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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Lido: A Filha do Capitão, de José Rodrigues dos Santos

 Natal e seus preparativos, confinamento, maratonas de leitura para cumprir os objetivos que me propus... podia estar aqui todo o dia a enumerar as razões pelas quais não escrevo neste espaço há uma enormidade de tempo, mas não o farei. 

As leituras - calha bem - podem e devem ser intemporais. E creio que o mais importante é o resultado dessas leituras, e que, ocasionalmente, vou aqui debitando. A ideia passa por atualizar os livros que li até ao final de 2020. 

Uma semana inteira de opiniões e resumos (sem spoilers dentro do possível)... uau!! conseguem acreditar na vossa sorte?! 

Mãos à obra, portanto, que se faz tarde! O meu último post foi sobre O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago. Mas antes de ter começado a ler a obra do nosso Nobel da Literatura, tinha iniciado um livro de José Rodrigues dos Santos: A Filha do Capitão. Um calhamação com 600 e tal páginas que me levou uma eternidade a ler. 

Nestes livros mais históricos, quando JRS começa a divagar, o meu ritmo de leitura tende a baixar. Gostei do arco principal da história, gostei das descrições do ambiente, odiei quando o autor enveredava por diálogos forçadíssimos cheios de referências políticas e filosóficas que - aposto - passaram ao lado da maioria dos seus leitores. E fez isto "n" vezes ao longo do livro. Razão pela qual demorei mais de um mês a terminar. 

José Rodrigues dos Santos, genericamente, já li uns quantos livros seus. Não é o meu autor favorito, mas gosto dos seus históricos (aqueles que não envolvem o clone do protagonista dos livros do Dan Brown). Já li os livros do Gulbenkian e gostei muito. Comecei a ler a trilogia Lótus e estava a gostar... entre outros!

O nosso protagonista, Afonso, nasceu num meio pobre. O seu destino estava traçado, mas teve uma (feliz) oportunidade para continuar os estudo, que agarrou com regozijo. Mais tarde, começa a trabalhar numa empresa da terra e apaixona-se por Carolina, a filha da patroa, que apesar de gostar de Afonso não vê com bons olhos a relação de ambos. 

Numa manobra meio obscura, consegue que Afonso vá para o seminário, onde permaceceu até aos 17/18 anos. Nessa altura, ficou claro para todos que Afonso não estava destinado a servir a Igreja e é convidado a deixar o seminário. Volta para a terra, e a ex-patroa volta a mexer os cordelinhos, e envia-o para a Escola Militar para que Afonso tenha formação adequada e trabalho.

Simultaneamente, seguimos a história de Agnès, uma jovem francesa de uma família com posses, e que segue uma formação universitária na área da saúde. 

E é aqui que verdadeiramente começa a história. Entretanto despoleta a 1.ª Grande Guerra Mundial, e a Europa está sob fogo. Em Portugal, a situação política é instável e as forças armadas estão debaixo de olho. Afonso é convocado para integrar o Corpo Expedicionário Português (CEP), a principal força militar portuguesa, enviada para França para conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda dos territórios ultramarinos.

Na condição de oficial, Afonso conhece Agnès e nasce um grande amor. Pelo nome do livro, já devem ver onde é que isto vai dar, certo?

A parte boa do livro é, sem dúvida, ter adquirido mais conhecimento acerca do próprio CEP e da sua participação na 1.ª Guerra Mundial. 

As opiniões sobre os livros valem o que valem. Já li opiniões maravilhosas sobre este livro. Para mim, foi só um livro OK. Lê-se, mas há parágrafos inteiros - normalmente tratam-se de diálogos - que poderiam ser eliminados, porque não acrescentam rigorosamente nada ao arco principal da narrativa. São diálogos de natureza política, filosófica ou religiosa que demonstram a intelectualidade do protagonista, mas que, em termos práticos, não têm influência na história.  

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