Páginas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Lido: O velho que lia romances de amor, de Luis Sepúlveda

Em janeiro, durante mais uma reunião do clube de leitura a que pertenço - Regaleira de Livros - ficou decidido que o tema da leitura de fevereiro seria "amor" - no título, a palavra "amor" (ou seus derivados: ama, amar, amo...) teria de figurar.

Optei pelo livro "O velho que lia romances de amor", de Luis Sepúlveda. Era uma vontade que tinha há imenso tempo - aliás, juraria que o tinha, mas afinal não (tenho vários do autor, mas não este). Numa ida à biblioteca municipal trouxe-o.

E em boa hora, porque, para além de dar para o tema do clube, também consegui inserir na maratona Estações Literárias (de que já falei "n" vezes) e ainda no projeto da Silvéria Miranda, #24horas1livro.

O livro conta a história de Antonio José Bolívar Proaño, um homem já com alguma idade, que reside numa aldeia na floresta Amazónica. Este homem conhece profundamente a floresta, dado que, após a morte da esposa, passou algum tempo com os indígenas que o ensinaram.

A aldeia - remota, como tinha de ser - é visitada por um dentista e fornecedor de romances de amor ao nosso protagonista, que os lê avidamente.

Num dia, é encontrado o corpo de um homem que se vem a descobrir ter sido atacado por uma onça. Mas este não será o único corpo a ser encontrado, e outros se sucedem. Quando um turista é atacado, o administrador da aldeia organiza um grupo de homens para caçar a onça. Mas acaba por ser Antonio José Bolívar Proaño a cumprir a missão, não sei antes fazer uma reflexão sobre esta "luta" entre duas espécies.

Sepúlveda não falha. Os livros dele, embora pequeninos, têm o condão de contar exatamente aquela história sem faltar absolutamente nada, nem haver "enchimento de chouriços", como se vê em outros livros. Este livro fez-me lembrar um bocadinho O Velho e o Mar, que gostei muito (mas sem amar de paixão)... a reflexão dos protagonistas sobre a sua relação com o animal que, teoricamente, tem um poder/instinto superior ao do homem. 

É um livro maravilhoso, e super-recomendo a quem ainda não leu. Sepúlveda consegue em cento e poucas páginas contar uma história com princípio, meio e fim, sem errar. Conseguimos perceber porque é que Antonio lê aquele género de livro que, nem por sonhos, associaríamos aquela pessoa. Conseguimos sentir a vida da floresta. Conseguimos sentir o desespero de quem não a conhece, e não a quer entender. Conseguimos perceber cada pedaço das falas de Antonio José Bolívar Proaño, um homem - velho - que só quer ser deixado em paz, para ler os seus romances de amor, daqueles sofridos, que fazem chorar, mas que acabam bem. 

Esta foi a 9.ª leitura de 2020. 

2 comentários:

  1. Li na minha adolescência, e já não me lembro bem, um livro sem duvida a revisitar!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gostei tanto... acho que vale a pena o "sacrifício" de ser relido :)

      Eliminar