tivesse maravilhado. É um bom livro, mas convém conhecer um pouco mais da escrita dela, porque apesar de tudo, sabemos que existe muito melhor, e conseguimos relevar um livro menos bem conseguido. É um livro leve, ideal para estas alturas em que não nos apetece "nem carne, nem peixe".

terça-feira, 27 de julho de 2021

Lido: Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto

Numa outra vida, ofereceram-me um livro de José Luís Peixoto e, muito honestamente, não tenho qualquer ideia de o ter lido. 

Como tenho confidenciado, tenho andado num pequeno deserto de leituras. Não me tem apetecido ler, simplesmente, e tenho visto mais séries e filmes. Fases. Mas quando o Henrique começou as férias, prometi que íamos à Biblioteca Municipal; como não é possível entrar lá e escolher, tivemos de fazer esse trabalho em casa, e escolher pelos títulos que nos soavam melhor. Aconteceu com "Nenhum Olhar". Não conhecia nada de José Luís Peixoto, mas li que havia sido com esta obra que ele ganhou o Prémio Saramago. Nada a perder, portanto.

E gostei mesmo muito. 

A determinada altura, pela forma como o texto é apresentado, pelas características das personagens que nos iam sendo dadas a conhecer, pela fatalidade dos seus destinos, quase parecia que estava a ler Gabriel Garcia Marquez. Juro pela minha saúde.

A ação passa-se no Alentejo e cruza duas gerações de duas famílias rurais, e narra a dureza da existência dos habitantes daquela aldeia. Gémeos ligados por um dedo, um velho com perto de 150 anos, uma prostituta cega, filha de uma prostituta cega que, por sua vez, era filha de uma prostituta cega, um gigante e o diabo são alguns desses habitantes que simplesmente aceitam o destino que lhes é apresentado. 

Tudo isto, pintalgado com uma escrita muito poética, contudo, tão fácil de ler como se o tívessemos feito toda a vida. Há muito tempo que não me comovia desta maneira com um livro. 

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Lidos em junho

Uiiiii... como estou atrasada na publicação de opiniões. É quase um mês e meio sem colocar aqui uma única letra.Vou resumir tudo num único post e "que sera sera". 

Jane Eyre, de Charlotte Brontë
Um dos livros que queria ler já há muito tempo era o famosíssimo Jane Eyre. Há anos e anos que oiço falar (e bem) deste livro, mas ainda não tinha tido a oportunidade de o ler. Aproveitei a maratona Estações Literárias e o tema mensal do clube de leitura, para finalmente, colocar "em dia" esta leitura.

O sentimento com que fiquei foi semelhante ao "Monte dos Vendavais" - o protagonista masculino irrita-me sobejamente. Temos uma jovem - Jane Eyre - que acaba por se tornar perceptora que uma menina, numa casa senhorial. Algum tempo depois, conhece o patrão e acaba por cair de amores por ele. Mas este sujeito (que eu já conhecia de "Vasto Mar de Sargaços") é, à falta de melhor palavra, um insuportável, arrogante... acaba ele por também se apaixonar por Jane, e começa aqui um jogo de manipulação. Enfim... gostos não se discutem! 


A coragem de Cilka, de Heather Morris
Já conhecia a autora de "O Tatuador de Auschwitz" que na altura em que o li, não gostei especialmente. Achei a escrita apressada, atabalhoada, claramente com a intenção de virar filme, mas que depois não aconteceu... enfim, uma trapalhada de livro.

E não contava ler este, vou ser sincera. Mas, as opiniões positivas que li sobre ele, fizeram-me mudar de ideias. E ainda bem. Claramente, a autora esforçou-se para fazer deste um bom livro e trabalhou nele, com alma. O nome de Cilka foi falado no "Tatuador", e a autora escolheu dar uma história a esta rapariga. Cilka, com 16 anos, é levada para Auschwitz, mas o comandante do campo fica atraído por ela, e a jovem é separada das restantes prisioneiras. 

Após a libertação, é acusada de ter compactuado com os nazis e é condenada a um compo de trabalho na Sibéria. Ali, as condições são horríveis, e não a deixam esquecer os horrores passados no campo de concentração. Mas Cilka acaba por conseguir ver alguma luz, e esforça-se por sobreviver. 


Anjos Perdidos em Terra Queimada, de Mons Kallentoft
Tenho lidos esta tetralogia de uma forma muito pouco convencional, por erro meu, e foi tudo fora da ordem. Este será, então, o 2.º volume da série protagonizada por Malin Fors. É verão e a cidade está debaixo de uma vaga de calor, nunca sentida. Malin é chamada para uma investigação: uma jovem foi encontrada, coberta de sangue, e sem ideia do que lhe possa ter acontecido. Pouco depois, desaparece outra adolescente. Malin, que tem uma filha da mesma idade, não sossega. 

Quando li o 3.º volume, sabia, por alto, que algo sinistro teria acontecido, e que havia desencadeado uma queda para o abismo da inspetora. Aqui, pude lê-lo. E é arrepiante! Os thrillers suecos são sempre uma caixinha de surpresas!


A doença, o sofrimento e a morte entram num bar, de Ricardo Araújo Pereira
Um dos temas da Maratona Estações Literárias era "livro de humor". Escolhi este, porque gostei do nome, e não por nenhuma outra razão mais metafísica.

Este não é propriamente um livro de humor, mas sim, sobre as origens do humor e explora algumas das principais características daquilo que pode ser (ou não) encarado como uma piada. 

É uma reflexão bastante interessante, por sinal. 


The Promised Neverland 6 e 7, de Kaiu Shirai
Não vou escrever sobre estes livros, porque fazendo parte de uma saga maior, não creio que faça sentido. Deixo só a ideia principal da história, porque só lendo, mesmo. Basta-me acrescentar que, em Portugal, já vai no 8.º volume que também já mora cá em casa.

No volume 1, somos apresentados a várias crianças que estão num orfanato, gerido pela "Mãe", uma mulher carinhosa e amorosa e única referência maternal na vida daqueles órfãos. Até que Emma, Norman e Ray - os três mais velhos - descobrem algo que vai alterar profundamente toda a estrutura segura da casa.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Lido: As Crónicas de Spiderwick - Livro 1: O Livro Fantástico, de Tony DiTerlizzi e Holly Black

 Pareço um disco riscado, eu sei, eu sei... não queria que tivesse havido atrasos na publicação dos textos, mas houve. Mea culpa!

Um dos livros que li para a maratona Estações Literárias foi o 1.º volume das Crónicas de Spiderwick, para a categoria "livro infanto-juvenil". Já vi o filme há anos, mas nunca me tinha ocorrido procurar os livros. Há uns meses, a Cristina Luiz gentilmente perguntou se eu queria algum livro que ela estava a destralhar, entre os quais, infantis, e fiquei surpreendida quando o Henrique escolheu este. 

