Ao exaustivo trabalho de pesquisa e documentação, Cristina Vale adicionou toda a sua mestria de contadora de histórias. Conjura é o resultado de vários anos de investigação e de escrita que convidam o leitor a recuar vários séculos na nossa História e a entrar na corte de D. João II.
Revelando a cada capítulo uma profunda preocupação com os factos históricos e com o rigor da narrativa, o primeiro romance de Cristina Vale distingue-se sobretudo pela riqueza de pormenores e ambientes sabiamente recriados.
Ao mesmo tempo que interferem nas decisões políticas de D. João II, privam de perto com D. Leonor de Lencastre ou acompanham as conspirações reais, os leitores passeiam pelas ruas da Lisboa de então, sentam-se à mesa com os personagens do livro, sentem os cheiros, ouvem os sons.
Conjura vai além da História e faz o leitor viajar no tempo e no espaço. É um romance que narra uma época gloriosa para Portugal mas também por isso dominada pela ambição e pelo medo, onde a conjura está sempre à espreita.
Sinopse:
A viagem da rainha D. Leonor de Lencastre entre Lisboa e a Aldeia Galega, concelho de Alenquer, no outono da sua vida, dura dois dias. Mas o percurso que acompanha a trajetória da vida da mulher do rei D. João II dura 60 anos. Recorrendo ao desfiar de memórias da rainha e de outras personagens que se movimentavam na corte portuguesa durante o século XV, assistimos a episódios trágicos, agravos, paixões, ódios, vinganças, artimanhas de bastidores. É toda a política real, centralizadora de poder a nível interno, e de expansão marítima a nível internacional, que se mostra de forma crua.
A forte e intrépida personalidade do rei desencadeia emoções contraditórias e maquinações perigosas, como a tentativa do seu envenenamento, que leva a "Casa Beja" (a própria rainha D. Leonor, e o irmão Manuel, futuro rei, sua mãe D. Beatriz e D. Isabel, viúva do duque de Bragança, executado pelo rei) a conspirar contra D. João II e a conceber planos maquiavélicos para o eliminar.
As personalidades que gravitam à volta do rei vangloriam-se, arrependem-se ou questionam a sua intervenção na morte do rei, mas a verdade dos acontecimentos é uma chave bem guardada. Os segredos da conjura são caminhos insuspeitos de um reinado marcada pela glória e pela ignomínia. E o mistério persiste: quem matou o Príncipe Perfeito?
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