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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Amar um Desconhecido, de Harold Robbins

Desde o dia em que nasceu, Frankie nunca teve muita sorte. A mãe que morreu no parto, era desconhecida na grande cidade... por isso, Frankie foi entregue num orfanato, onde teve de aprender a sobreviver.

Nos anos 50, a vida não era simples. E para conseguir algum dinheiro, Frankie, desde muito cedo, começou a fazer pequenos trabalhos para um gangster local.

Já na adolescência, mesmo com um grupo de amigos leais, apareceu a família da mãe. Um tio, uma tia, duas primas... tudo o que Frankie mais desejava. Até que, por força das circunstâncias, se viu afastado desta família que tanto o amava.

E aí, a vida de Frankie sofre nova reviravolta. Depois de andar algum tempo "pelas ruas da amargura", reencontra um velho companheiro que o introduz no mundo (nada legal) das apostas de jogo. E aí faz vida... e os anos passam.

Milionário e sem problemas, Frankie volta a reencontrar os seus verdadeiros amigos de infância e... mais não digo.

Li este livro, tão rápido quanto possível (a gravidez dá-me sono!) e gostei muito. Se o "apanharem" na estante de uma tia, não percam a oportunidade de o ler (porque encontá-lo à venda deve ser muito difícil).

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Hoje seriam 90

Se fosse vivo, José Saramago faria hoje 90 anos.

Uma vénia ao meu autor português favorito.

Já li um punhado de livros de Saramago, mas, sem dúvida, o meu preferido continua a ser As Intermitências da Morte.

Um livro cheio de ironias, críticas e reflexões, mas com um humor cortante e um sarcasmo brilhante.

Muito resumidamente, o livro trata sobre a ausência da Morte. Um dia, cansada de tantas queixas sobre a sua missão, a Morte decidiu que não mais mataria num determinado País.
O caos instalou-se, como será óbvio de deduzir.

Passados alguns dias, a Morte comunica que, a partir dessa data, as pessoas que fossem morrer receberiam uma informação por escrito e que teriam 7 dias para tratar dos seus assuntos pessoais, de forma a deixarem tudo tratado antes de partirem.

Até que uma dessas cartas é devolvida...

Parágrafo final:

"Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto, debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava. Não o fez. Saiu para a cozinha, acendeu um fósforo, um fósforo humilde, ela que poderia desfazer o papel com o olhar, reduzi-lo a uma impalpável poeira, ela que poderia pegar-lhe fogo só com o contacto dos dedos, e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu."

sábado, 10 de novembro de 2012

Piranhas, de Harold Robbins

É vergonhoso o tempo que passou desde a última vez que aqui foi escrita uma linha que fosse. A verdade é que, com a gravidez, aproveito todos os minutinhos para me esticar um pouco e passar "pelas brasas". As únicas coisas que tenho lido - com uma atenção relativa - são revistas: não têm um fio condutor, posso andar semanas com elas atrás sem perder a concentração, etc... - um poço sem fundo de vantagens.

Ando a ler um livro há mais de um mês e acho que não passei das primeiras páginas... sad, but true!

Mas, tentando contrariar este meu estado de letargia literária, obriguei-me recentemente a terminar um livro: Piranhas, de Harold Robbins.

Trata-se de uma obra de 1986 (thanks, Wikipedia!) e que segue um pouco a vida de Jed Stevens, um jovem meio-judeu, meio-siciliano, que a determinada altura tem de escolher entre a carreira e a família.

Como se depreende, um familiar directo de Jed é um Padrinho, sendo que o jovem Stevens tenta - a todo o custo - afastar-se daquilo que é o negócio de família, à semelhança daquilo que o seu próprio pai fez!

É um livro bastante interessante.Leiam-no se o apanharem, embora acredite que não é fácil de encontrar num escaparate. Este foi emprestado e já tinha uma idadezinha recomendável.

domingo, 2 de setembro de 2012

Histórias dos Mares do Sul, de William Somerset Maugham

À semelhança de outros livros de Somerset Maugham, "Histórias dos Mares do Sul" é um conjunto de contos que se passam essencialmente, e como o nome indica, nos mares do Sul.

- O Pacífico

- Mackintosh

- O Degenerado

- O Poço (de todos, o meu favorito! Procurei o resumo e aqui fica, retirado do site Amor, Livros e Arte)
"Uma jovem nativa de extraordinária beleza cativa o coração de um homem branco, Lawson. Ele se perde de amores pela bela e selvagem Ethel, mas nada, nenhum afeto ou dedicação, a faz deixar de lado seus costumes indígenas, sua família indígena, como se refere o autor (mostrando certo preconceito contra o povo simples das ilhas). Lawson e Ethel se casam, e quanto mais o tempo passa, mais ele a ama, com devoção e loucura. Ela, porém, o despreza cada vez mais... É só lendo o conto para você compreender toda a amplidão das emoções e dramas envolvidos nessa bonita e triste história de amor."

- Honolulu

- Chuva (já incluído na obra "Chuva e outras novelas", que já falei aqui

- Vermelho

- Post Scriptum

(a edição que li pertence à colecção Livros do Brasil. Esta capa aqui postada é meramente ilustrativa, por não ter encontrado na net a capa "certa")

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Os Jogos da Fome - Livro I, de Suzanne Collins

"Os Jogos da Fome" é um livro que comprei durante a Feira do Livro de Lisboa, mas que tem ficado na prateleira desde então.
Como as férias pediam uma literatura mais light, este menino foi dentro da minha mala. Confesso que não desgostei, apesar de saber que se trata de um livro juvenil.

Sinopse (retirada do site Wook)
Num futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas do que foi a América do Norte Panem, uma nova nação governada por um regime totalitário que a partir da megalópole, Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. 
 Todos os Distritos estão obrigados a enviar anualmente dois adolescentes para participar nos Jogos da Fome - um espectáculo sangrento de combates mortais cujo lema é «matar ou morrer». No final, apenas um destes jovens escapará com vida… 
Katniss Everdeen é uma adolescente de dezasseis anos que se oferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos, um acto de extrema coragem… 
 Conseguirá Katniss conservar a sua vida e a sua humanidade? Um enredo surpreendente e personagens inesquecíveis elevam este romance de estreia da trilogia Os Jogos da Fome às mais altas esferas da ficção científica. 