Após a separação, Helen Grace vai com os filhos - Mallory e os gémeos Jared e Simon - para a casa de uma velha tia, Lucinda Spiderwick. Enquanto exploram a casa, os irmãos encontram um quarto secreto. Ao mesmo tempo começam a acontecer coisas inexplicáveis. Por ser, de certa forma, o mais inconformado, Jared é apontado como culpado dessas, consideradas, partidas. 

Até que no tal quarto secreto encontram um livro fantástico que descreve todo o tipo de criaturas sobrenaturais; livro esse que vai mudar a vida família Grace. 

O filme é fofinho e condensa todos os livros da série. Este que é o 1.º temos uma apresentação dos irmãos Grace e a introdução à narrativa. É muito pela rama, mas é giro de se ler.

O livro tem duas características que eu gostava de destacar: as ilustrações e a forma como a história nos é apresentada. O livro é praticamente todo ilustrado com momentos da ação da história, ilustrações essas que parece que foram feitas à mão, diretamente nas páginas.



A segunda, como referi, é a forma como a história nos é dada a conhecer. Temos uma introdução, assinada por Holly Black, dirigida aos leitores. Aí, ela explica que, um dia, após uma sessão de autógrafos, ela própria e Tony DiTerlizzi foram abordados pelo funcionário da livraria que lhes entregou uma carta que alguém ali deixara, e era dirigida a ambos. Era uma missiva dos irmãos Grace que diziam ter em sua posse um livro que prova a existência de criaturas fantásticas, e juntavam uma cópia de uma das páginas desse livro mágico. Perguntavam - aos dois autores - se havia hipótese de entregarem o livro à editora para que toda a gente tivesse acesso ao mesmo conhecimento que eles tinham. 

Depois de uma troca de cartas, os irmãos Grace acabaram por se dar a conhecer a Holly e foi, nessa altura, que lhe contaram as aventuras que passaram. 

Se isto não é obrigar o leitor a deixar-se levar, então não sei o que será. Não foi só criar um imaginário, foi criar uma situação que poderia ter realmente acontecido. É uma forma muito criativa de cativar os jovens leitores, e estimular-lhes a imaginação. Adorei. 

sábado, 29 de maio de 2021

Lido: Corte de Espinhos e Rosas, de Sarah J. Maas

Há séculos que ando a ouvir falar de ACOTAR (A Court of Thorns and Roses), da autora norte-americana Sarah J. Maas ("mãe" da saga Trono de Vidro, editada em Portugal pela Marcador). E, no âmbito, da maratona Estações Literárias - para a categoria "livro recomendados" - decidi  ler ACOTAR (vou referir-me ao livro, ao longo do texto, através das siglas do título original em inglês, apenas para simplificar). 

Temos então uma jovem, Feyre, que vive com duas irmãs e o pai, numa cabana decrépita no meio de uma floresta. Pelo que nos é dado a conhecer, em tempos, esta família teve dinheiro e reputação, mas, por algum motivo, perdeu todos os seus bens. 

Feyre é a principal providenciadora da família. É ela quem caça e trata de tudo para que irmãs e pai estejam minimamente confortáveis, apesar dos laços entre eles não serem dos mais estreitos. 

Ao longo das primeiras páginas, apercebemo-nos também que existe algo mais: que estas pessoas convivem de perto com seres místicos. 

Um dia, Feyre caça um lobo. Uma criatura enorme que providenciará carne, e Feyre pretende vender a pele do animal. Mas, nem tudo é o que parece e o lobo era, afinal de contas, um destes seres místicos - um feérico. Pouco tempo depois, uma criatura monstruosa invade a cabana e exige que Feyre repare a morte: ou com a sua própria vida ou indo para Prythian, território dos feéricos. 

Tamlin é o Grão-Senhor da Corte da Primavera e a criatura monstuosa que leva Feyre é ele mesmo, transformado. Inicialmente, a relação de Feyre e Tamlin é fria e distante, mas com o passar do tempo, os dois acabam por se ir aproximando. 

Nesse tempo, Feyre tem conhecimento de uma praga que tem vindo a afetar gravemente o território feérico. A Corte de Tamlin é obrigada a usar umas máscaras, devido ao facto de ter estado a decorrer uma festa quando a praga caiu sobre eles. 

Mas, há muito mais que isto, e Feyre acaba por descobrir que é uma peça fundamental para que tudo volte ao normal. 

ACOTAR é um bom livro de fantasia, Young Adult, e engraçado de ser ler. Não é uma obra de arte, mas lê-se muito bem, e rapidamente. Houve alguns momentos mais lentos, ou momentos que eu cortaria, mas tem um conjunto de personagens muito cativantes. O mundo criado por Maas é, igualmente, interessante - e nota-se que a autora "bebeu" inspiração nas lendas britânicas e irlandesas. 

É, definitivamente, uma saga a seguir. E esperar que seja trazida para Portugal, para que outras pessoas possam aceder a ela. 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Lido: Flores Caídas no Jardim do Mal, de Mons Kallentoft

Ena, que sorte! Desta vez não cheguei aos 10 dias de atraso. Notam-se melhorias. Keep up the good work!

O último texto que aqui publiquei foi sobre o livro "As cinzas de Angela" - um livro notável. Mas, entretanto, já terminei mais dois outros bons livros. 

Para a maratona Estações Literárias (categoria capa com tons de verde), escolhi um livro que já queria ter lido "Flores Caídas no Jardim do Mal", de Mons Kallentoft. Fiquei dececionada com a forma como a detetive Malin Fors tinha sido retratada no livro anterior, e a pontuação de 4 estrelas foi apenas devido ao mistério, porque, naquele livro, Malin era apenas uma bêbada muito irritante e nada empática. Era muita vitimização, muito "mimimi" e pouquíssimo "tenho de tratar dos meus problemas antes que mate alguém".

Este livro acontece tempos depois do anterior. Malin já saiu de uma clínica de tratamento e está no funeral da mãe. Ao mesmo tempo, no centro da cidade, explode uma bomba que vitima duas crianças, irmãs gémeas. A mãe das meninas fica estado grave, e segue para o Hospital. 

Após o funeral, Malin dirige-se para o local. Aquilo que vê, deixa-a consideravelmente perturbada e mais motivada do que nunca para descobrir o responsável pela morte das crianças. 

Teria sido atentado terrorista? Teria sido uma ação de fanáticos? Quem?

A mãe das meninas morre no Hospital, mas todos os sinais apontam para que tenha sido morta, e não por consequência dos ferimentos. A morte do marido, algum tempo antes, terá alguma relação? Terá sido mesmo um acidente? No meio de tantas questões, descobre-se que as gémeas eram adoptadas, e que eram filhas biológicas da herdeira de um dos homens mais ricos (e misteriosos... e de reputação dúbia) da Suécia. 

