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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Lido: Se Isto É Um Homem, de Primo Levi

Primo Levi não romanceou a sua passagem por Auschwitz. Aquilo que li foi a descrição de alguém profundamente marcado e amargurado com esta experiência de quase vida vs. quase morte.

Primo Levi foi capturado em dezembro de 1943 e deportado para Auschwitz no início de 1944. Teve a "sorte" de apanhar escarlatina e, por isso, não ter integrado a Marcha da Morte a meio de janeiro de 1945, poucos dias antes da libertação daquele campo.

Tudo o que lemos neste livro, é a visão deste homem sobre o momento em que foi capturado, até à data da libertação - viu chegar os russos quando, já em tremendo esforço, largava o corpo, já sem vida, de um prisioneiro que morrera durante a noite.

Este livro é muito cruel. Não está cá com paninhos quentes, para tentar "poupar" o leitor que, coitadinho, não pode ler sobre o Holocausto, nem ficar chocado. Este livro é visceral e cru. Não sei muito bem o que escrever sobre este documento. Porque "Se Isto É Um Homem" não é simplesmente um livro sobre o Holocausto. Não é um romance. Não é baseado na história de.

Soube que Primo Levi morreu aos 67 anos, numa queda que ainda se encontra por explicar. Alguns defendem que se tratou de suicídio, e não de um acidente. Que a alma de Primo Levi havia morrido muitos anos antes, em Auschwitz. E é por causa de Levi e de outros que é importante continuar a falar deste assunto. É importante que os erros do passado não se repitam. É importante que as pessoas continuem a ler sobre o assunto, a escrever sobre o assunto, a sentirem-se envergonhadas, doentes, nauseadas, culpadas... porque, infelizmente, os sobreviventes, aos poucos vão morrendo. Nesta altura, já passaram 74 anos. São muito poucos aqueles que estiveram lá e sobreviveram naquelas condições.

A comparação vai ser ridícula, mas, no filme da Disney "Coco", falou-se muito sobre a preservação da memória de quem já partiu. E quando morrer a última pessoa que ali esteve, a memória perde-se. E é por isso que se reveste de uma importância ainda maior que estes livros continuem a ser re-editados. Que continuem a chegar a mais e mais pessoas.

Terminei um livro sobre a privação de liberdade, sobre sacrifício, sobre dor e perda, no dia em que Portugal celebra os 45 anos do 25 de abril. Portugal que teve Peniche, Caxias e Tarrafal. Portugal que também está a passar por uma terrível perda de memória...

Citação escolhida: 
"Temos, portanto, sem dúvida de lavar a cara sem sabão, na água suja, e limparmo-nos ao casaco. Temos de engraxar os sapatos, não porque a tal obriga o regulamento, mas por dignidade e por propriedade."   

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Lido: Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway

Por quem os sinos dobram antes de mais, "abre" com um fantástico poema (No man is a Island) do poeta inglês John Donne (1572-1631).

Nenhum homem é uma ilha isolada; 
cada homem é uma partícula do Continente, uma parte da Terra; 
se um torrão é arrastado para o Mar, 
a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório,
como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria;
a Morte de qualquer homem diminui-me, 
porque sou parte do género humano.
E por isso não perguntes
por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti.   

Por quem os sinos dobram é um livro com um ritmo lento. Às vezes, demasiado lento. É um livro que contém muitas e profundas reflexões sobre a condição humana, sobre a esperança, a coragem e sobre a morte. Especialmente sobre a morte. Aliás, as citações que destaquei - e foram bastantes - durante a leitura, são quase todas sobre a morte e a sua inevitabilidade.

Robert Jordan é um americano, voluntário na Guerra Civil Espanhola, lutando pelos Republicanos, e cuja missão é fazer explodir uma determinada ponte. Robert integra um bando de guerrilheiros civis que lutam pela causa republicana e que é composto pelo mais absurdo conjunto de gente.

