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quarta-feira, 24 de abril de 2019

Lido: Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway

Por quem os sinos dobram antes de mais, "abre" com um fantástico poema (No man is a Island) do poeta inglês John Donne (1572-1631).

Nenhum homem é uma ilha isolada; 
cada homem é uma partícula do Continente, uma parte da Terra; 
se um torrão é arrastado para o Mar, 
a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório,
como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria;
a Morte de qualquer homem diminui-me, 
porque sou parte do género humano.
E por isso não perguntes
por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti.   

Por quem os sinos dobram é um livro com um ritmo lento. Às vezes, demasiado lento. É um livro que contém muitas e profundas reflexões sobre a condição humana, sobre a esperança, a coragem e sobre a morte. Especialmente sobre a morte. Aliás, as citações que destaquei - e foram bastantes - durante a leitura, são quase todas sobre a morte e a sua inevitabilidade.

Robert Jordan é um americano, voluntário na Guerra Civil Espanhola, lutando pelos Republicanos, e cuja missão é fazer explodir uma determinada ponte. Robert integra um bando de guerrilheiros civis que lutam pela causa republicana e que é composto pelo mais absurdo conjunto de gente.

É um livro algo datado, confesso. Não é uma obra que se leia de um só fôlego. É um livro para se ir lendo. Não é, portanto, aconselhado a pessoas que gostam de ação desenfreada a cada página, nem para os leitores da era moderna que esperam ter, constantemente, picos de adrenalina. Como disse antes, é muito rico em reflexões. Deparamo-nos, frequentemente, com páginas inteiras de pensamentos de algumas personagens - especialmente de Robert Jordan.

Fiz esta leitura em conjunto com a Cristina do Linked Books, como referi cada vez que falava deste livro. E saio muito feliz com esta primeira experiência de leitura conjunta: a Cristina e eu tínhamos um ritmo semelhante de leitura e, quando trocávamos as nossas opiniões, destacávamos pormenores diferentes de situações que lêramos antes. Pude "saborear" a minha leitura, e completar com a interpretação da Cristina de outros momentos.

Não é um livro 5 estrela, porque acho que está envelhecido, mas é um livro interessante. Costumo dizer que se um livro me ensina qualquer coisa, dou o tempo por bem empregue e trata-se de um livro que cumpriu uma das suas (muitas) missões. Eu sabia zero da Guerra Civil Espanhola. Agora, sei um bocadinho mais que antes.

Esta leitura foi a 35.ª do ano e contou para a maratona literária e para o projeto #abrilhistórico da Miúda Geek.

2 comentários:

  1. A Cristina Luiz é uma maravilhosa companheira de leituras em conjunto!
    Nunca li este livro (um dia...), mas tenho uma "ligeira" obsessão pela Guerra Civil espanhola e fico muito feliz que já saibas um pouquinho mais sobre ela.

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  2. Foi a minha primeira leitura conjunta, e não poderia ter pedido melhor companheira.
    É um livro muito interessante. Não é o melhor livro que já li até hoje, mas tem questões pertinentes e que nos fazem realmente refletir. Não sei se alguma vez o irei reler, mas é, certamente, um livro para guardar :)

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