Malin, envolvida na resolução deste caso, e numa sobriedade muito recente, vê-se numa batalha com os seus próprios demónios: a vontade de tomar uma bebida, a filha que se candidatou a uma Universidade numa cidade distante, o ex-marido que arranjou uma nova namorada... (e o bar que está ali tão perto). 

A chave do mistério está numa velha máxima! - relaxem os vossos corações que não vou revelar o fim - e é quase óbvio, mas a jornada até lá é atribulada, e interessante q.b.

Malin continua a não ser das minhas personagens preferidas, mas melhorou um pouco, na minha opinião. Falta-me ler o livro que despoletou a caída dela (o 2.º da série - já li o 1.º, 3.º e 4.º) e a conclusão da saga de Malin Fors. 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Lido: As cinzas de Angela, de Frank McCourt

Este foi o último livro que li (à data da escrita do post) e ainda estou a remoer. Perdoem-me, portanto, se não tiver um texto bonitinho e bem construído, porque estou a escrevê-lo ainda com o peso dele em cima dos meus ombros. 

Antes de mais, este livro é uma auto-biografia de Frank McCourt e da sua família, apresentada como um romance, narrado pelo próprio autor, enquanto criança. Venceu o Pullitzer em 1997. 

Os pais, irlandeses, estão emigrados nos Estados Unidos e acabam por se apaixonar e casar. Dessa união, surgem filhos. Frank é o primeiro, seguido de Malachy, os gémeos Oliver e Eugene, e uma menina, Margaret. A família passa por muitas dificuldades (são os anos da Grande Depressão), ampliadas pelo alcoolismo do pai. Margaret morre com poucos dias de vida, e, nessa altura, decidem voltar para a Irlanda. Mas estamos em finais dos anos 30, e a pobreza é a regra e não a excepção. 

O pai não arranja trabalho e gasta todos os subsídios nos pubs locais, a família materna também não lhes pode valer, e a morte espreita em cada esquina. A fome é uma constante, bem como as doenças. Frank teve, por exemplo, febre tifóide e quase morreu, e muitos dos seus conhecidos morriam de tuberculose. A mortalidade infantil andava nos píncaros. A comunidade onde estas pessoas (sobre)viviam era de um conservadorismo católico doentio, e isso contribuiu em grande parte para o desespero que a escrita de McCourt espelha. 

Frank e a família viverão a sua pior vida nos bairros pobres de Limerick. Vamos acompanhando o crescimento de Frank desde os 4 anos até aos 19, quando embarca num barco que o traz de volta aos Estados Unidos. 

Ler este livro provoca dores e todo o género de reações físicas e emocionais: é o estômago que se encolhe, são as lágrimas que caem, são os arrepios na nuca, o suor que surge não sabemos bem de onde... não sei ao certo que estava à espera quando comecei a ler este livro, e, muitas vezes, desejava, ardentemente, que fosse tudo ficção e que nenhum ser tivesse de passar por aquilo que as crianças McCourt tiveram de suportar. Chorei, ri com a inocência de algumas passagens, mas, acima de tudo, acreditei na resiliência daquelas pessoas. 

A título de curiosidade: os Cranberries eram, por exemplo, naturais do condado de Limerick, tal como Richard Harris, o 1.º Professor Dumbledore, da saga Harry Potter. 

Este livro foi escolhido para a categoria "livro que componha a palavra F-L-O-R-E-S" (inclui nome do autor e título), para a maratona Estações Literárias. 

terça-feira, 18 de maio de 2021

Recuperar do atraso - parte 3

 Eis-no chegados à 3.ª parte da atualização das leituras feitas em abril / inícios de maio. No momento em que estou a escrever este post, não tenho nenhuma leitura em mãos. Certamente, quando largar o computador, irei procurar uma nova leitura, mas o certo é que ficarei sem posts requentados. 

- A família de Pascual Duarte, de Camilo José Cela: para participar no desafio #enabrilleemosenespañol, lançado pela Ana Lopes, escolhi este autor espanhol (vencedor do Nobel da Literatura em 1989). Este foi o seu romance de estreia, publicado nos anos 40. Este é um livro narrado pela personagem principal, Pascual Duarte, que se encontra preso, condenado à morte, e decide escrever sobre os eventos da sua vida que o conduziram até aquele momento: desde o primeiro homicídio que cometeu, num desaguisado com um amigo, até ao assassinato da própria mãe, com quem nunca teve uma relação muito chegada. 
Ao longo da sua vida, Pascual viu-se forçado a tomar decisões, e atormentado pela má-sorte, nem sempre são as melhores. Trata-se de um relato cru, muito realista e capaz de deixar o leitor bastante incomodado com os relatos que lhe são  apresentados.
Não querendo comparar o que não é possível, esta obra quase faz lembrar, o livro "O último dia de um condenado", de Victor Hugo. Sem dúvida que este livro entra na minha lista de livros a recomendar!! 
Este livro foi lido para a maratona Estações Literárias (categoria "livro com menos de 200 páginas"). 

- O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin: eis-nos chegados ao primeiro livro de maio. Pode parecer esquisito, mas estava à espera da versão portuguesa deste livro há mais de 3 anos. Comecei a lê-lo em português do Brasil, mas não estava a conseguir ligar-me. Coloquei-o de lado, esperando, que alguma editora em Portugal pegasse nele, porque achei a ideia do livro muito interessante. Durante a Revolução Cultural na China, uma física quase caída em desgraça, envia sinais para o espaço, tentando alcançar outras formas de vida. Sinais esses que são, efetivamente, captados por uma civilização quase extinta que começa a delinear um plano para invadir a Terra. 
O Problema dos Três Corpos é o 1.º de uma trilogia que venceu, em 2015, o Prémio Hugo (prémio entregue anualmente nas categorias de fantasia ou ficção científica). E já se sabe que a Netflix vai produzir uma série, adaptada desta trilogia. 
Estava ansiosa por este livro, e não defraudou as minhas expetativas. É, contudo, um livro denso,,  que dá muitas explicações na área da Física, e que, facilmente, pode fazer-nos perder o interesse. Não é, portanto, um livro que se leia de supetão, mas um livro para irmos lendo, capítulo a capítulo. 
Este livro foi lido para a maratona Estações Literárias, para a categoria "livro de ficção científica). 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Recuperar do atraso - parte 2

 Continuando na aventura de recuperar do atraso das últimas semanas sem novos conteúdos no blogue, seguem mais três descrições de leituras realizadas em abril/inícios de maio. Quero realçar que todas as leituras têm sido de 4 e 5 estrelas. Tenho-me dedicado a escolher com maior rigor aquilo que leio, e por isso as leituras apenas satisfatórias ou más têm sido realmente muito raras. 