É um livro algo datado, confesso. Não é uma obra que se leia de um só fôlego. É um livro para se ir lendo. Não é, portanto, aconselhado a pessoas que gostam de ação desenfreada a cada página, nem para os leitores da era moderna que esperam ter, constantemente, picos de adrenalina. Como disse antes, é muito rico em reflexões. Deparamo-nos, frequentemente, com páginas inteiras de pensamentos de algumas personagens - especialmente de Robert Jordan.

Fiz esta leitura em conjunto com a Cristina do Linked Books, como referi cada vez que falava deste livro. E saio muito feliz com esta primeira experiência de leitura conjunta: a Cristina e eu tínhamos um ritmo semelhante de leitura e, quando trocávamos as nossas opiniões, destacávamos pormenores diferentes de situações que lêramos antes. Pude "saborear" a minha leitura, e completar com a interpretação da Cristina de outros momentos.

Não é um livro 5 estrela, porque acho que está envelhecido, mas é um livro interessante. Costumo dizer que se um livro me ensina qualquer coisa, dou o tempo por bem empregue e trata-se de um livro que cumpriu uma das suas (muitas) missões. Eu sabia zero da Guerra Civil Espanhola. Agora, sei um bocadinho mais que antes.

Esta leitura foi a 35.ª do ano e contou para a maratona literária e para o projeto #abrilhistórico da Miúda Geek.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Leituras de maio

Com abril quase a terminar, está na hora de pensar o que vou ler nas próximas semanas.


A Patrícia Rodrigues, com o seu projeto Lusiteratura, já divulgou as categorias do mês de maio (o link remete para o canal dela):
- Autor que nunca tenhas lido
- Autor com o mesmo nome ou apelido que o teu

Tenho participado desde março, em pelo menos uma categoria... mas, para este mês, e estas categorias, não tenho grandes ideias. Tenho um livro de António Lobo Antunes. Nunca li este autor, mas comecei há uns tempos, as primeiras páginas, e não consegui avançar. E há também a autora Cristina Carvalho que também nunca morou por estas bandas e tem uns títulos interessantes. E ainda a Dulce Maria Cardoso (também sou Maria). Veremos...

De resto, estou a participar na maratona Volta ao Mundo em 15 Citações, e estou indecisa por onde continuar.

(comecei, ontem, dia 22 de abril, o livro Se Isto é um Homem, de Primo Levi (categoria Itália), que, de certeza, termino antes do fim do mês, e portanto, não deverá transitar para maio)

Tenho um livro do Sepúlveda já designado para a categoria América Latina, mas não estou muito para aí virada. Talvez traga qualquer coisa de Isabel Allende da biblioteca, na próxima ida.
Para a categoria Países Africanos, estou decidida a ler Chimamanda Ngozi Adichie, mas estou indecisa entre A coisa à volta do teu pescoço e A cor do hibisco.

Se em abril, tinha muito para onde me virar - tinha em mão, cinco livros - para este mês de maio, tenho duas mãos cheias de indecisões.

(a.j.u.d.e.m-m.e.)

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Lido: Contos Fluminenses, de Machado de Assis

Esta leitura foi um "três em um": cumpri o desafio 12 "Brasil", da maratona literária Volta ao Mundo em 15 Citações e participei em duas propostas para este mês - #abrillerbrasil da Raquel do So Happy with Less e o #abrilcontosmil da Mafalda.

De Machado de Assis, já tinha lido O Alienista e A Pianista - novelas que gostei imenso. Então, tendo encontrado na Amazon este conjunto de contos do autor, decidi avançar com esta leitura.

Não sou uma rapariga de contos. Pronto, está confessado. Mas como queria participar neste dois projetos, dei o corpo às balas. Não amei o livro, mas também não dei o tempo como perdido. Em pouco mais de 2h30, terminei este livro que era composto por sete contos:

- Miss Dollar
- Luís Soares
- A Mulher de Preto
- O Segredo de Augusta
- Confissões de uma Viúva Moça
- Linha Reta e Linha Curva
- Frei Simão

O meu problema com os contos é que as personagens ficam muito pela rama, e não temos tempo de gostar ou antipatizar com os protagonistas. Gostei muito dos livros anteriores: eram livros curtinhos, mas com um desenvolvimento q.b.. Os contos, quando damos por eles, já acabaram e ficamos com um ligeiro travo amargo na boca, do género "acaba assim?". Por isso é que não invisto tanto de mim neste género.