Após o regresso, também já vi o filme, e, aparte, algumas liberdades criativas durante a adaptação, não está nada mau. Recomendo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O teu rosto será o último, de João Ricardo Pedro

Há bastante tempo que o livro do vencedor do prémio Leya de 2011 me "atormentava" sempre que olhava para ele. Como se me dissesse "Tu queres ler-me... vá... não te armes em difícil..." e outros mimos do género.

Aproveitei que estava de férias e já tinha terminado um livro - que merecerá o seu espaço de crítica, ainda esta semana - e comprei "O teu rosto será o último". Li-o em 2 tardes de piscina. Um total de 6/7 horas. Prendeu-me? Creio que este tempo recorde o poderá afirmar.

Este livro prende. É simples, directo, harmonioso... no fundo, seguimos as três personagens masculinas da família Mendes. O avô, Augusto, o pai, António, e o filho, Duarte.

O avô, médico, muda-se para o interior do País, e por lá fica. António Mendes parte, duas vezes, para comissões em África. E, resta-nos, Duarte, o talentoso que abandona o seu talento, por não querer depender dele.

Numa página, Duarte é um rapazinho feliz e quando damos por nós, já tem sulcos e cabelos brancos.

Sinopse:
Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu.

Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial.

Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?

(sinopse retirada do site FNAC)


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Véu Pintado, de Somerset Maugham

"Kitty sente-se prisioneira de um casamento infeliz e de um estilo de vida que está longe de ser aquele com que sempre sonhou. Sem que tivesse obtido a notoriedade social que desejava e afastada do seu país e da família devido à profissão do marido – bacteriologista destacado para Hong Kong –, a jovem acaba por encontrar algum consolo numa relação extraconjugal. Mas a traição acaba por ser descoberta pelo marido, que leva a cabo uma estranha e terrível vingança…

Em O Véu Pintado, Somerset Maugham faz, através da história do acordar espiritual da adorável e fútil Kitty Fane, uma extraordinária caracterização da presença britânica na China e apresenta-nos, como é seu apanágio, uma admirável galeria de personagens. "

(resumo retirado daqui - Site Edições Asa)

Já tinha ouvido falar tanto do livro, como do filme, mas confesso que agora que o li, perdi a vontade de ver a última versão (com Naomi Watts e Edward Norton).

Kitty é uma jovem pateta e fútil, encantada pela sua própria beleza. Até à altura em que a irmã mais nova casa, enquanto que Kitty continua a recusar pretendentes atrás de pretendentes.

Quase em desespero de causa, aceita casar - sem amor - com Walter, um jovem bacteriologista... a partir daqui, abrem-se todas as janelas para que um desastre aconteça.

domingo, 12 de agosto de 2012

A Ilha das Trevas, de José Rodrigues dos Santos

Já li uns quantos livros deste jornalista, mas nenhum que gostasse tanto como "A Ilha das Trevas". Normalmente, digo que os livros de José Rodrigues dos Santos valem, essencialmente, pelo que se aprende, pelo trabalho de investigação e pelos factos.

"A Ilha das Trevas" é diferente. José Rodrigues do Santos, neste que foi o seu 1.º romance, não caiu no "erro" de romancear personagens, nem situações e contou os factos tal como eles aconteceram. Na nota final, disse ter ficcionado alguns diálogos, mas nada que choque o leitor... são diálogos que podiam ter acontecido exactamente naqueles termos; e a não ser que José Rodrigues dos Santos fosse um ser omnipresente e omnipotente é que poderia saber os diálogos "verdadeiros".

Em "A Ilha das Trevas" acompanhamos a situação timorense desde a saída de Portugal em 1975 e consequente invasão indonésia.

Acompanhamos essencialmente um personagem... Paulino Jesus da Conceição, que logo nas primeiras linhas do romance, vai confessar-se a um padre. Estamos em 2002 e Paulino pretende confessar um crime que cometeu durante a invasão - que havia começado há mais de 20 anos.

Aí recuamos até ao dia 1 da entrada indonésia, com os militares de Jacarta a chacinarem populações, jornalistas estrangeiros... passamos pelo massacre de Santa Cruz... a prisão de Xanana, entre muitos outros episódios sobejamente conhecidos por nós, portugueses.

Confesso que ler este livro foi bastante emotivo. Recordo-me das imagens do massacre do cemitério de Santa Cruz, e das manifestações que decorreram um pouco por todo o País, de forma a pressionar as autoridades a intervirem.

Este livros fez-me arrepiar algumas vezes, devido à violência das descrições de alguns momentos de matança pura, levados a cabo pelos indonésios. Momentos que sabemos terem acontecido, mas que chocam pela crueza com que foram cometidos. Foram estes momentos que ainda hoje me provocam mal-estar quando oiço a palavra Indonésia... o passado não pode ser apagado!

sábado, 28 de julho de 2012

Dois policiais, com grau de mistério elevado a mil...

Terminei há cerca de duas semanas, dois livros cuja temática é em tudo semelhante: ocorreu um crime e, materialmente, é impossível o criminoso ter-se evaporado da forma como o fez. Os investigadores, André Brunel e Sherlock Holmes, respectivamente, são os nomeados para desatarem - com mestria - estes mistérios.

Ambos os livros pertenciam a uma colecção de policiais, editados pelo Correio da Manhã, em tempos idos. 


Crimes sem Assassino, de Pierre Boileau
Paris, início do século XX. Os vizinhos são alertados por gritos à janela e observam impotentes à cena no prédio em frente: um casal a ser barbaramente assassinado em luta com o presumível assassino.
Ninguém consegue encontrar o assassino e a sua presença no prédio é materialmente impossível.
Apesar disso, as mortes sucedem-se a um ritmo alucinante. Serão crimes sem assassino...?



A Casa Vazia, de A.Conan Doyle 
Londres, finais do século XIX. Na casa senhorial ninguém ouviu o disparo. Contudo, havia um homem morto. A bala de revólver atravessou a janela e produziu uma ferida gravíssima. Provavelmente morte instantânea.
Lá fora, nem a terra nem as flores mostravam sinais de terem sido removidas. Tão pouco havia pegadas sobre a estreita franja de erva que separa a casa do caminho. Como ocorreu então a morte?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Crónica do Rei-Poeta Al-Mu’tamid



Ana Cristina Silva é docente do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, doutorada na área de psicologia da Educação e tem como área de especialização a aprendizagem da leitura e da escrita.
É autora de inúmeras obras publicadas como «As Fogueiras da Inquisição», a «Dama Negra da Ilha dos Escravos» ou a mais recente obra «As Cartas Vermelhas».