- Filha da Fortuna, de Isabel Allende: por alguma razão desconhecida, tinha este livro marcado como "lido", o que não correspondia à realidade. Eliza Sommers é uma jovem que foi adoptada por uma família inglesa, composta por três irmãos: Rose, Jeremy e John. De acordo com o que sabe, foi deixada à porta dos Sommers e, por insistência de Rose, acabou por ser educada como uma menina inglesa, apesar das suas raízes chilenas. No início da sua adolescência, Eliza apaixona-se por Joaquin Andieta, um rapaz chileno, pobre e sem suporte familiar, com excepção da sua mãe. Joaquin vai para a Califórnia atraído pela "febre do ouro" e nunca mais se ouve nada dele. Eliza que, entretanto, descobre estar grávida, vai atrás dele. Este livro, no fundo, fala sobre amor, auto-descoberta, liberdade e obsessão. Allende é magistral nas descrições que faz, e adoro perder-me na sua escrita. Esta leitura foi feita no âmbito da maratona Estações Literária, para a categoria "título que comece com a letra F". 

- Limões na Madrugada, de Carla M. Soares: há uns meses, a Wook fez uma promoção nos ebooks e acabei por comprar alguns. Estávamos numa altura crítica de pandemia, e colmatei desta forma a "falta" de livros novos nas estantes. Passaram de estantes físicas para estantes virtuais. Adriana é a protagonista desta história, Filha de pai português e mãe argentina, a jovem vive na Argentina, depois da família ter para ali se ter mudado quando Adriana era pequena. A falta de contacto com o lado português, fez com que ela se afastasse das raízes lusas, e é com surpresa que é contactada por uma firma de advocacia para receber uma herança de uma tia portuguesa. Inicialmente, estava relutante em ir, mas mudanças fundamentais na sua vida até então estabelecida ditam que viaje até ao Porto e se reconecte com o ambiente português e se envolva com segredos familiares que muitos gostariam de ver enterrados.
Foi uma leitura quase compulsiva. A autora escreve de forma intimista e engenhosa, sabendo perfeitamente, marcar o ritmo da narrativa e prender-nos. Cada personagem tem o espaço devido, com o tempo de antena devido, inclusivamente a protagonista. Gostei muito desta minha estreia com Carla M. Soares, e irei, de certeza, ler outras obras.
Esta leitura foi feita para a maratona Estações Literárias, na categoria "autora nacional". 

- Morte no Nilo / O misterioso caso de Styles, de Agatha Christie: trata-se de uma adaptação a BD por Isabelle Bottier e Callixte (Morte no Nilo) e Jean-François Vivier e Romuald Gleyse (O misterioso caso de Styles). As clássicas histórias protagonizadas por Poirot são mais do que conhecidas, sendo que, sem dúvida, o ponto alto são as ilustrações.  

sábado, 15 de maio de 2021

'Bora atualizar o blogue?

Vamos a meio de maio e o meu ritmo de atualização do blogue tem sido praticamente nulo. Aliás, desde inícios de abril que não coloco aqui uma única opinião.

Para não perdermos muito do nosso tempo, e de forma a tentar pôr em dia os posts, vou dividi-los em grupos de 2/3 leituras realizadas, para dar a sensação que a coisa anda a correr bem. 

Vejamos, então:

- Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, de Stefan Zweig:  em outubro, li o livro "Novela de Xadrez", deste autor austríaco, e gostei imenso; decidi, por isso, explorar um pouco mais e decidi ler esta obra que, há uns tempos, andou a rodar na bookesfera. O narrador desta história está hospedado num bom hotel, quando rebenta o escândalo: uma das hóspedes, uma senhora casada, foge com outro hóspede que acabara de conhecer. Todos se unem a condenar a mulher, excepto o nosso narrador que toma uma opinião mais compreensiva em relação ao sucedido. Uma senhora inglesa interpela-o e conta-lhe um episódio da sua própria vida. Um simples episódio que decorreu apenas em 24 horas, anos antes, na sua juventude, decorrente de uma paixão. É um livro pequenino que se lê de uma assentada e que nos faz pensar nas coisas que fazemos de supetão, na impulsividade, no trocar o certo pelo incerto... 
Mais uma obra muito muito boa!!!
Leitura para a maratona Estações Literárias, categoria "título com a palavra Rapariga ou Mulher". 

- Caim, de José Saramago: noutra vida quando as pessoas ainda se podiam ajuntar, reuniu o clube de leitura a que pertenço, e uma das meninas andou a fazer distribuição de livros. Acabei por ficar com este livro do meu rico Saramago. 
Depois de ter lido "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e ter adorado, decidi avançar para mais esta obra, desta feita, sob a perspetiva de Caim. Depois de serem expulsos do Paraíso, Adão e Eva descobrem que, afinal não são os únicos humanos na Terra e acaba por ter filhos: Caim, Abel e Set. Como sabemos, Caim mata Abel e é marcado por Deus e condenado a vaguear pela Terra, sem puder ser morto. Acaba, no entanto, por descobrir que consegue andar para a frente e para trás no tempo, cruzando-se com outras personagens e momentos descritos no Antigo Testamento: a queda da Torre de Babel, a destruição de Sodoma, impede que Abraão sacrifique o filho Isaac, assiste à construção da arca de Noé, entre outros. Como bom ateu que era, Saramago não descura nem por um instante a crítica à religião e às ações tomadas em nome da fé, sempre com a tom que lhe é tão conhecido.
Ainda não li um livro de José Saramago que não tenha gostado, para ser sincera. Continuarei à procura, portanto!!! Fiz esta leitura para o Clube "Regaleira de Livros" e para a maratona Estações Literárias (categoria "autor nacional"). 

- The Promised Neverland, de Kaiu Shirai (argumento) e Posuka Demizu (arte) - volume 5: não vou falar da história, porque sendo uma série, há necessidade de acompanhar do início. 


quarta-feira, 5 de maio de 2021

Livros lidos até ao dia de hoje

Mais uma vez, estou em falta no que à publicação dos livros lidos diz respeito. Já devia ter aprendido que não vale a pena colocar-me objetivos se não sei como estarei passadas 24 horas sequer.  

Por estas semanas, além de dores terríveis de costas (ciática, dizem os experts), tenho andado numa roda de viva com outras coisitas menores, que, parecendo que não, consomem muito tempo. Tenho lido, especialmente à noite, e desde a última publicação (há mais de 3 semanas) tenho visto algumas séries. Terminei a série "Chernobyl" que comecei no mês de Outubro e que jurei a mim mesma que não iria conseguir ver mais. Aparentemente, o mais chocante visualmente decorreu no 1.º episódio e embalei e vi toda a série. Pus também em dia as séries que sigo nos canais habituais de cabo, e que estavam, à minha espera, há semanas, na box. Vi também a série "Shadow and Bones" do princípio ao fim em 3 dias (ou um bocadinho menos, vá!). 

Quanto a leituras, como disse no post anterior, li o livro "Vinte e quatro horas na vida de uma mulher", de Stefan Zweig, li o 5.º volume de "The Promised Neverland", "Caim" de José Saramago e uma banda desenhada de duas histórias de Poirot. Li também "Limões na Madrugada" de Carla M. Soares, a "Filha da Fortuna" de Isabel Allende e "A família de Pascual Duarte", de Camilo José Cela. 

