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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Lido: Adolf, de Osamu Tezuka

No âmbito do projeto #desafionijitv2020, que pretende levar os participantes a ler mais mangá, li "Adolf" de Osamu Tezuka.


Uma pesquisa básica no Google "disse-me" que Osamu Tezuka foi um desenhador de mangá bastante influente no Japão e que é lembrado como o "pai do mangá moderno".

Porque escolhi este título? Primeiro, estava a tentar encontrar um livro que fosse do ano ou década do meu nascimento (anos 80, mais concretamente 1983). E de entre os títulos que consegui encontrar, este foi aquele que me pareceu mais interessante.

Somos levados a 1936, a Berlim, durante os Jogos Olímpicos. Seguimos Sohei Toge, um jornalista japonês, enviado a Berlim, para a cobertura dos Jogos. A determinada altura, descobre que o irmão, um jovem estudante, desaparecera. Acaba por descobrir que Isao, o irmão, fora assassinado, por ter ligações a grupos comunistas.

Durante as investigações que decide levar a cabo, por conta própria, visto que todos os vestígios da presença do irmão em território alemão, desapareceram, Toge descobre que o irmão havia conseguido enviar uns documentos altamente confidenciais, para o Japão.

Já no Japão, iremos seguir dois dos "Adolf" do título: Adolf Kaufmann, filho de pai alemão (e membro do Partido Nazi) e de mãe japonesa e Adolf Kamil, um judeu alemão, que se considera mais japonês do que alemão. Os dois rapazes são bastante amigos, apesar do pai do 1.º tentar pôr um ponto final naquela relação.

(o 3.º Adolf é Hitler - como se poderá depreender).

Wolfgang Kaufmann, pai de Adolf Kaufmann, trabalha no Consulado alemão em Kobe (uma cidade perto de Kyoto e Osaka) e é encarregue de encontrar esses documentos, que poderão pôr em causa o líder nazi e fazer cair por terra todos os seus planos, caso fossem dados a conhecer.

Esta história é contada em cinco volumes que li em cerca de 8 dias, e faz-nos "viajar" entre a Alemanha, o Japão e Israel (já nos anos da guerra israelo-árabe). A saga termina em 1983 (ano da publicação desta obra).

Além do contexto histórico (apesar de haver uns ligeiros desviantes), este é um trabalho que aborda a nacionalidade, os conflitos étnicos, o racismo e o preconceito. Dá-nos também um "cheirinho" de literatura de espionagem e de guerra.

É uma história muito interessante e com uma narrativa muito bem conseguida. A linha que liga os três Adolf é espetacular: o jovem alemão-japonês que é o melhor amigo de um judeu, e que é enviado para as escolas da Juventude Hitleriana, que lida diretamente com o Führer e que tem lida com os dilemas internos a quem dar a sua lealdade - se ao partido ou ao amigo de infância...

Gostei muito e leva o meu selo de "Recomendado"!

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