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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Lido: O Francoatirador paciente, de Arturo Pérez-Reverte

No sábado, escrevi sobre a 1.ª desistência do ano e, este livro, por uma unha negra, esteve quase a ser a 2.ª. Perdi a conta às vezes em que bocejei enquanto o lia, mas... ainda bem que o terminei, porque o final é o ponto alto do livro.

Alejandra é especialista em arte e é contactada por um editor de uma grande empresa livreira para uma missão quase impossível: contactar Sniper, um graffiter espanhol - e isto agora vai ser estranho - conhecido pelo seu anonimato. Raros são aqueles que o conhecem e quem já privou com ele, é-lhe de uma lealdade sem precedentes.

De Madrid, passando por Lisboa, Verona e Nápoles... Lexa segue na peugada de Sniper, cuja imagem de marca é a mira telescópica de francoatirador nos seus graffitis. Mas, ao mesmo tempo que procura Sniper, Lexa é seguida de perto por duas personagens, contratadas por um milionário, que pretende vingar o filho adolescente, que morreu ao cumprir um desafio lançado pelo misterioso graffiter. 

Como disse acima, o livro fecha com chave de ouro. Enquanto lia, ia pensando que não sabia como é que Pérez-Reverte havia conseguido construir a reputação que tem, com base nesta amostra. Percebi depois, claro. A construção da narrativa está tão bem conseguida que, quando cheguei ao fim, não me admiraria que a minha cabeça explodisse.

Ao mesmo tempo, "O Francoatirador Paciente" é quase um tratado sobre a arte urbana. Todo o livro está assente em reflexões sobre este género de arte e sobre aqueles que a praticam. Nunca é definida uma posição do autor sobre o facto dos graffiters serem boas ou más pessoas, nem são tecidas considerações sobre a sua opinião pessoal sobre este tipo de arte. Isso é deixado ao cuidado do leitor.

Dei 4 estrelas, porque apesar de ter ficado muito satisfeita com o final, chegar lá, foi, às vezes, penoso. Mas gostei e recomendo a sua leitura.

Deixo apenas dois pequenos excertos que gostei particularmente:

"O graffiti é a obra de arte mais honrada, porque quem a faz não a usufrui. Não tem a perversão do mercado. É um disparo associal que atinge na medula. E ainda que mais tarde o artista acabe por se vender, a obra feita na rua continua ali e nunca se vende. Destrói-se talvez, mas não se vende
-  página 195 - 

"A arte moderna não é cultura, é só moda social
-  página 231 -



O Francoatirador paciente é o 8.º livro que li este ano e conta para o Livropólio - que termina a 14 de fevereiro - no desafio "livro do teu género preferido", e este está classificado como thriller.

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