A «Crónica do Rei-Poeta Al-Mut’tamid» relata a história do rei Al-Mu’tamid nascido em Beja no ano de 1040. É o último rei da dinastia Abábida que governou a taifa de Sevilha no decorrer do século XI da nossa Era.

Baseando-se na poesia do rei e em factos históricos, a escritora elabora uma crónica ficcionada da vida desta personagem histórica, considerado um dos mais importantes poetas do Al-Andalus. Filho do cruel rei Al-Mutadid, aos treze anos comanda um exército que tem como objectivo esmagar uma revolta em Silves. Após estabilização do território o pai nomeia-o governador da região.

É em Silves que se tornará amigo de Ibn Ammar, também poeta, nascendo entre eles uma relação cuja natureza se especula. O então rei Al-Mu'tamid nomeará Ibn Ammar como seu vizir que dada a sua desmesurada ambição é responsável por inúmeras conspirações contra o seu rei e amigo que culminarão com a sua morte à machadada às mãos do próprio rei.

A vida deste rei-poeta e da sua amada I’timad é maravilhosamente relatada nesta obra escrita na primeira pessoa, supostamente durante o seu exílio em Marrocos e enquadra a poética da sua existência terrena e o dramatismo existencial que esteve presente ao longo da sua vida.

Acabará os seus dias no exílio em Tanger após o pedido de auxílio ao emir Almorávida do Norte de África que derrotará os cristãos de Afonso VI de Castela e Leão e que acabará posteriormente por tomar os reinos de taifas, incluindo Sevilha, tomando o rei Al-Mu’tamid como prisioneiro e deportando-o para Tanger onde acabará os seus dias.
Enterrado no cemitério local de Aghamat em Marrocos, tem sido local de peregrinação de muitos poetas.

Magnificamente escrita é uma obra que se recomenda não só pela intensidade emocional que revela como pelo dramatismo poético da vida de um rei, que afinal nasceu em território português e só queria ser poeta. Al-Mu’tamid e Ibn Ammar duas figuras históricas a descobrir.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Biombo Chinês, de Somerst Maugham

Esta obra é constituída por 58 short stories (algumas de apenas uma página), essencialmente sobre a presença britânica na China.
Como diz a contracapa (e que assino por baixo) "Como uma série de desenhos miniaturais, na tela suava de um biombo chinês, assim Somerset Maugham nos desenha estes perfis, evocando uma sucessão maravilhosa de casos."

Vou entrar agora na 30.ª história... e não queria parar!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Chuva e outras novelas, de Somerset Maugham

Uma das grandes vantagens dos livros de contos de Somerset Maugham, é o facto das histórias serem curtinhas e uma pessoa não se perder em enredos e teias de relações inter-pessoais.

Chuva e outras novelas é um conjunto de contos (O Elemento Humano, Chuva, A Virtude, Para completar a dúzia, Jane - muito bom! - A Semente Exótica e O Impulso Criador) em que as pessoas fazem a diferença: os seus valores e a sua moral, os seus defeitos e características.

A determinada altura conseguimos simpatizar ou antipatizar com determinado personagem sem, no entanto, deixar de perceber porque tomam esta ou aquela atitude... exactamente, porque reconhecemos o carácter falível da "Pessoa".

Recomendo. Gostei muito!

domingo, 10 de junho de 2012

A Estrela do Diabo, de Jo Nesbø

Com "A Estrela do Diabo", cometi um erro: saltei o 2.º livro (traduzido para português) deste autor norueguês. Antes já tinha lido "O Pássaro de Peito Vermelho", onde "conheci" Harry Hole, um detective brilhante, mas com graves problemas relacionados com álcool.

Aqui, Jo Nesbø dá continuidade à sua personagem.

Está demasiado calor em Oslo. Trata-se do Verão mais quente desde há muitos anos e a cidade "fechou" com um feriado. Até que esta quietude modorrenta é abalada com a notícia de uma jovem encontrada morta no seu apartamento, com um dedo cortado e um pequeno diamante vermelho - cortado com a forma de uma estrela de pentagrama (estrela com 5 pontas) - colocado debaixo da pálpebra.

Depois desta macabra descoberta, Harry é destacado para investigar o caso, em parceria com Tom Waaler, de quem não gosta e de quem desconfia ter sido o mandante do homicídio da sua parceira, Ellen (que morreu  no 1.º livro, como podem ver aqui).

Passados alguns dias, uma mulher desaparece... e o seu dedo é enviado para o chefe da polícia, com uma jóia em forma de estrela, com 5 pontas.

Tudo leva a crer que Oslo tem um serial-killer à solta e cabe a Harry descobrir qual o próximo passo a dar para apanhar este louco, ao mesmo tempo que tenta desmascarar Tom Waaler.

Sobre o autor:
Jo Nesbø nasceu em 1960. Só começou a escrever aos 37 anos. Leu, jogou futebol com ambições profissionais, foi guitarrista num grupo rock . Tornou-se um autor em ascensão há dez anos; as suas histórias com Harry Hole são multipremiadas, e é a grande vedeta dos autores escandinavos, um dos mais talentosos e bem sucedidos escritores europeus.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Casuarina, de Somerset Maugham

A Casuarina;
Antes da festa;
O paquete do Oriente;
O posto avançado;
A força das circunstâncias;
Atavismo;
A carta

e Post-Scriptum.

São estes os títulos dos contos que integram "A Casuarina" do britânico Somerset Maugham que terminei há instantes. Todos os contos decorrem no Oriente e são uma excelente maneira de passar as horas de almoço: em poucos minutos lemos uma pequena peça de muito boa literatura e... amanhã temos outra. 

domingo, 27 de maio de 2012

Os Pilares da Terra, volume II, de Ken Follet

William Hamleight continua tão pérfido como no volume I. A sua sede de vingança continua bem acesa contra todos aqueles que por uma razão, ou outra, não se vergam aos seus intentos.

Aliena, o seu irmão Richard, Tom Pedreiro, Ellen e Jack, bem como o pior Phillip estão-lhe atravessados na garganta... Como ousam serem felizes? Como ousa Richard em reclamar o título de conde de Shiring? A sua vontade em terminar com esse cenário é mais que muita, mesmo que para isso seja necessário matar... várias vezes.

