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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Lido: O Último Judeu, de Noah Gordon.

Li, em 2010, "O Físico" deste autor. E, daquilo que me lembro, gostei bastante. Já vi o filme e continuo a preferir o livro. 


Estamos no final do século XV, em Toledo. Um menino é roubado e assassinado. O menino, filho mais velho de um artesão judeu, havia sido escolhido pelo pai para transportar até ao mosteiro local, o sagrado cálice onde iria ser depositada uma relíquia de Santa Ana. 

Um médico, cristão-novo, foi contactado para descobrir mais pormenores sobre este crime. Além das evidências que apontam para um membro da Inquisição estar envolvido, nada mais descobre, e prefere recuar, do que se envolver mais profundamente no caso. 

Algum tempo depois, iniciam as expulsões de todos os judeus que se recusem a converter-se. Helkias Toledano, o artesão judeu, consegue arranjar forma de ir embora, com os dois filhos, mas na véspera, é atacado por um grupo de populares e morto. O filho mais novo embarca rumo a um destino desconhecido com um tio, mas o do meio, Yonah, fica para trás.

Fugindo sempre à Inquisição, Yonah consegue sobreviver a duras provas, às vezes, sozinho, noutras vezes, contando com a preciosa ajuda de amigos que vai fazendo durante o seu percurso de vida. Mais tarde, já adulto, torna-se um reputado médico, sob o nome falso de Rámon Callicó, mas professando sempre, em segredo, a religião que o pai lhe havia transmitido - razão pela qual o livro se chama "O Último Judeu", porque todos os judeus em Espanha, na altura, ou fugiram, ou se converteram ou foram mortos: Yonah seria o último judeu no território. 

"O Último Judeu" é um bom livro. Não é genial, mas é realmente bom, excelentemente documentado e com uma prosa muito simples de acompanhar. Houve umas partes, algo semelhantes ao "O Físico". Neste, o protagonista queria mesmo tornar-se físico e lutou toda a vida para alcançar este objetivo. Em "O Último Judeu", Yonah torna-se aquilo que o destino lhe traçou, até chegar a médico. As tais semelhanças que encontrei foram exatamente aqui, no aprendizado da profissão. Se me tivessem apresentado os livros com excertos colados de um e do outro, não saberia distinguir. 

E é uma lição de História. Talvez pela idade, vou procurando, cada vez mais, livros que sejam mais do que isso e me transmitam ensinamentos concretos, sobre alturas concretas da História Mundial. Já com "A Mão de Fátima", li sobre a perseguição aos muçulmanos. Agora, os judeus no século XV. Este ano, li muito sobre o Holocasto. O anterior, "Mataram a Cotovia", sobre os anos 30, no sul dos EUA. Aliás, fui ver nos meus arquivos e é preciso recuar até setembro para encontrar um post sobre um livro que não tenha uma componente histórica (estou a excluir o "Dune", por se tratar de um género completamente diferente). 

Mas nada disto invalida que seja o bom livro que é, quero deixar essa ressalva. 

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