Comecei ainda "O Problema dos Três Corpos" de Liu Cixin (no momento em que estou a escrever este texto vou no último terço do livro). 

Nada mau! 7 livros e pico em três semanas...!

Estamos a 5 de maio e falta-me fazer a review de todos estes livros. Prometo que as farei - mas não será hoje, lamento! Por agora, fica apenas o apanhado das minhas leituras recentes, com algumas das fotos que tirei. 









domingo, 11 de abril de 2021

Planos para abril + lido As Duas Torres, de JRR Tolkien

Como me espalhei totalmente ao comprido com as minhas previsões de leitura para março, afastei da ideia fazer planos para abril, apesar de haver um ou outro livro que gostava mesmo mesmo de ler a curto prazo. 

No último dia de março, comecei a ler o 2.ª volume de O Senhor dos Anéis, portanto, foi uma leitura que considero de abril, dado que 98% do livro foi lido nestes primeiros dias do mês. Não vale a pena massacrar com o resumo deste livro, dado que o filme de Peter Jackson está extremamente fiel à obra de Tolkien, fora pequenos detalhes, sem grande relevo. 

Não sei se lerei já de seguida o 3.º e último livro da série, mas será em breve, com certeza. 

Entretanto, li o livro "Vinte e quatro horas na vida de uma mulher" de Stefan Zweig, um livro relativamente pequeno e sobre o qual irei escrever amanhã. 

Quero ler O Problema dos Três Corpos de que falei no post anterior e queria ainda ler qualquer coisa de um autor português. Já aqui falei da Carla M. Soares, com o seu "Limões na Madrugada", ou o "Caim" do Saramago - estou indecisa. Já vamos quase a meio do mês e não sei como vão "correr" o resto dos dias. 

sábado, 10 de abril de 2021

Livros novos cá em casa

Ser adulto aparentemente tem muito a ver com prioridades. A bem da verdade ninguém me disse isso quando fiz 18 anos, mas adiante...

E, a prioridade tem sido dada a umas obras cá em casa - ou seja, nada de livros novos. Contudo, antes das obras tinha comprado através da Wook a minha prenda de aniversário para mim própria. Trata-se de uma novidade da Relógio d'Água que eu já aguardava há uma imensidão de tempo: O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin. 

Há coisa de 2/3 anos, cruzei-me com este livro, na sua versão brasileira, mas apesar de ter gostado da ideia-base do livro, não me conectei com o Português do Brasil e optei por deixá-lo de lado. É um livro de ficção científica, e passa-se durante a Revolução Cultural chinesa, quando uma cientista tenta estabelecer contacto com uma possível civilização alienígena. 

Comprei o livro no dia dos meus anos - 23 de fevereiro - mas demorou praticamente um mês a chegar, e só passou a viver cá em casa no mês de março. 

Novos também são os livros que o meu irmão me emprestou (e que ainda não leu). São os dois volumes da série Trono de Vidro de Sarah J. Maas, editados pela Saída de Emergência. Não sei do que se tratam, nem quero saber...

E são estes os livrinhos novos que vieram enfeitar as minhas estantes - dois deles a título temporário, claro!



sexta-feira, 9 de abril de 2021

Resumo de leituras de março para "abrir" as hostes de abril

Mais uma vez, peço desculpa pela falta de conteúdo novo, aqui, no blogue. Tenho lido a um ritmo um pouco mais lento e tenho andado cansada. A última coisa que me tem apetecido é estar à frente do computador. 

Quando tiverem saudades minhas, vou pondo umas coisinhas no Instagram: https://www.instagram.com/capamole/ - se bem que, ao dia de hoje, a minha última publicação tem data de 31 de março (contudo, bem mais atual do que o post de 10 de março). 

Para não perder muito tempo, vou fazer um breve resumo das minhas leituras de março e começar a nova jornada de abril. 

- Oliver Twist, de Charles Dickens: li a versão em banda desenhada, naquela edição gira da RTP/Levoir. Oliver parece ter nascido em desgraça. A mãe morre ao dar à luz e o rapaz acaba numa casa de correção, onde passa fome. Num dia em que pede mais comida, acaba expulso e é torna-se aprendiz de uma funerária, onde é tremendamente mal tratado. Foge para Londres e acaba por conhecer um grupo de ladrões, liderados e treinados por Fagin.
Oliver vê-se envolvido no roubo de um homem, e é preso. A vítima do roubo - o senhor Brownlow - não tendo a certeza da culpabilidade do rapaz, faz de tudo para o soltar. Mais uns quantos sustos pelo meio, e Oliver acaba feliz e contente com o senhor Brownlow que acaba por o adoptar. Não conhecia a obra e achei bastante interessante; é bem provável que leia o original. 

- Dois Reinos Negros, de Kendare Blake: a 3.ª e penúltima parte da saga "Três Coroas Negras". A cada geração nascem trigémeas que irão competir pelo trono de Fenbirn. Seguimos as histórias de Katherine, Arsinoe e Mirabella. É uma história de fantasia muito interessante e com um argumento pouco habitual. Normalmente, temos as fações do Bem contra o Mal, mas, neste caso, nenhuma das rainhas é totalmente má e é fácil simpatizarmos com qualquer uma das três. 
Neste 3.º volume há um "twist" que apimenta um pouco a história.

- O Filho de Thor, de Juliet Marillier: depois da trilogia de Sevenwaters (livro 1, livro 2 e livro 3), nunca mais tinha lido nada desta autora neo-zelandesa. E continuando um pouco na senda do livro anterior, embarquei em mais uma obra de fantasia. O Filho de Thor é o 1.º da série "A Saga das Ilhas Brilhantes", composta ainda pelo livro Máscara de Raposa.
Desta vez, Marillier recua até ao tempo dos vikings. Eyvind sempre desejou ser um "Pele de Lobo", nome dado aos guerreiros. Um dia, Eyvind conhece Somerled, um rapaz da sua idade, e é-lhe pedido que desperte ao segundo as habilidades que se esperam de um rapaz adolescente. Somerled é, notoriamente, inteligente e não mostra qualquer interesse em desporto, tarefas manuais ou em quaisquer outras atividades físicas. Desde cedo, diz que está destinado a ser Rei.
Já adultos, embarcam numa aventura liderada pelo irmão mais velho de Somerled, para um território desconhecido, localizado numas ilhas distantes.
E é aqui, obviamente, que a maior parte da ação do livro acontece. É mais uma vez, um livro tremendamente bem escrito e aconselho vivamente.