Nestes contos, publicados em 1870, temos muitas histórias de amor, mas pejadas de mal-entendidos, falhas de comunicação e um bocadinho de humor pelo meio. Os que mais gostei foram Luís Soares, O Segredo de Augusta e Frei Simão. Os outros quatro estão sólidos na segunda posição do meu afeto.

Este livro está disponível gratuitamente, basta "googlar" o nome et voilà!

* * *

No âmbito destes dois projetos, comecei a ler também "Úrsula e outras obras", de Maria Firmina dos Reis - a primeira escritora negra da literatura brasileira. Li apenas "A escrava", um conto abolicionista, e desde já, um dos temas mais frequentes desta autora. Gostei imenso deste conto, mas optei por deixar este livro para outra ronda.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Lido: O Caçador de Pipas / O Menino de Cabul, de Khaled Hosseini

Khaled Hosseini é, oficialmente, uma pessoa má. Não consigo ler nenhum livro dele, sem me desfazer em lágrimas.

No ano passado, li o livro Mil Sóis Resplandecentes, o 2.º romance deste autor afegão-americano. E fiquei com imensa vontade de ler o seu best-seller O Menino de Cabul. Trouxe, contudo, da biblioteca, a edição brasileira, com o título O Caçador de Pipas.

Estou desfeita por dentro. Que livro fabuloso. Começamos com um jovem, em 2001, a receber uma chamada telefónica e a informar a esposa que tem de viajar para o Paquistão. A partir daí, seguimos Amir a contar a sua história. E recuamos a Cabul, nos anos 70, quando tudo ainda era tranquilo e normal.

Amir é uma criança privilegiada. Tem 12 anos, vive com o pai (a mãe faleceu após o parto) numa casa enorme, e tem os empregados Ali, e o seu filho Hassan. Ficamos mais tarde a saber que Ali havia sido acolhido, em criança, pelo avô de Amir, e criado quase como um irmão do pai de Amir, apesar de ser de uma etnia considerada menor.

Amir e Hassan crescem juntos, mas o 1.º não compreende os cuidados que o seu próprio pai tem para com o filho do empregado. Juntos, os dois rapazes entram, habitualmente, em competições de lançamento de papagaios de papel (as pipas), e no dia em que Amir vence uma competição, vê o seu amigo a ser abusado sexualmente por outro rapaz. Amir, cobardemente, não interfere, foge, e, incomodado com o facto de não ter sido capaz de defender o amigo, egoistamente, arranja uma forma de Ali e Hassan saírem lá de casa.

Entretanto, a situação política do Afeganistão altera-se radicalmente, e Amir e o pai conseguem fugir para os Estados Unidos, onde seguem com a sua vida. Amir forma-se, casa-se e torna-se um autor com alguma fama. Contudo, o passado volta a bater-lhe à porta e Amir é obrigado a fazer o que nunca fez: tomar uma decisão, que vai ser transformadora e redentora pela traição que protagonizou em criança.

Adorei. Além da história estar profundamente bem escrita, Hosseini escreve sobre as transformações no Afeganistão de uma maneira tão descomplicada que, qualquer pessoa, entenderá as repercussões que teve junto das pessoas. Algumas descrições são brutais. Há uma parte em que o vilão conta como entrou numa casa e simplesmente disparou sobre todas as pessoas que lá viviam; incluiu a descrição de como "cortou" ao meio uma criança, com as balas. A maldade dos talibã. A dor que provocaram. Sentimos isso. E ficamos incomodados.

Ainda não vi o filme, porque queria ler primeiro o livro. Entretanto, já vi o trailer. E voltei a chorar.

Este livro conta para a maratona literária Volta ao Mundo em 15 Citações, desafio 13 "Países árabes", e é 33.º livro concluído em 2019.