A construção da catedral continua. As obras mostram-se mais e mais avançadas e a pequena localidade de Kingsbridge mais e mais próspera... até que William volta a interferir.

O livro "Os Pilares da Terra" é, sem sombra de dúvida, um dos livros melhor escritos que alguma vez li. As personagens (extremamente bem construídas e descritas) são fascinantes, com todos os seus defeitos e virtudes, a fundamentação histórica é excelente... um livros 5 estrelas.

Agora vou tratar de ver a série... promete!

(Nota: uma das melhores decisões da minha vida foi ter esperado pela Feira do Livro para comprar este livro. Em vez de 25 euros, custou pouco mais de 17 euros. OH YEAHH!!!)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Agente Britânico, de Somerset Maugham

Terminei recentemente o livro "O Agente Britânico", deste escritor inglês. Esta obra tem uma particularidade: trata-se de um conjunto de contos que têm um único personagem principal,  Ashenden, escritor inglês que é espião em "part-time".

O que assistimos no livro é Ashenden a fazer aquilo que compete a espiões: conseguir informações que, depois, transmite ao seu superior. Baiscamente, cada capítulo é uma missão que se podem ler independentemente.

As histórias são baseadas na experiência do próprio Somerset Maugham, que foi agente durante a 1.ª Guerra Mundial.

sábado, 12 de maio de 2012

O Advogado do Diabo, de Morris West

Será Giacomo Nerone um santo? É isso que Meredith Blaise é encarregado de descobrir. Blaise é um homem da Igreja (a quem foi diagnosticado um cancro, e um tempo de vida mínimo)  e foi-lhe confiada a tarefa de partir de Roma para uma pequena aldeia italiana, recolher testemunhos que possam comprovar (ou não) a santidade de Nerone.

Vários outros personagens cruzam o seu caminho, e todos eles representam um pilar na construção de um melhor Meredith Blaise, até ao dia da sua morte.

Este livro foi-me recomendado pelo meu excelso companheiro, e excelentemente recomendado. Li-o de uma fiada. Trata-se de um romance muito bem escrito. Grande parte da sua história gira em torno da descoberta da Fé e das verdades desta mesma Fé, da construção de um caminho...

Gostei muito e entra na minha lista de recomendações.

(a edição que li é do Círculo de Leitores, de meados de 1992; a capa que aqui posto é meramente ilustrativa e não corresponde àquela que tive nas mãos)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Pecados Conjugais, de Irving Wallace

Philip Fleming, um argumentista razoavelmente bem-sucedido e casado há 10 anos, nunca fora infiel a Helen. Até ao dia em que conhece Peggy Degen. A partir desse momento, tudo no mundo deixa de fazer sentido, excepto o desejo que sente por essa mulher.

É um romance. Ponto final. Não se pode inventar muito sobre os romances, a não ser que uma obra-prima magistral. É engraçado, lê-se bem, tem partes em que o leitor pode ter dois pensamentos: 1 - "Isto vai correr mal!" ou 2 - "Pá, deixa de ser burro, e deixa essa fulana em paz e sossego!".

Adianto já que, no final, o Philip fica com a esposa, a amante casa com outro homem e que fica tudo cor-de-rosa e feliz. Mas curiosamente, nem por um único segundo "torci" para que Philip e a lindíssima mulher por quem ele se apaixona [fica obcecado, é uma expressão melhor!] ficassem juntos. Não achei que houvesse química. Nunca ia resultar. Tal como este livro, que acaba por se resumir a um romance perfeitamente normal.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Kane & Abel, de Jeffrey Archer

Terminei há instantes a obra "Kane & Abel", do britânico Jeffrey Archer. Este livro conta a história de dois homens, empresários e influentes, e da batalha que travam ao longo de décadas.

Abel é polaco e é encontrado (ainda recém-nascido) num bosque, ao lado da mãe morta. Depois de passar seus primeiros anos com uma família de caçadores muito pobres, vai viver no castelo do Barão Rosnovski, que fica impressionado com a inteligência do menino (após a morte do Barão, ficamos a saber que o pequeno Wladik é filho dele). De uma origem completamente oposta, William Kane nasceu nos Estados Unidos e é o herdeiro de uma família de banqueiros, rica e importante. Aparentemente, nada liga estes dois... apenas a coincidência de terem nascido no mesmo dia.

Abel imigra para os Estados Unidos, onde acaba por se tornar proprietário de uma rede de hotéis. Enquanto isso, William Kane herda a fortuna do pai e assume a presidência do banco da família, lutando com todas as armas para transformá-lo em uma das mais importantes instituições financeiras do país.

Quando um mal-entendido os faz começarem a odiar-se, apesar dos seus caminhos se cruzarem mais do que uma vez, e para além de, a cada página, querermos que eles se sentem, conversem e desfaçam todos os entrelaços mal explicados ao longo de anos... isso não acontece!

Trata-se de um livro intrigante e apaixonante, tendo em conta os apontamentos históricos que surgem em cada "esquina". Por exemplo: Abel consegue sobreviver às atrocidades da 1.ª Guerra Mundial; o pai de William morre no desastre do Titanic; ambos, oferecem-se como voluntários na 2.ª Guerra Mundial; o crash da Bolsa de Wall Street em 1929 que quase afunda William... etc etc etc.

Alguém tem (e que me empreste) a sequela "A Filha Pródiga"?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os Pilares da Terra, de Ken Follet (volume I)

Terminei ontem, o primeiro volume da obra "Os Pilares da Terra". Sendo um livro já "antigo", ouvira falar na sua grandeza vezes sem conta, até que me decidi a comprá-lo.

É fabuloso!

Tom "Pedreiro" tem de garantir o sustento da sua família, ao mesmo tempo que almeja construir uma catedral. Quando se vê sem trabalho e com um um bebé a caminho, Tom, Agnes, Alfred e Martha metem pés ao caminho, por forma, a que Tom encontre algo que providencie dinheiro, comida e uma casa.

Entretanto, depois de vários contratempos e na mais completa miséria, Agnes morre, após dar à luz. Sem forma de sustentar mais uma boca, Tom abandona o recém-nascido - que acaba por ser recolhidos pelo Prior Philip, outra personagem central na narrativa.

Outros personagens, como o Lord William Hamleigh, o mais detestável dos seres humanos, Aliena, uma donzela que se vê na desgraça, Ellen e Jack, a família que seguirá Tom, entre outros preenchem as muitas páginas de Os Pilares da Terra.

