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sábado, 4 de janeiro de 2020

Lido: Dampyr - O Suicídio de Aleister Crowley

Já não me lembro bem quando tive conhecimento deste livro. Acho que foi depois de um passeio pela Boca do Inferno. Ao chegar a casa, fui tentar perceber como é que duas pessoas tão diferentes como Pessoa e Crowley se haviam conhecido e este livro foi um dos resultados do Google.

A capa é maravilhosa!!!

Este ano, durante o Amadora BD, vimo-lo e imediatamente pegámos nele para o trazer para casa. Aliás, havia uma exposição dedicada a esta obra e que estava muito interessante.

A foto não faz justiça ao cenário... estava absurdo de tão bom!

Posto isto, claro que O Suicídio de Aleister Crowley tinha de ser lido. O homem já o tinha lido e gostou bastante. Não adorei tanto como ele, por uma simples razão: senti que me faltava informação. Este livro faz parte de uma série, protagonizada por uma personagem mestiça: metade vampiro, da parte do pai, e metade humano, da parte da mãe. Este Dampyr percorre o mundo atrás de criaturas sobrenaturais.

E faltou-me, precisamente, esse background sobre as personagens. No final do volume, estão pequenas notas biográficas, mas só me apercebi disso... adivinhem?! Isso mesmo, no fim.

Estamos em 1930, e Pessoa sai de uma casa de fados no Bairro Alto. Pouco depois, é abordado por um inspetor da Polícia que pretende fazer-lhe algumas perguntas sobre o desaparecimento de Crowley, já que, Pessoa teria sido o último a vê-lo com vida.

A história dá um salto para a atualidade e Ann Jurging, uma vidente alemã com poderes paranormais, ouve um vinil de Berta Cardoso (1911-1997). A vidente está a investigar o desaparecimento de Crowley e pressente que o fado português terá alguma ligação.

E é dentro destes dois espaços-temporais que a história se desenrola. E todo o ambiente é fantástico. É, ainda, nos dado de bandeja, um cheirinho de Lovecraft.

A narrativa, na modesta opinião de alguém que é perfeitamente analfabeta neste tipo de literatura, é altamente original. E a arte é muito bonita: as criaturas, o Poço Iniciático na Quinta da Regaleira, o próprio Pessoa... o nível de detalhe é impressionante. Eu precisava de morrer e nascer outra vez para conseguir desenhar assim.
O facto desta graphic novel ser a preto e branco é muito interessante. Se fosse a cores, acho que se perdia um bocado deste ambiente "noir" que se pretende.

Este livro foi lançado pela A Seita, uma editora de banda desenhada, nascida em 2019. De acordo com a sua página de Facebook o seu "core" são "livros de banda desenhada de proveniência vária, mas com uma ênfase grande (neste momento!) em autores portugueses, e em títulos da editora italiana Bonelli, em particular Dylan Dog". Já tem um catálogo com uns título bem simpáticos.

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