Citações escolhidas - e há muitas neste livro: 
"Sabia que Hassan e você mamaram do mesmo leite? Sabia disso, Amir agha? Ela se chamava Sakina. Era uma linda hazara de olhos azuis, nascida em Bamiyan, e cantava para vocês velhas cantigas de casamento. Dizem que as pessoas que mamam do mesmo leite são como irmãs. Sabia disso?"

* * *

"Senti uma onda de tristeza. Estar de volta a Cabul era como ir ao encontro de um velho amigo que tínhamos esquecido, e ver que a vida não tinha sido boa para com ele; que se tinha tornado um indigente, um sem-teto." 

terça-feira, 16 de abril de 2019

Lido: A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata

Tirando Murakami, não me recordo de alguma vez ter lido algum autor japonês. E de Yasunari Kawabata, tentei ler "Terra de Neve" há alguns anos, mas, por alguma razão que já não recordo, coloquei-o de lado.

Como falar de A Casa das Belas Adormecidas?? Nesta obra, seguimos Eguchi, um homem de 67 anos que vai, pela primeira vez, ao espaço conhecido por Casa das Belas Adormecidas. Ali, homens, podem dormir com jovens raparigas, nuas, que estão sob a influência de alguma droga que as deixa completamente adormecidas.
Os homens são deixados, perfeitamente, à vontade e podem o que lhes aprouver com estas raparigas - há algumas regras, mas subtis.

Neste livro, acompanhamos cinco visitas de Eguchi a esta casa, e todas as impressões que o homem tem das raparigas. Amor, ternura, sensualidade, paixão... estas e outras sensações são despertadas, muitas vezes, acompanhadas de memórias antigas das mulheres que passaram na vida de Eguchi: a mãe, a esposa, as três filhas, as namoradas, a mulher a quem deu o 1.º beijo...

Mais do que um livro que explora o corpo das mulheres, que estão ali, simplesmente adormecidas, e com a garantia que não acordarão, é um livro que fala da velhice, da inevitabilidade da morte, de erotismo... Eguchi, apesar de desperto, recusa-se a abusar dos corpos virgens das moças. Observa-as, toca-as, cheira-as... como li no texto introdutório é a revelação do "corpo da mulher em seu mais subtil esplendor".

É um livro pequenino e lê-se rapidamente. Insere-se na categoria 6 "Japão da maratona literária Volta ao Mundo em 15 Citações.

Citação escolhida: 
"Contudo, a primeira noite naquela casa não o marcou pelas recordações repugnantes. Era evidente que havia pecado, mas sentia que, nos seus 67 anos de vida, nunca tivera com uma mulher uma noite tão casta como aquela."

Curiosidade: 
no tal texto introdutório que já citei, lemos que este livro "apresenta um inegável parentesco com Diário de um velho louco de Junichiro Tanizaki", e sabemos que A Casa das Belas Adormecidas inspirou Gabriel García Márquez a escrever Memórias das Minhas Putas Tristes.

domingo, 14 de abril de 2019

Lido: As Intermitências da Morte, de José Saramago

Habitualmente, quando falo de Saramago - além de quase fazer uma reverência - dou sempre como referência o livro Intermitências da Morte.

Este livro foi publicado nos idos de 2005, e devo tê-lo lido por volta dessa mesma altura. Quase 15 anos, portanto. A memória que guardava dele é que era engraçado. Que falava do tema "morte", mas com sentido de humor. No início do mês, devolveram-mo. Julgava eu que o meu querido Saramago estaria, algures, encaixotado. Estava emprestado. Há mais anos do que aqueles suficientes para me lembrar.

Quando o voltei a pôr nas prateleiras, foi como se revisse um velho amigo, depois de anos de separação. E inspirada por um booktuber do Brasil, decidi que, este ano, iria relê-lo.

Calhou a Patrícia Rodrigues - do blogue (e canal) O Prazer das Coisas - ter desenvolvido o projeto Lusiteratura, que pretende promover os autores nacionais. E, em abril, uma das categorias era "Autor com mais de 35 anos". O senhor faleceu com 88 anos, portanto, creio que se encaixa. Ao mesmo tempo, com a maratona da Volta ao Mundo, dá para "inserir" no desafio Portugal. Esta releitura é, então, um 3 em 1 mais do que apropriado.