Não me vou alongar, por duas razões: 1 - A obra está cheia de "tricas", de voltas e contra-voltas, de personagens boas e más, que estaria aqui demasiado tempo a falar de todas; e 2 - porque a série televisiva já passou em Portugal.

Adorei e recomendo vivamente. Agora estou "em pulgas" para o segundo volume, mas... como a Feira do Livro está quase quase a chegar, espero mais um nadinha e tento encontrá-lo a um precinho mais simpático, vá!

sábado, 7 de abril de 2012

O Pássaro de Peito Vermelho, de Jo Nesbø

Harry Hole, polícia de homicídios e alcoólico em recuperação, é transferido para o serviço de segurança pública norueguês, depois de um "pequeno" deslize.

Pouco tempo antes, um neonazi, Sverre Olsen, por causa de um erro técnico, escapou a uma condenação.

Entretanto, já nos serviços de segurança pública, Harry sente uma campainha a soar quando um determinado caso de armamento lhe passa pelas mãos. Uma arma altamente mortífera, da qual não existem registos na Noruega, foi comprada por alguém e "dirige-se" para Oslo, num imbróglio que envolve antigos combatentes da Segunda Guerra Mundial.
Ellen, parceira de Harry, descobre que existe um polícia envolvido neste caso de tráfico de armas, e é brutalmente assassinada. As pistas deste homicídio apontam para Sverre Olsen.

Devo confessar que só comprei este livro, porque sinto uma espécie de ressaca de Stieg Larsson e, na contracapa de "O Pássaro de Peito Vermelho", a determinada altura estava escrito que Jo Nesbø já foi comparado ao sueco. Contudo, 559 páginas depois, concluo que Jo Nesbø tem mérito por si só e dá vontade de ler os outros livros dele.

"O Pássaro de Peito Vermelho" é um excelente policial (não tem um décimo da brutalidade de um qualquer livro da trilogia Millenium) e daria um filme muito bom, tal é a rapidez de cenas. Mesmo os capítulos em que se retrocede a 1944 estão muito interessantes, se bem que, de quando em quando, uma pessoa perde-se entre todos os nomes noruegueses que vão aparecendo (nem toda a gente se pode chamar António! :) )

Recomendo, mas com a adenda de se esquecerem da minha opinião!

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Beleza e a Tristeza

Yasunara Kawabata Nobel da literatura japonesa e um hábil escritor que consegue equilibrar a delicadeza e subtileza da alma japonesa contraposta a sentimentos como o ódio, a vingança e a perversidade.

Em «A Beleza e a Tristeza», evoca-se uma relação entre um homem de 30 anos, escritor e uma adolescente que para sempre marcará a vida de ambos. No centro da intriga uma destrutiva história de amor porquanto 25 anos depois o passado continua a ensombrar as suas vidas.

Otoko a adolescente, torna-se numa famosa pintora que vive em Quioto, local onde Okio escritor na casa dos 50, decide ir em vésperas de Ano Novo para voltar a ver Otoko, mais de vinte anos volvidos entre o breve e dramático romance que viveram. A jovem depois da morte do bébé prematuro, fruto do caso com Okio, entra numa espiral de loucura que conduz a um suicídio falhado. Recupera e com a sua mãe parte para uma nova vida em Quioto.

Okio, preso a um casamento conturbado e com dois filhos, escreve um livro que relata o seu caso com Otoko, publicado, e que se torna numa obra de grande sucesso. Vinte cinco anos depois decide ir a Quioto procurar Otoko…o reencontro é frio, pejado de uma dramatismo mudo.

Keiko a jovem e bela pupila que coabita com Otoko, de personalide intrigante, dramática e perversa, contagiada pelo sofrimento de Otoko decide vingar a sua mestra, tecendo um malévolo e obsessivo plano de vingança.

O paradoxo e a delicadeza das descrições contrastam violentamente com a perversidade da personagem, realçando os sentimentos de tristeza, de amargura que marcam a vida da família de Okio e de Otoko.

Um texto cristalino, incisivo e ao mesmo tempo maravilhosamente belo pela intensidade dos sentimentos que a cada página se desenham.

domingo, 1 de abril de 2012

A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, de Stieg Larsson

Terminei hoje o último livro de Stieg Larsson. Confesso que me custa "abandonar" a trilogia Millenium e a ideia de já não ter mais histórias de Mikael e de Lisbeth provoca-me pequenos calafrios.

Para não estragar os argumentos do 1.º e 2.º livros, não me posso esticar no resumo de "A Rainha no Palácios das Correntes de Ar".

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Depois dos eventos de “A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo”, Lisbeth está no Hospital. Ferida com gravidade, a hacker, milagrosamente, recupera e apercebe-se que Zalachenko (querem saber quem é? Leiam os sacanas dos livros!) está à distância de dois quartos.

Contudo, a conspiração para abafar o que relaciona Zalachenko e Lisbeth, que entretanto é constituída arguida, está mais forte do que nunca e mete, inclusivamente, a vida de Mikael em perigo.

Mikael Blomkvist continua na sua senda para desmascarar uma sub-secção da polícia secreta sueca; uma sub-secção tão absolutamente secreta que nem a própria polícia sabe da sua existência, nem o Governo sueco...

Mas o jornalista não está sozinho. Armanskij (ex-patrão de Lisbeth), o inspector Bublanski (responsável inicial nos crimes do 2.º livro), Anika Gianini (irmã de Mikael e advogada de Lisbeth), entre outros, unem esforços, para mais do que nunca, provar que Lisbeth não é a lésbica satânica, débil mental que A Secção quer dar como certa.

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Falecido em 2004, Stieg Larsson foi jornalista e editor responsável da revista Expo. Foi um dos maiores peritos mundiais no estudo de movimentos antidemocráticos, de extrema-direita e nazis. Morreu subitamente pouco tempo depois de entregar à sua editora sueca os três volumes da trilogia Millennium.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo, de Stieg Larsson

Não quero adiantar muito deste livro, para que o possam ler. É obrigatório que o façam. Levantem os rabinhos da cadeira, vão a uma livraria qualquer e comprem a trilogia de Stieg Larsson. Devia estar legislado...

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Lisbeth meteu-se numa alhada como há poucas. Depois do trabalho em conjunto que fez com Mikael, Lisbeth cortou relações com ele e com o Mundo e desapareceu durante um ano. Mas está de regresso. Compra uma casa maior, "oferece" a sua à amiga Miriam Wu, não diz a ninguém que já voltou, excepto ao seu antigo tutor que havia sofrido um AVC ainda no 1.º livro, mas que Lisbeth julgava ter morrido.

