A última não-notícia deste nosso rectângulo à beira-mar plantado deveu-se à obra Os Maias, de Eça de Queiroz. A verdade é que li o livro e não me caiu nenhum membro vital do corpo.
Todo este sururu fez-me lembrar a altura em que li Os Maias.
Terminado o 11.º ano, a professora de Português alertou a turma que, no ano seguinte, um dos livros de leitura obrigatória seriam Os Maias. Lembro-me que tinha a obra em casa fazia um montão de tempo, graças à furiosa leitora caseira que dava pelo nome de Maria da Conceição - a senhora minha mãe, portanto. Além de Os Maias, tinham mais uma "porradona" de livro de Eça nas prateleira de casa.
Esse ano, tinha começado mal. Uma das minhas melhores amigas tinha morrido em janeiro. Uma familar, adolescente também, tinha morrido em abril. E eu tinha pedido à minha mãe para interceder por mim no local onde ela trabalhava para me arranjarem um lugarzinho. Tinha 17 anos.
Fui trabalhar então. Terminados os exames nacionais, apanhava o autocarro e lá ia; esta situação de "trabalhadora estudante" não ultrapassou a semana, semana e meia, sensivelmente. No mês de junho, chovia bastante, recordo-me, e no trabalho - no bar de uma colónia de férias - ainda só havia aposentados, porque o pessoal ativo esperava que o tempo escolar terminasse, obviamente.
Foi nesse mês de junho que li Os Maias (um dos meus colegas andava a ler A Náusea, de Sartre, só porque sim...). Os meses seguintes foram muito mais ocupados, mas lembro-me perfeitamente de chegar a setembro e sentir-me satisfeita por levar um ligeiro avanço.
(nessa altura, fiquei amiga de um rapaz chamado Carlos Eduardo... o que tornava tudo ainda mais engraçado)
Meses mais tarde, aproveitei para ler O Crime do Padre Amaro. Afinal de contas, vivia em Leiria, local onde se passava a ação. E sentia-me, genuinamente feliz por pisar as pedras que... quem sabe... um dia... Eça teria também pisado. Talvez não! Mas gostava de pensar que sim.
Há uns dias, pouco antes de estalar esta não-polémica, descarreguei para o Kindle todas as obras de Eça de Queiroz. Tudo. À distância de um clique... literalmente. Que poderei ler quando me aprouver.
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