Ana Cristina Silva é docente do
Instituto Superior de Psicologia Aplicada, doutorada na área de psicologia da
Educação e tem como área de especialização a aprendizagem da leitura e da
escrita.
É autora de inúmeras obras
publicadas como «As Fogueiras da Inquisição», a «Dama Negra da Ilha dos
Escravos» ou a mais recente obra «As Cartas Vermelhas».
A «Crónica do Rei-Poeta Al-Mut’tamid»
relata a história do rei Al-Mu’tamid nascido em Beja no ano de 1040. É o último
rei da dinastia Abábida que governou a taifa de Sevilha no decorrer do século
XI da nossa Era.
Baseando-se na poesia do rei e em
factos históricos, a escritora elabora uma crónica ficcionada da vida desta
personagem histórica, considerado um dos mais importantes poetas do Al-Andalus.
Filho do cruel rei Al-Mutadid, aos treze anos comanda um exército que tem como
objectivo esmagar uma revolta em Silves. Após estabilização do território o pai
nomeia-o governador da região.
É em Silves que se tornará amigo
de Ibn Ammar, também poeta, nascendo entre eles uma relação cuja natureza se
especula. O então rei Al-Mu'tamid nomeará Ibn Ammar como seu vizir que dada a sua desmesurada
ambição é responsável por inúmeras conspirações contra o seu rei e amigo que culminarão com a sua morte à machadada às mãos do próprio rei.
A vida deste rei-poeta e da sua
amada I’timad é maravilhosamente relatada nesta obra escrita na primeira
pessoa, supostamente durante o seu exílio em Marrocos e enquadra a poética da sua existência
terrena e o dramatismo existencial que esteve presente ao longo da sua vida.
Acabará os seus dias no exílio em
Tanger após o pedido de auxílio ao emir Almorávida do Norte de África que
derrotará os cristãos de Afonso VI de Castela e Leão e que acabará posteriormente por tomar os
reinos de taifas, incluindo Sevilha, tomando o rei Al-Mu’tamid como prisioneiro
e deportando-o para Tanger onde acabará os seus dias.
Enterrado no cemitério local de
Aghamat em Marrocos, tem sido local de peregrinação de muitos poetas.
Magnificamente escrita é uma obra
que se recomenda não só pela intensidade emocional que revela como pelo dramatismo poético
da vida de um rei, que afinal nasceu em território português e só queria ser poeta. Al-Mu’tamid e Ibn Ammar
duas figuras históricas a descobrir.
Gostei muito da tua descrição. Dá vontade de ir já procurar o livro, trazê-lo para casa e ler de uma rajada...
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