Na Millenium, prepara-se um número especial sobre tráfico de mulheres e a publicação de um livro sobre o mesmo assunto, que vai mexer com as mais altas autoridades da Suécia. Mas o jornalista que ia denunciar este caso e a namorada são encontrados assassinados em sua casa. A arma do crime é encontrada e nela estão as impressões digitais de Lisbeth Salander.

A polícia começa a investigar o caso e mais um assassinato é atribuído a Lisbeth. O tutor Nils Bjurman, que substituiu Palmgren após o AVC, também é encontrado morto de forma brutal. Antes disso, este "respeitável" advogado havia contratado alguém para encontrar Lisbeth, para se vingar dos eventos do 1.º livro.

Mikael, obviamente, não se conforma com a declaração de culpabilidade de Lisbeth, nem com o assassinato do jornalista e envereda por uma investigação para encontrar os verdadeiros culpados.

É impossível não ficar apaixonado por esta trilogia. Só lamento já ter começado o 3.º e último livro e que Stieg Larsson tenha morrido tão cedo. Ia ser um caso muito sério de (ainda mais) popularidade.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Khan al-Khalili


Do grande escritor egípcio Naguib Mahfouz, nobel da literatura, uma obra maravilhosamente realista e dramática. Assinalou-se a efeméride do centenário do seu nascimento, a 17 de Dezembro de 2011. Autor de dezenas de obras, muitas delas adaptadas ao cinema foi um marco importante na literatura não só egípcia como mundial.

Khan al-Khalili é um dos bairros mais antigos e carismáticos do Cairo, um mundo de entre mundos. Conhecido no período otomano como o grande Bazar Turco, é um bairro onde se cruzam mil e um mundos, fervilhantes de vida e de gentes.

A acção passa-se em em 1942 com a iminente tomada do Cairo pelos alemães. Com a II Guerra Mundial como pano de fundo, Mahfouz conta-nos a história de uma família e da sua vida em Khan al-Khalili, antigo bairro do Cairo para onde mudam durante o período da guerra com receio dos eventuais bombardeamentos. Visto pelos olhos do filho mais velho da família Akif, acompanhamos as vivências desta família e do mundo que os rodeia.

Nesta obra é evidente o permanente confronto entre o passado e o presente, entre a tradição e a modernidade.

O realismo da descrição das personagens como o narrador da história, Ahmad Akif, o quarentão tímido, solteirão solitário e desesperado por encontrar o amor, contrasta com a imagem do garboso, jovem e boémio irmão mais novo Rushdi Akif.

Ahmad apaixona-se por Nawal a muito jovem vizinha que vive no prédio em frente e que assoma regularmente à janela criando um amor platónico e fervilhante por parte do quarentão que jamais toma coragem para revelar os seus sentimentos, vivendo num mundo muito seu que um dia se vê abalado pelo regresso do seu irmão mais novo Rushdi que se irá também tomar de amores por Nawal.

O amor entre ambos ver-se-á dramaticamente ensombrado pela doença de Rushdi, que enfrenta a tuberculose e que culminará na sua precoce morte.

Dramático e vívido o retrato de uma época num bairro do Cairo, descrito com o realismo a delicadeza e a maestria com que Mahfouz normalmente nos brinda.

domingo, 18 de março de 2012

Os Homens que odeiam as Mulheres, de Stieg Larsson

Há muito - mesmo antes da "febre Stieg Larsson" - que aqueles livros com uma enigmática rapariga na capa, me fascinavam. Agarrava num e noutro, revirava-os, lia a contracapa e voltava a deixá-los numa qualquer livraria.

Soube da adaptação a filme (as versões suecas) e vi a versão americana de "The Girl with the dragon tattoo", o primeiro da trilogia Millenium. Conheci a Lisbeth Salander e o Mikael Blomkvist e a fascinação continuou. Por isso, há cerca de 1 semana, não hesitei em trazer, para o meu humilde lar, os três livrinhos que Stieg Larsson nunca soube terem feito o sucesso que tiveram.

Terminei há instantes o 1.º livro (devorei-o em 3 dias, com trabalho pelo meio e as limpezas semanais) e se o filme é óptimo, o livro é genial.

Mikael Blomkvist é jornalista e co-fundador da revista Millenium, "especializada" em jornalismo de investigação (maioritariamente, investigação empresarial) e começa o livro em maus lençóis. Uma investigação sobre corrupção de um conhecido empresário, resultou em processo em tribunal por difamação e consequente condenação. O nome de Mikael Blomkvist é sinónimo de falta de credibilidade.

Para se afastar, Blomkvist aceita a proposta do milionário Henrik Vanger: investigar a morte da sobrinha Henriet Vanger, que há cerca de 36 anos desaparecera da ilha da família, sem deixar vestígio. Henrik passou toda a vida com essa dor. Contudo, a investigação deve ser ocultada e camuflada - para todos os efeitos Blomkvist foi contratado para escrever a História da família Vanger, proprietária do Grupo com o mesmo nome e das empresas familiares mais antigas de toda a Suécia.

Lisbeth Salander é, por seu turno, uma genial (e super-anti-social) "hacker" que trabalha como freelancer numa empresa de meios de segurança. Ela havia sido contratada para, exactamente, investigar Blomkvist. Mais tarde, Lisbeth associa-se ao jornalista na investigação que acaba por se revelar bem mais complexa do que inicialmente se julgava...

É um livro que... WOW... ainda estou a tentar interiorizar. Recomendo muitoooo! Aviso à navegação: é impossível não ficar siderado / apaixonado com a Lisbeth. Uma personagem sem precedentes.

sábado, 10 de março de 2012

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

Terminei, esta semana, um livro que há anos me "assombrava". Mais um daqueles casos em que passava por ele numa estante de uma livraria ou biblioteca e pensava "tenho de ler este" e nunca dava o passo seguinte.

Por coincidência, terminei agora mesmo de ver o filme "O Clube de Leitura de Jane Austen" e decidi que era o momento certo para deixar aqui o registo deste clássico.

Os Bennet são uma família de tradição na Inglaterra do século XIX, e têm cinco filhas, sendo Jane e Lizzie as duas mais velhas.
O livro começa com a chegada de Mr. Bingley, um jovem cavalheiro, que aluga uma propriedade no campo chamada Netherfield, perto dos Bennet. Com ele vêm a irmã Caroline e o seu grande amigo,Mr. Darcy.

