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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Lido: A mulher do oficial nazi, de Edith Hahn Beer (com Susan Dworkin)

Este livro foi a minha segunda leitura dos projetos da Dora e da Sara Cristina, #hol75 e #vozesdoholocausto, respetivamente, que pretendem, acima de tudo, que o tema continue em cima da mesa.

Este ano, passaram 75 anos desde a libertação de Auschwitz e, mais do que nunca, com a ascensão de movimentos extremistas, convém que não se esqueça.

É perfeitamente justo dizer que, ao longo dos anos, foram perpetuados outros genocídios, outras ações massivas de matança de povos e comunidades inteiras, e que não têm gerado tanta discussão como este em particular, mas (na minha simples e humilde opinião) creio que falar sobre o Holocausto, não é "apenas" falar do Holocasto. É, e deve ser, mais que isso.

Falar do Holocausto deve ser apenas o ponto de partida para uma discussão maior e mais complexa sobre o papel dos Estados na proteção e na defesa daqueles que os procuram e sobre Direitos Humanos.

Falar de Auschwitz, mas ignorar aqueles que morrem no Mediterrâneo ou a caravana sul-americana de refugiados, ou esquecer o que se passou no Ruanda e o que se passa na Nigéria - é limitar-se a seleccionar a parte da História que lhe dá mais jeito. Mas isto sou eu, que hoje estou com mau feitio... esqueçam...!

Sobre o livro - eventualmente conterá spoilers - depois não digam que não avisei:
Edith é uma jovem e brilhante estudante de Direito. Tem um namorado carinhoso e bonito, está prestes a graduar-se. O pormenor? Vivia em Viena. Em 1938, Hitler invade o País, e a vida perfeitamente encaminhada de Edith descamba.

Consegue documentos falsos, e esconder o seu judaísmo ao longo de toda a guerra. A determinada altura, conhece Werner, que está filiado no Partido Nazi, e, na reta final, é ainda chamado para combater (apesar de ser parcialmente cego).

Esta é a sua história. A vida de uma mulher que, durante anos, conseguiu sobreviver, fingindo ser quem não era. O que demonstra que não havia nenhum sinal exterior de fizesse dela inimiga do Estado, mas, mais uma vez, estou a começar a divagar.

Gostei muito deste livro, e esta é a prova em como ainda me consigo surpreender com livros com esta temática. É um daqueles livros que não se passando num campo de concentração, nos consegue comover e pensar para além daí. A II.ª Guerra não foi só os extermínios; foram também aqueles que, como Edith, foram praticamente escravizados por alemães, a "raça superior" que tudo podia...

Mais uma vez, trata-se de uma história verídica, escrito num tom quase coloquial, e gostei especialmente da parte final do livro, quando Edith, já liberta do segredo e da pressão de ter de fingir ser ariana, assume o seu verdadeiro "eu" e riposta contra o marido, que apesar de saber a sua identidade, não a denunciou (até porque também se incriminaria), mas que usava esse conhecimento em seu favor.

É um livro que se lê muito bem. Tem pouco mais de 250 páginas, e lê-se quase de uma assentada. Li-o em quatro dias, porque estava a partilhar o meu tempo com o segundo volume da trilogia Mistborn, do Brandon Sanderson: O Poço da Ascensão (cujo post sairá amanhã ou na 5.ª feira). 

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