Do que se trata As Intermitências da Morte? Um dia, num país nunca identificado, no 1.º de janeiro, ninguém morreu. Várias pessoas ficaram no limbo entre a morte e não morte, e simplesmente, com o passar dos dias, ninguém morria... simplesmente.

Toda esta anormalidade criou um caos enorme neste país: as indústrias ligadas à morte, como os agente funerários estavam à beira do colapso, os hospitais e lares tinham mais doentes e utentes do que a capacidade real, as famílias desesperavam, porque os seus entes ficavam em sofrimento perpétuo.

Tratava-se de uma pequena amostra da morte (assim mesmo: com letra minúscula) de como seria se ninguém morresse. Passados alguns meses, a morte retomou a sua atividade com ligeiras alterações ao seu modus operandi, mas deparou-se com um contratempo que a obrigou a fazer algo inesperado.

As Intermitências da Morte foi o 2.º livro que li de Saramago, e ficou-me sempre na memória as trocas e baldrocas desta narrativa escrita de forma tão fantasiosa... sim, porque este livro quase pode ser considerado do género fantástico, se formos rigorosos.

Este livro fala de amor, de esperança, de caos, de tristeza... mas à boa maneira de Saramago. Não se assustem com José Saramago, por favor. Este livro é minúsculo - tem 214 páginas - e é um pedaço de literatura portuguesa tão bem construído, que toda a gente devia ter um exemplar em casa.

Citação selecionada: 
"A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu."

Goodreads Reading Challenge: 31/45

sexta-feira, 12 de abril de 2019

As leituras esquizofrénicas do mês - update


Cristina Maria... podias ter mais juizinho? Podias. Vamos lá fazer uma pequena atualização da coisa:

1 - Por Quem os Sinos Dobram - leitura conjunta com a Cristina do Linked Books. Estamos quase quase a meio do livro;

2 - Alice no País da Maravilhas - é a leitura que ando a fazer ao Henrique, aos fins-de-semana, por ser mais denso do que os livrinhos que lhe leio habitualmente. Já passei, ligeiramente, o primeiro terço do livro;

3 - As Intermitências da Morte - é uma releitura que me apeteceu fazer, e que, por acaso, "casa" bem com um dos projetos literários que por aí pulula. Estou ligeiramente a menos de metade do livro;

4 - A Casa das Belas Adormecidas - é uma leitura escolhida para a maratona Volta ao Mundo. Já li, sensivelmente, 1/4 do livro, porque, em casa, só leio livros físicos, e o Kindle é apenas para quando tenho de sair.

5 - O Caçador de Pipas a.k.a O Menino de Cabul - trouxe da biblioteca também para a maratona. É a edição em português do Brasil, por não ter localizado a edição portuguesa. Mas não me faz grande diferença, sinceramente. Estou mesmo mesmo no começo.

Nunca tive muita dificuldade em ler mais do que um livro ao mesmo tempo; basta-me ter um "calendário" (mesmo que mental) de quando e onde ler cada um deles, para conseguir não misturar tudo na minha mente. Mas confesso que, este número de livros, é a 1.ª vez - e não me parece nada saudável...

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Link Afiliado Wook: https://www.wook.pt?a_aid=4eb2a6d619c14
Para encomendas através desta plataforma, usem o link, sem qualquer custo adicional.



domingo, 7 de abril de 2019

Lido: Marina, de Carlos Ruiz Zafón

Nota prévia: leitura efetuada para a maratona literária Volta ao Mundo em 15 Citações e para o desafio #enabrilleemosenespañol, da Ana Lopes, do blogue e canal O sabor dos meus livros.

Em dezembro, li o primeiro livro da tetralogia de O Cemitério dos Livros Esquecidos, A Sombra do Vento, e tinha adorado. E, desde aí, fiquei com a intenção de ler os restantes livros de Zafón. Este sábado, decidi tornar-me leitora da Biblioteca Municipal de Sintra, e, numa vista rápida pelas estantes, encontrei este Marina, e tive de o trazer. Prazo de entrega do livro: 29/04/2019. O tempo que demorei a lê-lo? 24 horas.

