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domingo, 19 de janeiro de 2020

Lido: Os Bebés de Auschwitz, de Wendy Holden

Atrasada, atrasada, atrasada... é assim que estou na publicação das minhas primeiras leituras de 2020. Muitas coisas para organizar, reuniões e trabalho ocuparam grande parte do meu tempo nos últimos dias. Mas, continuei a ler.

Iniciei o ano com Os Bebés de Auschwitz, de Wendy Holden, para participar nos projetos da Dora e da Sara Cristina: #hol75 e #vozesdoholocausto, respetivamente (para saberem do que estou a falar, basta seguirem os links que vos levarão aos vídeos explicativos).

Eu sabia que este livro me ia deixar perturbada. Desde o 1.º dia em que soube que estava grávida do Henrique, qualquer filme ou livro que envolva crianças deixa-me apreensiva. Tem sido assim desde o Verão de 2012. Depois do Henrique nascer, esta "coisa" piorou exponencialmente. E ler este livro, não me deixou melhor. Não chorei baba e ranho, mas ia fazendo longos intervalos entre leituras, porque as gravidezes das três mulheres ali descritas, foram tão diferentes da minha como água e vinho o são entre si. Ao menor desconforto, eu sabia que tinha o número do médico que me seguia e podia contar com ele. Fiquei, de baixa, a repousar, desde janeiro, quando o Henrique só nasceria em março. Tive um parto, através de cesariana, o mais confortável possível. Estive num quarto de hospital só para mim, com enfermeiras à distância de um toque de campainha.

Estas mulheres não tiveram absolutamente nada disto.

Estas mulheres viviam em condições desumanas, num campo de concentração, onde estavam doentes, com fome, com sede, sem descanso, sem acompanhamento, a trabalharem horas a fio, e com a permanente sensação que cada dia podia ser o último.

É certo que, as histórias individuais de cada uma, antes de tudo descambar, às duas por três, eram muito semelhantes. O livro apenas peca nesse aspeto. No início, somos apresentados a cada uma das mulheres Priska, Rachel e Anka, individualmente. São nos apresentados os seus antecedentes: a história de família, os estudos, as relações de amor e/ou amizade de cada uma delas, os namoros, os casamentos, a ascensão de Hitler, as invasões, as tentativas de fuga... cada mulher, um capítulo. Tornava-se um bocadinho confuso, porque, no geral, eram histórias algo semelhantes. Até que, um pouco mais para a frente, a autora opta por fazer capítulos gerais (Auschwitz, Freiberg, O comboio, Mauthausen, Libertação, Casa, etc..) o que acabou por tornar a leitura mais fluída. 

Uma das coisas interessantes, foi a autora ter deixado suficientemente claro que nenhuma das grávidas sabia das outras duas, partindo do princípio que seria a única a passar por aquele inferno, deixando ao leitor, a "missão" de entender o quão solitária cada uma se sentia.

Não foi uma leitura que me desse prazer. Não foi uma leitura que me deixasse feliz, ou com uma sensação de bem-estar. Muito pelo contrário; mas continuo a participar nestes projetos e nestes desafios, porque acho que é importante perpetuar estas memórias, para que não caiam no esquecimento. 

No fim, todas sobreviveram, todas deram à luz (duas no comboio e a terceira, literalmente, às portas do campo de Mauthausen), e os bebés - Eva Clarke, Mark Olsky and Hana Berger Moran - acabaram por se conhecer já muito mais tarde, há 10 anos, sensivelmente. Este ano, cada um deles comemora o seu 75.º aniversário, e continuam a dar-se como se de verdadeiros irmãos se tratassem.

Os Bebés de Auschwitz: Eva, Mark e Hana - foto de Eva Clarke, publicada no The Times of Israel

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