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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Lido: Está tudo F*dido, de Mark Manson

Nunca li um livro de auto-ajuda em toda a minha vida. E, parece-me que vou continuar com um valente nulo nesta área. Se Está tudo F*dido é para ser um livro de auto-ajuda... lamento, mas falhou redondamente. E isto não é mau. Gostei - francamente - desta leitura!

É um livro que nos pretende alertar para uma série de coisas, como a futilidade, a crença, o narcisismo, a autoestima e mais um rol de conceitos inerentes à própria civilização, mas de uma forma engraçada.

Aliás, Mark Manson escreve como se estivesse a conversar com o leitor e damos por nós a acenar positiva ou negativamente como que respondendo a um interlocutor tagarela. 

A análise que Mark Manson faz a estes conceitos/ideias que aborda vão desde as perspetivas mais filosóficas, às religiosas, às científicas e/ou tecnológicas. É quase refrescante ler sobre Platão, Nietzsche, Carl Sagan, Kant, e até mesmo Elon Musk numa salada de fruta em forma de livro. 

Mas, no fim, acaba por fazer sentido - ajudam as notas no final do livro, e que acompanham a leitura, referenciando as suas fontes, contextualizando ou fazendo apenas comentários jocosos. 

"A verdadeira igualdade nunca poderá ser atingida; haverá sempre alguém, em algum lugar, que está lixado. A verdadeira liberdade não existe realmente, porque todos devemos sacrificar alguma autonomia em prol da estabilidade (...) Não há soluções, apenas medidas temporárias, apenas melhorias graduais, apenas formas ligeiramente melhores de estar fodido do que outras (...) Este é o nosso mundo lixado. E nós somos os lixados que vivem nele".

O livro termina a falar da Inteligência Artificial e a forma como, aos poucos, se vai instalando confortavelmente, com a nossa anuência. Curiosamente, este capítulo fez-me lembrar um outro livro: Deuses Americanos, de Neil Gaiman - em que os velhos deuses combatem os novos deuses, esses mais ligados ao mundo moderno e às tecnologias. Não sei se o autor pensou o mesmo, mas a comparação fica, desde já, feita. 

Como já disse antes, sinceramente, gostei desta leitura. Tem é de ser feita com as condições certas. Num ambiente sossegado, de preferência para não perdermos o fio. E essas condições... nem sempre as consegui arranjar em pleno, razão pela qual demorei a terminar. O que me falta dizer? Que se trata de uma edição Saída de Emergência que, gentilmente, me cedeu um exemplar, para que eu conhecesse Mark Manson, por quem já nutria curiosidade desde o seu "A Arte Subtil de Saber Dizer Que Se F*da" - um dos melhores títulos de sempre. 

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