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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Lido: Perguntem a Sarah Gross

Que livro bom, senhores e senhoras! Em fevereiro, li Os Loucos da Rua Mazur, e tinha ficado rendida a João Pinto Coelho. Na altura, havia ficado com Perguntem a Sarah Gross na retina, porque as críticas a este livro eram tão boas como ao "Os Loucos".

Este fim-de-semana, passei na FNAC, e acabei por comprar a edição de bolso de Perguntem a Sarah Gross (sim, lembro-me de, recentemente, ter pedido para me internarem se voltasse a comprar um livro a curto prazo...).
Não resisti e comecei logo a ler. E li. E li. E eram mais meia dúzia de páginas. E li. E "assim como assim" já passei as 360 páginas. E li. E só faltam 50 para terminar. E terminei. Em menos de 24 horas.

João Pinto Coelho faz os trabalhos de casa. E, pela minha saúde, eu precisava de morrer e nascer outra vez para escrever como ele. Aliás, quando eu for grande quero saber escrever como ele. A magia, a realidade, o ambiente... as palavras que usa para descrever algumas das maiores crueldades que se passaram em Birkenau-Auschwitz nos anos da guerra têm uma incomum forma de arte.

Chorei a ler este livro. Pronto, está dito. E terminei-o a implorar silenciosamente, que João Pinto Coelho volte depressa aos escaparates das livrarias. Eu compro, mesmo que seja um livro a falar das pedras da calçada.

Kimberly é convidada a ir a uma entrevista a um dos mais conceituados colégios americanos. Sabemos que foge de alguma coisa, sentimos o seu desconforto, mas precisamos de avançar na narrativa para "ouvirmos" pela sua voz o que tanto a afeta.

Pela frente, tem Sarah Gross, a diretora do colégio. Uma mulher enigmática, mas que consegue transmitir fortes emoções apenas com o olhar. Kimberly consegue a vaga e muda-se para o Colégio de Saint Oswald's. Cedo percebe que Sarah Gross é uma voz dissonante junto daqueles que querem manter vivo o espírito elitista da instituição. Reformular e modernizar o colégio é uma das missões a que se propõe.

Ao iniciar o 2.º ano letivo no Colégio, numa bela manhã, perto do Natal, Kimberly vê o seu mundo abalar, com uma descoberta perturbadora. E, essa descoberta, vai levantar muita da poeira acumulada ao longo de anos de encobrimentos, dor e sacrifício.

Perguntem a Sarah Gross começa em 2013, com a nossa narradora a contar eventos passados nos finais dos anos 60; eventos esses que vão sendo intercalados com episódios passados na Polónia dos anos 20 e 30, pouco antes do início da 2.ª Guerra Mundial.

Senti a dor de cada uma das personagens. João Pinto Coelho já me havia transmitido essa sensação, e agora pude confirmá-lo. Ainda estou ligeiramente ansiosa com o que li, quase como se eu própria fosse a portadora de segredos tão obscuros como aqueles que Sarah, ou até mesmo Kimberly, suportaram.

Leiam. A sério. Leiam Perguntem a Sarah Gross. Vale cada segundo do vosso tempo.
Comprar livros é um luxo. Comprar literatura não é barato, mas esta edição, custou menos de 10 euros. Estou sem óculos e fiz um esforço bastante grande para ler aquelas letrinhas inerentes a uma edição de bolso, mas dormi com a alma preenchida.


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