Habitualmente, não sou muito de romances. Nada contra, atenção. Tenho memória de ler "O Diário da Nossa Paixão" e deslavar-me em lágrimas, tal era a dor que sentia com aquele livro. Acho que o meu próprio corpo começou a rejeitar, fisicamente, a leitura de romances.
(talvez com excepção da saga Landry, da V.C. Andrews e Jorge Amado - já li tanto de Jorge Amado que nem saberia por onde começar)
Uma Aventura, Clube das Chaves, Triângulo Jota... estes sim, preenchiam-me as medidas. Isto tudo para chegares onde, Cristina Maria? Para chegar aqui mesmo...
Gentileza do Clube do Autor, li A Herdeira dos Olhos Tristes. Comecei a ler a história de Elena e de Francesca e achei interessante, mas o volume de trabalho obrigou-me a um intervalo de cerca de uma semana. Na quinta-feira, à noite, voltei a pegar nele. Li durante três horas seguidas. Não estava a conseguir parar, a sério.
Na sexta-feira, acordei, tomei o pequeno-almoço e tive de terminar de o ler.
Este não é um romance "normal", no sentido lato da palavra. Há histórias de amor, há cenas de amor consumado, há tragédia, há mistério, há mentiras de décadas e revelações perfeitamente surpreendentes, há um "twist" final que nos deixa a pensar em tudo o que lemos para trás.
E um lindo cenário em Roma, que a autora revela ser fictício, baseado em vários apontamentos da cidade.
Os destinos de Francesca e de Elena cruzam-se por acaso. Esta última, fora uma das mais badaladas mulheres do século XX: americana e filha de pais milionários, vivera uma vida muito agitada - tinha sido, por exemplo, casada três vezes - até conhecer Vito Damiani, um "príncipe" italiano, com quem casou (pela 4.ª vez) e, consequentemente, entrou na alta sociedade romana.
Francesca, uma ex-advogada inglesa, deixara a sua vida para trás e instalou-se em Roma, tentando viver "la dolce vita", e trabalha como guia turística. Um dia, encontra uma mala, abandonada num contentor de lixo e vai devolvê-la à "principessa" Elena. No dia seguinte, estão a trabalhar juntas na biografia da velha senhora.
Podia ser simples, mas não é. No livro, vamos intercalando a história atual, com capítulos da história de Elena, ou Laney, enquanto jovem... e vemos que aquilo que ela conta a Cesca, não é exatamente como tudo aconteceu. Vamos sabendo pormenores, que Cesca desconhece... e mesmo assim, não deixamos de ficar surpresos quando a rede de mentiras e o entrelaçado de más-interpretações são revelados.
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