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quarta-feira, 3 de março de 2021

Lido: Vai e põe uma sentinela, de Harper Lee

Já passaram quase 3 semanas desde a última vez que partilhei convosco as minhas leituras. Eu sei que esta minha "mania" de ir deixando o tempo passar não é bom para o negócio, mas, isto é um hobby, convenhamos. Nestas semanas, já li imenso, já vi séries, já aprendi a fazer subtrações tal como o meu filho está a aprender (e que é diferente do que fazíamos antes) e, mais importante, já terminei a minha participação nos projetos a que me propus: a maratona Estações Literárias, o projeto Inverno QB e o #24horas1livro. Nada mau!

Comprei há um par de anos o livro Vai e Põe uma Sentinela, de Harper Lee. Usei uns descontos da Wook e comprei-o em conjunto com o Mataram a Cotovia, da mesma autora (que li no final de 2018, como poderão ver aqui). 

Mataram a Cotovia é narrado por Jean Louise Finch, mais conhecida por Scout, enquanto adulta, e situa-se, anos antes, nos anos 30, numa cidade fictícia no Alabama. Ao longo da narrativa, vamos assistindo ao crescimento pessoal e moral de Scout e do irmão Jem, bem como aos conflitos próprios de uma cidade sulista. É que Atticus, o pai das crianças, é advogado e vê-se envolvido num caso que envolve um rapaz negro e uma rapariga branca. 

Vai e põe um sentinela foi recentemente publicado, depois do seu manuscrito ter sido encontrado quase que por um acaso, apesar de ter sido escrito nos anos 50. Se por um lado, parece uma sequela de Mataram a Cotovia, por outro lado, foi escrito alguns anos antes, o que faz dele, um rascunho da obra que valeu o Pullitzer a Harper Lee. 

Aqui, temos uma Scout adulta, com 26 anos, que volta a Maycomb, para visitar o seu velho pai. Atticus, já idoso, e com vários problemas de saúde. Estamos nos anos 50, e os Estados Unidos vêem-se a braços com a discussão em torno de questões raciais que dividem, profundamente, a sociedade. 

Scout vive em Nova Iorque há algum tempo, e começa a ver com outros olhos aquela comunidade em que cresceu e a colocar em perspetiva tudo aquilo que sabia - ou pensava saber - sobre os amigos e a família. 

Nota-se que este era um livro em crescimento. A escrita empolgante e limpa de Lee está lá, mas faltava um bocadinho mais para ser um livro tão genial como o seu sucessor. Faltava um bocadinho mais para nos dar aquele sentimento reconfortante de encerramento - após descobrir que o pai afinal não é um super-herói intocável como o desenhava, após regressar a Nova Iorque, como iria Scout viver com essa mudança?

Foi uma leitura bastante rápida, feita em pouco mais de 24 horas, porque, efetivamente, a maior parte destas personagens já eram "velhas conhecidas", e ler Vai e põe uma sentinela foi como desfolhar um álbum de fotografias antigas de família. 

Se estão na dúvida acerca de ler ou não este livro, leiam-no logo depois de Mataram a Cotovia (se ainda não o fizeram). Façam essa transição sem grandes intervalos, para depois não ficarem com a ideia que soube a pouco. Não aconselho a que leiam antes, porque há revelações de Mataram a Cotovia, neste livro. 

Vai e põe uma sentinela foi lido para a maratona Estações Literárias (categoria "livro cujo título componha a palavra NEVE") e para o clube de leitura Regaleira de Livros, a que pertenço, cujo tema era "livro cujo título contenha um número" (neste caso era "uma"). 


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