Enquanto Bingley é bem recebido pela comunidade, Darcy mantém uma postura mais distante e desconfiada com relação às pessoas do campo. Bingley e Jane Bennet iniciam um relacionamento, apesar da oposição de Caroline Bingley, que considera Jane socialmente inferior.
Enquanto isso, Elizabeth é “ferida” pela rejeição de Darcy durante um baile, e decide rebater a indiferença dele com sua perspicácia e espirituosidade.

Todo o livro trata as venturas e desventuras do romance interrompido de Jane e Bingley, bem como da crescente admiração que Lizzie ganha por Darcy, graças ao seu cavalheirismo e discrição. É um romance notável e lamento profundamente não o ter lido antes.

Toda a ambiências, as personagens, a Lizzie Bennet... conquistaram-me e fazem pensar na importância que as sociedades, agora ou há 2 séculos, dão às aparências, ao que se tem ou não tem, ao que se parece ser. Tanto Lizzie, como Darcy, ou os Bennet aprendem, a duras custas, que tanto o orgulho, como o preconceito são defeitos capazes de atingir o mais honrado dos homens.

(todo o resumo na Wikipédia)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

«As nove plantas do desejo»

Margot Berwin fez-me literalmente devorar este livro, praticamente numa noite. Comecei a lê-lo e só o pousei quando cheguei à última página.

Um enredo curioso, envolvente e místico conta-nos a história de uma publicitária, Lila que decide comprar uma planta tropical num mercado perto do local para onde se mudou após o divórcio.

A compra desta planta ira mudar a sua vida de forma irreversível através do contacto com personagens com um cariz místico que a levarão à selva do Iucatão, no México em busca de nove plantas tropicais que de acordo com lendas possuem características únicas e especiais, e que em conjunto permitirão ao seu possuidor ter tudo o que deseja na vida.

Três personagens masculinas irão cruzar a sua vida e terão diferentes papeis na busca da sua identidade, que se irá revelando ao longo da narrativa num frenesim algo alucinado.

«As nove plantas do desejo», fazem-nos mergulhar num ambiente hipnotizante, envolvente e exótico, carregado de um erotismo latente que nos levará a descobrir um mundo botânico fascinante e bem fundamentado.

É um livro estranho, meio louco e de alguma forma alucinante, com alguns lugares comuns mas perfeitamente viciante e de alguma forma, saboroso e intrigante. Uma leitura leve, sem grandes pretensões mas imensamente agradável como contraponto a um outro tipo de literatura mais séria, mais pesada e intensa como será o próximo livro que vos trarei.

Uma história diferente que no estilo romance light é uma leitura agradável.

As nove plantas são:

Gloxínio - A mítica planta do amor à primeira vista.
Zâmia - A planta da imortalidade, sobrevive desde o período jurássico.
Cacau - A árvore da vida e da fortuna.
Dama-da-noite - Símbolo da fertilidade e da procriação.
Canábis sinsemilla - A planta da sexualidade feminina.
Lírio-do-brejo - Vitalidade. Numa emergência, esta planta pode substituir a digital como medicação para um problema de coração.
Mandrágora - A planta da magia.
Chicória - A planta da liberdade. Proporciona invisibilidade a quem se atrever ingerir a sua seiva amarga e leitosa.
Datura - A planta que causa visões e sonhos do futuro.


A décima. A planta da paixão, que não tem nome e que é a surpresa final…

Memorial do Convento, de José Saramago

Saramago é um caso sério na minha vida. Li, inicialmente, O Ensaio sobre a Lucidez, passei ao As Intermitências da Morte, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ensaio sobre a Cegueira (vi 1.º o filme) e terminei ontem o Memorial do Convento.

E... não consigo decidir de qual gostei mais. O Memorial é uma obra gigantesca. Trata-se de um livro que não é de fácil leitura, é denso, grande e com escrita "à Saramago", com discursos directos e indirectos meio misturados que só alguém com "graduação" no autor consegue distinguir à primeira. Mas é um livro brilhante.

A acção do livro passa-se no início do século XVIII. O Rei D.João V promete erguer um convento para a Ordem Franciscana (o Convento de Mafra), acaso a Rainha engravide. Tal benção chega à família real e o Rei dá ordem para que se inicie a construção. Neste episódio do livro há uma crítica claríssima à nobreza e ao clero (os poderes da altura).

Por outro lado temos Baltazar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, unidos pela benção do padre Bartolomeu, um elemento do clero demasiado moderno e demasiado empreendedor para o que se esperaria de um padre.

O sonho do padre Bartolomeu é voar. Para tal constrói uma máquina de voar, a Passarola, e com a ajuda de Baltazar (que ajuda a erguer a máquina) e Blimunda (que recolhe as vontades das pessoas) consegue voar.

Mais tarde, sabemos que o padre Bartolomeu, enlouquecido é apanhado em Espanha pela Inquisição. Entre aventuras e desventuras, este livro descreve vários anos nas vidas de Baltazar e Blimunda, cuja última acção é a recolha da vontade do seu amor quando este foi apanhado pela Santa Inquisição e morto na fogueira.

Muito bem escrito, muito emocionante, muito angustiante... é muito Saramago.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Perdida, de Mo Hayder

Creio ter dito em ocasiões anteriores que o meu excelso homem me viciou na escritora britânica, Mo Hayder. A crueza com que ela descreve certos momentos das acções é gritante.

Terminei, ontem à noite (depois do respectivo jantar de namorados), o último livro dela que me ofereceram no Natal (obrigada, sogrinha!), "Perdida".

No seguimento dos livros "Ritual" e "Pele", ainda andamos às voltas com um caso determinante dos livros anteriores e que envolve o detective Jack Caffery e a Sargento Flea.

Em “Perdida”, o detective Jack Caffery enfrenta um dos maiores pesadelos de qualquer pessoa ou força policial: o rapto de crianças. Inicialmente, tudo parece um "simples" caso de carjacking, mas há medida que o tempo avança, novas pistas e novas ocorrências apontam para o rapto puro e duro das pequenas Martha e Emily. E cada segundo conta para ainda serem encontradas vivas.

Ao contrário de outros livros, desta vez tinha um "feeling" de quem seria o mau-carácter desta história. O que se veio a confirmar no fim (weeee... um ponto para mim!).

