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domingo, 5 de maio de 2019

Lido: Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie

Não sei (ainda) o que pensar deste livro. No momento em que estou a escrever este texto, já o li há um par de horas, e ainda não decidi sequer que classificação dar, no Goodreads. Sinto-me "esmagada" com o sistema de 0 a 5, e considero-o muito limitado.

Li a edição em português do Brasil, no Kindle - a portuguesa foi traduzida como A Cor do Hibisco - e, como já disse antes, não me faz qualquer diferença ler as subtilezas das traduções do país-irmão.

Quero falar muito deste livro, mas tenho de ter um método. Tenho ouvido coisas maravilhosas da Chimamanda, antes de tudo o mais. Sobre este livro... aliás, nos últimos livros que tenho lido, tenho ido em modo "tábua rasa", sem saber do que se trata a narrativa... e, este não foi diferente. Tenho a sensação que li uma introdução qualquer, há uns tempos, mas a verdade é que comecei a lê-lo e nada me despertou qualquer familiaridade com o tema.

É um livro escrito sob a perspetiva de Kambili, uma adolescente de 15 anos e protagonista desta história. A família de Kambili é rica. O pai, Eugene, é proprietário de empresas e de um jornal, que faz oposição ao regime. Existe ainda a mãe, Beatrice, e o irmão, Jaja.

Eugene é ultra-conservador e ultra-religioso. Foi educado na religião cristã e impôs à família essa religião e um estilo de vida europeu / branco - cortou, inclusivamente, relações com o próprio pai, devido ao simples facto do velho senhor continuar a adorar os deuses tradicionais nigerianos. Kambili e Jaja vivem, então, rodeados de fartura, contudo, sujeitos a regras muito rigorosas: não podem ver televisão, não podem socializar com os colegas de escola, têm de ser, sempre, os primeiros da turma, não ouvem música, têm horários rígidos de estudo... são obrigados a todo um código moral e ético que, para eles... atenção, sublinho, para eles... é normal.

À medida que vamos lendo, vamos percebendo que Eugene é também um homem muito violento. E ficamos profundamente incomodados com o modo de vida daqueles jovem, à luz das liberdades dos nossos próprios adolescentes.

Um dia, por alturas do Natal, Kambili e Jaja vão passar uns dias em casa de uma tia, irmã do pai, que é professora universitária. Viúva, Ifeoma é mãe de três - Amaka, da mesma idade de Kambili, Obiora, um ano mais novo que Kambili, que assumiu a tarefa de "homem da casa" e Chima, o menino mais pequeno.

Naquela casa, onde nada é abundante, há risos, há música, há jovens com ideias próprias, há conversas às refeições, há televisão, não há horários rigorosos. O confronto com esta nova realidade faz Kambili e Jaja vacilarem. Ele integra-se com uma facilidade relativa, mas Kambili sente, em si, o peso da opressão provocada pelo pai. Ela não ri, não fala das suas angústias, não canta, e vive em permanente sobressalto com a ideia do pai descobrir tudo o que se passa em casa da tia.

A prima Amaka vai representar uma força muito grande, uma força transformadora na vida de Kambili. Também importante é o papel  do Padre Amadi, que expande os horizontes da nossa protagonista, e que mostra que o respeito pelas crenças tradicionais nigerianas pode e deve ser um motor junto da comunidade - e não um pecado, como lhe transmite o pai.

Vamos, ao mesmo tempo, assistindo ao relato da situação política na Nigéria. Apesar de Kambili ser uma adolescente, e apesar do seu pai ser dono de um jornal, eles - Kambili e Jaja - têm acesso limitado à informação, apenas uma vez por semana, e claro, não são assuntos que devam ter opinião. Vamos sabendo do que se passa naquele país, através das outras personagens, em especial através da tia.

O Hibisco Roxo é um livro fantástico. Mas não "caí" aos seus pés, como pensei que iria. Fiquei fascinada e nauseada com vários episódios que Kambili foi narrando, mas não fiquei rendida, nem emocionada por aí além - e eu sou moça que chora com farturinha!!!
E é aqui que reside o meu problema. Reconheço que é um livro muito bom, muito bem escrito, mas eu estava à espera do excecional, do fora-de-série... é um sólido 4,5, mas não consigo dar 5 estrelas. Mas 4 também é pouco.

O livro contou para a categoria "Países Africanos" da maratona.

Citação escolhida: 
"Eu ri. Rir parecia muito fácil agora. Muitas coisas pareciam fáceis agora. Jaja também estava rindo, assim como Amaka, e todos nós estávamos sentados na grama, esperando Obiora chegar."

2 comentários:

  1. O mesmo me aconteceu com "Meio-Sol Amarelo" - faltou-me qualquer coisa na parte emocional que me fizesse dar-lhe a nota máxima.
    E falando em notas, também não sou nada apologista da escala das 5 estrelas.. É por isso que sempre classifico as minhas leituras de 0 a 10.
    Beijinhos!

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  2. É muito mais justo, sem dúvida, mas o Goodreads é "mau" e só deixa até 5... e não há cá essas coisas dos "meios pontos": ou é 4 ou é 5 :\

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