Fiz esta introdução porquê? Para demonstrar que a sua ligação à Rússia e à História estão mais do que patentes nas obras que escreveu. E este livro, por ser ligeiramente diferente dos demais da sua autoria, chamou-me a atenção.
José Milhazes pretendeu contar a história da família da sua esposa, Siiri, que está intimamente ligada à construção da Rússia como a conhecemos hoje. Não é tanto um livro meramente político, nem meramente histórico, nem apenas só de memórias, nem uma biografia só por si mesma - é um bocadinho disto tudo.
Desde passagens por campos de concentração alemães, enquanto comunistas, passando por campos de trabalho na Sibéria, sob acusações de traição, passando por execuções sumárias... foram vários os membros da família que foram vítimas de dois dos piores sistemas políticos do século XX.
Através de entrevistas e investigação documental, foi possível reconstituir os passos de Erich Sõerd e Leida Holm, os avós de Siiri, que lutaram por uma sociedade melhor na sua Estónia natal (que passava pela introdução do comunismo soviético ativo), quando este território fazia parte da União Soviética.
Através de entrevistas e investigação documental, foi possível reconstituir os passos de Erich Sõerd e Leida Holm, os avós de Siiri, que lutaram por uma sociedade melhor na sua Estónia natal (que passava pela introdução do comunismo soviético ativo), quando este território fazia parte da União Soviética.
Apesar de dar uma "achega" a vários familiares, Erich e Leida são o ponto central desta viagem, sendo que Leida que sobreviveu ao marido (ele faleceu durante a 2.ª Guerra Mundial, durante o cerco militar das forças nazis à cidade de Leninegrado e ela faleceu no início dos anos 80) é a protagonista trágica da história desta família.
A maior dificuldade que encontrei tem origem no meu desconhecimento sobre a História russa. Quero dizer, não sou burrinha e conheço os "mínimos olímpicos", mas foram tantas as datas, locais e nomes, que acabava por me sentir, às vezes, meio perdida. O trabalho de investigação está brilhante - o que não é de estranhar, como é óbvio, tendo sido este livro escrito por quem foi.
Gostei mesmo muito desta leitura. Sinto que aprendi um pouco mais sobre a União Soviética, sobre os gulags e sobre o tratamento que Estaline e os seus davam a quem não seguisse cegamente os seus intentos. Quem questionasse, quem duvidasse... era-lhe colado o selo de "contra-revolucionário" e as dificuldades estavam apenas aí a começar.
Li Os Blumthal para a maratona Estações Literárias (categoria autor nacional) e para o Português é Bom (letra B).
Os Blumthal foi editado pela Oficina do Livro (grupo Leya), em 2019.
Sem comentários:
Enviar um comentário