Depois do último volume da trilogia inicial de Hunger Games, já li... (preparem-se!)... mais cinco livros. Isso está manifesto neste blogue? Não. Mas vai estar.
Vi, há não sei quantos anos, uma série chamada "The Book of Negroes". Excelente. Cinco estrelas. E agora, li o livro que deu origem à série e que eu desconhecia que existia.
Vivemos tempos turbulentos. A morte de George Floyd nos Estados Unidos deu origem a uma vaga de discussões em torno do racismo, e ainda hoje li que mais uma estátua de Cristovão Colombo havia sido vandalizada algures nos EUA (contexto: Cristovão Colombo que está ligado à descoberta da América, e consequentemente ao tráfico de escravos). E este livro, está tanto ligado a essa problemática como a força e coragem de uma única mulher que não se deixava dominar: Aminata Diallo.
Resumidamente: conhecemos Aminata quando ela já é uma velha senhora. Estamos em 1802, em Londres. Aminata está a trabalhar de perto com um grupo de abolicionistas britânicos, para eliminar o comércio de escravos. Esta mulher começa então a contar-nos a sua história.
Aminata tem 11 anos e vive despreocupadamente numa aldeia, na região que hoje será, creio, o Niger. Os pais são de tribos diferentes, mas isso não foi impedimento para a sua união. São apaixonados, livres e ensinam a filha a nunca baixar os braços. Num dia em que vai ajudar a mãe, num parto, numa aldeia próxima da sua, é raptada e aprisionada - os pais são mortos à sua frente!
O que se segue é sua jornada para os Estados Unidos, onde chega quase morta. Acaba por ser comprada por Robinson Appleby, dono de uma plantação de índigo, na Carolina do Sul. É ali que aprende a falar inglês e a ler às escondidas. É também ali que casa com Chekura, um rapaz que havia feito a travessia do Atlântico com ela. Acaba por engravidar, mas a criança é-lhe retirada por Appleby.
Por nunca se submeter, Aminata é frequentemente castigada por Appleby, até que acaba por ser vendida a Solomon Lindo, um judeu que inspeciona as plantações de índigo e que reconhece o intelecto de Aminata. A vida na casa de Lindo é muito mais tranquila, mas Aminata acaba por ter acesso a informações determinantes que vão servir de rastilho para a maior decisão da sua vida: fugir e tentar regressar à sua terra. Aproveitando uma viagem, com o patrão, à Nova Escócia, Aminata consegue ser, de novo, livre.
Mas é óbvio que as coisas não ficam por aqui e há outros acontecimentos que irão ter um papel preponderante na vida desta mulher.
O Livro dos Negros: porquê este nome? A explicação é simples. Deve-se ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, no fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram o rei durante a Guerra. Apenas os negros que estivessem listados no "Livro dos Negros" poderiam escapar à escravatura e conseguir sua liberdade.
O Livro dos Negros: porquê este nome? A explicação é simples. Deve-se ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, no fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram o rei durante a Guerra. Apenas os negros que estivessem listados no "Livro dos Negros" poderiam escapar à escravatura e conseguir sua liberdade.
É um livro extraordinário, tal como a série. A escravatura e o tráfico são temas centrais nesta saga, mas, as capacidades e a coragem de Aminata são, de longe, o assunto principal. Este livro é, no entanto, ficção. Gostava muito de acreditar que, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX, houve uma Aminata - ou várias - que lutaram pelos seus direitos, especialmente, por aquele que determina que nenhum homem é dono de outro. Li esta obra no Kindle, e está disponível na Amazon.
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