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domingo, 16 de fevereiro de 2020

Lido: O Paraíso segundo Lars D., de João Tordo

Li, em novembro (mas o post só saiu em dezembro), o meu 1.º João Tordo - O Bom Inverno - e, na altura, disse que gostaria de ler mais dele. Aproveitando que "precisava" de um livro que se passasse no Inverno para a maratona Estações Literárias, peguei nesta pequena obra. Pequena, em número de páginas.

Sei que é o 2.º livro de uma trilogia - a própria etiqueta da biblioteca o diz - mas O Luto de Elias Gro, ou não existe, ou não estava disponível. Este até se passa no Inverno, portanto, o pior que me podia acontecer era começar a ler e não gostar. Perdida por 100...

Antes de passar à minha opinião, devo confessar que, após a leitura, fui ver opiniões sobre este livro e quase todas dizem que O Luto de Elias Gro é melhor e que este não foi arrebatador como o seu antecessor... portanto, talvez,não tenha sido mau começar por ele, porque gostei bastante.

Temos Lars, um escritor quase septuagenário que vive com a mulher, com, aproximadamente, a mesma idade. A vida dos dois, reformados, é rotineira, sem surpresas... temos toda uma primeira parte narrada pela esposa de Lars, onde ela acaba por conhecer um vizinho, mais novo, estudante de Teologia, com quem desenvolve uma relação de amizade. Ela não lho revela diretamente, mas sabemos que Lars desapareceu.

Depois, a 2.ª parte da perspetiva de Lars, doente, que um dia, ao aproximar-se do carro, vê, lá dentro, uma jovem mulher adormecida. A juventude dela desperta em Lars um furacão de sentimentos e sensações há muito adormecidos.

Não criei uma especial empatia com o nosso Lars, mas adorei a mulher dele. A lucidez da idade, a sabedoria que passava despercebida, a rotina dos gestos que vem com uma placidez tão própria, mas ao mesmo tempo, tudo isto, misturado com uma conformidade em relação ao marido...

É um livro completamente diferente de O Bom Inverno. Se não fosse o nome "João Tordo" estar escrito na capa, diria que os livros eram de autores diferentes. O Bom Inverno é de 2010, e este é de 2015. É incrível o que uns míseros cinco anos fazem na maturidade da escrita...

A leitura faz-se muito muito bem. Li o livro em pouco mais de 36 horas. São apenas 207 páginas, com uma paginação muito limpa, com espaçamentos decentes e um tamanho de letra apropriadíssimo - deve ser apanágio da editora.

Como disse antes, li este, antes de O Luto de Elias Gro... que espero que seja a próxima leitura deste autor... e pelas críticas, será uma leitura brilhante.

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