- 1793, de Niklas Natt och Dag: um livraço, mas de um género completamente diferente dos anteriores. Trata-se de um thriller histórico, passado em Estocolmo. Mickel Cardell é guarda-noturno é chamado, depois de uma noite de copos, para ir recolher um corpo que deu à costa no lago da cidade. O corpo está completamente mutilado, e Cardell sente-se impelido a dar um final digno ao homem. Entretanto, a Polícia de Estocolmo chama Cecil Winge, um advogado e consultor policial, para tentar identificar aquela vítima. Winge, que está à beira da morte, concorda resolver o enigma e junta-se, oficiosamente, a Cardell para descobrirem a identidade do homem. Gostei imenso. O leitor certamente irá sentir-se "perdido" com os nomes suecos ao longo da narrativa - a hegemonia da literatura anglo-saxónica prega-nos estas partidas - mas, a história vale a pena ser conhecida. Ansiosa para ler a sequela, 1794. 

quarta-feira, 10 de março de 2021

Preparação de março

Nos últimos dois posts apresentei as três leituras que já fiz em março, mas entretanto já desisti de uma 4.ª. O tema do clube de leitura a que pertenço - Regaleira de Livros - é "livro cujo título tenha um nome próprio". 

Há algum tempo que me sentia curiosa com o livro de Domingos Amaral "Enquanto Salazar dormia" e tudo se encaminhava nesse sentido, mas... comecei a ler e odiei logo de início. Ainda não tinha lido 10 páginas e já me parecia um livro gabarolas de um espião luso-britânico que andou a "papar" mulheres durante a II Guerra Mundial, quando estava em serviço em Portugal. 

Não estou com paciência, peço desculpa desde já ao autor. Não estou com paciência para as "façanhas" sexuais de um Don Juan com sotaque britânico e nem me dei ao trabalho de continuar a leitura que até pode ser muito interessante, admito... mas não, obrigada! Passo!

Para completar este desafio do clube de leitura, irei jogar pelo seguro e vou ler mais um volume dos Clássicos da Literatura em BD, uma coleção lançada pela parceria RTP/Levoir. 

Este mês, gostava ainda de ler o 3.º volume do Three Dark Crowns de Kendare Blake - Dois reinos negros, e ainda o livro (ebook) da autora portuguesa Carla M. Soares, Limões na Madrugada.

Mais uma vez, vou lendo à medida do que me vai apetecendo. Já há uns meses, comprei também a saga Zarco do Richard Zimler, e acho que já está na altura de retomar. Li em fevereiro de 2018 O Último Cabalista de Lisboa que começa aquilo que o autor chamou de "ciclo sefardita". Seguem-se: Meia-noite ou o Princípio do Mundo, Goa ou O Guardião da Aurora, A Sétima Porta e Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco. Cinco livros que seguem a saga da família Zarco. Creio, por isso, que ainda vou tentar ir ao Meia-noite ou o Princípio do Mundo. 

terça-feira, 9 de março de 2021

Graphic novel e mangá lidos

 E com este post atualizo tudinho o que estava atrasado. Prometi que ia abreviar este texto, porque se tratam de dois volumes de duas séries que estou a acompanhar: Saga - volume 9 e último publicado (os autores estão numas férias antes do próximo número) e The Promised Neverland - volume 4

Comecemos por Saga. Neste momento, o volume 9 é o último disponível. Os autores dizem que a série vai a meio, e que a ideia será ter 18 volumes. Mas entretanto, já passaram dois anos desde o "hiatus" dos autores... Saga é considerada uma "space opera", uma espécie de novela espacial. É uma espécie de Guerra das Estrelas meets Romeu e Julieta no espaço. Marko e Alana são de dois planetas diferentes que se encontram numa feroz guerra, com baixas de ambos os lados. O inimaginável acontece e os dois apaixonam-se e têm uma filha, Hazel. Contudo, tornam-se foragidos, já que são perseguidos por várias facções que querem ver esta família morta. Pelo caminho, vão encontrando amigos que os protegem e inimigos que os tentam eliminar. Este 9.º volume termina de forma tão abrupta que os fãs começam a desesperar por respostas. 

The Promised Nerveland é um mangá. A história segue um grupo de crianças e o seu plano de fuga do orfanato - o Grace Field House - que habitam, depois de terem descoberto um segredo macabro. Emma, Norman e Ray são os mais velhos e aqueles que lideram o projeto de fuga. Em Portugal, esta saga começou a ser publicada em 2019 e a edição portuguesa vai no 6.º volume. 



segunda-feira, 8 de março de 2021

Mês de Março ´in da house: lidos de março e leituras previstas

Hoje já é 8 de Março e já publiquei todos os livros lidos até 28 de fevereiro. Entretanto, e como sou de uma lentidão indescritível a fazer as minhas publicações, vou tentar abreviar o que me falta escrever. 

No momento em que escrevo este texto, já li três livros: uma graphic novel, um mangá - que irei resumir num único post amanhã - e este Escrito na Água, de Paula Hawkins - a autora do famosérrimo A rapariga no comboio. 

Trata-se de um thriller de nos deixar pregados a cada página. Hawkins repete uma fórmula já bastante batida, mas que tem resultado: cada capítulo é o ponto de vista de uma personagem diferente. E há tantaaaasss... o meu início de leitura foi um bocado lento, porque existem demasiadas personagens e, às tantas, já não sabia quem era quem - juro que me deu vontade de fazer uma tabela para conseguir relacionar cada uma. 

Mas, por outro lado: os capítulo são curtinhos, o que dá um certo dinamismo à ação e facilita imenso a leitura. E como nos vamos entusiasmando, vamos virando página atrás de página até que já não nos "perdemos" com as personagens. 

Temos então Nell, que é encontrada morta; afogada no rio, mais concretamente. Rio esse que, ao longo dos anos, tem sido carrasco de várias mulheres. Aliás, muito recentemente, a jovem Katie, melhor amiga de Lena, filha de Nell, ali, havia tirado a sua própria vida. Nell vivia obececada com todas aquelas mortes e andava a escrever um livro sobre este assunto quando morreu. 

Os pontos de vista que nos são oferecidos são de Jules (a irmã de Nell), Lena (a filha), Sean (o investigador da polícia local), Helen (a sua esposa), Patrick (o pai de Sean), Erin (a polícia vinda de fora), Louise (a mãe de Katie), Josh (o irmão de Katie), Nickie (uma senhora da vila que fala com os mortos), Mark (o professor de Lena e Katie). Ocasionalmente, temos acesso a algumas páginas do livro que Nell estaria a escrever sobre "O Poço das Afogadas". 

Não havendo quaisquer pistas de homícidio, tudo aponta que Nell se tenha suicidado, mas Erin, com a vantagem de ser uma forasteira, acha que há nós que devem ser desfeitos, e vai investigando e, aos poucos, cada uma das personagens vai dando mais e mais pistas para tudo o que se tem passado na pacata vila de Beckford. Todas as personagens têm o seu peso na resolução do caso da morte de Nell. 

O mistério é muito interessante, e com o tempo vamos percebendo que quase todas as personagens têm segredos que vão sendo revelados: a ex-obesa que foi violada, os amantes, o pedófilo, o assassino que nunca foi descoberto... 

