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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler

Terminei, esta madrugada, O Último Cabalista de Lisboa. Andava há que séculos para ler qualquer coisa de Richard Zimler. Ouço, com frequência, elogios à sua escrita, mas ainda não tinha surgido a oportunidade.

Mas, as oportunidades somos nós que as criamos e foi assim que acabei por comprar O Último Cabalista de Lisboa (1996). Esta obra não é apenas um romance histórico, mas também não é apenas um thriller... é um bocadinho de tudo isto e muito mais.

Richard Zimler é um escritor muito inteligente e isso nota-se em cada linha. Na nota de autor deste livro, Zimler diz-nos que este é um exercício de tradução de obras, assinadas por Berequias Zarco, que teriam sido encontradas algures em 1990.

Estamos em 1506, nas vésperas da celebração da Páscoa. Em Lisboa, os cristãos, instigados pelos dominicanos, encetam uma perseguição e um autêntico extermínio dos judeus/cristãos novos, no Rossio, por os considerarem responsáveis pela seca e pela peste.
Milhares de judeus foram mortos, queimados; muitos, eram decepados e os corpos, literalmente, atirados aos animais.
Berequias (nome cristão, Pedro) Zarco, é um jovem estudante da Cabala. Durante os motins, encontra o tio (e mestre) morto, ao lado da uma jovem desconhecida. Ambos estão completamente nus. A cave - a sinagoga secreta da família - onde se encontravam os corpos estava fechada.
E mais, um texto em que o Mestre Abraão trabalhava, desapareceu. Poucos eram aqueles que conheciam aquele local: apenas quatro ou cinco pessoas - os iniciados nos mistérios da Cabala. E é deles que Berequias suspeita; um deles é o traidor e assassino!

Com este livro, conhecemos uma Lisboa quase desconhecida. A Lisboa do século XVI, em que a religião berrava aos ouvidos dos desesperados. Ao mesmo tempo, conhecemos os preceitos judeus, sentimos os cheiros e percorremos com Berequias pelas ruas e vielas desta Lisboa tão estranha, mas tão familiar, ao mesmo tempo.

Fiquei fascinada; quero muito continuar a ler Richard Zimler e O Último Cabalista de Lisboa mais do que confirmou esta minha vontade!

Este foi o 6.º livro que li (este ano), e quase arrisco a afirmar que será, certamente, uma das melhores leituras de 2018.

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