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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Lido: A Novela de Xadrez de Stefan Zweig

Sabem o quão difícil é encontrar um autor ou um livro cuja inicial comece com "Z"? Brincadeirinha à parte, há imenso tempo que tinha vontade de experimentar Stefan Zweig. E há umas semanas, numa visita à FNAC, trouxe "A Novela de Xadrez" que já me andava a cutucar... 

Temos então um navio em direção a Buenos Aires. Acaba-se por saber que um dos passageiros embarcados é campeão de xadrez, um homem arrogante e de poucas palavras. Logo, subtilmente, entre os restantes passageiros, é formado um grupo que se entretém a jogar xadrez, até que chama a atenção ao campeão. 

Porém, de entre os passageiros, surge alguém que os aconselha no jogo, capaz de rivalizar com o campeão. A história e as capacidades deste homem estão envoltas numa aura de mistério. E à medida que se desvenda a sua história, assistimos a uma profunda reflexão sobre o nazismo, e os horrores daquela época.

O autor, Stefan Zweig - descendente de judeus - nasceu em Viena de Áustria. Deixou o seu país natal em meados de 1934. Os seus livros foram banidos na Alemanha, ainda nos anos 30 do século XX. Em 1942, exilado no Brasil, suicida-se, profundamente desesperado pelo alastramento da guerra na Europa, e pela situação política do continente europeu. Esta foi a sua última obra...

Como disse anteriormente, foi uma estreia com este autor austríaco, e fiquei tremendamente impressionada com a sua história. Quão desesperançado em dias melhores para a Europa precisava de estar para terminar assim? Como seria a sua vida se não tivesse optado pelo suicídio, e tivesse conseguido voltar a casa, no pós-guerra?

Quanto ao livro, li-o em pouquíssimo tempo - 3 dias, creio - não pela dimensão do livro que tem pouco mais de 100 páginas - mas porque existe vida lá fora. A história está fabulosa. Através do xadrez, é-nos apresentado uma obra que nos obriga a refletir sobre uma enormidade de temas: a loucura, a resignação, a tragédia, a dinâmica humana... 

Esta foi a última obra de Zweig. Aliás, na semana do seu suicídio, enviou o manuscrito para os seus editores. E, nas entrelinhas da história, conseguimos sentir o "xeque mate" final. Um livro para jogadores e não jogadores de xadrez.

Inseri esta leitura (a 82.ª do ano) na maratona Estações Literárias (livro com menos de 200 páginas) e no projeto "Luz de Outono" (letra Z). 

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