Não deixem de o ler. Consegue transmitir uma sensação de perturbação fascinante... ok, talvez este não seja o melhor argumento, mas leiam-no.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Resultados do passatempo "Para ti, Campeão"

Antes de mais qualquer frase, quero pedir desculpa por falhar 24 horas no anúncio da vencedora do passatempo. Tanto as participantes como a Ana Maltez ficaram à espera de um anúncio que não aconteceu.

Mas... (e há sempre um!)

... já temos a vencedora apurada. Quero agradecer às meninas que participaram (meninos, cadê vocês?), mas a vencedora foi a Carla Guilherme.

A frase da Carla foi:

Amar é estar sempre presente, mesmo que na ausência, é cuidar, partilhar, respeitar. É a força que guia cada passo em direcção a um futuro desconhecido, é a certeza de um sorriso de bom dia e um beijo de boa noite. Amar é a eternidade, e a eternidade é infinita!


Parabéns!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Cão dos Baskerville, de Arthur Conan Doyle

Ontem à noite, vi mais um episódio da adaptação da BBC ao famosíssimo Sherlock Holmes e seu fiel Watson. O episódio era inspirado no livro "O Cão dos Baskerville". Aí lembrei-me que, efectivamente, nunca havia lido este episódio do mais famoso detective britânico. Hoje, procurei informações sobre o livro e eis que me deparo com uma versão brasileira do livro.

Li-o inteirinho no ecrã do computador durante manhã e tarde, enquanto ia desenvolvendo as minhas tarefas profissionais (foi um dia calmíssimo, acrescento já!).

O link é este.

Publicado em 1902, O Cão dos Baskerville conta a história do Solar dos Baskerville, que há 500 anos abriga a família de mesmo nome. No entanto, nasce uma lenda em torno de um dos Baskerville e de um suposto cão diabólico, que assombra a família, matando cada um de seus membros.

Já em 221B Baker Street, o Dr. Mortimer, amigo de Charles Baskerville (a última vítima deste cão demoníaco), pede ajuda a Holmes para desvendar o mistério do cão dos Baskerville, e apresenta o novo morador do solar, Sir Henry Baskerville, sobrinho de Sir Charles.

Adorei cada página. A imagem que escolhi para ilustrar este post é o das parsonagens de Holmes e Watson na adaptação que me levou a procurar esta obra (roubada daqui).

sábado, 14 de janeiro de 2012

Passatempo "Para ti, Campeão"

Durante o lançamento do livro "Para ti, Campeão" da Ana Maltez, comecei a desenhar na minha mente um pequeno passatempo. Contactei as pessoas responsáveis et voilá... surge no Capa Mole & Companhia o 1.º passatempo da sua curta história.

Em parceria com a Chiado Editora, temos 1 livro "Para Ti, Campeão" para oferecer. A participação é muito simples: antes de mais, os interessados devem "Gostar" da Chiado Editora no Facebook. Depois, terão de escrever uma frase sobre a força do amor - com um máximo de 50 palavras - e enviá-la para o mail capamole@gmail.com, com a indicação do nome de utilizador do Facebook (para a "amizade" ser confirmada).

A escolha da melhor frase vai estar a cargo do Capa Mole & Companhia e da Chiado Editora.

O/A vencedor@ será anunciad@ no dia 7 de Fevereiro, dia em que a Ana e o Rafael celebrariam mais um mês de namoro. Posteriormente, será contactad@ para serem combinados os pormenores do envio do prémio.

As participações só serão aceites até dia 31 de Janeiro. Participações a partir do dia 1 de Fevereiro já não serão aceites.

Podem começar em... 5 ... 4 ... 3 ... 2 ... 1 ... ZERO!!!

Boas frases e cá vos esperamos.



P.S.: Para aqueles que não quiserem esperar ou não quiserem participar, o livro está à venda em vários locais, sendo que um deles é no site da Chiado Editora. E relembro que os direitos de autor revertem para o Instituto Português de Oncologia (IPO).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Para ti, Campeão, de Ana Maltez - parte II

Caros amigos e visitantes, vamos ter novidades quanto à obra "Para ti, Campeão", da Ana Maltez. Não deixem de visitar o "Capa Mole & Companhia" durante o fim-de-semana.

Para todos aqueles que vêm aqui ter, através do Google, em busca de informações sobre o livro, acompanhem este blogue, sendo que o "recado" no parágrafo acima é também para vocês.

Até sábado!! :)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Para ti, Campeão, de Ana Maltez

Tenho andado muito desaparecida, eu sei. Compreendo a vossa frustração. "Onde andas, Cristina, onde andas?", oiço-vos. Ou não.

É muito simples. Ando muito preguiçosa. E a época das festas também não ajudou. Foram muitos dias em que apenas pensei em prendas, no que oferecer a quem, a pensar nas prendas que me foram "encomendadas", nos jantares de Natal com os amigos, com a família alargada, etc, etc, etc.

Este Natal, recebi dois livros. O pessoal começa a cansar-se de me oferecer livros, creio. "Perdida", de Mo Hayder (oferecido pela sogra), e "Antídoto", de José Luís Peixoto (oferecido pelos cunhados), foram os meninos que me vieram para às mãos.

Mas como ainda não terminei "O Memorial do Convento", do meu mais-que-tudo José Saramago, as duas prendinhas continuam na minha mesa de cabeceira intactas.

Posto isto, tenho a dizer que ontem, sábado, dia 7 de Janeiro, fui ao lançamento do livro "Para ti, Campeão" da Ana Maltez. A Ana é irmã de uma grande amiga minha e é jornalista na SIC. O namorado, Rafael, faleceu recentemente, vítima de um cancro, e a Ana - para tentar que a tristeza não a levasse a limites insuportáveis - começou a escrever ao Rafael. Pequenas cartas onde "falava" com ele e lhe contava coisas que não havia podido contar antes. Dessas cartas surgiu um livro.

"Para ti, Campeão" é a forma da Ana fazer o seu luto. Rodrigo Guedes de Carvalho e Bento Rodrigues, ambos jornalistas na SIC, assinaram a contra-capa e o prefácio (respectivamente), sendo que o 1.º texto que pode ser lido no site da editora (aqui). O Bento Rodrigues leu, a viva voz, o seu texto, durante a apresentação do livro.

Deixo também o link da reportagem que passou no espaço noticiário da estação, ontem à noite (aqui).