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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Lido: A Filha do Papa, de Luís Miguel Rocha

E eis-me chegada quase ao fim do mês de janeiro, e ainda a publicar as leituras de 2020. A Filha do Papa foi uma compra que fiz, julgo que, antes do primeiro confinamento em março do ano passado. Estava nas estantes desde então. E foi a minha última leitura deste 2020 de má memória. 

Desde autor - falecido em março de 2015 - tinha lido, em 2011, A Bala Santa e A Virgem. Não me recordo de ler o primeiro, confesso. O segundo, A Virgem, emprestei-o (julgo que, à minha mãe), e os dois devem estar na casa de família. Encaixotados. Algures. Posto isto, não me vou alongar em grandes considerações sobre as leituras anteriores, dado que foram quase há uma década. 

Dizia eu que A Filha do Papa estava já há uns mesitos cá por casa, e ainda não havia chegado o seu dia. Contudo, na mais recente edição das Estações Literárias - Inverno, uma das categorias é "Livro cujo tema principal é a família" - e, bem, é, literalmente, o título do livro. 

O livro gira inteiramente à volta de uma história antiga o que envolve o Papa Pio XII. Mas vamos por partes. Temos um jornalista americano que descobre irregularidades nas contas do Banco do Vaticano. Temos o rapto de Niklas, um jovem padre, e o assassinato do seu mentor. O pedido de resgate é deixado escrito num post-it. Depois destes dois primeiros eventos, outras personagens vão sendo assassinadas. E temos ainda o arco que envolve a rejeição da beatificação de Pio XII - seria devido ao suposto anti-semitismo, ou existe alguma outra razão obscura? O nome do livro já fornece pistas, mas o encadeamento dos arcos da narrativa vão muito além. 

Este livro, no fundo, aponta o dedo a alguns assuntos de fundo que são tabu: as relações amorosas (e consequentes filhos) dos padres, apesar dos votos, e os destinos do dinheiro do Banco do Vaticano. Temas que levantam polémica e quase nunca são abordados. 

Pelo facto de não conhecer em profundidade os escritos de Luís Miguel Rocha, "apanhei" a personagem Rafael, um agente da Santa Sé, com um desenvolvimeno fenomenal, a par da personagem Sarah, que gostaria muito de conhecer. 

A escrita é muito cuidada. Gostei bastante da forma como o autor abordou cada um destes temas e a forma como a história foi num crescendo até à última página. Lá pelo meio, poderá ter havido cenas mais paradas, mas, no geral, é um livro com bastante ação, mas rigoroso e consistente. Também gostei da descrição das personagens, e as suas motivações para cada ação. 

Em dezembro, andava extremamente cansada, e tinha a sensação de ter demorado imenso tempo a ler este livro, mas, ao fim e ao cabo, foram apenas 4 dias de leitura (é a vantagem de ter sempre "em dia" os registos do Goodreads), o que é um bom sinal. 

É um livro que deverá ser lido, sem dúvida. 

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