"Não conhecemos mais de uma centésima parte do que nos acontece.
Não sabemos que pequena parte de céu paga todo este inferno"
William Gaddis, The Recognitions
(frase que antecede o início da ação do livro)
Já aqui tinha falado deste livro - A Cicatriz do Mal, de Pierre Lemaitre - na altura do seu lançamento. E agora tive a hipótese de o ler. Com algumas (MUITAS!) interrupções pelo meio, porque um certo cavalheiro de 4 anos não gosta de ver a mãe a ler tranquilamente, demorei mais de uma semana a terminá-lo...
A Cicatriz do Mal é a conclusão da trilogia que envolve o comissário Camille Verhœven, comandante da Brigada Criminal francesa. Neste livro, vemos a história de Camille, após os eventos de "Irène" e "Alex", os primeiros livros desta série".
A Cicatriz do Mal é o meu género de livro: thriller/policial negro, com um protagonista que não é um herói... será, aliás, muito mais um anti-herói. Não é o polícia bonito e sexy que derrete corações enquanto resolve crimes, mas sim um policial com 1,45 metro, viúvo, pouco social, que pouco segue as regras...
Neste livro - que aviso já: não é para meninos! - começamos imediatamente com um resumo daquilo que vai acontecer: a mulher que Camille ama vai ser atingida por três tiros de espingarda de repetição, exatamente no dia em que é o funeral do seu melhor amigo. Após o luto, Camille consegue superar a perda da mulher e envolve-se com Anne Forestier, "uma mulher luminosa": "delicadamente morena, um belo olhar verde-claro, um sorriso estonteante quanto baste...".
Durante um dia normal, Anne, simplesmente, está no sítio errado, na hora errada, quando dá de caras com um trio de assaltantes, à entrada de umas galerias comerciais. Violentamente espancada e atingida a tiro, Anne, por milagre, sobrevive e é transportada para o hospital.
Camille, saltando etapas, consegue que este caso lhe seja entregue, nunca revelando a relação que o liga a esta vítima que ele finge não conhecer - este namoro é recente e praticamente secreto. Inclusivamente, mente aos seus superiores de forma a manter-se na investigação.
Anne continua a ser perseguida: no hospital e no refúgio para onde Camille a leva.
Mas quem é esta mulher? Porquê esta fixação por Anne? O que não está a ser bem explicado? Quem é a verdadeira vítima de todo este cenário?
São estas perguntas - sem resposta aparente - que queremos ver respondidas. O mais depressa possível.
O livro está muito bem construído. Vemos a ação sob a perspetiva de Camille e do assaltante, durante as várias horas de 3/4 dias consecutivos... o tempo que vai desde o assalto até à conclusão do caso.
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