É tão viciante que enerva. Começamos com o narrador (que mais tarde, viremos a saber que se chama Óscar) a dizer que em Maio de 1980 esteve desaparecido 7 dias e 7 noites. Até que foi encontrado, por um polícia, a vaguear pela estação de comboio. Na página seguinte, começa a ação, propriamente dia. Estamos em Setembro de 1979, e o nosso jovem narrador afirma ter 15 anos e que reside num internato. Todos os dias, quando terminam as aulas, e até à hora de jantar, costuma vaguear por uma zona de Barcelona, composta por mansões abandonadas.

Não resiste ao apelo de entrar numa dessas mansões, atraído por música. Nessa mansão decrépita, assusta-se com um vulto e foge. Apenas quando está a caminho do internato, se apercebe que trouxe um relógio avariado. Essa ideia continua a atormentá-lo, até que se decide voltar, uma semana depois, para o entregar. E é nesse regresso que conhece Marina, uma jovem que vive com o pai, Gérman, o responsável pelo susto de uma semana antes.

Marina e Óscar tornam-se amigos, e a rapariga leva-o a um cemitério meio esquecido da cidade, para observarem uma estranha figura, totalmente trajada de negro. Os dois seguem-na à saída do cemitério. E esse momento, quase sobrenatural, leva-os a uma estufa, onde encontram aquilo que parecem partes de marionetas, que os atacam e perseguem.

E é aqui que começa a parte emocionante do livro, que os faz recuar até décadas atrás, e a perseguir fantasmas do passado. Houve aqui algumas semelhanças com A Sombra do Vento, não nego, mas a narrativa está tão bem escrita, tão fluída, tão cativante que é quase impossível despegar os olhos desta história. Até à última página.

Citação que destaco: 

"Às vezes, as coisas mais reais apenas acontecem na imaginação, Óscar - disse ela. - Só recordamos o que nunca aconteceu." - página 92

Goodreads Reading Challenge: 30/45

terça-feira, 2 de abril de 2019

Lido: A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Terminei, na segunda-feira, dia 1 de abril, o livro que deu origem ao filme de Kubrick, A Laranja Mecânica, a contar para a maratona Volta ao Mundo - desafio 3: ler um livro do Reino Unido ou Irlanda. Anthony Burgess, o autor, era britânico, nascido em Manchester.

Nota prévia: nunca vi o filme e sabia muito vagamente do que se tratava.

Como falar de A Laranja Mecânica? O livro foi publicado no início dos anos 60, e fala de uma sociedade, inglesa, num futuro próximo.

Alex, o protagonista, é o presumível líder de um grupo, composto por Georgie, Lerdo e Peter (este último o mais reservado da quadrilha). Dividido em três grandes partes (cada uma com sete capítulos), a narrativa é-nos contada por Alex, com recurso a um tipo de calão, muito específico, usado pelos jovens daquele espaço-temporal da obra, o "nadsate".

(felizmente, que o livro tem um dicionário, pois há palavras que conseguimos entender o que significam, através do contexto, mas há outras impossíveis)

Alex e o seu bando costumam passar as noites a beber "leite mais qualquer coisa" e a praticar atos de ultra-violência (a expressão usada na obra é exatamente esta): espancamentos, roubos, violações, destruição de propriedade privada... tudo o que possam imaginar.

Um dia, Alex passa dos limites no seu autoritarismo e, após um assalto particularmente violento, é deixado pelos companheiros, propositadamente, para ser apanhado pela polícia. Depois de dois anos preso - Alex já com cerca de 17 anos - é submetido a um tratamento de condicionamento (aqui, lembrei-me muito da experiência de Pavlov com os cães) e libertado. A terceira parte do livro é tudo o que decorre da libertação.

Não quero pormenorizar muito, portanto, de forma, muito resumida, é este o enredo de A Laranja Mecânica. Temos, neste livro, uma nota introdutória que explica o processo da escrita, bem como o facto da edição britânica ter um final diferente da edição americana, e conta como, nos anos 70, o autor Anthony Burgess se enfureceu com Kubrick, na sequência da famosa adaptação cinematográfica que, aparentemente, teve demasiadas liberdades artísticas, que não agradaram o autor (que suponho não deva ter sido consultado para essas alterações).

