Páginas

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Lido: O Palácio da Meia-Noite, de Carlos Ruiz Zafón

Antes de mais, feliz 2020. Saúde da boa, que o resto vem por acréscimo. Este será o meu primeiro post deste novo ano, contudo, ainda referente a leituras de 2019. Mais uns quantos se seguirão, fica já o aviso.

Juro que comecei a escrever no dia 29 de dezembro, mas... convenhamos... a preguiça era demasiada, e fui empurrando com a barriga a atualização deste cantinho. E, as boas intenções de terminar o ano velho com o blogue "em dia" foram-se...

Adiante...

Ainda em dezembro, como disse acima, fui à biblioteca com o Henrique. Era o primeiro dia de férias dele, e precisávamos de leituras novas para os dias que se seguiriam (mal eu sabia que ele iria começar a ficar com febre menos de 24 horas depois).

 Acabei por trazer, para mim, O Palácio da Meia-Noite do Zafón. Para quem já leu três dos quatro volumes da série do Cemitério dos Livros Esquecidos, ler este O Palácio da Meia-Noite é dar um passo atrás.

Atenção: não é um mau livro. Não é isso que quero dizer. É um livro certinho. Cumpre a missão. O próprio autor, no prefácio, escreve que este livro está inserido numa trilogia destinada a um público mais jovem. E, creio, que se o tivesse lido antes de A Sombra do Vento, teria tirado muito mais prazer. É um livro engraçado, lê-se bem, mas não é a última Coca-Cola do deserto. MAS... pessoas-ali-nos-seus-16-anos, podem mandar-se a ele sem receios.

Hoje em dia - e ainda há uns dias se conversava cá em casa sobre o assunto - parece que já não há meios termos. Seja em livros, filmes ou séries, há um movimento extremo: ou somos da equipa "ADORO", ou somos da equipa "ODEIO". Quero com isto apenas sublinhar que este livro não me preencheu as medidas.

Li-o rapidamente, até porque não é um livro muito grande (279 páginas), e a história é gira. Mas, lá está: não é A Sombra do Vento, nem O Jogo do Anjo (que da séria do Cemitério dos Livros Esquecidos, acho que é o mais fraco), nem mesmo o Marina...
O Zafón eleva-me as expetativas e depois dá nisto: um post aos soluços, comigo a tentar justificar as três estrelas que lhe dei.

Vamos à história: somos introduzidos na narrativa por alguém que não sabemos ainda quem é e que nos vai contar os acontecimentos do mês de Maio de 1932, em Calcutá. Mas antes de lá chegarmos, vamos conhecer tudo o que se passou 16 anos antes, em Maio de 1916. Um homem, com duas crianças recém-nascidas, está a ser perseguido. Vai ligeiramente adiantado aos seus perseguidores, e consegue, deixá-las a salvo com a avó. Ainda não sabemos bem o que se passa, mas a senhora percebe imediatamente. O homem, o tenente Peake, depois de deixar os bebés, refaz os seus passos, encontra aqueles que o perseguiam e acaba por ser morto.

A ação volta para a casa da avó dos bebés. A mulher identifica-os - uma menina e um menino - com uma medalha e começa a escrever uma carta. A ação volta a saltar. Estamos no dia seguinte, no orfanato de St. Patrick, e Thomas Carter, o diretor daquela instituição, está surpreendido ao ver um bebé, deixado à porta, bem como com a carta que o acompanha, algo incomum em Calcutá, naquela altura. No mesmo dia, recebe a visita de uma misteriosa personagem que pergunta especificamente por um bebé, rapaz, abandonado. Seguindo as instruções deixadas na carta, Thomas Carter faz-se de desentendido, contudo o misterioso homem promete voltar daí a 16 anos.

Passam-se 16 anos. Estamos em Maio de 1932, e um grupo de órfãos de St. Patrick prepara-se para deixar aquele lar. Já têm 16 anos, e é a idade limite para ali permanecerem. No dia da festa de despedida, aparece Aryami Bosé, acompanhada da neta Sheere, que logo simpatiza com Ben, um dos rapazes do orfanato (já estão a ver onde é que isto vai parar, certo?). A senhora é, sem dúvida, avó de Ben. Logo Ben e Sheere são os gémeos que estão a ser procurados, há 16 anos, pela espectral figura de Jawahal.

À boa maneira de Zafón, o autor introduz-nos então num universo fantástico, com perseguições, personagens do além e mistérios incríveis que nos fazem percorrer Calcutá, e a desejar visitar a cidade.

Esta leitura foi a 89.ª do ano de 2019, e contou também para a Maratona Estações Literárias da Phoenix Flight e da Croma dos Livros, na categoria "livro com uma tempestade". 

Sem comentários:

Enviar um comentário