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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Lido: Dispara, eu já estou morto, de Julia Navarro

Terminado o "Vasto Mar de Sargaços", comecei a ler "Dispara, eu já estou morto" de Julia Navarro, para o projeto #enabrilleemosenespañol que a Ana Lopes promoveu durante o mês de abril. Aproveitei esta leitura para marcar mais um "check" na minha lista de bingo da maratona Estações Literárias, na categoria "autora europeia".

Nunca tinha lido nada desta autora madrilena e fiquei agradavelmente surpreendida, porque, a ausência de expetativas proporcionou-me uma leitura que, não sendo fácil, foi verdadeiramente educativa.

Com frequência sublinho a importância educativa dos livros, porque, na minha opinião, se retirar algo novo de um livro - seja uma informação, a confirmação de algo, ou o contrário... já dou todo aquele tempo investido como uma vitória pessoal. E convenhamos que um calhamaço de 840 páginas consome muito tempo.

Foram cerca de 13 horas, durante 10 dias. Não li mais nada durante este tempo, porque a história - como já irei falar em seguida - era demasiado complexa para me aventurar com outras viagens.

Marian, uma funcionária de uma ONG, vai entrevistar Ezequiel Zucker (um senhor judeu de uma idade já bastante avançada) relativamente às políticas de assentamentos - o estado dos deslocados seja em situação de conflito ou qualquer outra razão. Estamos em Jerusalém, nos dias de hoje, e este encontro vai-nos levar por uma incrível jornada que tem início na Polónia, passa pela Rússia, por França... até chegar ao território que hoje é Israel.

Isaac Zucker e o seu filho, Samuel, são as primeiras personagens a serem introduzidas na narrativa de Ezequiel que recua aos finais do século XIX. Devido às perseguições de que os judeus são alvo no Império Russo, e após a morte do seu pai, Samuel viaja para a Terra Prometida e ali conhece outros judeus nas mesmas circunstâncias, compram terras juntos e passam a viver perto de uma família árabe, os Ziad.

Tudo parece estar a correr bem... até que deixa de correr. Este livro gira completamente em torno do conflito israelo-árabe até aos dias de hoje. Fiquei tão fascinada por estas personagens, que sentia profundamente cada dor, chorei cada uma das mortes e alegrei-me com os nascimentos. Aprendi tanto, mas tanto com este livro que mal o tinha terminado e já planeava uma releitura, com medo que me tivessem escapado pormenores.

O título parece, à primeira vista, estranho. Mas, será preciso chegar às últimas páginas para o entender. E aí, tudo fará sentido. Temos histórias de amor, temos histórias de amizade e companheirismo, de solidariedade, de paz, de ódio, de conflito, de guerra, de ideologias... temos História dentro da história.

Adorei este livro - escusado será dizer. Foram 5 estrelas, de caras. Senti-me preenchida com este livro, e espero, muito honestamente, que lhe dêem uma oportunidade. O tamanho é ligeiramente assustador, compreendo perfeitamente. E quem não tiver "estaleca" poderá recuar perante 840 páginas, mas vale cada minuto.

2 comentários:

  1. Tenho muita curiosidade em ler a Julia Navarro. Estive para comprar esse livro mas fiquei reticente porque vi algumas opiniões negativas. Vai voltar para a minha wishlist. Boas leituras

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    1. Landa, antes de mais, obrigada pela visita. É um livro muito interessante. Tem partes em que o ritmo é lento, e, até reconheço, que há partes perfeitamente inúteis no decorrer da narrativa, que podiam ter diminuído o número de páginas. Mas "pesando" tudo isso, acho que retirei muitas coisas boas desta leitura - especialmente, informação histórica.

      Boas leituras! :)

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