Foi uma leitura relâmpago, tal foi o entusiasmo que ganhei depois de me habituar à constante mudança de ponto de vista. Ahhh, e não vale ver as últimas páginas - eu sei que há muita gente que gosta de ler a última página "só porque sim", mas não o façam, ou levarão com um super-spoiler. 

Esta foi a leitura que concluiu a maratona Estações Literárias (categoria livro oferecido). 

domingo, 7 de março de 2021

Lidos: #24horas1livro

Durante o mês de fevereiro, decorreu mais uma edição do #24horas1livro, lançado pela Silvéria do canal The Fond Reader. A ideia é "celebrar" o mês de Fevereiro, o mais pequeno do ano, lendo os livros mais pequenitos das nossas estantes, em apenas 24 horas. 

Este ano, li três livros para este desafio:

- O Mandarim, de Eça de Queirós: somos apresentados à história de Teodoro, que embora não lhe falte nada, tem uma vida sempre sem dinheiro. Um dia, descobre a Lenda do Mandarim, que consistia em tocar a campainha em uma certa hora de forma que um mandarim morresse, deixando toda a riqueza para quem tocasse a campainha. Uma figura misteriosa faz com que Teodoro toque a compainha, e de repente tudo muda. Mas, visões do mandarim morto fazem com que Teodor tenha problemas de consciência e tente remediar todo o suposto mal que terá provocado à família do falecido. 

É um conto muito engraçado, aquele tipo de engraçado que só a literatura clássica consegue transmitir com elegância. Mais uma vez, Eça aproveita a ocasião para criticar ferozmente a sociedade hipócrita da época. Durante o tempo que Teodoro mostra a sua riqueza, não lhe faltam pessoas à sua volta, mas quando a aparência do dinheiro desaparece, tudo se desvanece. 

Esta leitura foi também incluída na lista da maratona Estações Literárias (categoria livro com menos de 200 páginas) e no projeto Inverno QB (letra Q).


 - Alice no País das Maravilhas, por David Chauvel, ilustrações de Xavier Collette e tradução por Pedro Cleto: não vale a pena estar a esmiuçar a história que já todos conhecem. Este livro faz parte da coleção Clássicos da Literatura em BD lançada pela RTP e pela Levoir. Não gostei por aí além da adaptação que foi feita, mas as ilustrações são lindíssimas.


 - Saga, volume Oito, de Brian K. Vaughan e ilustrações de Fiona Staples: não vou falar do enredo desta série, porque sendo este o 8.º volume, há muita história por trás. Mas, a cada volume tenho dado 5 estrelas... just saying!

sábado, 6 de março de 2021

Lido: Adolfo Kaminsky: O Falsificador, de Sarah Kaminsky

Sarah Kaminsky, filha de Adolfo, é a autora da história de vida do pai. Imediatamente no início, ela explica que irá escrever na primeira pessoa, sob o ponto de vista do pai, porque, após os meses de entrevista com o próprio, foi a melhor forma encontrada para transmitir, fielmente, as aventuras e desventuras de um rapaz judeu russo, com nacionalidade argentina, a viver em França na II Guerra Mundial. 

Adolfo desde cedo mostrou interesse pela química, e pouco mais era que adolescente quando começou a trabalhar numa tinturaria, onde aprendeu os fundamentos dos produtos ali utilizados. Mal ele sabia que essa aptidão iria ser fundamental no seu futuro. Aos 17 anos, por ser de uma família judia, foi deportado para o infame campo de concentração temporário na cidade de Drancy, a poucos quilómetros a norte de Paris. Felizmente que os passaportes argentinos da família, os salvaram de nova deportação e foram libertados. 

Ainda muito jovem começou a trabalhar com a Resistência francesa, a fazer falsificações de todo o género de documentos e tornou-se um dos mais reputados falsificadores da rede. Após a Guerra, Adolfo voltou à clandestinidade e trabalhou com a resistência antifranquista, com resistente gregos contra a ditadura dos coronéis, com antissalazaristas em Portugal, com a Frente Nacional de Libertação da Argélia, com objetores de consciência norte-americanos durante a Guerra do Vietname, com vários movimentos de esquerda na América do Sul e com diversos movimentos independentistas africanos. 

Em todos estes anos, para garantir a sua total independência para aceitar ou recusar trabalhos, consoante concordasse ou não com a luta em questão, Kaminsky nunca recebeu qualquer pagamento. 

Gostei mesmo muito deste livro. A primeira vez que ouvi falar dele, fiquei imediatamente conquistada pela história e não descansei enquanto não o comprei. E foi, digo já, sem dúvida, uma excelente compra. Gostei da forma fluída como foi descrita a vida deste homem que dedicou a sua vida a salvar vidas. A sua independência permitiu-lhe escolher as causas que abraçava, de forma a não comprometer os seus ideais de liberdade e dignidade. 

Incluí esta leitura na minha lista da maratona Estações Literárias, na categoria de livro publicado em 2020. 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Lido: A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz

Ainda não li muito de Afonso Cruz, mas o que li até agora, agradou-me. A Boneca de Kokoschka é para ser lido devagar, porque corre-se o risco de perder o comboio. Afonso Cruz divaga um bocadinho - não quer dizer que sejam divagações lunáticas - mas é fácil cairmos na tentação de pensar "onde é que ele quer chegar?". 

Apesar do título, A Boneca de Kokoschka, este é só um pormenor, um link num encadeamento maior de acontecimentos que, por acaso, têm a história do pintor Oskar Kokoschka como pano de fundo. Em 1912, o pintor apaixona-se por Alma Mahler e, juntos, vivem um grande amor. Cinco anos depois, Alma declara que já não quer nada com ele, e separam-se. Em 1918, Kokoschka encomenda uma boneca igual a Alma, que acaba por destruir durante uma festa. Estes são os factos reais. 

E como irá este tétrico episódio unir as pontas de uma história que tem início em Dresden pouco antes desta cidade ser bombardeada, durante a II Guerra Mundial? Isaac é uma criança judia que vê o seu melhor amigo ser morto - evento este que irá marcar toda a sua vida. Foge e esconde-se num abrigo da loja de animais de Bonifaz Vogel. Durante muito tempo, Isaac permanece lá, sendo apenas uma voz na vida de Vogel que desconhece por completo a existência daquele esconderijo. Em fevereiro de 1945, a cidade é bombardeada pelos Aliados. Após o ataque, um surpreendido Vogel vê Isaac sair do esconderijo e fogem. Pelo caminho, encontram Tsilia, outra sobrevivente, e permanecem os três juntos. 

Anos mais tarde, Isaac já um homem, e dono de uma editora, conhece uma estranha figura que lhe propõe publicar aquele que será o seu último livro. E é aí que o mistério se adensa e que Afonso Cruz começa a desenhar uma teia de pessoas e eventos que culminam num emaranhado que não parece ter fim, como por exemplo, a da mulher que se apaixona pelo sobrinho sem saber dos laços de parentesco.  

