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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Lido: Os Herdeiros da Terra, de Ildefonso Falcones

Eu sei, eu sei... atrasada com opiniões, como de costume. Mas, em minha defesa, desta vez são apenas dois os livros, cuja opinião ainda não foi publicada: este, Os Herdeiros da Terra, e outro de um autor nacional. 

Iniciemos a "corrida" das atualizações, então. 

O livro Os Herdeiros da Terra é uma sequela de A Catedral do Mar (que li em abril de 2018: link). Lá seguimos a saga de Arnau Estanyol e a sua demanda como homem livre numa Barcelona perfeitamente medieval, bem como as suas desavenças com a família da tia: os Puig. A construção da Catedral de Santa Maria do Mar foi o cenário para este livro magnífico que, entretanto, "ganhou" a sua própria série na Netflix, em 2018. 

Entretanto, passaram alguns anos, e Arnau já é um homem de algum idade, e tomou para sua proteção o jovem Hugo, que perdeu recentemente o pai. Hugo tem apenas 12 anos e vê Arnau como um mestre e cujas opiniões segue sem pestanejar. Um dia, os Puig retornam a Barcelona, e rancores antigos vêm ao de cima. Hugo assume para si as dores de Arnau e depois de um episódio que envolve os mesmos Puig é humilhado, destratado e obrigado a deixar os estaleiros onde trabalhava sob orientação de um genovês, mestre de construção de barcos.

Sem perspetiva de futuro, Hugo divide-se entre a lealdade que tem por Bernat, amigo e único filho de Arnau, e a necessidade de sobreviver. Encontra trabalho junto de um judeu que lhe ensina os segredos do mundo dos vinhos e das vinhas. É com esta família judia que, em tempos, também havia sido a âncora de Arnau, que Hugo descobre o amor. 

Este livro é um tratado. São 880 páginas, onde Hugo divide o protagonismo com o vinho. Temos de nos lembrar que, naquela altura, e estamos a falar de um período de tempo que começa em 1387 e vai até 1423, o vinho era um bem de primeira necessidade, a par do pão e/ou cereais. 

E é aqui que o livro pode pecar: no excesso de explicações sobre vinhas e vinhos. Eu perdia-me quando o autor começava a descorrer toda a informação possível e imaginária sobre este assunto, que assumo que possa ser muito interessante, mas que não acrescentava nada essencial à trama principal. Mesmo as questões dinásticas eram interessantes q.b.: entendo o porquê de estarem ali presentes, mas li-as na diagonal. E por isso, e apenas por isso, que dei 4 estrelas a um livro que, se tivesse menos umas 150 páginas descritivas, era de 5 estrelas. 

A história é muito boa. A construção das personagens é brilhante ao ponto de nos levar a ofender este ou aquele, até me lembrar que não passava de ficção. Há muitas personagens, e riquíssimas, com um background muito forte e credível. Só houve uma que me deixou dúvidas quanto ao seu destino, e que gostava de saber o que lhe tinha acontecido efetivamente. 

Este livro foi lido para os projetos "Estações Literárias - Verão" (categoria livro com mais de 500 páginas) e "Mais Verão" (letra A - presente no apelido da autora Adichie).

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