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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Lidos: Autores portugueses

Nos últimos três meses, tenho "sofrido" um pouco com a falta de vontade de escrever no blogue. Felizmente, que isto é um hobbie e não um trabalho ou já estava a esta hora com as malas à frente do Instituto de Emprego. 

Tenho lido, a um ritmo menos implacável, por assim dizer. Vou partilhando umas coisitas nas redes sociais - mais no Instagram, por sinal - mas nada de significativo. Entre ler, ver uma série, ajudar o Henrique em alguma coisa, ou passar ainda mais tempo à frente do computador, a escolha é bastante simples. 

Ler é também uma atividade intemporal; não é como se os livros fossem fugir todos, já amanhã...

Nestes tempos, tenho lido alguns livros de autores nacionais: 

- Se com pérolas ou ossos, de João Reis
O João Reis é fantástico. Não me canso de o dizer, e já o exprimi ao próprio. Este livro data de Fevereiro de 2021, e foi uma prenda de aniversário de mim para mim própria. O nosso narrador, Rodrigo, está na Coreia do Sul, numa residência literária, para escrever o seu próximo livro; no entanto, esse processo criativo está em stand-by, e ele prefere explorar a cidade com a namorada, Beatriz, que o acompanha nesta jornada. 
Esse "pequeno" problema de não conseguir escrever, deixa-o francamente preocupado, mas, por outro lado, deixa-se enlear e distrair por tudo aquilo que o rodeia: alguém que olha demasiado para ele, uma expressão que ele insiste que foi desrespeituosa, uma aventura com um gato e uma conta de veterinário... o tom do livro - derrotista, vertiginoso, sarcástico - é semelhante ao A Noiva do Tradutor
Se ainda não conhecem João Reis, visitem uma livraria e tratem dessa falha imediatamente. 

- A Marquesa de Alorna, de Maria João Lopo de Carvalho
Este foi um dos calhamaços que já queria ter lido há algum tempo. Sempre achei a imagem do livro interessante, mas ainda não me tinha predisposto a empreender tamanha empreitada. Mas chegou o dia em que o trouxe da Biblioteca. O que sabia sobre ele? Zero. Curiosidade: o exemplar que trouxe da Biblioteca Municipal vinha autografado pela escritora, e desconfio que tenha sido uma oferta da própria ao nosso atual primeiro-ministro, quando da sua passagem pela Câmara de Lisboa. 
Leonor de Almeida, conhecida como Alcipe no meio cultural da época, foi uma nobre e poetisa, aparentada dos Távora, viu-se encarcerada no Convento de São Félix, em Chelas, aos 8 anos, com a mãe e a irmã. Só saiu quase 20 anos depois. Mas foi durante esse tempo que se dedicou à poesia e à leitura das grandes obras.
O livro retrata-nos a vida desta mulher, e da sua família, que é recheada de sucessos e de passos atrás. Uma leitura bastante interessante, apesar de ter alguns momentos mais aborrecidos. 

- Galveias, de José Luís Peixoto
Ai!!! Tanto que podia dizer sobre a minha suprema palermice por ainda não ter lido este Galveias. Galveias é uma freguesia portuguesa do município de Ponte de Sor, e também o nome do 5.º livro de José Luís Peixoto, que ali nasceu.
A ação decorre nos anos 80. Uma rocha - com cheiro a enxofre - cai no meio de uma herdade e essa presença que, no início, é altamente... presente (peço desculpa pelo pleunasmo), vai-se diluindo com o tempo; apesar do cheiro a enxofre permanecer em quase todas as páginas da narrativa.
Neste Alentejo rural de há quase 40 anos, as histórias das personagens vão-se cruzar e entrecruzar numa dança literária que eu nunca conseguiria escrever nem num milhão de anos.
Este é um daqueles livros que merece uma segunda leitura para alcançar todos os seus níveis. Foi mais um livro que trouxe da Biblioteca Municipal, mas que gostaria de comprar, para fazer parte da minha coleção. 

- O Último Negreiro, de Miguel Real
À semelhança do livro da Marquesa de Alorna, este livro é uma mistura de ficção com não ficção. O Último Negreiro segue a vida do último traficante português de escravos, Francisco Félix de Sousa. A ação passa-se essencialmente entre São Salvador da Bahia e Ajudá, no território que hoje é o Benim, no Golfo da Guiné. 
Depois de vários incidentes que envolviam Félix de Sousa e algumas das maiores personalidades da Bahia, Francisco embarca para o país que mais escravos "dava" para o negócio. Ali, constrói um império e torna-se conhecido pelo título de "Chàchá", até à completa abolição da escravatura. 
Um facto curioso é que ainda hoje - quase 200 anos após a sua morte - descendentes de Francisco Félix de Sousa herdaram o seu título. Ajudá tem museus, ruas e estátuas de Félix de Sousa, o "pai" daquela cidade. 

- Saga das Pedras Mágicas, de Sandra Carvalho: Lágrimas do Sol e da Lua, O Círculo do Medo e Os Três Reinos, respetivamente os livros 3, 4 e 5 da saga
Tudo começou quando uma feiticeira se apaixonou por um humano e, em vez de se tornar uma simples proscrita, conseguiu enganar o Conselho dos Seres Superiores, e manteve o seu poder na Terra, dentro de sete pedras mágicas. Tudo começou quanto Catelyn se apaixonou pelo guerreiro viking Throst e, com ele, teve três filhas. Tudo começou quando outros feiticeiros das Artes Obscuras conseguiram deitar mão às pedras mágicas. E a profecia que diz ameaça a estabilidade dos territórios. 
Como disse antes, esta é uma saga que faz muito lembrar Juliet Marillier, mas escrita em português. E em bom. 

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