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segunda-feira, 2 de março de 2020

Lido: A mulher que prendeu a chuva, de Teolinda Gersão

Há cerca de duas ou três semanas, uma associação cultural de Sintra anunciou que iria promover um encontro com a autora Teolinda Gersão. Por um lado, tinha imensa vontade de ir, para a conhecer. Mas, por outro lado, como nunca tinha lido nada, não iria ser uma participante ativa na conversa, e isso iria tirar toda a piada possível ao evento.

Optei por não ir, mas acabei por trazer da biblioteca, uma das suas obras que "caía que nem uma luva" na maratona Estações Literárias: A mulher que prendeu a chuva. Trata-se de um livro de  contos. Paniquei, porque não sou uma rapariga de contos, e, inconscientemente, ia deixando este livrinho para último.

Que sacramental estupidez. O livro é ótimo. Claro que tem uns contos melhores do que outros, mas, no geral é muito bom. Aquele que dá título ao livro, foi um dos meus preferidos. São pequenos contos sobre coisas mundanas: um homem viúvo que cai na rotina da aposentadoria, as vizinhas que deixam de se falar, a avó que sai com o neto, perde os óculos e desnorteia-se, o marido que ignora a esposa, e mata-a quando ela encontra um novo amor, um estrangeiro em Lisboa que ouve, através da porta, uma história macabra... qualquer coisa trivial pode dar origem a uma pequena narrativa sem se perder nada pelo caminho, e com uma escrita descomplicada e escorreita.

Ter descoberto Teolinda foi tão bom como quando terminei o meu 1.º livro de Rosa Lobato de Faria. No caso da Rosinha, não me perdoo: tinha-me sido aconselhada ainda no ensino secundário, mas fiz ouvidos moucos e foi preciso chegar aos 30 e tal anos para a ler pela primeira vez. Com Teolinda Gersão, fico imensamente feliz por a ter lido, neste momento. A senhora já conta com 80 anos e nunca se sabe quando a perderemos.

Um pormenor muito giro da edição que li: a biblioteca recebe doações, e não é raro, ler um livro com a indicação que foi oferta de...
Este exemplar foi oferecido pelo ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, à Biblioteca Municipal de Sintra e conta com uma dedicatória da autora ao PR e à Primeira-Dama, Maria José Ritta. Um detalhe delicioso.

Por ser um livro tão fácil de ler e tão pequeno, consegui inseri-lo também no #24Horas1Livro.

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