Páginas

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Lido: A Mulher no Expresso do Oriente, de Lindsay Jayne Ashford

Esta foi a minha 7.ª leitura do ano. Supostamente estava na minha lista de leituras de fevereiro, mas adiantei-me no que queria ler, e "despachei" este em 3 dias.

A Mulher no Expresso do Oriente - só o nome é mais do que apetitoso. E se tomarmos atenção às letras mais pequeninas da capa, lemos "Um romance inesquecível sobre Agatha Christie e uma viagem cheia de segredos e mistérios".

Não me digam que não ficariam curiosos??

E tendo eu já lido muito de Lady Agatha, visto todas as temporadas possíveis de Poirot, Miss Marple e mesmo do casal Beresford (muitas vezes esquecido, e injustamente - na minha opinião!), tinha de ler este livro.

O livro começa com Agatha Christie a descansar no seu jardim, em 1963. É agosto e está bom tempo. E eis que um homem desconhecido a aborda. Precisa desesperadamente da sua ajuda. Mostra a Agatha umas fotografias antigas, e solicita que esta identifique as pessoas que nelas figuram. Agatha fica algo perturbada e equaciona não contar nada ao homem.

O Capítulo 1 não tem mais de sete páginas e passa-se em outubro de 1928. Temos então uma Agatha a preparar-se para embarcar no Expresso do Oriente. Sabemos que está recém-divorciada de  Archibald Christie (Archie, como é identificado neste livro) e a viagem servirá para espantar esse fantasma.
Somos apresentados também a Nancy que está prestes a embarcar no mesmo comboio, para fugir ao marido e ainda a Katherine, uma mulher cujo marido se suicidou, quando estavam casados há apenas seis meses. Katherine sente-se terrivelmente culpada.

E, claro, que estas três mulheres vão ver os seus destinos profundamente entrelaçados, mais não seja porque as fotografias que, no prólogo, o homem misterioso mostra a uma mais velha Agatha Christie, mostram precisamente essa relação entre elas.

Se, por um lado, fiquei um bocadinho decepcionada por não se tratar de um verdadeiro mistério como estamos habituados a associar a Agatha Christie, por outro lado, trata-se de um romanceamento da sua vida. A autora pegou em aspetos chave da vida da romancista e deu-lhes um "cheirinho" de ficção: Agatha realmente divorciou-se, a narrativa de Katherine também existe, apenas Nancy é ficcionada, mas inspirada na amante de Archie. Agatha realmente viajou no Expresso do Oriente (mais do que uma vez) e tornou-se amiga de Katherine, e conheceu Max que viria a tornar-se o seu 2.º marido. As circunstâncias é que podem não ter sido tal como descritas neste livro.

Gostei mesmo muito, apesar daquele ligeiro sentimento de decepção. Não é um mistério digno das célulazinhas cinzentas de Poirot, mas é uma viagem pelos segredos de três mulheres adultas, em diferentes estágios das suas vidas. No fim, obviamente, fica tudo esclarecido, com todos os arcos bem fechados.

Mas mais do que um livro sobre Agatha Christie, ou sobre crime e mistério, este livro é sobre os laços de amizade e sobre mulheres que, com as suas forças e fraquezas, continuam... sempre.

Além da narrativa que se torna fascinante à medida que o livro vai avançando, gostei igualmente das descrições. E como já li o Crime no Expresso do Oriente, e as respetivas adaptações a filmes e séries, a minha mente ia pegando em fragmentos de memórias que poderiam perfeitamente ser imagens daquilo que ia lendo.  Recomendo este livro, mas não esperem um crime de faca e alguidar, porque não tem nada a ver.

Sem comentários:

Enviar um comentário