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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Crónica do Rei-Poeta Al-Mu’tamid



Ana Cristina Silva é docente do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, doutorada na área de psicologia da Educação e tem como área de especialização a aprendizagem da leitura e da escrita.
É autora de inúmeras obras publicadas como «As Fogueiras da Inquisição», a «Dama Negra da Ilha dos Escravos» ou a mais recente obra «As Cartas Vermelhas».

A «Crónica do Rei-Poeta Al-Mut’tamid» relata a história do rei Al-Mu’tamid nascido em Beja no ano de 1040. É o último rei da dinastia Abábida que governou a taifa de Sevilha no decorrer do século XI da nossa Era.

Baseando-se na poesia do rei e em factos históricos, a escritora elabora uma crónica ficcionada da vida desta personagem histórica, considerado um dos mais importantes poetas do Al-Andalus. Filho do cruel rei Al-Mutadid, aos treze anos comanda um exército que tem como objectivo esmagar uma revolta em Silves. Após estabilização do território o pai nomeia-o governador da região.

É em Silves que se tornará amigo de Ibn Ammar, também poeta, nascendo entre eles uma relação cuja natureza se especula. O então rei Al-Mu'tamid nomeará Ibn Ammar como seu vizir que dada a sua desmesurada ambição é responsável por inúmeras conspirações contra o seu rei e amigo que culminarão com a sua morte à machadada às mãos do próprio rei.

A vida deste rei-poeta e da sua amada I’timad é maravilhosamente relatada nesta obra escrita na primeira pessoa, supostamente durante o seu exílio em Marrocos e enquadra a poética da sua existência terrena e o dramatismo existencial que esteve presente ao longo da sua vida.

Acabará os seus dias no exílio em Tanger após o pedido de auxílio ao emir Almorávida do Norte de África que derrotará os cristãos de Afonso VI de Castela e Leão e que acabará posteriormente por tomar os reinos de taifas, incluindo Sevilha, tomando o rei Al-Mu’tamid como prisioneiro e deportando-o para Tanger onde acabará os seus dias.
Enterrado no cemitério local de Aghamat em Marrocos, tem sido local de peregrinação de muitos poetas.

Magnificamente escrita é uma obra que se recomenda não só pela intensidade emocional que revela como pelo dramatismo poético da vida de um rei, que afinal nasceu em território português e só queria ser poeta. Al-Mu’tamid e Ibn Ammar duas figuras históricas a descobrir.

1 comentário:

  1. Gostei muito da tua descrição. Dá vontade de ir já procurar o livro, trazê-lo para casa e ler de uma rajada...

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