Não é um livro simples de ler. Aliás, foi por isso que, logo no início, referi que é um livro para ler devagar. A primeira parte do livro, quando conhecemos Isaac, é quase fácil demais, mas à medida que vamos lendo, a complexidade vai aumentando. É um bom livro, que aconselho. 

Incluí este livro nas listas da maratona Estações Literárias (categoria: livro que se passe no Inverno - este tem início, talvez, semanas antes dos bombardeamentos a Dresden que ocorreram no mês de fevereiro, portanto, Inverno) e do projeto Inverno QB (letra B). 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Lido: Os Judeus do Papa, de Gordon Thomas

A minha última leitura de 2020 foi A Filha do Papa, de Luís Miguel Rocha. O livro girava em torno de Pio XII e de uma relação amorosa que o Papa teria mantido com a Irmã Pascalina, sua secretária e governanta. Dessa relação teria nascido uma filha. Além desse escândalo, a sua contenção pública acerca da questão judaica durante a II Guerra Mundial tê-lo-iam considerado não apto a um processo de beatificação. Mas este livro não passava de especulação literária. 

Na mesma linha, tinha cá em casa há bastante mais tempo, este livro Os Judeus do Papa, do autor galês Gordon Thomas. Nesta obra de não ficção, o autor explora todas as iniciativas do Vaticano para proteger os refugiados judeus e soldados aliados, bem como os judeus da comunidade de Roma.


Pio XII, além de dar ordem para que todas as Igrejas e conventos dessem asilo a refugiados, chegou várias vezes a ajudar a comunidade judaica com dinheiro. Dinheiro esse que havia sido exigido pelos nazis. A residência de Verão do Papa também acolheu refugiados. Paralelamente, envidou esforços para, pelas vias diplomáticas, evitar a deportação de judeus romanos e garantir a paz política na Europa.

Quando, em 1943, as forças nazis invadiram Roma, o Papa abriu a Santa Sé aos refugiados, e concedeu a cidadania do Vaticano a entre 800 mil e 1,5 milhão de pessoas (números estimados). E durante anos, várias centenas de padres, bispos e cardeais católicos empenharam-se em esconder inúmeras vidas judias. 

Uma ressalva importante: este livro foi publicado em 2012, e baseou-se em entrevistas, registos de diários, fotografias e outros documentos históricos, dado que os arquivos do Vaticano sobre esta época só no ano passado (em março de 2020) foram liberados. Agora, os investigadores terão acesso sem limitações a estes documentos. 

Apesar de todos os esforços do Vaticano, Pio XII não se "livrou" de ser conhecido como "O Papa de Hitler" devido ao facto de nunca ter condenado pública e inequivocamente as deportações e os homícidios em massa perpretados pelo Terceiro Reich. Os seus apoiantes defendem que o seu silêncio foi útil para salvar vidas humanas. Os seus detratores acusam-no de ser conivente com o regime nazi e ser anti-semita.

Na data de hoje, é um livro que poderá estar desatualizado, contudo é uma leitura interessantíssima para quem gostar de História, com especial enfoque na II Guerra Mundial, e em jogos diplomáticos de bastidores. 

Esta leitura foi incluída nas listas da maratona Estações Literárias (categoria não ficção) e do projeto Inverno QB (letra O). 

quarta-feira, 3 de março de 2021

Lido: Vai e põe uma sentinela, de Harper Lee

Já passaram quase 3 semanas desde a última vez que partilhei convosco as minhas leituras. Eu sei que esta minha "mania" de ir deixando o tempo passar não é bom para o negócio, mas, isto é um hobby, convenhamos. Nestas semanas, já li imenso, já vi séries, já aprendi a fazer subtrações tal como o meu filho está a aprender (e que é diferente do que fazíamos antes) e, mais importante, já terminei a minha participação nos projetos a que me propus: a maratona Estações Literárias, o projeto Inverno QB e o #24horas1livro. Nada mau!

Comprei há um par de anos o livro Vai e Põe uma Sentinela, de Harper Lee. Usei uns descontos da Wook e comprei-o em conjunto com o Mataram a Cotovia, da mesma autora (que li no final de 2018, como poderão ver aqui). 

Mataram a Cotovia é narrado por Jean Louise Finch, mais conhecida por Scout, enquanto adulta, e situa-se, anos antes, nos anos 30, numa cidade fictícia no Alabama. Ao longo da narrativa, vamos assistindo ao crescimento pessoal e moral de Scout e do irmão Jem, bem como aos conflitos próprios de uma cidade sulista. É que Atticus, o pai das crianças, é advogado e vê-se envolvido num caso que envolve um rapaz negro e uma rapariga branca. 

Vai e põe um sentinela foi recentemente publicado, depois do seu manuscrito ter sido encontrado quase que por um acaso, apesar de ter sido escrito nos anos 50. Se por um lado, parece uma sequela de Mataram a Cotovia, por outro lado, foi escrito alguns anos antes, o que faz dele, um rascunho da obra que valeu o Pullitzer a Harper Lee. 

Aqui, temos uma Scout adulta, com 26 anos, que volta a Maycomb, para visitar o seu velho pai. Atticus, já idoso, e com vários problemas de saúde. Estamos nos anos 50, e os Estados Unidos vêem-se a braços com a discussão em torno de questões raciais que dividem, profundamente, a sociedade. 

Scout vive em Nova Iorque há algum tempo, e começa a ver com outros olhos aquela comunidade em que cresceu e a colocar em perspetiva tudo aquilo que sabia - ou pensava saber - sobre os amigos e a família. 

Nota-se que este era um livro em crescimento. A escrita empolgante e limpa de Lee está lá, mas faltava um bocadinho mais para ser um livro tão genial como o seu sucessor. Faltava um bocadinho mais para nos dar aquele sentimento reconfortante de encerramento - após descobrir que o pai afinal não é um super-herói intocável como o desenhava, após regressar a Nova Iorque, como iria Scout viver com essa mudança?

Foi uma leitura bastante rápida, feita em pouco mais de 24 horas, porque, efetivamente, a maior parte destas personagens já eram "velhas conhecidas", e ler Vai e põe uma sentinela foi como desfolhar um álbum de fotografias antigas de família. 

Se estão na dúvida acerca de ler ou não este livro, leiam-no logo depois de Mataram a Cotovia (se ainda não o fizeram). Façam essa transição sem grandes intervalos, para depois não ficarem com a ideia que soube a pouco. Não aconselho a que leiam antes, porque há revelações de Mataram a Cotovia, neste livro. 

Vai e põe uma sentinela foi lido para a maratona Estações Literárias (categoria "livro cujo título componha a palavra NEVE") e para o clube de leitura Regaleira de Livros, a que pertenço, cujo tema era "livro cujo título contenha um número" (neste caso era "uma").