Gostei muito desta leitura, e dei 4 estrelas. A dificuldade inicial em entrar no calão e o facto de me obrigar a consultar o dicionário a cada 10 segundos não me deixa dar as 5 estrelas. Depois, quando já estamos cientes do significado de algumas das palavras mais usadas, o ritmo de leitura aumenta, mas até lá, é meio complicado. Mas é uma obra fabulosa e adoro a simplicidade da capa da edição da Alfaguara.

Citação que destaco:
"A bondade vem de dentro, 6655321. A bondade é algo que se escolhe. 
Quando um homem perde a capacidade de escolha, deixa de ser homem." - página 132

Goodreads Reading Challenge: 29/45




Lido: O Filho das Sombras, de Juliet Marillier

Terminei  na passada sexta-feira, dia 29 de março, o 2.º livro da trilogia Sevenwaters, da
neozelandesa Juliet Marillier.

Muito resumidamente: mais uma leitura fabulosa. Ao contrário do 1.º livro - que demorei imenso tempo a ler devido aos mais diversos afazeres diários - esta leitura foi bastante rápida: apenas uma semana (de 21 a 29 de março).

Este livro é sequência dos acontecimentos do livro anterior. Após pôr fim ao feitiço de Lady Oonagh, Sorcha e os irmãos voltam para Sevenwaters e recuperam o lar familiar. Este 2.º volume, segue os filhos de Sorcha, especialmente Liadan, irmã gémea de Sean - o herdeiro de Sevenwaters, dado que Liam, o irmão mais velho de Sorcha, nunca casou ou teve filhos. Sorcha tem também uma filha mais velha Niamn.

Liadan tem, tal como a mãe, o poder de curar, bem como o dom da Visão.

A Irlanda continua a estar envolvida em guerra contra os bretões, mas desta vez o grupo do Homem Pintado, composto por mercenários ferozes, é um inimigo a ter também em conta.

Além de que factos do passado têm a sua quota de envolvência nos acontecimentos atuais.

Dei 5 estrelas ao 1.º e daria 6 a este, se pudesse. Comparativamente, achei este com arcos mais interessantes e com uma maior consistência nas personagens. A narrativa deu cabo de mim... a determinada altura não conseguia ler com as lágrimas a caírem. Foi, emocionalmente, muito mais tocante do que o 1.º que seguia uma linha de fantasia muito maior.

Nem vale a pena dizer que recomendo, pois não?!

GoodReads Reading Challenge: 28/45

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Em abril

"E como vai ser o teu abril, Cristina Maria?" - já vos oiço a perguntar. Nada temeis. Vou responder.

Neste momento, gostaria muito de participar em vários desafios literários, que pululam no Youtube, junto da comunidade livrólica:
Quero participar no #abrillerBrasil, do canal So happy with Less.
Vou ler um livro de contos brasileiros para a maratona e, de uma só vez, "elimino" dois desafios.

Quero participar no #abrilhistórico, do canal A Miúda Geek.
Está agendada a leitura conjunta com a Cristina do Linked Books, do Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway, que, simultaneamente, entra neste desafio e numa das categorias da maratona. Este deverá ser o livro mais moroso, mas logo se vê como corre.

Quero participar no #lusiteratura, do canal da Patrícia.
José Saramago e as suas Intermitências da Morte, entram na categoria "Portugal" da maratona e na "Autor com mais de 35 anos" deste desafio da Patrícia.

Quero participar no #enabrilleemosenespañol, do canal da Ana Lopes
A Ana apresentou, no dia 25, o desafio de ler espanhol em Abril. Como uma das categorias da maratona é "Espanha", escolhi María Dueñas e o seu "O Tempo entre costuras", que consigo inserir neste desafio.  

Portanto, se me der um fanico nas próximas semanas, estas são as razões. 

E, sim, preciso desta t-shirt na minha vida, como de pão para a boca