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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Lido: Silêncio, de Shūsaku Endō

No âmbito do #desafionijitv2020 do Fernando (o link irá redireccionar para o vídeo sobre o desafio), li o livro Silêncio, do autor japonês Shūsaku Endō.

Vi o filme há algum tempo, e, algures, no ano passado, comprei o livro (em edição de bolso). Estava parado na estante, até que o projeto do Fernando me levou até ele. E ainda bem. Que história incrível.

É conhecido que, no passado, padres jesuítas portugueses foram para o Japão, para cristianizar a população. Contudo, a determinada altura, padres e cristão começaram a sofrer autênticas perseguições, torturas indescritíveis e muitos foram mortos.

O Padre Ferreira foi um desses homens. Foi para o Japão, em missão, e as últimas notícias dele são as de que havia cometido apostasia, ou seja, havia renunciado à fé cristã.

Os padres Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe decidem ir até ao Japão, numa altura em que a presença de cristão estava proibida, à procura do antigo mentor, e provar que aqueles rumores eram falsos. E assim começa uma aventura, para ambos, mas, especialmente para Rodrigues, figura central deste livro, que numa primeira fase, era o narrador da história.

É um livro fenomenal. Rodrigues coloca em causa tudo o que sabe e o que conhece ao tomar conta, em primeira mão, dos horrores e das dificuldades sentidas pelos cristão japoneses. A dor do dilema, a dúvida... são tão distintamente transmitidas pelo autor, que é impossível não as sentirmos também.

A escrita de Shūsaku Endō é irrepreensível. Não é aborrecida, não há uma vírgula fora do lugar, cada página é pensada e a história está extremamente bem construída. No Japão, os cristão são uma percentagem baixíssima, e Shūsaku Endō foi educado como cristão, logo a experiência de estar "deslocado" no espaço, traz um brilho diferente que, apesar de tudo, o filme (2016, por Martin Scorcese) não conseguiu transmitir na totalidade, apesar de estar bastante fiel à obra literária.

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